Apocalipse escrita por Fenix


Capítulo 6
A luta contra o tempo




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- Deixa eu vê... – Diz Felipe procurando – Essa não... Essa não...

- Ei, olha – Diz Carol, mostrando-lhe uma carta – Essa foi a que a Bruna tirou – Então começa a ler – “O espelho tem dois lados meu caro, quando o lado brilhante está virado para você o lado negro suga” Ven Victus.

Drake está analisando as fotos que Bruna naquela tarde. Bruna está em pé diante do espelho, aparentava um pouco mais magra, seus olhos estavam com olheiras e um pouco fundos, desesperada, porém controlada, Bruna passa a mão pelo seu rosto, subindo até o cabelo, ao descer, puxa vários fios, Bruna arregala os olhos, suas mãos passam a tremer, sua respiração fica ofegante.

Felipe está em frente ao computador, abre uma página de pesquisa.

- “Jogo Apocalipse” – Ele diz enquanto escreve para procurar.

Assim que aparecem os resultados, ele clica na primeira opção, em seguida respira fundo e chama Carol para perto.

- Encontrou alguma coisa? – Ela pergunta, se aproximando.

- Sim! – Ele responde, então passa a ler a notícia – “O jogo Apocalipse foi fabricado a partir da pele e de ossos de uma bruxa chamada Mamba Apocaliptica, que foi julgada e supostamente esfolada vivia pelo auto inquisitor e depois foi queimada, durante a temida inquisição espanhola no final do século XV”.

Carol olha para o jogo e depois para ele.

- Nossa – Diz Carol.

- O tabuleiro foi feito com a sua pele e os desenhos foram pintados com o seu sangue e lágrimas – Termina Felipe, ele apoia o rosto em suas mãos – Meu Deus!

Carol se afasta um pouco, sem tirar os olhos do jogo.

- O que mais?

- Possuir o jogo logo tornou uma obsessão para os gananciosos e desesperados, devido a sua reputação de conceder o maior desejo daquele que vence o jogo, no entanto os perdedores azarados enfrentam destinos distintos que lhe são designados pelos quadrantes do jogo, a partir de versos enigmáticos que ninguém conhece – Ele continua, Felipe afasta a cadeira não acreditando – Estava certa – Carol leva sua atenção a ele.

Felipe se levanta nervoso e caminha pela sala, curiosa, Carol senta-se na cadeira e continua lendo a notícia.

- O jogo estimulou a curiosidade da sociedade europeia até que um navio mercantil Frances que o transportava, foi assaltado por piratas no estreito de Junho de 1808 – Lê Carol em voz alta.

Felipe fecha o jogo com raiva e vai até o final da sala, Carol vira-se rapidamente sem levantar da cadeira.

- O que está fazendo? – Ela pergunta.

Felipe joga o jogo no chão e por cima seu casaco.

- Felipe! – Carol levanta-se e caminha devagar até ele – A gente pode precisar!

- Não vamos não – Ele diz, pegando papeis e jogando em cima da caixa.

- Felipe... O que pretende?

- Vou queimar – Felipe pega uma folha de jornal e passa a queimá-la.

- Felipe para!

- NÃO! – Ele grita.

- AI MEU DEUS, FELIPE – Grita Carol, arregalando os olhos – Meu deus, você está sangrando!

Ele arregala os olhos, o sangue escorre de seu nariz, Carol põe a mão na boca, assustada, Felipe passa a mão no nariz e observa o sangue, logo joga a folha em chamas em cima da caixa, porém o jogo não é afetado.

Bruna começa freneticamente a tossir, Drake vira-se rápido e corre até ela, segurando-a pelos ombros.

- Ei, ei, ei – Diz Drake, delicado – O que foi? O que aconteceu? Bruna, o que você tem?

Ela levanta seu olhar chorando.

- Eu não estou me sentindo bem.

- Calma, calma, olha pra mim – Diz Drake, tateando o seu rosto – Você só está um pouco quente.

Bruna acentua com a cabeça fungando.

- Tem que tomar alguma coisa – Diz Drake.

- Não, eu só quero ir pra casa, apenas isso – Diz Bruna, tirando suas mãos que lhe tocavam ao rosto.

- Não, não, você está muito mau pra dirigir.

Bruna nega com a cabeça.

- Vem aqui, vem comigo – Drake a leva para o cômodo do lado – Vou fazer uma sopa pra você, ta legal?

- Não – Bruna nega, os dois sentam na cama – Vai me fazer vomitar.

- Engraçadinha – Ele rir, Bruna sorrir de canto – Não faça isso na minha cama.

Ela se vira e põe a língua pra fora, Drake da uma risada.

- Então vou fazer um chá!

- Verde!

- Verde! – Logo depois se beijam.

Drake se levanta e vai para porta.

- Vê se descansa! – Ele diz, saindo do quarto.

- Drake espera – Bruna o chama de volta, ele para na porta – Você acha que tudo que está acontecendo, tem haver com aquele jogo?

Ele lhe observa com um olhar de dúvida e sem ter alguma respostar para dizer, depois de alguns segundos encarando-a, ele diz.

- É claro que não!... Só estão estressados, sabe?!... Não tem nada haver com o jogo.

Bruna sorrir acreditando.

- É! – Ela afirma.

Drake volta a caminhar pelo corredor, Bruna põe a mão na cabeça e deita na cama, sua respiração fica mais ofegante.

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Na manhã do dia seguinte, o sol ilumina o mar com água transparente, um surfista já estava nas ondas, os raios do sol passavam pela persiana iluminando o quarto, deitado na cama, ainda dormindo, está Drake sem camisa. Ele ouve um tossido seco, então vira-se para o lado de olhos fechados.

- Drake... – Diz Bruna, em seguida uma tossida.

Ele continua dormindo.

- Drake... – A voz fica mais baixa e some no final.

Ele abre os olhos, deparando-se com Bruna completamente envelhecida, em um pulo bruto para fora da cama, Drake bate contra a parede em pânico.

- AI MEU DEUS! – Grita Drake, ao vê-la.

No hospital, os enfermeiros seguem o corredor com Bruna na maca, sua pele estava enrugada, seus olhos fundos, sua cabeça com poucos fios de cabelo e brancos, Drake seguia a equipe de enfermeiros, com sua expressão abalada, sem acreditar, então para de andar e fica com um olhar vazio, desesperador.

Carol e Felipe chegam ao hospital, viram o corredor e caminham depressa, quase no final, Hélio vira o corredor e os para.

- Com licença – Diz Hélio – Eu sou o detetive Hélio, o seu amigo Drake me telefonou.

- Telefonou? – Diz Felipe.

Hélio olha para trás e depois para eles.

- Ela era uma linda garota! – Diz Hélio.

- Ela morreu? – Carol se espanta.

- Não, ela não está morta – Responde Hélio.

Os dois suspiram aliviados.

- Ta bem, a gente vai lá e... – Hélio o interrompe.

- Drake me falou sobre um jogo que jogaram – Diz Hélio.

- Olha eu sei que pode parecer loucura, mas se você deixar a gente se explicar... – Diz Carol.

- Eu conversei com um investigador e ele disse que seu amigo Leonardo, morreu de uma grande dose de um veneno de uma cobra que não existe nesta parte do mundo – Diz Hélio – Mamba Negra.

- O jogo que jogamos... Fala sobre mamba – Diz Carol.

- Preciso dar uma olhada nesse jogo – Diz Hélio.

- É claro, ta lá na minha casa, você pode ir lá e... – Diz Felipe.

- Na sua casa? – Diz Hélio, depois de alguns segundo em silencio – Bom, eu tenho que ir, nos veremos depois.

Hélio sai andando, Carol e Felipe dão dois passos quando ouvem chamando-os, eles se viram.

- Gente, vocês já viram ela? – Pergunta Narayani, se aproximando correndo.

- Não, acabamos de chegar – Diz Felipe.

Os três caminham pelo corredor.

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No quarto todo equipado, Bruna está deitada numa maca, respirando com ajuda de aparelhos, a sua respiração estava mais forte e grunhia enquanto respirava.

Narayani entra correndo, assim leva um choque ao se deparar com a amiga envelhecida precocemente, Narayani põe as mãos na boca, seus olhos se enchem de lágrimas.

- Não! – Nega Narayani.

Carol, Felipe e Drake, entram em seguida, Carol arregala os olhos, Bruna não conseguia falar direito. Narayani da uns passos para trás.

- Essa não é a Bruna – Ela diz, e logo sai correndo da sala.

Os outros ficam parados, olhando para Bruna, sem saberem o que fazer. Uma libélula entra voando no quarto e pousa na bolsa do soro, Bruna arregala os olhos.

Narayani caminha desesperada pelo hospital, ela desce uma escada, sem saber onde iria dar, logo chega ao necrotério, sem passar pela cortina transparente, Narayani avista o corpo de Leonardo na maca de ferro, ela arregala os olhos e sai correndo. Narayani chega a um corredor e para de andar, chorando desesperadamente, seus olhos já estavam vermelhos.

- Nara! – Diz Drake, assuntando-a.

- AAHHH – Ela grita, virando-se.

Então o abraça chorando muito.

- Oh, não... Eu não quero, eu não quero, eu não quero – Narayani dizia com seu choro desesperador.

Eles se afastam, Drake segura seu rosto.

- Não, não, não, não – Diz Narayani.

- Fica calma – Diz Drake – Olha pra mim – Narayani não consegue parar de chorar – Eu preciso de você!... Ta bem?

Narayani confirma com a cabeça, ele a abraça.

- Fica calma – Drake tenta tranquilizá-la.

Bruna começa a tossir.

- Drake... – Ela diz, com um tom baixo e exausto.

- Ei, ei – Diz Felipe, se aproximando de Bruna, Carol vai com ele – Oi!... Sou eu o Felipe, e a Carol está aqui... Se lembra dela?

Bruna leva seu olhar para Carol.

- Cadê o Dra... Drake?

Carol lhe observa com uma expressão de dor e um pouco abalada ainda.

- Bem, ele... Foi só tomar um ar, daqui apouco ele volta – Diz Felipe, tentando disfarçar sua dor em vê-la assim.

- O que aconteceu comigo? – Pergunta Bruna, baixinho.

Felipe fecha os olhos levando sua cabeça para o lado, ele leva seu olhar pra Carol.

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- Narayani você precisa ficar comigo, precisa ficar aqui – Diz Drake, seguindo-a pela escada de saída atrás do hospital.

- Eu to indo embora, quero ficar sozinha – Diz Narayani, com voz de choro.

- Não vai ficar sozinha, por favor, vem ficar com a gente.

Ela caminha em direção a seu carro, Drake corre até ela, ficando ao seu lado enquanto caminha.

- Espera ai, aonde você vai? – Pergunta Drake.

- Eu não sei – Responde Narayani.

- Acha que vai adiantar fugir?

- Se a Bruna morrer, eu sou a próxima... Não entendeu ainda? Todos vão morrer.

- Se você ficar aqui, vamos achar uma saída.

- EU SÓ QUERO IR PRA CASA... Estou indo pra Milão – Em seguida afasta-se correndo, deixando Drake parado ao longo do caminho.

 - NARA! – Grita Drake.

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Bruna está de olhos fechados, descansando, quando os abre de repente arregalando-os e tossindo forte.

- Bruna – Diz Felipe, ao lado, ele olha para Carol – Carol, por favor, chame a enfermeira chefe... Rápido!

Bruna tosse mais alto, Carol corre até o telefone no quarto.

- Precisamos de um médico aqui!

- Qual o problema?

- Precisamos de ajuda, agora!

- Tudo bem, já estou mandando!

Bruna passa a se debater levemente, Felipe fica preocupado.

- Bruna, Bruna me escuta, você precisa se manter calma, fique calma – Diz Felipe.

Em seguida, Bruna cospe um pouco de sangue, que logo vai escorrendo para fora de sua boca, Felipe fica paralisado, em choque, Bruna larga a cabeça com os olhos arregalados. Ele solta sua mão, ao levar seu olhar para Carol, ela se vira e põe o telefone no lugar com sua atenção vidrada em Bruna. Felipe olha para a tela de batimentos cardíacos, o coração havia parado.

- Droga! – Felipe se afasta, naquele instante chega uma enfermeira – Olha, ela parou de respirar, eu não sei o que houve!

Os médicos vão se aproximando, Felipe vai para o lado de Carol.

- Carregue em duzentos – Diz o médico.

Carol e Felipe ficam observando o procedimento pela porta. O médico se aproxima com o desfibrilador, ele o prepara.

- Prontos?!

Então põe no peito de Bruna, que faz o corpo pular, porém não tem nenhuma resposta, Carol e Felipe ficam aflitos. O médico tenta novamente, não há nenhuma reação.

- Adrenalina agora! – Diz o médico.

Drake se aproxima de Carol e Felipe, ele fica parado angustiado. O médico enfia a seringa grande no meio do tórax de Bruna, que abre os olhos e a boca, o sangue respinga no rosto da médica do outro lado, Bruna com seus olhos arregalados, olha para baixo.

- Vamos sair daqui – Diz Felipe, para Drake, notando que seu amigo não estava bem.

Por causa de um barulho esquisito, Felipe vira-se, os três arregalam os olhos surpresos, a barriga de Bruna vai descendo devagar, Carol põe a mão na boca.

- O que é isso doutor? – Pergunta a médica, não acreditando.

O médico está completamente sem ação, nunca tinha visto nada igual, ele observa com seus olhos arregalados e completamente surpreso.

Drake tentar se aproximar, no entanto Felipe o impede.

- Não, Drake, não – Diz Felipe, segurando seu braço e puxando para longe do quarto.

Drake está com os olhos cheios de lágrimas e arregalados.

- Vamos, vamos sair daqui – Diz Felipe.

O médico começa a massagem cardíaca, depois de três tentativas, quebra os ossos do tórax de Bruna, que no ato jorra um pouco de sangue pela boca, todos no local ficam com suas expressões inacreditáveis.

- NÃOOO,NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO – Grita Drake.

- Vamos, não tem mais o que fazer, vamos - Diz Felipe.

Carol segue-os pelo corredor, ela olha para trás e depois para frente. Alguém cobre o corpo de Bruna com um lençol branco.

Drake está chorando muito sentado na recepção do hospital.

- Ela... Ela chamou por mim – Diz Drake, se culpando – E-e eu não... Eu não estava lá... Por ela... Que droga... Droga!

Carol está em pé, parada com suas mãos nos bolsos do casaco, olhando para o chão, Felipe consola Drake alisando suas costas.

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Um carro preto segue uma estrada cercada por uma floresta.

Felipe, Carol e Drake entram numa casa, seguem o corredor e chegam a uma sala escura, empoeirada e deserta.

- Tem certeza que é este o lugar? – Pergunta Carol.

- Tenho sim, é aqui mesmo – Responde Felipe, analisando o lugar.

- Vamos embora – Diz Drake – Vem, vamos embora!

Carol o segue, logo depois Felipe.

Num bar, Drake está conversando com um garoto, ele agradece algo e se afasta, indo até Carol e Felipe.

- Ele disse que conhece o cara, o nome dele é Gabriel, mora numa casa abandonada aqui perto – Diz Drake, caminhando – Vamos, andem!

Carol e Felipe logo o segue.

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- Continue seguindo em frente, depois pegue a esquerda – Avisa Drake.

Os três estão dentro do carro onde Felipe dirigia, eles segue por uma estrada cercada por mato.

- Certo o cara disse que é uma casa á direita – Diz Drake.

Felipe estaciona em frente a um lugar, não parecia muito com uma casa, havia destroços pelos cantos.

- Deve ser aqui – Diz Felipe.

Drake sai do carro, Carol abre a porta.

- Não, não, não, você fica aqui – Diz Felipe, para Carol – Vamos ter certeza, se este é o lugar!

Carol fecha a porta, ele sai do carro e segue Drake até a porta. Carol folga-se no banco, com um olhar impaciente, olhando para os lados.

Felipe bate na porta diversas vezes, Drake olha para Carol e depois para porta.

- GABRIEL! – Grita Felipe, ao bater novamente a porta abre sozinha.

Felipe e Drake trocam olhares desconfiados, Felipe olha para Carol.

- Fique atenta, tome cuidado – Ele diz, alto o suficiente para ela poder ouvir.

Logo os dois entram na casa, Carol os encara com um olhar frio.


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