Quarter Quell escrita por BruxoBrunao
Notas iniciais do capítulo
Talvez este tenha ficado um pouco esquisito, mas eu não sei bem o que pensar de Gale, porque acho que nem Katniss sabe... rs.
Quando retornei para a costura já estava bem mais calmo e quis voltar para conversar com Katniss. Mas não o fiz, não sei o porquê, simplesmente não o fiz. Nossa briga foi claramente uma idioice. Ela sabe o que sinto por ela, mas queria carregar aquele loiro nojento junto conosco. Bem, e ele também gosta dela, e se ela não quer me magoar, também não quer magoa-lo. Porém, naquele momento, tudo que pensei foi que eu sempre a amei, eu falava com ela, cuidava dela, caçava com ela, nós éramos cúmplices... Amantes e confidentes antes mesmo que notássemos. Como ela poderia escolher alguém que sequer lhe dirigia a palavra? Que era sua caça nos jogos.
Sei que ela estava corretíssima em fazer o que fez nos jogos e trazê-lo de volta ao distrito. Não apenas para afrontar a Capital, mas também pela família do rapaz. Entretanto, ainda assim ficar com ele? Se casar? Ter filhos? Ou então, fugir, me levar e ainda pedir para que eu o aceitasse no nosso bando? Não, só podia ser brincadeira. Katniss me conhecia o suficiente para saber que eu não admitiria isto de forma alguma.
Devo dizer que, antes de Peeta Mellark aparecer, tudo estava maravilhoso. Claro que a culpa deve ser posta nos Jogos e na Capital, e não em nós. Mesmo assim, eu não era obrigado a ceder Katniss para ele só porque a Capital quer satisfazer seus cidadãos mutantes e deixá-los mais felizes do que já estão com toda a fartura e conforto que não temos em nenhum dos distritos. Só eu entendia que, das poucas coisas que tenho, Katniss é uma que eu não irei deixar ser tirado de mim? Ninguém vai tomá-la de mim, nem os Jogos foram capazes de fazê-los, quanto mais um garoto. Nem o Sr. Snow pode fazê-lo, não imporá quanta chibatadas ele mande dar em mim.
Por fim, compreendo que devia procurá-la e fazer com que nos entendêssemos... Porém, com as coisas que eu disse, pedir desculpas não me parece suficiente.
Mesmo depois de aceitar fugir com ela, e ainda de dizer que a amo, ela apenas diz:
- Eu sei.
Aquilo não me desce a garganta, e mesmo que ela tente ajustar o que disse, não me é suficiente, mas posso lidar com isso, sei que posso. Se fugirmos e criarmos nossa própria família, afastados disso tudo, posso conquistá-la. Ela irá ficar mais dócil, pois não precisará enfrentar o mundo como o chefe da família. Ela me terá para tal cargo. E com isso, combinamos de convencer nossos pais. Será difícil com as crianças e tudo o mais, mas sei que podemos. E é isso que eu digo, já tendo certeza de que nada pode mudar nosso destino. Mas é duro admitir que, com Katniss, nunca estou seguro do que vai nos acontecer.
- Haymitch? Você não vai pedir para que Haymitch venha com a gente, vai?
- Preciso dele. E de Peeta também. Não posso deixá-los... O que?
- Desculpe, não tinha percebido que nosso grupo era tão grande.
- Gale! Ele seria torturado para revelar nosso paradeiro.
- E a família dele? Eles jamais irão com a gente. Na realidade, eles provavelmente nos dedurariam. Além do mais, e se ele decidir ficar aqui?
- Então ele fica.
- Você o deixaria para trás?
- Por minha mãe e por Prim, sim. – ela hesita. – Quer dizer, não, eu vou dar um jeito de convencê-lo a ir conosco.
- E eu? Você me deixaria para trás?
- Você sabe que não, Gale. – ela segura minhas mãos. – Você sabe...
- Por que se importaria? – digo, soltando-me dela.
- Por que você é meu melhor amigo, Gale.
- Seu... Melhor amigo? – ranjo os dentes. – Então não pode deixar Peeta por que ele é seu noivo, é isso? Diga-me, por que se importa tanto com ele? – Levanto-me rispidamente, e a cadeira tomba no chão. – Deixe-o. Você não precisa de nenhum deles e eles nunca precisaram de você. Deixe-o e vamos fugir com a nossa família!
- Gale, não vou deixar Peeta para trás! – E neste momento eu já estou saindo da casa, louco da vida, querendo pegar um esquilo e arrancar-lhe a cabeça como aquele garoto do distrito 2 fez.
- Boa tarde, Gale. – Prim me cumprimenta. Seus olhos claros e infantis reluzem na luz do sol poente.
- Boa tarde, loirinha. O que a princesa está fazendo junto aos plebeus? – brinco.
Ela repuxa os lábios e mostra a língua.
- Você é um bobão, Gale. – Ela rosna. – Entendo porque Katniss escolheu Peeta como noivo, ao invés de você.
Fecho a cara. Não a culpo, pois sei que ela não faz ideia sobre o que está falando, mas isso, mesmo assim, me deixa com o rosto vermelho de raiva.
- Pra onde você vai, então? – tudo que penso é que devo me acalmar e não dizer absolutamente nada a Prim ou acabarei deixando a menina mais atormentada do que já é.
- Para o prego, pegar remédios para minha mãe e doces para mim. – ela sacode uma sacolinha de veludo verde e as moedas tilintam. – Você não vai acreditar quem veio nos ver!
- Quem?
- O presidente dos Jogos. Sr. Snow.
Arregalo os olhos.
- Katniss!
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