Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 16
A Ira Pode Ser Mortal




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Lucian estava concentrado demais em conter sua própria transformação, para acompanhar o último pensamento de Kiary, deixando a ameaça escapar de seu conhecimento. Entretanto, ele não pôde deixar de estranhar a facilidade com que ela se rendeu à Lua, e percebeu que algo estava errado, quando a lobisomem de pelos castanhos desapareceu em meio às árvores, com mais pressa do que de costume.

― Agora é minha vez. – Sente o peito doer. – Porcaria de monstro, tome o controle de uma vez e me deixe em paz… Só peço que cuide da nossa garota!

O cherokee encara a Lua com os olhos já na cor negra, deixando-se envolver mais uma vez por sua magia. Seu corpo começa a se expandir, preenchendo o espaço vazio de sua camisa até rasgá-la por completo. As pernas de sua bermuda se descosturam e os pelos crescem por todo o seu corpo, o focinho começa a tomar forma em seu rosto e, em poucos segundos, Lucian estava transformado, sem gritos ou muitas dores, pois ele não tentou contê-lo por muito tempo.

― E aí? Cadê o grito sinistro? – pergunta Nessie, estranhando a calmaria da noite.

― Tenho um mau pressentimento sobre isso – comenta Bella.

Alguns minutos se passam e o grupo de vampiros e quileutes não via sinal de nenhum dos três lobisomens, pois nem mesmo Lucian aparecera atrás de Leah. Talvez ele nem quisesse mais vê-la, depois de tê-lo magoado.

O que você fez?— pergunta Seth curioso, captando o lamento na mente da irmã.

Não é da sua conta, garoto— esbraveja de mal humor.

― Tem alguém vindo – relata Edward – e não vem com as melhores intenções. Se preparem, pois quem quer que seja, quer morte.

As sombras em meio às árvores começam a se mexer, a fera espreitava o grupo com cautela, como se caçasse. Os lobos se colocam em posição de defesa ao redor da família Cullen, tensos com a possível briga, mas, ao mesmo tempo, confiantes, já que estavam em maior número.

Se for a Hana— comenta Seth receoso –, não a machuquem, por favor, deixem que eu a seguro.

A dor nos pensamentos de Seth era nítida, ele realmente esperava que não fosse ela, contudo, tinha medo do que poderia acontecer se fosse. Leah, que mais uma vez estava na ponta do grupo, sente a angústia do irmão e olha para o jovem lobo tentando consolá-lo.

Aquela era a hora perfeita. A hora em que, como numa caça, a presa estava distraída e fácil de ser apanhada. A fera sai das sombras num salto, sua velocidade era assustadora, tão grande que os lobos só tomaram ciência de seu ataque quando o monstro saltou o rio e avançou sobre Leah.

Kiary?— pergunta Jake retoricamente, incrédulo.

Leah rola pelo chão com a trombada que tomara, mas se recupera rapidamente, encarando os olhos desafiadores da lobisomem. Kiary havia transferido sua ira para a fera irracional e agora, ela não pensava em mais nada a não ser se vingar.

― Ela quer matá-la Jake – alerta Edward. – Não é a nós, é Leah que ela quer!

Essa garota vai ver só…

Não, Seth— interrompe Leah com um rosnado –, não quero que ninguém se intrometa, por favor. Jake, peça a Sam e ao resto do bando para ficarem fora disso… Eu e Kiary temos um assunto pendente para resolver.

Você ficará bem?— pergunta o alfa evidentemente preocupado. – Não a aceitarei mais no bando se você perder, então, acho bom você ganhar…

Com certeza, Jake— responde ela, correspondendo à confiança que o amigo lhe passava.

A loba cinzenta não a deixaria vencer, sabia muito bem que estava sendo atacada por ciúmes, mas não abaixaria a cabeça. Mal sabia ela que um Filho da Lua era superior em velocidade e força comparado a um transmorfo, e que, provavelmente, ela não sairia viva daquela luta...

Leah rosna ferozmente para a lobisomem, que repete o seu gesto. Elas começam a caminhar em círculos procurando a melhor hora para atacar, porém, a quileute nunca tinha sido das mais pacientes e, por isso, esperou somente até que a oponente estivesse na direção das árvores, e atacou.

A quileute corre em direção a lobisomem num ataque rápido e salta sobre sua jugular, mordendo fortemente seu pescoço, tendo sorte por ser a mais veloz do bando e pela oponente não ser tão alta. A fêmea castanha não deixa o golpe passar em branco e soca a garganta da loba, fazendo-a sufocar por alguns instantes e a soltar sua mordida.

Passado o susto da falta de ar, Leah analisa a oponente que vertia sangue dos furos de em sua garganta e sem pensar muito, avança contra ela novamente, abusando ainda mais de sua velocidade. Quando estava perto o suficiente, a loba abaixa a cabeça e bate na cherokee com o seu dorso, com força, lançando-a contra as árvores.

O corpo da fera castanha praticamente voava em direção aos troncos e Leah já olhava para o bando com ar vitorioso, pensando em como estava sendo fácil vencê-la, esquecendo o fato de que sua rival era uma excelente e experiente guerreira. A lobisomem gira o corpo no ar e, em vez de se chocar contra as árvores, as utiliza como trampolim, quebrando-as com a força de seu impulso.

Cuidado Leah!— grita Seth.

Leah volta seu olhar para frente e um ganido histérico ecoa de sua garganta quando as garras da cherokee lhe acertam o rosto, rasgando-lhe a pele da orelha esquerda até a metade do focinho. Por pura sorte, ou ironia do destino, ela havia fechado os olhos um segundo antes do contato, impedindo que algo pior lhe acontecesse.

A loba cinzenta se debate em desespero. Doía muito e de sua face pingavam gotas e mais gotas de seu sangue. A lobisomem avança contra ela novamente e a quileute não vê outra saída a não ser saltar para a outra margem do rio, para ganhar um pouco mais de tempo e conseguir raciocinar.

A fêmea castanha leva a garra à boca, lambendo e saboreando o sangue de sua nova presa. O bando quileute estava inquieto, querendo ajudar, mas sendo impedidos por Sam.

Seth sente a raiva encher seu coração, como ela tinha coragem de fazer aquilo com sua única irmã? Ele já se preparava para atacar quando, quando o grito de Leah o parou:

Não se meta, Seth, essa briga ainda não acabou… Só estarei verdadeiramente derrotada quando estiver desacordada… Ou morta!— Seth sente um calafrio ao pensar na possibilidade. – Pode vir sua fedorenta, vou acabar com você— vociferou.

Era como se a oponente estivesse dentro de sua cabeça, escutado os seus pensamentos, pois no exato momento em que Leah rosnou suas últimas palavras, ela atacou, correndo para pegar o impulso necessário e saltando o rio. Seu pulo era tão alto, que parecia ela planar…

Leah já a aguardava no solo para mais um embate, quando um vulto negro choca-se contra a lobisomem em pleno ar, levando-a bem para o meio do grupo de lobos quileutes. Um barulho alto e abafado se fez quando o corpo castanho da lobisomem se chocou contra o chão, bem aos pés de Emmett, que caiu sentado e boquiaberto.

― Meu Deus do céu! – Foi tudo o que conseguiu dizer, ao ver a garota presa ao chão pelo pescoço, pelo próprio alfa.

O monstro negro ergue a corpo da lobisomem pelo pescoço, enquanto Rose tentava retirar o namorado hipnotizado da zona de batalha. Os vampiros se afastavam, procurando uma área segura, mas com evidente curiosidade sobre o desfecho daquela luta. Leah assistia a tudo com apenas um olho, não conseguindo abrir o outro devido ao seu ferimento.

A fêmea castanha já não podia tocar os pés no chão, o alfa era enorme e a erguera até que seu braço estivesse totalmente esticado. Ele enche os pulmões de ar e solta tudo num enorme rugido, fazendo todos se arrepiarem com o bradar de sua fúria. Seu lado humano lhe permitia tal feito, como forma de protesto, grito e até mesmo de ameaça.

A fera negra afunda o corpo da lobisomem contra o chão novamente e se afasta, esperando-a levantar. Porém, como se também acompanhasse tudo o que acontecia na terra, a Lua se escondeu atrás das nuvens, proporcionando aos cherokees o controle que precisavam para voltar à forma humana…

Lucian volta a si, deixando que o lobisomem negro se transformasse em poeira e olhando ao redor, tentando entender o que se passava. Por que estavam todos o olhando? Um leve choro chama a sua atenção para a loba cinzenta, a sua loba cinzenta, que tentava lavar o focinho ensanguentado no riacho apesar da dor persistente. Será que foi ele o autor de tal atrocidade?

O cherokee olha para Jacob com olhos suplicantes e o lobo avermelhado repassa todas as imagens da luta, deixando-o ciente do que acontecia ali. E quando ele voltou seus olhos furiosos para Kiary, ela já estava de pé, encarando o rosto da loba e sorrindo com satisfação, adivinhando que era ela a autora daquele estrago.

― Não se aproxime dela ou…

― Ou o quê? – interrompe gritando.

― Se você colocar a fera contra Leah novamente. – Aponta o indicador para a garota. – Eu te mato!

A Lua volta a aparecer no céu e ambos se deixam levar pela transformação ao mesmo tempo. Um segundo a mais na forma humana, num clima tão pesado, poderia ser fatal para qualquer um dos lados. O alfa mostra os dentes para a fêmea, fazendo-a recuar dois passos.

Ele salta o rio e se aproxima de Leah cautelosamente. A loba levanta o rosto para encará-lo e ele abaixa as orelhas como um cãozinho sem dono, uma parte dele parecia estar querendo evitá-la por causa da mágoa de Lucian. Será por isso que ele não apareceu para vê-la antes?

A lobisomem castanha observa a aproximação cautelosa do alfa, e novamente os instintos de morte e vingança lhe tomam. Kiary sentia muita raiva de Leah e era quase impossível não passar tal sentimento para a fera… Sem pestanejar, ela se lança contra o alfa, mordendo seu ombro e rebelando-se contra ele.

Um vulto cor de areia surge da floresta, cravando as garras na cintura da lobisomem e a arremessando floresta adentro.

Isso aí — vibra Seth –, essa é a minha garota!

― Ela está lutando a favor do irmão – comenta Jasper.

― Não – explica Carlisle –, está lutando a favor do alfa. Os Filhos da Lua podem matar os próprios pais se eles se meterem em seu caminho. Ela ainda vê um líder nele, por isso o respeita e luta ao seu lado.

― E lá vem ela de novo – anuncia Emett cantarolando.

A fêmea castanha retorna numa corrida em direção à Leah, que já se preparava para recebê-la, mas novamente é interceptada pelo alfa, que se atraca com ela numa luta feroz. Eram dois contra um: brigando, mordendo, arranhando e rosnando, sem medo de se ferir ou de verter sangue.

― Meu Deus, eles estão se matando – comenta Alice aterrorizada.

A lobisomem rebelde, além das perfurações dos dentes de Leah, ganhara arranhões e fortíssimos golpes do alfa, e certamente levaria semanas para se recuperar daqueles hematomas por completo. Vencer o alfa era uma missão quase impossível, ainda mais quando existia uma escolta para ele, e, apesar de irracional, ela sabia estar em desvantagem.

Na primeira oportunidade encontrada, a fera castanha bate em retirada, fugindo de La Push. A partir daquele momento, Kiary se tornava uma desgarrada…


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Notas finais do capítulo

Muita gente queria ver a Kiary apanhar muito, espero ter correspondido com as espectativas, kkk... No próximo capitulo teremos os ânimos bem mais tranquilos depois de tamanha briga... O capitulo será mais ligth, pois farei uma "ponte" para os próximos acontecimentos, ok?
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PS: Não se desesperem, a Leah não ficará com cicatrizes o