Tive alta do hospital quatro dias depois do ocorrido e quando cheguei a casa da minha mãe tinha uma surpresa preparada por todos pois queriam demonstrar que nos apoiavam.

O Bill foi o primeiro a vir abraçar-me pois tal como nós estava arrasado pela perda no neto ou neta mas eu não estava com paciência para festas e por isso decidi subir para o quarto e deitei-me, minutos depois Bill bate à porta e pede para entrar. A minha vontade era de ficar sozinha, não queria ver ninguém mas Bill tinha sido uma das pessoas que mais me tinha apoiado por isso deixei-o entrar. Falamos durante algum tempo e acabei por adormecer devido ao efeito dos medicamentos.

Os meses seguintes foram de constante tormenta, eu não consegui aceitar a perda do meu bebé e entrei em depressão, passava os dias fechada em casa e não deixava ninguém aproximar-se de mim, acabando por perder o emprego pois por mais que Sue me adorasse não poderia fechar o restaurante e decidiu contratar outra pessoa. Quem mais sofreu foi Jacob que já não sabia o que fazer para me animar, é claro que ele também sofria mas conseguiu reerguer-se. Ao fim de algum tempo apercebi-me de que senão fizesse nada iria perde-lo pois tinha passado meses a negligenciar a nossa relação devido à depressão à qual me entreguei e por isso decidi que era altura de voltar a viver. Tomei um banho e decidi ir ter com Emily pois sabia que ela tinha muito jeito para cabelos e o meu estava uma lástima.

Pum Pum Pum:

- Su que surpresa – diz Emily ao abrir a porta – Entra

- Obrigado – disse entrando dentro daquela casa que eu tão bem conhecia devido às reuniões a que tinha assistido.

- Fico muito feliz por teres vindo – disse secando as mãos num pano de cozinha.

- Desculpa ter aparecido sem avisar mas eu queria pedir-te um favor – disse olhando para Emily – Será que me podias dar um jeito ao cabelo, esta em péssimo estado.

- Claro que sim, anda comigo – diz Emily conduzindo-me até à casa de banho onde o cortou e hidratou.

Uma hora depois:

- Então o que achas – pergunta contente

- Está maravilhoso Emily obrigado – disse abraçando-a emocionada pois sentia que depois de meses tinha voltado a viver aos poucos.

- Como é que tu estas? – pergunta – Nós temos estado todos preocupados contigo, eu não imagino sequer a dor que tu e o Jake sentiram mas quero que saibas que podes contar comigo e com o Sam para tudo o que precisares.

- Obrigado -  disse a chorar – Como tu sabes estes últimos meses tem sido um pesadelo mas eu hoje percebi que não poderia continuar assim e decidi que era a hora de me reerguer pois todos vocês tem tentado ajudar-me e eu não deixei, mas quem mais tem sofrido tem sido o Jake e eu não me consigo perdoar por faze-lo sofrer.

- Eu tenho a certeza que ele compreende o que estas a sentir, foi por isso que nunca desistiu de ti – diz conduzindo-me à cozinha.

- Eu amo-o tanto e tenho sido muito injusta mas o que eu mais quero é faze-lo feliz e para isso tenho que melhorar e decidi começar pelo visual pois eu sei que me desleixei bastante – disse comendo um dos deliciosos pudins da Emily.

- Eu tenho uma coisa para te contar, aliás já toda a gente sabe, só faltas tu – diz Emily receosa – nós não te quisemos contar porque tivemos medo da tua reacção, afinal depois do que passaste é normal e eu compreendo se reagires mal.

- Estas a deixar-me nervosa – disse olhando para ela – o que é que me queres contar, é assim tão grave para teres medo da minha reacção?

- O que eu tenho para te contar é algo maravilhoso mas…

- Mas o que? – perguntei – conta de uma vez, estas a deixar-me curiosa

- Eu…Eu…eu estou…estou grá…grávida – diz Emily a medo

- Gráv…grávida – digo lembrando-me do meu bebé que eu nunca iria conhecer mas tentei afastar esses pensamentos pois sabia que seria o suficiente para me deixar ir a baixo novamente

- Sim, eu estou grávida – diz Emily olhando para mim

- Parabéns – disse emocionada – Eu sei que vocês tinham esse desejo mas que ainda não tinham conseguido concretiza-lo por isso espero que corra tudo bem durante a gravidez e que venha saudável

- Obrigado – diz abraçando-me a chorar – tive medo que te afundasses ainda mais na depressão afinal o que tu passaste não é nada fácil 

- É verdade, mas estou disposta a ir a luta – disse deixando cair uma lágrima solitária – e a Leah como reagiu à tua gravidez?

- Nada bem, mas isso já era de se esperar – disse triste pois apesar de tudo Emily adorava a prima e não queria que ela sofresse.

- Imagino, mas eu sei que mais cedo ou mais tarde ela vai recuperar e quem sabe encontrar um novo amor –disse – Bom eu tenho que ir embora, vou ate à oficina, quero falar com o Jacob e pedir-lhe desculpas pelo meu comportamento dos últimos tempos.

- Boa sorte – diz Emily despedindo-se de mim com um abraço