Logo após as últimas palavras da amiga, Lucy ficou sem fala. Provavelmente, seu rosto estava dizendo tudo o que estava engasgado em sua garganta, ou, pelo o menos, era o que o sorriso de Mira parecia demonstrar. Isso fez com que a loira ficasse ainda mais sem jeito. Estava
se sentindo daquela forma apenas pela situação, ou por ser do Natsu de quem estavam falando?

Ela sabia a resposta. Fingia não saber. Parecia não saber. Apenas por estar escondendo tudo tão bem, parecia não saber da verdade.

Porque não havia nada mais verdadeiro do que o que estava escondendo de si mesma.

De qualquer forma, ela iria descobrir em poucos instantes. Precisava.

Sorriu timidamente para Mira, dirigindo-se para perto de Natsu, vagarosamente. Cada passo parecia ser cada vez mais lento, sentia que precisava fazer muita força para mover seus pés na direção dele... sentia a atmosfera cada fez mais pesada a medida em que se aproximava. Como que ninguém além dela estava notando aquilo? Como ninguém mais estava preocupado?

Não passava pela cabeça dela que o motivo era simples.

Era apenas... que ela reparava nele. Ela o observava, tentava cuidá-lo. Mesmo que, na maioria das vezes, ela era a que acabava sendo cuidada. Mesmo assim... seu olhar sempre o seguiu, desde que se conheceram.

E ela não sabia ver isso.

Já não tinha mais chão a ser percorrido. Estava parada em pé, de frente para ele. Natsu ainda não tinha a notado ali... continuava com o cabeça apoiada na mesa, seus olhos pareciam estar semiabertos, grudados no chão.

Carinhosamente, aproximou-se ainda mais dele e tocou levemente seus cabelos róseos.

-         N-Natsu... – sua voz falhava. Por quê? Por que estava tão receosa? – e-eh...

Não conseguiu dizer mais nada. Talvez não quisesse. Não queria enchê-lo de perguntas, sabia que de nada adiantaria. Apenas ficou olhando-o, com aqueles olhos castanhos borbulhantes de preocupação, e de carinho.

Ele levantou seus olhos na direção dela. Estavam com uma aparência cansada, a parte que deveria estar branca estava vermelha, contrastando com a íris negra. Aquele abismo... ela estava caindo dentro daquele olhar. Parecia que ele tinha estado chorando. E, julgando por quão irritados aqueles olhos estavam, tinha sido bastante, e não fazia muito.