Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 13
Lua Cheia




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Leah afoga o rosto no travesseiro para abafar sua histeria, lembrar-se do sonho e do modo como o garotinho a chamava, trazia a tona todo aquele calor no peito. Por um segundo, ela se sentiu capaz de ter uma família e não pôde evitar uma carícia em seu ventre, há muito tempo adormecido.

Ela salta da cama e corre para a cozinha, estava faminta e necessitava de um café da manhã capaz de abastecer um exército. Enquanto preparava algo para comer, visto que tinha sido a última a acordar e a mesa do café já tinha sido retirada, Seth contava-lhe às novidades da noite anterior: o trio cherokee ficaria recluso na clareira durante todas as noites de Lua Cheia, tudo para manter os moradores da reserva fora de perigo quando o momento da transformação chegasse. Hana e Sam chegaram a esta decisão após a saída do casal, e, por isso, eles estavam sendo os últimos a ficarem cientes do plano.

Diferente dos dias em que tinha de fugir de Lucian, os dois dias seguintes passaram rapidamente. Leah não o viu em nenhum momento e isso a levou a cogitar onde ele poderia estar. Não poderia trabalhar na pesca, pois Hana jamais permitiria; na oficina de Harry também não, visto que não apareceu por lá desde que adoeceu. A única explicação plausível, na opinião dela, seria ele estar com as duas garotas, tentando acalmar-se para a Lua Cheia, afinal, as horas pareciam jogar contra o trio cherokee, e o tempo mais ainda, já que não existia uma nuvem sequer no céu de La Push.

Os ponteiros do relógio se aproximavam das seis horas da tarde e o bando quileute já se dirigia a casa dos Cullens, passando vagarosamente pela clareira para averiguar a situação de seus reclusos: Lucian estava sentado à raiz de uma árvore, pensativo; Hana terminava de acender a fogueira para aquecê-los até que chegasse o momento; e Kiary, se aproximava do alfa no exato instante em que Leah passava pelo local, em sua forma lupina.

Kiary joga os cabelos para trás e se agacha à frente do alfa, apoiando as mãos em suas coxas e deixando seu decote propositalmente mais à mostra. Um rosnado involuntário escapa pela garganta de Leah, como aquela garota conseguia ser tão abusada e atirada?

Lucian gira a cabeça ao ouvir o som de seu rosnado e ao encontrá-la, sorri alegremente. Ele se levanta rapidamente, consequentemente fazendo Kiary cair para trás, e se aproxima da loba cinzenta, que se esforçava para não deixar sua cauda balançar pela felicidade de sua aproximação. Ela não queria bancar a boba na frente dele e abanar a porcaria da cauda, seria uma tremenda vergonha.

― Posso? – pergunta ele, estendendo a mão em sua direção.

Leah se aproxima até tocar a mão do rapaz com o focinho, era a primeira fez que ele a tocava em sua forma lupina e a sensação era ótima. Lucian começa acariciando seu focinho gelado, subindo em direção aos olhos, que estavam fechados pelo efeito de suas mãos, e depois para as orelhas. A loba cinzenta era linda e de pelos macios, cheirava a canela e ele estava fascinado por ela.

― Você é linda! – Sorri, fazendo a loba abrir os olhos para encará-lo.

Aquele sorriso a derretia completamente, fazia evaporar qualquer sentimento ruim que estivesse dentro dela e milagrosamente a fazia ter pensamentos bons, como há muito tempo não acontecia. Alguns poderiam taxá-lo de “sorriso de Sol”, como Bella fizera um dia com Jake, mas isso não era o suficiente para ela, pois até o Sol se ausenta em um determinado momento…

Para Leah, o sorriso de Lucian tinha algo a mais, era calor, era sossego, era segurança, era a própria felicidade… Isso. Era isso mesmo, aquele sorriso era a própria felicidade, porque somente de vê-lo sorrir, ela já se alegrava e sentia vontade de sorrir. Leah não conseguia mais imaginar o rosto de Lucian sem aquele sorriso e não lhe agradava a ideia de um dia vê-lo sem ele.

Estava decidido! A partir daquele momento, o sorriso de Lucian seria secretamente apelidado de “minha felicidade”, pois toda vez que o visse, seu dia ficaria melhor…

Sem contar que estará sempre nele, nunca em outra pessoa!— pensa Seth do outro lado da clareira, observando-a.

O quer dizer com isso, senhor intrometido?

O sorriso dele é a sua felicidade, isso quer dizer que ele carrega isso dentro dele. Você não poderá encontrar sua felicidade em nenhuma outra pessoa… Nossa, que bonito isso, acho que vou escrever um livro de poesias— zomba.

Você tem futuro na área romântica Seth— pensa. – Se contar isso para alguém eu te mato!

Aham, sei.— Ri. – Cuidado, sua cauda está quase abanando!

Não está, não!

Está sim— cantarola ele, como todo bom “irmão mais novo chato”.

Não está!

Está sim— repete.

Garoto, eu vou comer você no café da manhã!!!

Seth gargalha, mas para ao sentir Jake conectar seus pensamentos aos deles. O lobo avermelhado passa pela clareira correndo, chamando a atenção dos irmãos Clearwater para o objetivo daquela noite. O alfa não entendia o porquê de ainda poder conversar com a garota, depois que ela o enfrentou e se rebelou contra a sua ordem alfa, entretanto, estava feliz por ainda tê-la no bando.

Leah lança um olhar intenso de despedida a Lucian, que logo entende que ela precisava partir. Ele acaricia seus rosto uma última vez, aproximando-se para inalar sua deliciosa fragrância, antes da loba correr apressada rumo à casa dos Cullens.

O Sol logo começa a se pôr e o trio cherokee já podia sentir o poder da Lua sobre seus corpos, pois aquela seria a noite em que a Lua estaria em seu estado mais perfeito no céu, e, por isso, estaria extremamente poderosa sobre eles.

Na casa dos Cullens, Carlisle andava de um lado a outro, verificando constantemente se todos os membros de sua família estavam presentes ali. Apesar de estarem rodeados por amigos dispostos a protegê-los, o nervosismo e o medo eram inevitáveis.

Com o passar das horas, a noite escura toma conta de toda a floresta, mas, nem os quileutes e nem os Cullens, viam ou ouviam qualquer sinal dos lobisomens. Mesmo com o avanço das horas, o trio cherokee ainda estava prostrado ao chão da clareira, tentando retardar a transformação o máximo que podiam e contendo as enormes dores que dominavam seus corpos.

― Como eu queria pular esta parte de minha vida – resmunga Hana, sentindo uma forte pontada no peito.

Lucian tinha ambas às mãos agarrados a terra, suas garras e caninos já estavam salientes, e seus olhos amendoados tornaram-se negros, mas ele ainda lutava contra o monstro dentro dele, porque quanto mais tempo pudessem atrasar a transformação, menos tempo a fera ficaria no controle.

― Acabe logo com isso Lucian, a sua fera é a mais forte, não vale a pena ficar sofrendo por causa dela… Deixe-o sair de uma vez! – pede Kiary, sentindo uma forte pontada na cabeça e olhando para o céu em seguida.

Os olhos da cherokee se encontram com a Lua Cheia, como se fossem um casal apaixonado que não se viam há muito tempo, e, de repente, sua consciência se desfaz. Kiary solta um grito longo que termina num uivo e toda dor desaparece, pois estava definitivamente transformada numa grande lobisomem com pelos castanhos.

― Sua vez Hana! – diz Lucian trincando os dentes. – Só irei depois de você.

Hana olha para o céu obedientemente, encarando a Lua e deixando que a sua influência levasse embora sua razão. A magia cessou qualquer tipo de dor e seu corpo subitamente explode numa fera cor de areia, cujos únicos traços de seu lado humano eram o brinco de pena artificial e pedaços de sua blusa e calça, que rasgaram durante o crescimento de seu corpo.

Depois da irmã, Lucian finalmente sentiu-se seguro para deixar a fera sair. Ele olha para a Lua e sente seus encantos dominarem seu corpo como mágica; como se estivesse dopado, seus braços e pernas ficam dormentes e a sensação se estendia até o seu tronco. Uma forte dor invade seu peito, rompendo a sensação de torpor como se algo lhe rasgasse de dentro para fora, um grito ecoou de sua garganta e a imagem de Leah veio a sua mente, antes de tudo escurecer e a fera tomar o controle da situação.

― Jake, o que foi isso! – choraminga Reneesme, ao ouvir o grito ecoar pela floresta.

― Jacob acha que é a voz do alfa, eles se transformaram – traduz Edward.

A expectativa dobra de repente. Os quileutes estavam apreensivos e, de certa forma, curiosos para saber como eles eram. Não demora muito para que os lobisomens chegassem até o riacho que os separava – o mesmo que os separava em seu primeiro encontro –, seguindo seus instintos de farejar e explorar o novo território.

― Céus, eles estão aqui! – diz Edward, com o pavor evidente em sua voz.

― Não estou gostando disso Jasper – resmunga Alice se escondendo atrás do namorado.

Todos encaram a floresta depois do riacho e logo as sombras da noite começam a se mover. Duas grandes feras saem detrás das árvores, deixando que a luz da Lua as banhasse por completo, uma castanha e outra cor de areia. Ambas andavam sobre duas pernas, tinham o tronco ereto e movimentavam o focinho, farejando o cheiro dos vampiros e mostrando suas enormes presas ao rosnarem para o grupo do outro lado do rio.

Aquela é Hana— afirma Seth ao reconhecer o brinco que ela sempre usava.

Os traços das lobisomens eram harmoniosos, apesar dos corpos imensos, tornando perceptível se tratar das duas fêmeas do grupo. Ambas andavam de um lado a outro da margem, mas pareciam receosas, como se esperassem algo… Suas orelhas se levantam ao ouvirem um galho se partindo, dando aos espectadores o sinal de que ele estava chegando…

― Aí vem ele, pessoal – diz Edward, traduzindo os pensamentos de Jake. – Se preparem, pois o alfa está vindo.

Uma enorme pata negra sai das sombras das árvores, e, pouco a pouco, a luz da Lua revela o imenso lobisomem negro que Lucian se tornara. Ele era enorme, bem maior que o pobre Emmet, que se encolhera com a aura perigosa que ele emanava; era repleto de músculos, como uma bomba de força bruta esperando para explodir; e de suas roupas sobraram apenas a parte da calça que cobria sua intimidade, porque o restante tornou-se em trapos quando a fera explodiu de seu interior.

Sua pelagem brilhava com a Lua e seus olhos pareciam um buraco negro prestes a tragá-los. Garras enormes e afiadas saltavam de seus dedos, e um rosnado grave foge de sua garganta, fazendo os quileutes mais jovens se arrepiarem. Carlisle pensa em pronunciar algo, mas desiste ao ver a fera negra dobrar o tronco e, em seguida, arqueá-lo para trás em um uivo para a Lua. Sam e Jacob sentem todo o bando estremecer, e até mesmo Leah parecia temer aquela fera irracional.

O lobisomem encara os rostos do outro lado do rio. Seu corpo ereto e seu peito estufado fazia-o olhar para todos de cabeça erguida e com um ar superior, como se ele fosse o único alfa presente no local e ninguém pudesse abatê-lo. Seus lábios se esticam, mostrando suas presas a cada vampiro que identificava em meio aos lobos.

Os olhos negros da fera chegam à outra extremidade do grupo e um choramingo escapa de sua garganta, os quileutes estranham a reação e súbita mudança corporal, e seguem o olhar do lobisomem, que se detinha na imagem da loba cinzenta.

 


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Notas finais do capítulo

Fanfic chegou aos 100 comentários. Agradeço a Evee (agora é Evi Tavares o) pelo centésimo comentário :D
.
Obrigada por todos os recadinhos...
Até o próximo capítulo pessoal! ♥