Help Insane escrita por Wanko Hasegawa


Capítulo 9
Submissão




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- Eric! O que foi isso? Eu ouvi um tiro. Uol! Nossa!

- Le... On?

- Bela presa. Hm, Eric? Você tá bem? – Bem?

- S-Sim. Acho que sim.

- Você estava chorando?

- ...

- Os outros devem chegar aqui em poucos minutos, não faz muito tempo que nos separamos, devem ter ouvido o barulho.

- Hm.

- ...Aqui, toma um pouco de água. Mas quem diria ein, sua primeira vez usando uma arma, mirando e atirando e você consegue algo desse nível. Devo dizer que estou com um pouco de inveja. – sorri para ele, um sorriso fraco e sem graça, já que não havia nada para ser dito.

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- Garoto, você é espetacular, não fazia nem trinta minutos que havíamos começado e já me sai com algo desse porte. A primeira vez que cacei só consegui um ganso selvagem, mas ainda fiquei extremamente orgulhoso de minha presa. Lembro-me das asas batendo e em seguida do corpo caindo. Foi um espetáculo da natureza. Isso me faz...

Por que eu não hesitei? Eu poderia ter o deixado ir embora. Poderia apenas ficar contente em vê-lo, ficar contente com aquele momento. Então, por que eu atirei? Por que gostei de ver a vida dele se esvaindo perante mim? Por que gostei de saber que fui eu quem fez aquilo? Por quê? Por que gostei dos olhos negros com medo? Por que gostei de me sentir superior à vida alheia?

- Eu não acho que tenha sido algo tão grande assim. O alvo dele era enorme, não tinha como errar.

- Você esta com ciúmes só porque o pai do Leon o esta elogiando, Shion.

- Tsc! Até parece que vou sentir inveja de um anão feito esse.

Droga, eu não consigo tirar a imagem daquele maldito veado da cabeça. A respiração lenta, o corpo tremendo, o sangue manchando as folhas no chão. Sinto que estou arrependido pelo que fiz, pelo menos é nisso que penso. Mas então por que esse sorriso ainda não se desfez?

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- Muito bem filho, seja um bom menino e comporte-se. Ajude no que puder.

- Sim senhor. – maldição, tinha esquecido que esse demente ia dormir comigo. Digo, na minha casa.

- Já esta começando a ficar escuro. Olha, tem algumas estrelas no céu.

- Hm.

- Você não parece muito animado...

- Sério?

- É, normalmente você estaria com uma expressão irritada e fazendo piadas. Sabe, sendo irônico.

- Vai ver é falta de energia. Dormi o quê? Umas cinco horas?

- Ah, é verdade. Você está cansado né? Provavelmente vai apagar assim que cair na cama...

- Provavelmente. – que expressão é essa? – Impressão ou agora parece que você não esta animado?

- Hm? Ah, não. É só que, eu queria que você tivesse se divertido. Mas acho que teve o efeito contrário. – ah, maldição. Ele se parece com um filhote de cachorro pedindo carinho.

- Mas eu me diverti. – filho da puta, não sorria desse jeito, tá na cara que é mentira. – Gosta de videogames?

- Hãn?

- Vi-de-o-ga-me! Gosta?

- Um pouco, não me dou muito bem. Shion é que o especialista nisso.

- Rum. Pois bem, vou te mostrar quem é o verdadeiro especialista. – até parece que aquele anão de merda vai ser melhor do que eu.

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- Oh, meninos! Divertiram-se? – Santo Cristo que estais no céu, o que essa mulher tá fazendo?

- Sim senhora. Eric conseguiu um veado. Acredita nisso? – ah, o sarcasmo e a ironia, a dádiva divina. Posso vê-la brilhando nos olhos dela, aquela maldita mente maliciosa.

- Mas que bom, não? E o que fizeram com ele? – não me dê esse sorriso contido de luxúria sádica, sua bruxa.

- Eric disse que não o queria, mesmo meu pai insistindo. Então ele levou junto com o resto da caça.

- Entendi.

- Então, por que está de avental? Posso saber dona Marta?

- Bem querido, como você ia trazer um amigo pra dormir aqui em casa, resolvi caprichar no jantar. – estou tão exausto, mas tão exausto que nem consigo fazer piadas sobre isso. – Podem subir e se lavarem, ainda tem algum tempo até a comida ficar pronta.

- Sim senhora. Vem Leon.

- Ora, você esta tão obediente, alguma coisa errada? – olhei para ela, fiz um gesto estranho com a cabeça e outro com a mão. O mesmo que ela fez no dia em que conheci Leon, acho que deve ser algum tipo de tic nervoso genético.

- Não mãe, esta tudo bem. Vem logo seu lerdo.

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Maldição, maldição, maldição. Por que me sinto tão cansado? Até pra zoar eu to sem energia.

- Toc, toc, toc. – inferno, eles não me deixam nem tomar um banho em paz.

- Quem é? – uh, isso me soa familiar. Ah sim, essa piada já é antiga*.

- Eric... Sou eu. – avá, jura que você é você?

- Que foi?

- Nada... – então não me enche porra. – Na verdade, você tá estranho desde a caçada... Tá tudo bem mesmo? – cacete, não faça isso. Pro seu próprio bem, não faça isso.

- Sim. Esta me chamando de mentiroso por acaso?

- Não é isso. Eu só fiquei preo... – foda-se o bom senso!

- Não preciso da sua preocupação! – e por que essa cara de espanto? – Que foi?!

- Ah... Bem... Não achei que fosse abrir a porta desse jeito... Ainda mais nesse estado... – não fique corado seu bosta!

- Que estado? Estou enrolado numa toalha.

- B-Bem... Sim, mas...

- Qual o seu problema garoto?!

- Hm?

- “Hm?” é o cacete! Diz logo qual o seu problema comigo! – e pare de me olhar como se estivesse assustado, já tive experiências demais desse tipo por hoje.

- Problema? – você é descendente de papagaios por acaso? – Não... Eu acho que você entendeu alguma coisa errada, pequeno... – pequeno? What this fuck hell?

- What? Pequeno? Mas que merda...? – oh shit, essa sua expressão me dá medo. Volte com a cara de assustado, assustado, assustado é bom. Assustado é muito bom.

Meu Deus, por que você esta se aproximando desse jeito? A distância está passando do perímetro “aceitável” para “extremamente perigoso” muito rápido. E esses olhos friamente calmos? Não se curve por cima de mim, droga. Odeio ser baixinho. Ok, parou com a palhaçada!

- O que diabos você pensa que está fazendo? – mas o quê? O coração dele esta batendo rápido. Espera, mas que porra de um caralho, eu acabei tendo que empurrá-lo com as mãos.

- Respondendo ao seu pedido. – hã?!

- Hã?! – ei, por que está fechando a porta atrás de mim?!

- Vou lhe demonstrar qual é. – você usa crack?

- Demonstrar...? – devo estar com a maior cara de idiota, dane-se, to me sentindo um mesmo. – E-Ei...

Isso não é bom, definitivamente, isso não é nada bom. O corpo dele bloqueando qualquer passagem, a porta encostada em minhas costas, o rosto dele próximo ao meu. Nada bom. Sua mão segurando meus fios de cabelo e levemente os empurrando para trás, erguendo meu rosto contra vontade. Seus lábios entre abertos e sua respiração quente batendo em meu rosto. Seu braço esquerdo estendido ao meu lado, a forma como está inclinado em minha direção. Realmente, nada bom.

- Vou lhe demonstrar qual é o meu “problema” com você.

- Esp...

As palavras se afogaram em minha garganta, elas não são mais necessárias, não em um momento como esse. Não importa o que eu diga, ele esta sob o controle da situação, embora eu odeie admitir isso. Não consigo desviar dos seus olhos, tão... Calmos... Frios e calmos. Cruéis, de certo modo. Sua boca curvada em um sorriso leve, um sorriso que, mesmo leve, me assusta por inteiro. Talvez tenha sido esta expressão que esbocei quando puxei o gatilho.

Quente. Os lábios dele são quentes. A língua é quente. As mãos me tocando e me puxando para si, são quentes. O corpo dele se chocando com o meu, é quente. Embora eu esteja sendo levado por ele, minha visão continua aguçada, cada movimento, cada piscar, é como se eu estivesse gravando tudo. Ele sustenta a troca de olhares enquanto sua língua brinca com a minha de uma maneira fora do normal, rápida, gentil e sensual. Suas mãos passeando por meu corpo me causam arrepios. Isso é mal, meu rosto esta quente, minha visão está embaçando pelo desejo... A disputa na troca de olhares... Ele a venceu.

Submissão. O veado era submisso a mim... Eu sou... Submisso a ele?


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Notas finais do capítulo

* Pra quem não entendeu Eric faz referência às piadas de toc, toc e quem é.