Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 24
Good Girls Suffer In Silence


Notas iniciais do capítulo

genteeeeeeeeee olha eu aqui postando em vez de estudar! auhauhuahuhauahu tenho que parar com essa vida... Ai eu to amando os reviews de vocês! Sério mesmo, tem tanta gente que faz eu ganhar o meu dia com os comentários...
Mas em contrapartida to sentindo falta de umas leitoras ai T-T que triste, porque me abandonaram?! ):
BEM VINDAS AS LEITORAS NOVAS ♥ espero que gostem desse capítulo!
E go go para o que interessa! Beijos e boa leitura gente!



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POV Erika.

Eu não queria chegar naquele lugar. A cada passo na direção dos negros portões de ferro sentia minha respiração pesar e um novo nó tomar conta da minha garganta, agonia pura. Pensei em correr na direção oposta, correr tão intensamente que já podia sentir cada osso de meu corpo doer com o esforço ainda imaginário. Meu equilíbrio iria falhar a qualquer momento desejando a companhia de April para me amparar, infelizmente nós não havíamos feito as pazes de fato, mesmo nos falando as coisas não iam bem, eu sentia que ela tinha muita a querer contestar ainda e no meu atual estado não estou em condições de ouvi-la. Mais alguns passos abordados em estrema lentidão e me via na entrada de Marina High School, respirei profundamente antes de prosseguir o caminho, mas antes que minha preparação psicológica fizesse efeito, senti seu hálito húmido bater contra minha testa.

- Está atrasada princesa. – Abri meus olhos deparando com o sorriso perturbado em seus lábios, mas este também carregava uma felicidade doentia e indecifrável.

- E porque eu teria pressa? – Mantive a postura firme embora quase me explodia de ódio por dentro.

- Por nada. Mas é que eu não esperava a hora de te ver novamente. – Ele passou um dos braços de modo possessivo pela minha cintura e foi quase me arrastando pelos corredores não se importando nem um pouco com os olhares incrédulos que as pessoas lançavam para nós.

- O que pensa que está fazendo?! Isso não estava no acordo seu puto! – Tentei me desvencilhar dele e sua mão apertou minha cintura em um beliscão doloroso.

- Eu digo o que estava ou não, entendeu? Deixe que esses vermes enxeridos pensem o que quiserem.

- E Marcy?

- Aquela vadia já deu nos nervos, mas a imagem é o que há... – Ele riu sarcasticamente e virou o rosto novamente para mim. – Fica despreocupada, seremos muito discretos. Ninguém vai suspeitar que estamos de fato juntos novamente, por enquanto eu posso só ser um amigo que está te dando suporte em um momento difícil não é?

- O engraçado é que você é o meu momento difícil...

- Não para eles. Esse agora é o papel do seu protegido Baker. Imagina quando rumores se espalharem na escola que ele te deu um pé na bunda porque te pegou envolvida com um daqueles amigos esquisitos? Pobre Zachary, tão otário em confiar na famosa Wells... – O sinal bateu e toda a população presento no mesmo espaço que a gente dissipou-se em direção as sala, e eu queria muito estar junto com eles.

-Você não tem esse direito! – Uma nova onda de pânico me invadiu e empurrei seu tronco para longe, encarei-o com os olhos esbugalhados tentando achar algum vestígio de que suas palavras não passassem de uma brincadeira maldosa, mas conhecendo-o bem sabia que não. – O que mais você espera de mim Tyler?! Eu estou aqui assumida como seu objeto pessoal. – Cuspi as palavras que mais me enojavam. – E você espera mais o que?

- Acalma ai princesa... – Ele se aproximou para acariciar as maçãs do meu rosto com o polegar. – Eu só não quero que pensem que eu me rebaixei até você por algum motivo idiota. Não se preocupe, você simplesmente implorou para que eu ficasse do seu lado por um tempo até se recompor de novo, não estou te fazendo um monstro, apenas uma humana que tem tendência a fazer as piores escolhas. – Ele bufou ainda me encarando hipnotizadamente. – E cá entre nós que isso é mais real do que qualquer outro rumor.

- A única pessoa que vai precisar de suporte amigo aqui é você depois que eu quebrar um cabo de vassoura na sua bunda! – De novo tentei empurra-lo pra longe, porém dessa vez ele parecia já prever meu gesto, e assim que pus as mãos no seu tronco ele as segurou juntas e torceu para baixo. Senti meu braço estalar forte quase como um deslocamento junto com uma dor crescente que subia pelos nervos, tentei não pensar em quantos tendões ele podia arrebentar se tivesse feito o movimento com um pouco mais de força.

- Olha que fofa, a querida Erika está tentando se mostrar forte como antes, mas vamos combinar. – Ele aplicou mais pressão a posição me fazendo sentir outro estalo, dessa vez no braço oposto.  Um grito agonizante brotou de meus lábios e antes que ele se formasse por completo a palma grossa de sua mão tampou minha boca. – Você não é mais a mesma, começou a ficar tão entretida com aquele gordo idiota que amoleceu completamente... Você achou que eu ia deixar aquele cara conhecer a minha Erika de verdade? Não, por isso agi rápido. – Ele finalmente me soltou e eu pude abraçar meu próprio corpo tentando conter a dor pulsante nas juntas. – Então pode ir baixando essa moral meu amor, porque de agora em diante você só faz o que eu mando e me trata como eu quiser, entendeu? – Balancei a cabeça em tom de afirmação. – Vem, nós temos aula de química agora, lembra?

Entramos e a professora notando que eu estava acompanhada não questionou nosso pequeno atraso. Dentro da sala Tyler agiu como se não ligasse para mim e deslocou-se para o lado de Marcy que me encarava tão intensa e ferozmente que pude jurar sentir algo espetar meu estômago. Eles se beijaram rapidamente em uma demonstração que ainda estavam juntos, porém a expressão da loira era tão pesada que certamente notava-se que algo não estava certo. Dignei-me apenas a minha mesa no fundo da sala, ainda percebendo que Marcy me lançava encaradas ameaçadoras. Aquilo estava me irritando, se ela tinha algum problema comigo, o que eu sei que com certeza tem e ainda posso imaginar claramente, que viesse conversar como uma pessoa civilizada. O sinal bateu e fugi mais que depressa antes que Tyler tivesse a oportunidade de se desvencilhar de Marcy, agora meu coração batia forte porque eu sabia que logo logo teria que encarar Zachary e eu vinha adiando isso o fim de semana todo.

Peguei o caderno de desenho e rabisquei qualquer coisa, nada de concreto em si, mas algumas pessoas aleatórias como um jeito de me distrair até a próxima aula. Estava conseguindo me acalmar até alguma coisa pontuda pegar na gola da minha camiseta e com uma força rara para uma mulher, me prensar contra o carvalho branco que me servia de sombra a poucos segundos.

- Fica. Longe. Dele! – Seu grunhido me lembrava do barulho de porcos antes de serem abatidos.

- Como se eu tivesse escolha! – Gritei de volta dando alguns socos em seu braço.

- Como pode aceitar aquilo?! Perdeu o juízo? Você vai desfazer esse trato agora ou...

- OU O QUE? – Gritei ainda mais alto conseguindo me despendurar de suas unhas. –  Vai me difamar? Tornar minha vida um inferno? Acabar com a minha vida social? Na boa, seja mais criativa porque nada disso é novidade.

- Você ainda não viu nada seu projeto de ninfeta! – A Ira na voz de Marcy era tão transparente que fazia com que seus gritinhos agudos ecoassem no campus.

-Cala a boca garota! Às vezes eu não sei se é você que está falando ou uma mula relinchando do outro lado da rua! – Botei a mão sobre as têmporas para manter a calma.

- Sua opinião é tão insignificante quanto você. – Ela revirou os olhos. – Fica longe! Ele é meu, não serve pra uma putinha de quinta como você.

- Eu também acho, agora põe isso na cabeça dele! – Ignorei seus xingamentos.

- Isso é problema seu! Desfaça essa merda de trato agora e me devolva o Tyler ou você vai descobrir o quão ruim sua convivência nesse lugar pode piorar! Esse é o único aviso que eu vou te fazer!

- Hoje é meu dia de sorte. – Deixei o desabafo escapulir ironicamente enquanto me afastava da loira.

- Então aproveita, pode ser o último.

Se era possível ficar mais atordoada do que eu estava, eu consegui. Decidi que passaria o resto do intervalo na sala para não ser mais importunada por nenhum novo ameaçador. Andava distraída quando passei pelo mural de avisos, geralmente ignoro aquele lugar, mas algo colorido chamou minha atenção: Era um cartaz em lilás e branco com o desenho de o que parecia um anjo e alguns esqueletos com um nome estampado em cima, “Avenged Sevenfold”. Forçando um pouco a memória pude lembrar que conhecia o conjunto de algum lugar, e antes que o pensamento se completasse alguém se aproximou.

- O show vai ser no sábado. Ia ser legal se você aparecesse lá. – Lentamente virei-me para a figura que sorria carinhosamente para mim mesmo que involuntariamente.

- Há! Que legal... Vai ser no Johnny’s Bar. – Disse voltando a ler o cartaz e sentindo um grande desconforto pela presença dele.

- Então, uma fã como você que já foi em vários ensaios tem mais que a obrigação de dar as caras lá. – Revirei os olhos e ele riu me fazendo descontrair um pouco.

- Uma fã obrigada, porque foi preciso muita boa vontade pra me levar para aquele forno que o James chama de garagem.

- Pois é. Seria bom te ver lá novamente... Sei lá, quem sabe. – Ele enfiou as mãos nos bolsos e cambaleou meio hesitante.

Senti o mesmo aperto no peito que venho sentindo a vários dias, um aperto que sempre machuca quando lembro dos dias mais divertidos que tive todo esse tempo e das companhias mais irritantemente maravilhosas que tive o prazer de conhecer. Queria poder despejar tudo isso em cima do anão, dizer o quanto queria brinca de afogar o gordo na praia de novo, dar patadas insistentes no tarado do Brian, ou morder a mão do gorila. Coisas idiotas que me fizeram sentir diferente.

- Desculpa Johnny. Eu acho que não. – Ele entendeu, com certeza já sabia que eu havia sido uma idiota com o porpeta. Virei de costas pronta para correr novamente, para fugir dos problemas assim como meus instintos mandavam.

- Erika. – Ele interrompeu minhas passadas com o chamado. – Tá tudo bem? Eu vi você tendo uma conversa agora pouco nada amigável com a Freeman.

Engoli em seco e respirei fundo. Meu espírito confiante e inabalável estava em pedaços, essas palavras angelicais apenas me lembravam o quão forte eu ainda tinha que ser.

- Sim Johnny. Está tudo perfeito.

A de história foi exatamente como todas as outras, e isso era o mais desanimante. Ele não olhou para mim, fez como quem nem ao menos soubesse da minha presença. Eu já esperava e apenas dei de ombros retribuindo o comportamento. No fim ainda fui escoltada por Tyler até a esquina de casa onde supliquei que ele não continuasse pois não queria que Lucy nos visse juntos novamente. Para a minha surpresa ele não contestou e me deixou sozinha; Andei sem ânimo até a soleira da casa quando ouvi a doce voz da minha irmã cantarolar o meu nome.

- Agora não Lucy, eu não to me sentindo bem. – Disse com a mão na maçaneta reluzente.

- Por favor! Por Favor! Por Favor! Vem aqui atrás só um minutinho. – Ela implorava do gramado e parecia estar em um estado de felicidade tênue. Isso me deixaria feliz antes me agora só causava uma raiva e pontadas de inveja que eu não conseguia traduzir.

- Eu não posso! Tô ocupada. – Abri a porta e comecei a adentrar a casa. Não estava nem um pouco afim de monologar com uma planta.

- Eu juro que é só um segundo, você vai gostar e...

- NÃO Lucy! Eu não tenho tanto tempo livre assim pra gastar com qualquer bobeira! – Disse passando pelo batente e visualizando sua expressão de choque antes de subir em passadas duras para o meu quarto. Infelizmente não posso fingir que a vida era assim cheia de alegrias como o jardim de flores que ela cuidava, enquanto ela fantasiava e vivia em seu pequeno mundinho atrás do quintal eu tinha que assumir responsabilidades por todo mundo, tinha que tomar decisões inimagináveis e fazer das tripas o coração para proteger pessoas que eu devia muito. No fundo me senti culpada por ser rude daquele jeito com ela, mas minha cabeça estava explodindo. Deitei na cama abraçada com os joelhos e segurei o máximo todo aquele terror deixando tudo contido dentro de mim até sentir os músculos relaxarem e cair no sono.

***

- Acorda Erika! Eu não pago escola pra você se trancar aqui e ficar de birra! – Mamãe estava irritada aquela manha e abria as cortinas com uma má vontade descomunal. – Já cansei dessas suas crises existências e você passou o dia todo no quarto ontem.

- Eu já to levantando. – Murmurei me embolando mais ainda no cobertor.

- E eu achando que você tinha tomado jeito... – Ela suspirou alto e puxou o lençol com tanta força que quase me derrubara da cama. – Anda! Eu já mandei sair dai!

Saltei da cama bufando e fui para o banheiro tomar um banho rápido, depois tomei café e saiu trotando de casa fugindo dos ataques gratuitos de mamãe. O mesmo enjoo que senti ontem voltou, resolvi fazer algo que não fazia há algum tempo. Acendi um cigarro e relaxei na caminhada, todo o trajeto foi o suficiente para fumar dois deles até chegar ao portão. O mesmo ritual sádico começou: Eu encontrava Tyler, ele me agarrava por algum tempo roubando alguns beijos contra a minha vontade e depois agíamos como completos estranhos até ele decidir me usar de novo. Eu me sentia suja, impura. Mas acima de tudo sem escolhas. De noite sempre me pegava pensando se tudo aquilo realmente valia a pena, se assim eu realmente conseguiria manter os meninos em segurança e nunca chegava a uma conclusão concreta, mas achava certo continuar. Eu sempre me pego perdida entre as mentira e as verdades que entram no meu caminho, a promessa que fiz a mim mesma e onde me deixei chegar por essa paixão descontrolada. São coisas que conseguem mudar meu humor e uma hora pra outra, mesmo ele não estando nem um pouco bom essa semana.

Cheguei em casa e me joguei no sofá, em poucos minutos a velha apareceu me chamando novamente e dessa vez até a cozinha, levante a contra gosto e fui até lá ver o que ela queria. Estava batendo um bolo eu me estendia um post-it com alguma coisa anotada. Impaciente, tomei o papel florescente de sua mão e li com pouco caso as linhas escritas manualmente por mamãe.

“Margaret – Oferta de emprego ( indicada pela Olívia”

E abaixo um número de telefone.

Uma pequena lâmpada de alegria se acendeu dentro de mim sabendo mesmo que depois de algum tempo meus talentos não foram esquecidos. Levei o papel para o meu quarto pronta para ligar para a tal mulher. Mamão não disse que tipos de serviços ela pediu, mas tratando-se de Olívia devia ser algo ligado a livros. Essa parecia mais profissional e controlada, nada acolhedora como Olívia. Dei de ombros e aceitei o bico, concordamos que eu passaria na próxima semana para realizar o trabalho no escritório dela, mas o que realmente me deixou feliz foi a oferta de 340 dólares! Finalmente uma boa notícia no meio de tanto desespero, eu estava tão feliz que precisava contar para alguém.... Alguém que eu não tinha. Afastei as únicas pessoas que me suportavam de um jeito tão grotesco que eu não ficaria surpresa se elas nunca mais quisessem falar comigo. Foi ai que senti necessidade de fazes as pazes com April. Bom, eu não tinha tempo pra isso agora e resolvi que a mais fiel parceira era Lucy, corri até seu quarto e dei batidas leves na porta abrindo-a logo em seguida. A pequena estava sentada de frente para a televisão com um arco xadrez que prendia o cabelo.

- E ai, como você tá?

Ela se virou para mim com uma mistura de alegria e mágoa, sorriu delicadamente e assentiu um “positivo” com a cabeça. Lembrei então que eu havia sido um monstro com ela no dia anterior. Aquela sensação de achar que ela não entendia nada, fazendo da vida as mil maravilhas esta totalmente errada. Aquele era seu jeito de encarar a realidade, como eu pude ser tão cruel ao ponto de sentir inveja de sua simplicidade? Logo ela que sempre me tratou como seu ídolo e tenta ver o lado bom em tudo... Logo ela que vive nesse estado de saúde e ainda consegue levantar todos os dias com um sorriso doce nos lábios. Senti um peso tão forte de culpa que não sabia o que falar.

- Desculpa por ontem Erika, eu não sabia que você estava ocupada. Eu sei que às vezes incomodo... – Ela baixava os olhos cintilantes por lágrimas o que aumentava o meu desespero.

- Não fala isso anjo... A culpa foi minha, eu tava de cabeça quente e descontei em você. Por favor, me perdoa? – sentei na beirada da cama afagando sua cabeça.

- Eu só queria te mostrar uma coisa, mas esquece, desculpa mesmo se eu te perturbei, tá? – Sua inocência as vezes é tão inacreditável.

- Que tal você me mostrar agora? Aposto que era algo muito legal que a burrinha aqui – Apontei para mim mesma. – deixou de ver. Vamos!

- Você quer mesmo? – Ela parecia surpresa e mesmo assim expressou alegria.

- É lógico! Vindo de você aposto que é alguma coisa boa! – Ajudei-a a descer com a cadeira pela rampa do lado da escada e fomos até o jardim, ela parecia já ter esquecido meu ataque de ontem. Fomos até o canteiro da lateral de casa onde eu lembrarei que ela batizou uma flor com o meu nome.

- Olha isso. – Chegamos exatamente onde a flor estava e algo parecia bem diferente. Não havia uma Erika, mas sim uma meia dúzia!

- Achei que essa era uma flor solitária...

- E é! Mas eu pesquisei e descobri que em raros casos ela pode procriar e criar quase um campo inteiro! – Ela falava entusiasmada. – Tudo depende dos ingredientes certos, como se fossem as companhias com quem ela fosse viver, entendeu?

- É tão lindo... – Encarei a muda e depois abracei minha irmã mais uma vez, não importa com quem eu brigasse ou fizesse as pazes, com ela eu sabia que podia contar.


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Notas finais do capítulo

Que dó da Lucy, né? >: