A pequena garota estava enfiada no enorme closet terminando de dar os últimos retoques no mesmo quando pode ouvir, ao fundo, a porta do quarto bater de forma brusca, o que a fez sair, meio desajeitada, de dentro do enorme armário.

- Boa noite, J.! – sorriu simpática, ainda usava pijamas.

- Ah, desculpa, não sabia que ainda está ai! – jogou-se na cama.

- Tudo bem, eu já estou de saída, estava esperando você chegar para falar que nesses sacos... – apontou para o fundo do quarto, onde haviam algumas sacolas - ... eu separei algumas roupas que acredito que não vai mais precisar usar! E ainda as separei em duas categorias, uma que você pode doar, e outra que você pode vender e o dinheiro doar para a caridade! – ela sorriu – E essa aqui eu vou levar para casa, se não se importar, tem algumas peças que gostaria de ficar e outras que pretendo arrumar... dar uma nova cara!

- Faça como quiser! – não deu muito atenção a ela e começou a mexer no celular.

- Ei... – tirou o celular das mãos dele – Preste atenção em mim quando falo com você!

- Não me enche, Emma!

- Certo! – jogou o celular nele, juntamente com a sacola que tinha no braço – Quero meu dinheiro e, bom, me demito!

- Como assim, se demite, ainda nem começou a trabalhar direito!

- Eu não estou aqui pra ver você me tratar mal?! Eu não preciso disso...

- Precisa sim!

- Tá, eu preciso do emprego, mas não sou obrigada a aguentar você me tratando assim!

- Emma, me desculpe! – coçou a cabeça. – Eu estou meio estressado e acabei descontando em você!

- Todo bem! Só não repita! Eu não tenho nada a ver com seu stress ok?! – pegou a sacola novamente. – Eu já vou indo, amanhã resolvemos sobre as sacolas, você precisa descançar... Boa noite!

- Não! – Justin a chamou antes que saísse – Nós ainda temos que arrumar as coisas do seu contrato!

- EU já fiz isso hoje de tarde, seu contador esteve aqui!

- É mesmo... Eu que pedi! – riu um pouco fraco – Não quer ficar para jantar?!

- Melhor eu ir mesmo...

- Fica, eu preciso de... – penso, mas ela foi mais rápida,

- ...ok! – jogu a sacola em cima da cama dele  -O que aconteceu, me conte!

- Hãm?!

- Justin, você tá estressado, cabisbaixo e pediu para uma, praticamente, estranha ficasse aqui com você, alguma coisa aconteceu, me conte o que foi!

- Sério, não aconteceu nada!

- Justin, eu tenho alguns anos a mais que você! Não me engane... conta pra mim! Finja eu sou sua irmã mais velha...

- Ok... Sabe tinha uma garota...

- Sempre garotas! – ela balançou a cabeça e ele a olhou com cara de quem não a entendia – É que normalmente eu e minha amigas falamos “sempre garotos” ai resolveu inverter o sexo, mas enfim, continue...

- Certo! Então, como eu dizia, tinha uma garota e eu estava gostando dela, mas parece que eu não sou o bastante...

- Como assim?!

- Ela estava comigo e, ao mesmo tempo, com outros caras, eu não gosto disso, ou está comigo ou está com os outros...

- Ela não queria exclusividade, é isso?!

- Exato!

- Entendi... bom é melhor terminar então com essa ai!

- Como assim?!

- Ela não presta!  Você parece um bom garoto, e está proporcionando a ela uma coisa concreta, ela devia ficar feliz!

- Pois é...

- Ande – bateu na perna dele – não fique triste por isso! Você é famoso vai achar uma garota fácil, fácil!

- Não acho! – continuava cabisbaixo.

- Já venho!

A pequena garota saiu do quarto e poucos minutos depois voltara com as mãos lotadas de doces, salgadinhos e, claro, bebidas.

- Noite de garotas! – jogou tudo na cama e se sentou a frente dele.

- Para que tudo isso?! – olhou assustado.

- Quando eu ficava mal, eu e Claudè, eu melhor amigo, sempre fazíamos isso! Agora anda, escolhe, vai querer começar pelo que?!

- Não faço a mínima ideia...

- Gosta de Vodka?! – pegou a garrafa e ele a olhou espantado.

- Sabe, eu nunca bebi... só cerveja!

- Então hoje tiraremos sua virgindade! – abriu a garrafa e jogou o conteúdo transparente dentro de um copo de plástico. – Anda, beba! – esticou o braço com o copo para ele.

- As pessoas não costumam colocar algo para ficar menos forte?!

- Por favor, deixe de ser garota! Anda bebe logo ou eu enfio a força goela abaixo...

- Você que manda! – pegou o copo e bebeu de uma vez, o conteúdo desceu rasgando e ele ameaçou cuspir, mas ela tapou-lhe a boca com as mãos.

- Nada disso! Engula, vamos, seja homem! – a obedeceu e ele destapou-lhe a boca – Viu?! Não foi tão ruim!

- Foi sim...

- Fraco! – agora ela tomava direto da garrafa – Quer mais?!

- Acho que já foi o bastante, prefiro ficar com os doces...

- Ok! – bebeu mais um gole e pode sentir que estava um pouco alta.

- Então, Emma, você não tem namorado na França...

- Bom, se você contar um gay como namorado... posso dizer que tenho o Claudè! – sorriu – Não, eu não tenho namorado, como diria meu pai, eu morrerei cedo e sozinha! Não sou fácil de lidar...

- Eu percebi! Mas você nunca namorou?!

- Sério, sério, não! Só alguns lances rápidos sabe?! Como diz a mídia, eu sou a “Francesa problema”.

- Não sente falta de ter alguém do seu lado, sabe, ficar abraçado e tal...

- Não! E se sentir eu abraço um ursinho...

- Você é extranha!

- Não... só não crio expectativas!

- EU também não!

- Mentira sua!

- Lógico que não...

- Justin, se uma garota te abraçar você já vai estar pensando no nome dos filhos de vocês!

- Veja como não é verdade... – ele avançou até ela e lhe deu um selinho, que ela afastou rapidamente.

- Ei, ei, controle os hormônios da puberdade!

- Não estou mais na puberdade e só queria te provar que essas coisas não significam tanto assim para mim!

- Prova-se, mas não comigo! Ecca...

- Foi tão ruim assim?!

- Justin, foi só um selinho... é só que você é muito criança para mim!

- Desculpe!!!

- Relaxa... vou indo para a minha casa!

- Fica ai, está tarde...

- Não quer ficar sozinho?!

- Exato...

- Está bem! Vamos assistir a um filme então!

- Eu escolho...

- Nada de ação então!

- Terror?!

- Exatamente...

Os dois se ajeitaram na cama, como se realmente fosse velhos amigos, e assistiram a uma série de filmes de terror, todos antigos e, quase de manhã, é que acabaram dormindo devido ao cansaço.