Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 3
Don't Fuck With My Mind


Notas iniciais do capítulo

EU sei que demorei >: Desculpa, mas como alguns já devem saber eu operei a garganta, e além de ficar sem amigdalas tb estava sem inspiração.
Para quem está lendo "Remenissions" o capítulo será postado amanhã ou quarta, estou terminando. Para quem não está, DEVERIA! u3u -qq
enfim, boa leitura!



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POV Erika.


Educação Física. Uma desculpa qualquer para todas as garotas da escola se vestirem como atrizes pornôs expondo seus glúteos macios e arredondados provocadores de ereções precoces em adolescentes entre 14 e 17 anos. E ainda falam que esse lugar tem alguma moral. Por sorte o tempo fechou feio hoje em Huntington Beach fazendo com que usássemos a quadra interna do colégio, como são duas turmas usufruindo do mesmo espaço forrado com taco de madeira é difícil controlar todo o ginásio, sendo assim mais fácil para escapar e esconder atrás da arquibancada.


– Olá para todos os terráqueos de Marina High School! Aqui é April Harper direto de ... Bem, qualquer lugar a meio quilômetro daqui. – April chocou seu corpo magricela contra os armários do vestiário bem ao meu lado. Eu disse que muita gente me ignorava, mas existem algumas almas perdidas que por algum milagre requerem minha companhia.


– Depois de duas semanas... Realmente alguma coisa muito séria aconteceu no seu planeta. – Fechei o armário encarando April que parecia tranquila com seus óculos grossos que cobriam metade da cara.


– Eu mato aula para ela não me matar Wells. – Sorriu descolando o corpo das caixas metálicas acompanhando-me até o espelho. – Acho que só venho aqui por que escuto de longe seu choro angustiado suplicando pela minha presença. – April levou a mão dramaticamente até a cabeça rindo da própria encenação.


– Acho que estou ficando mais acostumada a passar o tempo sozinha do que respirando o mesmo ar que você.


– Gostava mais quando você me acompanhava nas nossas pequenas aventuras “anti-didáticas”. Nunca vi alguém roubar cigarros no sutiã como você. – Ela riu e levou o cabelo mesclado de loiro e verde para a nuca prendendo-o com uma presilha branca.


– Depois que a velha descobriu que eu andava cabulando aula direto quase me enfiou em um avião para Los Angeles. Não seria tão ruim se...


– Eu sei. O lance com o seu pai, a madrasta... – Ela interrompeu.


– E a Lucy. – completei.


– Eu te entendo garota, completamente. – April piscou para mim sorrindo malandramente como sempre.


– É, ouvi dizer que Neandertais se entendem mesmo depois de milhares de anos, pena que nem todos evoluíram – Pelo espelho pude ver Marcy parar ao meu lado cinicamente retocando a maquiagem.


– Do mesmo jeito que as vadias continuam se comunicando até hoje, a diferença, é que nessa espécie ninguém evoluiu. – April me puxou para perto de si.


O olhar esnobe de Marcy desceu para nós com certo custo, sua expressão era de nojo, sendo substituída por uma máscara fria com sorriso perturbador.


–April relaxa, a gente não quer confusão. – Tentei aliviar, mas fui repudiada com um tom bem confuso e indignada de April.


– Dês de quando foge da briga?


– Dês de quando ela aprendeu com quem não se deve mexer, não é queridinha? – Marcy sorriu e passou rebolante por nós parando logo ao meu lado levando seus lábios banhados em gloss até o meu ouvido. – Muito bem Wells, se continuar obediente acho que consigo te suportar aqui até o último ano.- Não respondi, Apenas fechei os olhos esperando seu afastamento.


Assim que o fez, as mãos secas de April seguraram meu ombro forçando-me a encara-la. April é o que eu posso chamar de ... Amiga? Umas das únicas, e de longe a melhor, mesmo assim não me sinto a vontade em contar tudo para ela. É óbvio que ela notou meu comportamento diferente com Marcy, mas como eu iria explicar para ela? Não faz nem ideia do que aconteceu.


–Você perdeu o juízo Erika? Deixou que ela dançasse em cima de você enquanto praticamente comia o vômito dela.


– Eu só não tô afim de arrumar mais problemas. – Desgrudei suas mãos de mim e segui para a quadra.


–O que?! Eu não fiquei tanto tempo assim fora... Me fala o que tá acontecendo!


–Acontece que essa desgraçada... – Fechei os olhos respirando fundo. – olha April, eu estou por menos de um milímetro de ser expulsa daqui. Se eu conseguir essa proeza serei mandada para Denver e obrigada a morar com o meu pai e Charlotte, aquela miserável que arruinou a minha família! Já sou desprezada pela minha mãe biológica, imagina a postiça? Não consigo achar palavras que descrevam o sentimento daquela mulher em relação a mim. - Suspirei fazendo com que ambas nos juntássemos a grande massa que se aquecia perto dos bancos. – Resumindo, Marcy quer se ver livre de mim, mas eu não posso deixar esse lugar.


– Eu achei que você já tinha sido expulsa depois daquilo. – April comentou levando a cabeça aos joelhos ainda de pé.


– Não, graças a Tyler. Ele tem o prazer de manter aqui para seu divertimento pessoal.


– Ser a paixão do filho do diretor tem suas vantagens, por isso a versão pirateada da Britney Spears não larga do seu pé, ela é doida por ele... E ele por você.


– Eu não sou grata ao Tyler. Odeio aquele infeliz. – Não só por sua obsessão desumana em mim. Tenho meus motivos e alguns são muito complexos para o entendimento de April. – Sabemos de longe que ele não é nenhum santo. Tenta me ferrar tanto quanto a Marcy.


– Ele é problemático, mas não deixa de ser gostoso pra caralho. – Ela contornou os lábios com a língua sorrindo e levando seu olhar para Tyler que conversava com seu time do outro lado do ginásio. – EU já falei, se você ficasse com o bonitão todos os seus problemas seriam resolvidos. Marcy não ia poder te atingir, teria um bom escudo contra o conselho tutelar e... Morreria de orgasmos múltiplos.


– Prefiro morrer de desgosto.


Ela riu e preferimos encerrar o assunto por ali. A aula começou e como de costume demos algumas voltas ao redor da quadra antes de nos escondermos atrás da arquibancada com apenas um maço de cigarros. Tragávamos tranquilamente enquanto observávamos o jogo de vôlei feminino quase tão falso quanto a última peça de teatro da escola. Cada caída ou suspeita de contusão era alguma desculpa para um dos garotos responsáveis pela assistência carregassem as pobres donzelas até o banco. Eu estava apoiada na minha mochila velha coberta por broches e remendada na alça, lá tinha todo o meu kit de sobrevivência escolar semanal abastecido com caderno de desenho, cigarros, lanches derivados, I-pod, canivete, e até um pequeno cantil azul marinho preenchido por vodka. Esse eu não levava sempre, mas como tinha o costume de sair cedo das aulas e ficar atoa nos fundos da escola, era sempre uma boa companhia.


– Demorei? – Uma voz grossa e totalmente desconhecida cantarolou pela pequena passagem de madeira abaixo do banco mais alto.


– Hey Seward, chega ai. – April arrastou as pernas para o lado dando lugar ao pequeno garoto de olhos castanhos que chegara ali. Ele era de fato pequeno, o cabelo bem bagunçado e feições infantis. Sorriu para mim como um comprimento e sem cerimônia algumas catou um cigarro.


– Erika, esse aqui é Jonathan Seward. Conheci a alguns dias na detenção, é um cara legal. – Sim claro, deveria ser tão legal quanto a gente. – Achei que não teria problema convidar ele para uma pequena confraternização durante a Ed. Física.


– Espero não estar atrapalhando. – Ele disse olhando para o pequeno vão entre os bancos que nos davam a visão da quadra.


– Tá de boa. Sou Erika. – Joguei o isqueiro para ele.


– Eu sei.


– Como?!


– Digo, te conheço... De vista sabe. – Jonathan se atrapalhou ao tentar tragar rápido demais e acabou desencadeando em um pequeno surto de tosse. Depois de mais calmo acabamos por emendar em qualquer outro assunto esquecendo esse pequeno desconforto. Ele era um cara maneiro, bom gosto musical e diferente dos outros não me tratou com cautela ou indiferença. Simplesmente como uma garota qualquer, o que era bem confortável. Acabamos por combinar de sair para beber no dia seguinte deixando April muito entusiasmada, com certeza ela tinha segundas intenções com ele. A Ed. Física chegou ao fim assim como o resto das aulas, não precisamos passar pelo chuveiro pelo fato de não termos expelido uma mísera gota de suor, assim evitávamos ficar no mesmo lugar que Marcy por mais algum tempo. Fomos para a saída do colégio.


– Então, vejo vocês amanha. – Jonathan se despediu correndo pela escadaria da escola.


Me despedi de April também , enquanto todos iam em direção a saída eu voltava para a última sala em que havíamos estado. Minha cabeça de ameba esqueceu de pegar o trabalho de inglês do Sr. Lemon e sem ele eu podia considerar meu semestre detonado. Procurei em baixo de todas as carteiras me xingando mentalmente por não ter verificado a bolsa antes de sair da sala. Abaixei-me no chão ficando de quatro e olhando por baixo de todas as carteiras na inútil esperança de encontrar o emaranhado de folhas caído por ai.


– Você fica extremamente sexy quando arrebita seu traseiro desse jeito. – A voz melódica e profundamente irritante de Tyler fez com que eu me levantasse em um pulo.


– Dani-se, eu copio de alguém depois. – Resmunguei jogando a mochila de volta nos ombros, caminhei até a porta onde ele me travou com um de seus enormes e musculosos tríceps definidos impedindo qualquer movimento rude de minha parte.


– Procurando isso? – com o outro braço ele balançou as folhas de papel reciclado com o meu nome porcamente rabiscado na lateral. – Erika você tem que ficar mais atenta com as suas coisas.


– Me devolve Tyler, eu não tenho tempo pras suas brincadeiras hoje.


– Relaxa ruivinha, só estou te fazendo um favor. – Ele sorria expondo pequenas e quase insignificante covinhas perdidas entre a barba mal feita. Os olhos dourados fitavam meu rosto com deslumbre e malícia, coisa normal vindo dele. – Fiquei triste por não te visto exercitando esse corpinho na quadra hoje, teria me deixando bastante excitado.


– Com certeza eu vou ficar chacoalhando minha bunda pra você bater punheta. – Revirei os olhos afastando-me de seu ser e esticando-me para alcançar as folhas extendidas no alto por ele.


– Você tem uma boca muito suja Wells, mas não deixa de ser irresistível.


– Pensei que não se metesse com gente da minha laia. – Encarei-o enojada.


– Depende, pra você eu gosto de abrir uma exceção. – Seu rosto estava próximo, muito próximo do meu. O braço que antes impedia minha passagem com um rápido movimento entrelaçou-se em minha cintura puxando nossos corpos para o mesmo espaço. Eu queria sair dali, lutar, gritar ou até socar sua cara até os olhos saltarem de órbita. Porém por alguma razão eu não conseguia. Seu hálito quente batia contra meu pescoço e vagarosamente subia em direção ao glóbulo da orelha. Alguns fios de seu cabelo castanho incrivelmente escuro passavam pelos meus olhos embaçando a visão de meu rosto.


– A única coisa que vai se abrir aqui é um buraco no meio das suas pernas se não me largar agora. – Falei com a voz mais rude que consegui no momento.


– Cala a boca sua vadiazinha, nós dois sabemos que você nem se quer consegue se mexer aqui. – ele riu e pressionou seu rosto contra o meu ombro.


Fui arqueada no ar e jogada em cima da primeira carteira ao lado, ainda tonta senti o corpo grande de Tyler se encaixar perfeitamente entre as minhas pernas e suas mãos agarrarem minha cintura. Com força e agilidade ele levou seus lábios de volta para o meu pescoço fazendo um trabalho realmente bom lá. Eu não queria aquilo, sabia que era questão de segundos para o brutamonte me comer ali mesmo, e se ainda tivesse um pouco de dignidade tinha que me livrar dele. Eu o repulso de verdade, o odeio com todas as minhas forças, mesmo assim algo em mim o deseja... Não como se houvesse algum sentimento entre nós da minha parte, porém é como uma necessidade física, apenas tesão pela sua aparência. De resto? Eu mesma queria ter o prazer de tranca-lo em uma caixa de concreto e atira-lo no fundo do mar. No fim eu sei que o desgosto é bem maior que esse desejo e por isso consigo controlar a situação com bastante êxito.


Pude ver sob seu obro as folhas largadas no chão, e perto delas minha mochila que havia sido facilmente arremessada com todo aquele movimento. Na primeira chance que tive, quando Tyler se afastou per cerca de dois segundos para recuperar o ar, empurrei seu tronco para trás me dando espaço o suficiente para pular da mesa e rolar no chão até os meus pertences. Assim que me pus de pé novamente o vi ali parado, encarando-me decepcionado e até bastante irritado. Os olhos agora emitiam certa escuridão, o brilho dourado fora substituído por uma sombra escura que cobria seu rosto até o cenho. Eu suspeito que ele tenha problemas psicológicos sérios contra a rejeição.


– Obrigada pelo trabalho Tyler, você é realmente um garoto exemplar. – Falei deixando a sala o mais depressa que pude. Ainda estava meio atordoada pelo toque firme dele em minha pele, a respiração estava ofegante e não deixei que as pernas parassem até estar segura no portão de casa.



***

– Ele o que?! – April praticamente berrou no corredor da escola.


– Cala a boca sua doida! – Tapei seu rosto com a palma da minha mão, ela era um pouco mais alta que eu, mesmo assim conseguia encarar seus olhos. – Sim, ele quase me estuprou na sala de inglês. Mas não foi nada do que ele já não tenha tentado.


– E você idiota não aproveitou nada?


– Eu iria descascar minha própria pele se alguma coisa tivesse acontecido lá. – Revirei os olhos.


– Fala sério, mesmo ele sendo o maior otário seria bom tirar uma casquinha, ou pelo menos um beijinho.


– Eu vomitaria.


– Você fala como se nunca tivesse pegado o Tyler. Não vale cospir no prato em que comeu hem? – April fechou o armário e fomos caminhando para a sala de história. Uma boa coincidência da vida é que tínhamos cerca de três aulas juntas na nossa grade.


– Aquilo foi a muito tempo, e ele me pegou desprevenida.


– É do mesmo jeito que pegou a sua bunda desprevenida. – Dei uma cotovelada nela para que parasse de rir tão alto.


– Cala a boca e vamos esquecer isso? Eu só queria alguma coisa pra me distrair.


– E você terá Erika, hoje iremos sair com o Johnny. – Ela empurrou os óculos quadrados que escorriam pelo nariz e me fitou com certa alegria.


– Johnny? Que intimidade...


– Nada demais, apenas uma carona até em casa.


– E já sabe onde o senhor intimidade vai nos levar?


Ela sorriu e se espreguiçou na cadeira. – Vamos encontrar alguns amigos dele em um bar um pouco longe daqui... Já oviu falar no Tuna Town?


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Notas finais do capítulo

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