Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 4
You Don't Need To Bother


Notas iniciais do capítulo

Hey my bitcheeees :3 Outro capítulo para vocês, esse é big então eba! -q Espero que gostem, e não esqueçam de dizer o que acharam... Esse é pra deixa-los eufóricos -q
boa leitura



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POV Erika.


A aula correu normalmente e April estava elétrica, muita gente faltou hoje incluindo Johnny. Eu corri para casa porque precisava dar um jeito muito sério no meu cabelo como o resto do corpo. Entrei pela porta torcendo mentalmente que não tivesse ninguém em casa, sorte a minha. Corri para o chuveiro e tomei uma longa e demorada ducha, depois sequei os cabelos de modo a manter os leves cachos que ele quase formava no final. Não me arrumei muito pois seria apenas uma bebedeira matinal para descontração, eram quase 4:00h tratei de enfiar apenas um vestido de alcinha preto que ficava bem justo e ia até um pouco acima da metade das coxas, depois joguei um camisão xadrez de verde e azul escuros por cima que ia até em cima do joelho. Pus meus velhos all stars pretos de cano médio e resolvi mantar a juba... Digo cabelo solto por seu estado razoável. Peguei o velho relógio de couro marrom e botei-o no pulso partindo logo em seguida. A brisa estava agradável essa tarde acariciava minha pele a medida que eu andava apressadamente até a casa de April, não era muito longe, mas me renderia uma boa caminhada. As ruas de Huntington Beach estavam claras e salpicadas de pessoas em suas calçadas, passei pelo cruzamento da Acacie Avenue com a 8th St. em direção a Main Street, depois atravessando-a até chegar na Lake St. Uma longa caminha entre as árvores rasteiras da rua e pude avistar o portão desbotado manchado com algumas gotas de tinta branca, dei um toque no celular de April e antes mesmo de atender a garota saltara para a rua já totalmente pronta e com os curtos cabelos coloridos presos em uma pequena trança desfiada.


– Vamos? – Ela cantarolou sorridente.


– Eu não sei onde fica esse lugar e... Para de pular parece uma perereca de fogo. – Comentei meio cansada só de pensar que rodaríamos a cidade para achar esse lugar. Seria um bar ou um restaurante?


– Talvez a minha esteja realmente de fogo. – Ela piscou e gargalhou da piada. Não era a essa perereca que eu me referia, mas preferi ignorar. – Eu sei onde fica, Johnny me passou o endereço e pediu desculpas por não poder vir aqui. Ele falou que teve um imprevisto e vai ter que passar na casa de um amigo antes, então nós iremos na frente porque um outro amigo dele já vai estar lá e esperando por nós. – Eu me sentia em uma barganha mal planejada para tráfico de drogas. Amigo do amigo? Isso estava esquisito demais provavelmente seriamos raptadas mais tarde.


– Que se foda, vamos logo eu preciso de álcool. – Puxei a mão de April que me acompanhou feliz tomando a direção de frente logo em seguida.


Ela me deu um cigarro e assim continuamos a caminhar pela descida da Main Street, não muito longe avistamos um prédio branco e extenso com uma de suas extremidades circulares em janelas verde oliva como um shopping. Estava movimentado, várias mesas e cadeiras se espalhavam pela calçada atrás de pequenos pirulitos de cimento que cercavam o local, na entrada havia uma escadaria lateral que levava para o andar de cima onde encontramos o Aloha Grill, e bem na nossa frente no primeiro piso estava o Tuna Town assim como em uma praça de alimentação qualquer. O locar era bem iluminado e combinava perfeitamente com o clima, nesse ponto o cheiro do mar era mais perceptível e convidativo às gaivotas que traçavam o céu.


– Eeee... Chegamos! Bem perto se você quer minha opinião, não parece um daqueles bares em que somos estupradas só de olhar. – Sem hesitar fomos entrando no interior do recinto, muito bem organizado não parecia estar no seu período de Hush.


Sentamos no balcão afastado das janelas, eu e April ficamos jogando conversa fora por um tempo até que uma figura alta, muito alta se dirigiu até nós. Ele tinha tatuagens pelos braços e cabelo arrepiado, se aproximou vagarosamente como se confirmasse a cada passo que éramos as pessoas certas.


– Da licença, vocês são as amigas do anão? – Sua voz era estrondosa e jeito desengonçado. Antes que eu abrisse a boca April se jogou na minha frente estendendo a mão para a figura.

– Sim! E Você deve ser o Tim! Não... Timmy...


– Jimmy... James Sullivan. Pelo visto é a April. – Ele sorriu com a confusão e depois levou os olhos azulados até mim. – E você é...?


– Erika. – Esbocei uma expressão simpática que nem de longe funcionaria. Ele não se importou e sentou do nosso lado.


– Aquele projeto de ameba deve estar chegando em pouco tempo, querem beber alguma coisa? Vou dizer, aqui vocês vão achar o melhor Sake e Bloody Bomb, já tomaram? Essa merda me apagou tão feio uma vez que...


– cala a boca Jimmy, só falta a vermelhinha ali chutar seu saco e sair correndo. – Outra pessoa se aproximou por trás. Ela era pálida, muito pálida. Se não estivesse falando conosco naquele momento eu jurava que estava morta, seu cabelo era tão comprido que parecia poder varrer o chão do bar e seus olhos... Escuros, quase negros. O corpo esguio se escondia em baixo de um moletom vinho gigante acompanhado de uma calça jeans preta rasgada que definia delicadamente suas pernas.


– Jacky! Calma, eu não esqueci de você na mesa, só estava fazendo sala para as amigas do nanico. Não escutem essa garota, ela morre de ciúmes desse meu corpo sedutor. – Ele sorriu enquanto a alta menina o abraçava por trás. – Erika, April... Esta é Jacky, minha melhor e macabra amiga.


– Põe macabra... – April sussurrou e eu a cutuquei com a ponta do meu cotovelo fazendo-a miar logo em seguida.


Nos cumprimentamos e ficamos a conversar, Jacky era reservada, séria e calada a maior parte do tempo realmente carregava um ar sombrio, mas quando falava geralmente arrancava gargalhadas gerais o que era bem diferente de Jimmy que era alegre como um cão e não parava de falar e sorrir o tempo todo. Os dois se batiam, brigavam, brincavam, mordiam (sério), e no final todo mundo estava entretido como em um circo. Confesso que fui rude no início, mas é uma defesa natural não tenho culpa! Mal notamos quando outros quatro caras passaram pela porta e logo se juntaram a nós. Johnny nos abraçou e ganhou alguns empurrões de todos os garotos, logo depois todos se puseram em nossa frente.


– Garotas, esse é Matt Sanders. – Jimmy abraçou um cara alto e musculoso de olhos verdes. – Esse é Brian Haner – Outro alto e forte porém de pele morena e olhos castanhos. – E este é Zack...


– ZACHARY?! – Minha voz saiu mais estrondosa do que eu imaginei.


– Wow, pelo visto já se conhecem! – Jimmy arqueou os braços e logo depois alguns risinhos debochados soaram ao nosso redor.


– Olá... Erika. – Ele respondeu timidamente provavelmente me matando mentalmente pelo escândalo. – Isso que eu chamo de coincidência.


– Você não comentou sobre a garota nova Zacky... Essa é a bola da vez? – Brian ironizou tomando um longo gole da garrafa que segurava.


– Cala a boca viado, é só uma garota da escola. – Continuamos a nos fitar por um tempo até Zacky se ajeitar em um banco um tanto distante.


– Espera... Essa é a... – Matt começou uma frase que foi cortada e completada por Johnny.


– 20 DÓLARES! – Todos riram profundamente. Zacky ficou vermelho e começou a esmurrar os colegas.


Jimmy socava a mesa com força enquanto Jacky fazia o mesmo em suas costas, porém a mesma não ria apenas esbravejava para que ele parasse. Parece que percebeu meu desconforto quando me toquei que até April gargalhava sem nem saber o motivo. Eles riam sem se importar com a minha presença, eu não acreditava que Zacky tinha contado isso, debochado do meu aperto pessoal. No início achei que ele era um carinha bonzinho... Só mais um otário se divertindo as minhas custas. Ruborizei sentindo o rosto queimar por um longo instante.


– Idiota... Eu não acredito... – Sussurrei para mim mesma e em um súbito ataque de raiva e euforia me levantei e dirigi até a saída.


– Erika! Espera não é o que você tá pensando... – Ele gritou atrás de mim.


Enquanto me distanciava pude ouvir os risos se sessarem e passos largos se aproximarem. Depois que sai do Tuna Town apressei-me entre os corpos na calçada, mas antes que pudesse sumir do campo de visão a mão dele me alcançou.


– ME LARGA! – Gritei ainda entorpecida pela fúria, mas ele não cedeu. Tentei me debater e antes disso seu corpo já grudava no meu, ele estava me abraçando? – QUE PORRA VOCÊ PENSA QUE TA FAZENDO? ME SOLTA! – Seus braços continuaram a me envolver como uma camisa de força até que vencida pelo cansaço eu decidi me acalmar. Ele ficava calado e inexpressivo apenas afrouxando assim que eu me demonstrei imóvel.


– Podemos conversar?


– Porque você fez isso? – Não o encarava, apenas fitava seu peito coberto por uma camisa preta do Misfits. – Porque todo mundo ri de mim? – Não queria falar isso, mas acabou por sair.


Ele suspirou e botou a mão delicadamente em meu ombro. – Vem comigo.


– Não quero voltar lá! – Relutei.


– Não vamos para lá, deixa que eu me entendo com aqueles filhos da puta depois. – Ele disse em meio sorriso e me puxou para longe.


Andamos até a beira da praia que não estava longe, o cheiro de água salgada invadiu minhas narinas apaziguando meu estado, o barulho das ondas junto com a energia praiana deram um novo clima a situação. Zacky me arrastou até o píer onde sentamos em uma de suas pontas longe do barulho, era apenas eu, ele e o mar.


– Não estavam rindo de você Erika. Era de mim. – Ele fitava o mar com sua cotidiana expressão de calmaria. – Sim, eu contei a eles, são meus melhores amigos! Mas fiquei taxado como o gordo que levou patada da ruivinha enraivecida, sério se palavras machucassem você teria me nocauteado aquele dia. – ele riu descontraído e eu apenas me mantive séria. – A questão é que você tem que relaxar mais, estoura fácil.


– Cuida da sua vida Baker. Isso é problema meu, é o MEU jeito.


– Tá vendo? Não consegue levar uma conversa sem ser hostil? – Ele balançou a cabeça em tom de desaprovação. – Eles são super gente boa, basta dar uma chance.


– Não quero ser amiga dos seus amigos, eles são idiotas e infantis. E eu só sou hostil porque você praticamente me implora por isso. – Revirei os olhos enquanto abraçava os joelhos perto do rosto.


– Diga então como eu devo agir para que você pare de me tratar com tanta repulsa. – ele falou entre dentes. – Você julga todo mundo assim antes de conhecer? Mal foi apresentada a três caras que nunca viu e já estabeleceu um muro de oitenta quilômetros de distância. Sério, eu tô curioso para saber quais os seus critérios. – Seu tom passou para crítico.


– Meus critérios? Segurança! Não quero qualquer um enchendo meu saco e sabendo sobre a minha vida. E não preciso conhecer alguém se não vou com a cara. – Não sei por que, mas mesmo que em palavras chulas eu meio que me expliquei para ele.


– Já é o começo. – Percebi um sorriso no canto de seus lábios. – E aquela garota do seu lado? Ela é sua amiga?


– É, algo do tipo... April talvez seja a única pessoa com quem eu tenha algum convívio social naquela escola.


– Você é fechada para o mundo. – Balancei a cabeça em resposta a sua afirmação.


– Não Zachary, o mundo se fechou para mim. – Fitei distraidamente algumas ondas que estouravam nas pilastras abaixo de nós, cada estrondo era como um grito clamando meu nome. – Há muito tempo tive todas as costas viradas para mim, e então eu decidi me virar também. Não preciso de ninguém.


– Todos precisam de alguém Erika, não servimos para viver na solidão. Tudo que queremos é alguém por perto apenas para sorrir. Não precisamos de mais que isso. – Olhei de esguia para ele e percebi que assim como eu ele encarava o horizonte. Seus olhos verdes se sobressaíam ao cenário rosado do pôr-do-sol, as nuvens se mesclavam em amarelo e rosado tirando o calor excessivo e estabelecendo o morno do fim da tarde. Ele sorria involuntariamente e pela primeira vez sua paz não me incomodou, na verdade me contagiou e eu acabei por ficar ali olhando para ele, observando seu cabelo bagunçar com o vento até que seu rosto se virou para mim. Desviei o olhar rapidamente voltando a encarar meus próprios pés e me levantei.


– Está tarde, eu tenho que voltar. – Ele se levantou e de novo sorriu abertamente para mim. Revirei os olhos e comecei a andar na frente sendo acompanhada por ele em seguida.


– Tudo bem se eu te acompanhar até em casa?


– Se eu disser não, você vai me deixar em paz? – Arqueei uma das sobrancelhas e seu olhar passou por meu rosto de uma maneira atenciosa.


– Não, na verdade vou te seguir contra a sua vontade, e se você tentar fugir vou te agarrar igual um vira-lata e carregar no meu ombro até um hospício. – Tirando a parte do hospício não duvidei de suas palavras, apenas bufei e assenti.


Caminhamos em silêncio, dessa vez sabíamos que palavras não eram necessárias. Dessa vez deixei que ele fosse ao meu lado mesmo que seu jeito risonho me desse nos nervos, de vez enquando nos esbarrávamos o que me deixava desconfortável, mas em pouco tempo já estava no portão de casa.


– Então, está entregue. – ele apertou os lábios e correu os olhos pela minha figura. – Sabe, eu queria me desculpar pelo mal entendido de hoje, na verdade os meninos vão querer isso.

– E eu com isso? – Seu olhar reprovou meu comportamento. – Digo, continua...

– Nesse fim de semana temos um ensaio da banda, a qual eu não se se você lembra eu comentei...


– Sim sim, desembucha. – Disse impaciente.


– Você está sendo convocada a aparecer lá. – Fiquei estática por alguns segundo contraindo uma das sobrancelhas digerindo a informação.


–Nem pensar!


– Erika, qual é... Dá uma chance, eu conheço esses garotos, se você não aparecer lá provavelmente vão invadir seu colégio para falar com você. – Muito exagero da parte dele. – Lembra do que eu te falei, você julga antes de conhecer!


– Olha eu... Eu vou pensar nisso. – Disse por fim passando a mão na testa. Percebi sua felicidade ao receber a resposta, sua cara de sonso iluminou-se e por alguns segundos me arrependi de ter cedido ao seu apelo.


– É o começo- Ele complementou.


– Que seja, eu vou entrar. – Virei de costas e sem hesitar subi os degraus da varanda.


– Então até amanhã senhorita Wells. – A diversão em sua voz me corroeu fazendo com que meus dentes quase trincassem.


Ao entrar quase me choquei com minha mãe que esperava impaciente no pequeno corredor de braços cruzados enquanto batia o pé irritantemente no chão.


– Onde a senhorita estava a tarde toda?


– Lembrou que eu existo? – Não me dei ao trabalho de encarar sua figura irritada, apenas passei por ela e comecei a andar em direção a escada.


– Enquanto eu pagar suas contas vou saber que você existe Erika Kennedy Wells. Você não tem permissão de sair assim e sumir por quase um dia inteiro!


–Dês de quando te devo satisfação?! Ve se me erra velha não tô pro seu bico. – Indignada vi que ela se apressou para perto, mas como não sou sonsa corri para meu quarto trancando a porta em seguida.


– Abre isso Erika! Aprende a me respeitar ou as coisas vão começar a ficar mais sérias por aqui. Eu não vou ficar sustentando vagabunda!


– Então a senhora deveria parar de pagar as contas, contando com você somos duas! – Arrebatei me jogando na cama e catando o I-pod como distração.


Assim que os fones me envolveram todo o resto desapareceu. A voz irritante da minha mãe se perdeu em meio as batidas e voz melódica de Pearl Jam, ainda tinha uma playlist imensa que incluía clássicos como Nirvana, Green River, Skin Yard, Led Zeppelin e outros. Sim, sou uma grande amante do grunge e esse mesmo estilo vem me ajudando a suportar a realidade em que vivo. A conversa e tarde atípicas que tive com Zacky passaram por minha cabeça diversas vezes. Eu não sei, para mim ele era só mais um garoto bobo da escola que mal suportava a presença... Mas, era como se mesmo irritando eu gostasse dela. Hoje por algum estranho acontecimento eu me senti bem do lado de alguém que não fosse Lucy ou April e isso me perturbou muito, não pretendo conhecer Zacky de verdade e muito menos ficar sua amiga, como eu disse para ele a distância mantém minha segurança, e era disso que precisava... Certo?



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Notas finais do capítulo

Um amor né? HAUEHAUHEAUAEHAUHAU o que será que vai rolar nesse ensaio? UI NÃO SEI -QQ