Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 12
Evitando a Última Perda




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― Esta semana é a Lua Cheia – começa Sam –, o que podemos esperar de vocês, Lucian?

― Esperar? – pensa. – Um ataque aos Cullens… Acho que você pode esperar isso! – diz com ar zombeteiro, fazendo um rosnado escapar da garganta de Jacob, que, com certeza, não estava gostando da piada.

― Ele não está brincando, vocês deveriam mesmo cuidar dos Cullens – continua Hana. – Passar a noite com eles, vigiando-os, talvez seja uma boa saída.

― Vocês seriam capazes de atacá-los? – pergunta Embry, chocado.

― Somos Filhos da Lua – comenta Kiary –, somos assassinos de vampiros por natureza. Assim que a fera estiver no comando de nossos corpos, ela faz o que quiser, inclusive matar!

Lucian envia uma mensagem telepática à Kiary, mandando-a se calar, aquele assunto realmente o incomodava e seu rosto mostrava claramente isso. Os pensamentos do bando quileute eram de todos os tipos: medo, indagação, dúvida, assombro, curiosidade… E o cherokee acompanhava todos eles.

― E os moradores da reserva? – pergunta Quil.

― Não acontecerá nada com eles, são boas pessoas, não nos fizeram mal, então, não guardamos ressentimento algum contra eles – responde Hana.

― Se é assim… Manteremos vigília na casa dos Cullens, todos nós – ordena Jacob –, mas se algo sair errado…

― Partiremos imediatamente – completa Lucian, fazendo o coração de Leah se apertar.

― Quanto tempo durará?

― Duas ou três noites, não sei bem! A fera tomará o controle enquanto a Lua Cheia ficar em seu estado mais perfeito no céu. Só conseguimos retomar o controle quando os primeiros raios de Sol aparecem no horizonte, mas não nos subestimem, somos realmente perigosos.

O rosto rígido de Lucian obrigava o bando quileute a levá-lo a sério, ele estava nervoso, com os músculos tensos e com medo de fazer alguma besteira. As duas fêmeas também tinham os seus medos, mas a responsabilidade maior sempre era do alfa, pois, se ele mandasse atacar elas atacavam, se ele mandasse parar elas paravam, tudo estava nas mãos do macho alfa.

Sam e Jacob começam a organizar os detalhes da vigília, porém, o cherokee não conseguia prestar atenção, o nervosismo tomava conta de sua mente e de seu corpo de tal forma, que ele não conseguia mais ficar ali, sentado.

― Com licença, preciso sair! – diz apressado, enquanto saía da casa.

Hana explica o motivo da reação do irmão, tranquilizando o bando e, consequentemente, deixando Leah preocupada. Ela não podia acreditar que tinha se ausentado quando Lucian mais precisava de apoio, de um ombro amigo. E como se não bastasse isso, ainda tinha a opção da expulsão, caso algo saísse errado. E se ele fosse embora? Ela não poderia deixá-lo partir… A garota caminha até a porta, mas é interrompida pela ordem alfa de Jacob:

― Parada Leah! – brada forte. – Você vai ficar aqui.

Seu corpo estava paralisado pela magia da autoridade de Jacob e todos a encaravam com expressões difíceis de interpretar. Maldita ordem alfa! Ela não queria ficar ali, queria se aproximar de Lucian, conversar com ele, dizer que tudo ficaria bem, mas como poderia?

A imagem da loba cinzenta de seu sonho lhe vem à mente, ela precisava lutar. Mesmo sentindo a paralisia de seu corpo, Leah lutava para se mover, lutava por um simples passo. Era como se ela tentasse carregar uma carga de peso altíssimo, que impedia o seu corpo de fazer um mísero movimento, porém, depois de concentrar toda a sua atenção e esforço naquele simples passo, seus joelhos começavam a responder.

― Leah – grita Jacob ao perceber o fato –, eu disse que você vai ficar!

― Ferre-se Jake! – resmunga ela. – Eu sou uma guerreira, você não vai me pisotear.

Jacob não entende o significado de suas palavras, visto que ela falava mais para si mesma do que para ele. Entretanto, depois de dizer tal coisa, pouco a pouco o peso da palavra do alfa começou a diminuir e Leah começou a retomar o controle da situação. Um passo foi dado em direção ao lado de fora, deixando todos boquiabertos, como ela ousava afrontar uma ordem direta?

Gotas de suor começam a escorrer pela sua testa, o esforço que estava fazendo era inacreditável, uma força brutal que estava exigindo tudo de seus músculos. Leah ela realmente era uma loba muito forte! Mais um passo foi dado, com muito esforço, seguido de outro e outro, até que, finalmente, aquela ordem alfa já não tinha mais efeito sobre si.

Leah corre porta afora, em direção a Lucian, deixando para trás um irmão sorridente, os quileutes espantados e os alfas furiosos.

― Ei! – chama ela, tentando conter a imensa alegria que sentia.

― Oi.

― Tudo bem?

― Bem melhor agora!

― Que bom. – Respira fundo para fazer a respiração voltar ao normal, sentindo o frescor da noite sobre a pele. – Vai dar tudo certo, eu confio em você.

― Obrigado, fico feliz em saber disso. – Sorri.

― Casaco bonito, quem te deu? – Brinca, sabendo que se tratava de um presente dela.

― Uma garota bonita e de muito bom gosto, você precisa conhecê-la! – Ambos riem. – Você sumiu, por onde andou?

― Longa história. – Balança a cabeça, fazendo pouco-caso. – Nada que valha a pena contar.

― Eu sabia que conseguiria! – Sorri vitorioso.

― Conseguir o que?

― Vir até mim… Eu sabia que conseguiria!

― Você sabia o tempo todo? – pergunta confusa. – Por que não foi atrás de mim então?

Lucian percebe a confusão de Leah e uma pontada de mágoa em sua voz, porém, aquilo também o magoava: ficar afastado, o egoísmo do bando quileute, vê-la tão perto e ao mesmo tempo tão longe, tudo isso o machucava muito. Seus olhos passam a encarar os próprios sapatos, quando finalmente confessa:

― O bando conseguiu esconder, mas as namoradas, não. Foi fácil descobrir. Eu poderia facilmente encontrá-la, porém, não poderia vencer essa luta por você. Eu me aproximaria, mas isso não a deixaria livre da ordem de Jacob. – Suspira. – Essa era uma luta sua, se realmente me quisesse por perto, venceria… E pelo visto, você me quer por perto!

― Não se ache tanto – agride cruzando os braços –, é que você é um bom… Amigo.

― Ah! – Sorri fraco. – Amigo…

― Bem, quero dizer, tudo deve começar pela amizade, não é? – emenda, tentando consertar a besteira que dissera. – Preciso conhecê-lo primeiro…

Lucian estava feliz pela presença de Leah, e ela, estava transbordando por dentro. Sentir o cheiro viciante do cherokee era ótimo, mas, mesmo estando ao lado dele, Leah queria se aproximar mais, queria tocá-lo, apesar de tudo lhe parecer precipitado e de seu orgulho não lhe permitir tais iniciativas.

Ambos ficam em silêncio, olhando para o céu nublado. Agora nada mais poderia segurá-la, Leah ficaria ao lado dele sempre que tivesse vontade, nada mais a impediria. Um sorriso brota em seus lábios ao pensar nesse fato, fazendo com que o olhar de Lucian fosse atraído para ela. Como ele gostaria de saber o que ela pensava, o que a deixava tão feliz…

― Eu te amo! ♥— confessa subitamente, beijando o canto dos lábios de Leah e a pegando de surpresa. – Vamos para casa? – pergunta, estendendo a mão para ela, que aceita prontamente.

Lucian se despede de Hana telepaticamente e parti. Sua irmã era a única pessoa daquela sala que merecia algum tipo de satisfação, e caso os quileutes questionassem seu paradeiro, ele sabia que a caçula se livraria da enrascada de olhos vendados.

O caminho para casa era silencioso, ele a estava levando para casa e não precisavam dizer palavra alguma para fazer daquele momento algo especial. Leah estava feliz de caminhar de mãos dadas com ele, o aperto forte lhe dava segurança e sua mente estava entorpecida pelo ritmo de seu coração, que batia de forma tranquila.

Apesar da estrada escura, seus olhos, potencializados pelo seu lado lobo, a permitiam enxergar o sorriso de Lucian, magnífico como ela sempre o vira. Ele, por sua vez, sabia que estava sendo observado, mas não a olhava, não queria constrangê-la; muito pelo contrário, queria que ela o observasse mais e visse nele alguém para amar… Mal sabia ele que aquilo já havia acontecido!

― Até amanhã – diz Lucian, dando um beijo estalado na bochecha de Leah. – Adorei seu cabelo, sua corrente de prata com pingente de Lua e principalmente do seu batom com cheirinho de chocolate… Eu adoro chocolate! – Sorri, saindo em seguida.

A quileute cora. Achava que ele não havia reparado, mas se enganara terrivelmente, porque nada fugiu aos olhos astutos de Lucian. E ao entrar em casa, Leah corre para o quarto para se esquivar das perguntas preocupadas de Sue e se joga na cama, afoita e sentindo-se leve. Pensando nos últimos acontecimentos, ela adormece, e seu estranho sonho retorna para lhe fazer companhia uma última vez.

Lá estava ela na clareira, novamente sozinha. A voz masculina a chama, a imagem de seu pai e de Sam surgem e desaparecem, tudo estava igual à antes… A risada do menino cobre o ambiente e, em sonho, Leah começa a ficar ansiosa, será que alguma coisa tinha mudado?

Tudo parecia como antes: a criança correndo de uma árvore à outra, a brincadeira entre eles, o Sol desaparecendo e a névoa tomando o seu lugar, o garoto parado diante do bando, seu olhar aterrorizado para ela, e em seguida, a corrida em sua direção. Leah abre os braços, incentivando-o a correr mais e pedindo aos céus que algo diferente acontecesse. Jacob e Sam aparecessem ao seu lado, ordenando que ficasse longe da criança, e o desespero começava a tomar conta de seu coração, será que nada mudaria? Ela havia vencido a ordem do alfa e mesmo assim o sonho continuaria o mesmo?

Leah arranca em sua corrida habitual e os membros do bando fazem o mesmo. Os pequenos olhos do menino vertiam lágrimas desesperadas e isso lhe cortava o coração, não seria possível que a sua última perda ainda estava para acontecer… Os lábios da criança começam a repetir, de forma muda, à mesma palavra. Leah já sabia o que viria a seguir e isso a revoltava, tinha tido tanto trabalho para nada?

“Não!” – grita ela, ao ver o bando avançar contra menino.

Neste momento, o som da voz infantil ressoa da garganta da criança, rasgando o silêncio: “Mamãe!” – grita ele repetidas vezes, implorando por socorro. A raiva se apodera de Leah de uma forma poderosa, o calor percorre todo o seu corpo e, num salto, ela explode em sua forma de loba e pousa entre o menino e o bando.

O sonho tinha mudado!

Ela rosnava de maneira feroz, fazendo todos os lobos recuarem. O pequeno menino rasteja para perto da loba, ainda em prantos, abraçando sua perna traseira e ainda repetindo aquela doce palavra: “Mamãe”. Aquela sentença a arrepiava, e, ao mesmo tempo, enchia seu coração de calor e de um incrível sentimento de proteção.

O bando quileute desaparece numa nuvem negra, deixando Leah sozinha com a criança. Ela volta a sua forma humana lentamente, sem se importar por estar nua, e se abaixa para abraçá-lo. O menino soluçava, ainda tentando conter suas lágrimas, enquanto ela apenas acariciava sua cabeça.

Segundos depois, o choro cessa, e dois braços fortes de um adulto os envolvem. Leah podia sentir a pessoa agachada atrás dela, com os lábios próximos ao seu ouvido direito, mas quem poderia ser?

“Eu sabia que conseguiria!”

Era Lucian, ela tinha certeza, reconheceria aquela voz em qualquer lugar de La Push e até mesmo do planeta Terra. A quileute fecha os olhos ao ouvir a voz grave sussurrando em seu ouvido, e, ao abri-los, estava de volta ao seu quarto com a claridade entrando pela janela, já era de manhã.

Ela havia conseguido, havia evitado a última perda!

 


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Notas finais do capítulo

Parabééns as meninas que responderam que se tratava do filho da Leah, acertaram em cheio... Espero que tenham gostado deste capitulo e até breve :)