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Abri os olhos devagar, recobrando minha sanidade mental, isso esta mesmo acontecendo? Não acredito que me deixei levar por esse caipira idiota. E por que ainda estou com as mãos no peito dele?! E por que nossos lábios ainda estão colados?! Se recomponha Eric Alexis Grace! Filho da mãe, eu vou te ensinar a não abusar da inocência alheia... Sim, sou inocente!

Ah, a sensação da mão fechada, do braço estendido no ar e do punho agindo com destreza e força, é uma sensação tão boa. Mas a melhor parte é quando você sente tocar no corpo do outro, quando sente seu golpe praticamente afundar na pele dele. É como algum tipo de canal de xacra, que canaliza toda sua ira e leva pelo seu braço até o determinado alvo.

– Mas o que?! Por que fez isso? – eu sou o inocente, não você! Não se faça de vítima, seu merda!

– Oh... Por que será? Acho que é hobbie meu sair distribuindo socos por aí. Não gostou? – Leon me fuzilou com os olhos.

– Suas piadas não são engraçadas nesta situação. – levou uma mão ao olho direito.

– Não estou tentando ser engraçado. – apoiei a mão no queixo, fazendo um ar pensativo. – Sarcástico, talvez.

– Não precisava ter feito isso. – ele está mesmo irritado? Bom, agora sabe como me sinto.

– Não precisava ter me agarrado!

– Ah, e você não gostou então? – droga, to sentindo meu rosto corar.

– Você é um arrogante de merda!

– E você... Você...

– Você o quê? – sinto que ele esta prestes a pular em meu pescoço. – Quer devolver o soco? – que expressão de surpresa e descrença é essa?

– Acha mesmo que eu bateria em você?

– Ué, e por que não?

– Meninos, a comida esta pronta! Desçam logo, por favor! – minha mãe, ela tem o dom, só pode.

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Adoro esses momentos, em que a tensão fica no ar e ninguém ousa falar nada. Só se escuta o barulho dos talheres nos pratos e o mastigar da refeição. Isso é cativante.

– Vocês estão tão calados... – observei com os cantos dos olhos minha mãe olhar para o rosto de Leon. – Aconteceu alguma coisa? – maldita, você sabe que sim.

– Não senhora. – meu Deus, o sorriso faísca de Sol. Como ele consegue sorrir assim numa situação destas?

– Hm. Sei... – isso significa “mentiroso, eu sei que algo aconteceu, mas vou investigar mais um pouco”. – Muito bem meninos, como eu fiz o jantar, vocês lavam a louça. – ah, isso, vai lá, me obriga a ficar na companhia dele, vai.

– Sim senhora Grace. – não se faça de bom menino na frente dela! Seu demônio.

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Essa água tá gelada. Leon calado ao meu lado, secando os pratos, também não ajuda com a situação. Merda, sinto que devo dizer algo, mas o quê?

– Desculpe. – Uh? Mas o quê? Merda, já disse pra não se fazer de vítima! Ah não, espera, eu pensei isso e não disse...

– Por que esta pedindo desculpas? – Eu não consigo olhar pra ele, não sei por quê. E essa voz arrependida e baixa?! Droga.

– Por ter beijado você. Eu não deveria ter feito isso. Eu só, bem, você acabou cedendo, então pensei que quisesse. – Odeio ficar com vergonha.

– Tudo bem, não é como se eu fosse te odiar por isso, sabe?

– Não? – Virei o rosto para encarar Leon, a expressão no rosto dele, meio inocente, aguardando a resposta, me fez sorrir, por um momento.

– Não. – Maldito sorriso faísca de Sol.

– Então, continuamos sendo amigos?

– Sim. – O quê? Não! Espera! Eu nunca disse que éramos amigos! Ah, mas que inferno!