Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 23
Losing What I Don't Deserve


Notas iniciais do capítulo

Cara. Sério, vocês NÃO TEM NOÇÃO DE COMO EU ESTOU ARROTANDO FOGOS DE ARTIFÍCIO AQUI!
Nunca na minha vida eu tinha entrado e recebido 2 recomendações logo de cara! O pra melhorar: de duas pessoas MUITO especiais! Rockyou e Cherry Fucking Gates, eu to tão feliz, mas tão feliz que to postando agora o capítulo que era pra ser postado só sabado. OLHA COMO EU SOU GENTE BOA ~QQ
Cherry linda, você não faz ideia de como é uma honra enorme receber uma recomendação sua, logo uma das minhas escritoras favoritas. É como se o Dave Grohl chegasse pra mim e falasse que queria me comer em cima da bateria dele.
(sim, compare essas duas felicidades) HAUHAUAHUAHUAHUAHAU
Ok Victims, vamos parar de falar merda ai se não suas leitoras vão acabar tacando fogo no pc e tantando te exorcisar.Pois é.
Gente, muito boa leitura, espero que gostem ao ponto de preferirem matar a Erika do que a mim e_e' Recebi muitas ameaças de Morte no cap. passado...
Beijo especial pra Rev Hunt que é uma fofa e se juntou a nós no bonde da Victims (péssima essa)
Ciao! <- Isso foi a linda Fuckyeahanny que me ensinou ♥



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( essa música é para ser ouvida durante a leitura)


POV Erika.

Deixei a casa de Zachary com passadas largas transbordando de raiva e pesar. Conforme o sol escaldante da cidade ardia minha pele eu repassava a conversa incessantemente na minha cabeça deixando as palavras mais dolorosas penetrarem bem fundo em mim. Eu sou uma idiota insensível, droga eu sei, mas tudo aquilo tinha sido demais para a minha cabeça. Ele mentiu sobre Tyler e ainda por cima descobriu tudo. Que ódio! Logo agora que eu tinha começado a me importar, me abrir, me entregar... Logo agora que ele também.


“EU NÃO IMAGINAVA QUE EU IA ME APAIXONAR ,CARALHO!”

Não brinque comigo. – Sibilei para mim mesma enquanto aumentava o ritmo da caminhada. A imagem desse momento ainda era clara e fresca; Os olhos surpreendentemente arregalados e inundados na calma de costume que o tom esverdeado passava me fizeram tremer por dentro como uma criança, a ponto de perder a noção de como respirar completamente. Uma pessoa normal teria se acalmado e comovido com aquelas palavras? Seria para eu ficar feliz de ouvi-las? Na verdade o que senti foi uma dor muito forte, uma facada inesperada da realidade que tentava penetrar na fortaleza que eu mesma havia erguido em volta desses sentimentos bobos e irritantes. Era dor do medo gritando ao meu lado “não queira o que não pode ter”.

Mas porque eu não posso ter? Porque eu tenho que ficar presa nessa trama shakespeariana o qual nunca almejei ter? Assim que o ouvi pronuncia aquelas palavras me senti mal, com toda certeza, porém um pequeno fio tênue brilhou perante tanta poeira, e nele se via a minha felicidade, aquele sentimento de vazio no estômago quando ouvimos algo que não esperávamos mais ainda sim nos agrada. Peguei-me tantas vezes pensando nos nossos beijos, no jeito irritante como eu fico bem humorada perto dele, como tudo parecia mais suportável no colégio quando começamos a andar juntos...


Será que é assim se apaixonar? Será que eu também estou apaixonada?


Eu nunca fui boa para demonstrar sentimento e mil vezes menos para descobrir sobre eles. Sim eu já namorei antes, mas isso não quer dizer que fui apaixonada. Não eram pessoas as quais eu sentiria falta se saíssem da minha vida ou mesmo que teriam acrescentado algo a ela, não eram pessoas que eu tinha vontade proteger, ainda mais com essa caráter egoísta que eu carrego. E por isso que odeio me apegar e sentir-me ligada a alguém que não seja de segurança. Eu chamei-o de patético por gostar de mim, mas a verdadeira patética aqui sou eu que sempre estrago o que toco e magoo quem me quer bem, sou a desprezada e digna de pena alheia, não de um sentimento tão puro e simples como paixão.

Fechei a garganta para conter os ruídos que tentavam vazar por ela, ergui os olhos para cima perante o céu e sibilei coisas infames. Agora é mais do que certo: Zachary nunca mais se aproximaria de mim. Eu tive a chance de ter alguém que me desse o que eu precisava, mas não quis admitir, não quis depender dele nem de ninguém porque para mim só traria mais dor e desapontamento do que eu já tinha... Eu não criei expectativas, não me iludi prometendo ser autossuficiente e no fim fiquei tão arrasada como se tivesse. Foram milhões de promessas e milhões de perdas, apenas mais um pedaço de mim que a vida conseguia desmanchar por puro gosto. Eu estava lá dando-me com discussão ganha, havia repassado o roteiro tantas vezes na minha cabeça que não havia como eu me sair mal, mas quem espera uma declaração dessas enquanto tenta deixar alguém chateado com você? Como eu disse, sou muito egoísta e se eu tinha que arrumar um razão para afastá-lo queria estar por cima. Isso só demonstra mais o quão podre ou de verdade, no fim só estou perdendo o que não mereço.


Cheguei à pequena pracinha de alimentação que ficava a algumas quadras da praia. Seu interior era reconfortado por palmeiras altas que projetavam sombras pelo caminho de pedrinhas coloridas que ramificava-se por todos os lados. Muitos canteiros também enfeitavam o local, algumas flores eu reconhecia por passar algum tempo catalogando-as para Lucy, outras eram simplesmente belas e tristes, entre o gramado podia-se vislumbrar pequenas famílias em alguns piqueniques caseiros, o que era a marca registrada do local. Andei por mais um bocado até sentar num banco de madeira perto do idoso sorveteiro onde costumava frequentar quando era menor, todo aquele espaço tinha uma importância para mim, mas infelizmente não era pela minha infância que eu estava lá.


– Achei que ia demorar mais, o garoto Zachary não consegue manter uma discussão de gente grande? – A voz macia ressoou por trás de mim causando arrepios intensos de nojo e repulsa. Estabilizei a respiração e encolhi-me no canto do banco para que Tyler pudesse se espreguiçar conforme sentava ao meu lado. Vestia apenas uma camisa regata que marcava a maioria dos seus músculos do abdome e calças jeans desbotadas, no pescoço um escapulário de prata se escondia por dentro da gola e se subisse ainda mais o olhar encontraria seu rosto esculpido com um sorriso angelicalmente maligno entre pequenas covinhas na pele levemente morena. Os olhos castanho-amarelados analisavam meu corpo intensamente com aquele ar sublime e egocêntrico característico de seu ser. – Te conhecendo bem, deve ter destruído o garoto, não é mesmo? – ele bagunçou o próprio cabelo algumas vezes como se ainda não estivesse perfeitamente desarrumado, eu odiava essa exibição exagerada que ele fazia quando estávamos em público. – Tsc tsc, Erika... A garota das palavras venenosas. Foi preciso muito esforço para fazer isso? Aposto que sim, afinal essa era a sua nova vítima não é?- Eu encarava o chão enquanto ele dizia tais coisas até ele segurar meu queixo e obrigar nossos rostos a se encontrarem. – Se ele soubesse o problema do qual eu livrei ele, estaria mais agradecido.


– Eu já fiz o que você pediu. – Tentei não demonstrar nenhum tipo de reação a sua presença, quanto mais indiferente eu fosse, sei que mais irritado ele ficaria. – Agora você tem que cumprir a promessa.


– Eu sou um cara de palavra, bem diferente do seu tipo. – arranquei meu rosto de suas mãos e voltei a fitar qualquer lugar que não fosse perto de Tyler. Ele suspirou descontraído e ajeitou o corpo mais para perto. – Sabe, eu fiquei realmente surpreso com a senhorita. Nem quando estávamos juntos eu achei que você fosse capaz de fazer algo assim por mim. – Arrisquei olha-lo pelo canto e percebi que sua expressão era vaga e direcionada para o vazio como se tivesse perdido a noção do tempo e espaço. – Por isso acho que me precipitei um pouco com o Baker... Não que ele não merecesse. – Assim ele voltou a sua forma sádica de sempre.


Às vezes eu queria poder interná-lo em um sanatório em Zimbábue para garantir que não seria assassinada durante a noite, cada vez mais Tyler parecia doente e inconsequente a meu ver, porém os pais negam que o filho tenha algum problema mais sério do que hiperatividade, não que a falta e juízo dele seja desculpa para toda essa merda. Para mim isso foi falta de porrada na infância.


– Ótimo, estamos resolvidos. Agora eu preciso ir porque minha cabeça está prestes a explodir. – Falei levantando-me e batendo a poeira do parque do short.


– Espera ai mocinha. Lembra que o trato envolvia algo mais? – Engoli em seco sentindo todo o sangue do corpo desaparecer. Em um súbito puxão de braço Tyler virou meu corpo com tanta velocidade que me choquei direto em seu peito. A respiração descompassou e por mais que eu tentasse sair dali seu abraço era mais forte. – Eu não vou mais me contentar com você solta por ai, afinal que tipo de homem deixa sua propriedade a deriva desse modo? – Outro sorriso brotou nos lábios carnudos, que por sinal, estavam cada vez mais pertos. E sem que eu pudesse lutar eles colaram no meu rápido e euforicamente.



POV Zachary.

– Caralho cara, ela pegou muito pesado agora. – Brian disse de um modo nem um pouco consolador. Eu gosto muito dele, mas para certas coisas ele simplesmente não tem o mínimo jeito.


Eu não tinha com quem conversar no momento e o único disponível era ele. Lá estávamos nós enchendo o rabo de cerveja na sala da sua casa, eu não iria aguentaria ficar na minha depois daquilo. Mckenna corria pela sala com algum tipo de brinquedo infantil que estava irritando Brian, quando cheguei só estavam os dois e o grandão tinha ficado de babá. Ele pode ser um grandissíssimo filho da puta as vezes, mas se tem algo que ninguém nega é como ele é um irmão carinhoso. Depois de entreter a baixinha de cabelos castanhos por algum tempo de novo Brian voltou a atenção para mim.


– Eu não sabia o que dizer, na verdade essa é sempre o meu partido nas discussões. Ficar calado e tentar contornar situação, mas a parada tava tão estranha que eu mesmo acabei perdendo a linha. – Revirei o copo de vidro algumas vezes na mão apenas observando o líquido amargo se remexer do lado de dentro.


– Cara, já estava na hora de vocês terem uma boa conversa. Mas do jeito que você me falou parecia mais uma caça ao gorducho. – Ele riu e eu também tentei demonstrar algo como um sorrido. – Man, não fica assim. Tá na cara que essa garota é pirada e não serve pro teu bico.


Eu queria dizer algo, mas no momento em que desgrudei os lábios alguns passos leves começaram a descer as escadas, nós dois viramos a cabeça e vimos uma Michelle seminua descendo as escadas enquanto ainda abotoava a camisa. Assim que chegou no térreo pareceu um pouco descontente de ver o amigo acompanhado forçando um sorriso para mim.


– Mas que porra Michelle! – Brian esbravejou em voz baixa. – Eu já falei pra você parar com essa mania escrota de sair andando por ai desse jeito.


– Porque amor? Você gostava tanto antes e agora tá com ciúminho porque tem amigo seu ai? – Ela agiu dissimuladamente.


– Ele? – Brian apontou para trás. – Fala sério, eu to preocupado é com o exemplo que você vai dar para a Mckenna! – Michelle parecia decepcionada pela reação de Brian e tratou de terminar de se vestir bem rápido, antes de sair selou seus lábios nos dele e com custo desgrudou.


– Eu ainda não sei como ainda consegue suportar essa ai. – Eu disse debochando e ele deu de ombros.


– Ela é boa de cama, e de vez em quando não é tão irritante. - Mesmo tentando disfarçar eu sei que ele sentia alguma coisa por ela, só não sabia o que exatamente. De novo nos jogamos no sofá e dessa vez a pequenina resolvei assistir televisão no cômodo ao lado deixando-nos mais a vontade.


– Cara, só tem uma coisa nisso tudo que eu não entendi. – Ele balançava a cabeça tentando formular as palavras. – Porque ela ficou tão puta com você se quem fez merda foi ela? Sério, acho que essa garota tem sérios problemas psicológicos. No fundo ela e o grandão lá esquisito que você falou que a persegue se merecem. – Remoí um pouco essas palavras enquanto sapateava pelo chão de linóleo claro tentando não demonstrar raiva pelo comentário. Ela pode ser uma vadia ingrata, porém é a vadia ingrata que eu estou de joelhos. Então percebi que assim como Brian todos os meninos estavam de fato confusos, eu não havia falado a verdade para ninguém, até agora era apenas o gordo idiota que tinha sido atacado por bêbados. A história já tinha chegado a um ponto em que mais mentiras só acarretariam em mais problemas me fazendo ter a obrigação de revelar a verdade.


– Na verdade Haner, tem uma coisinha que eu me esqueci de comentar. – Brian lançou um olhar curioso franzindo levemente a sobrancelha esquerda. Comecei dês de quando vi Tyler segurando Erika pela primeira vez no corredor, do dia em que ela passou mal só de olhar para ele, de como sempre acabavam discutindo as escuras nos cantos cegos do corredor, o jeito como sua presença começou a se tornar perigosa até o dia em que ele finalmente agiu botando todo um time de futebol na minha cola. Brian ouvia tudo cada vez parecendo mais irritado, seu punho se fechava com força em volta de uma garrafa gelada que por pouco não estourara na mão de veias sobressalentes. No fim ele levantou irado e tacou o vidro vazio pela janela fazendo um som estrondoso ao atingir algum gato vira lata que infortunadamente ali passava.


– QUER DIZER QUE AQUELE ARROMBADO CHUPADOR DE PAU ALHEIO FEZ AQUILO COM VOCÊ? – Ele estava muito descontrolado, e depois dessa frase uma cabecinha curiosa de olhinhos oblíquos e castanhos surgiu sob o peitoral da parede. Percebendo que estava exagerando, Brian sentou-se de novo e começou a passar a mão com força exagerada pelo rosto. – Isso não vai ficar assim, quem esse maluco tá achando que é? Se meter a bonzão pra cima de você... E porque você não falou nada, caralho? Sabe muito bem que eu e os meninos íamos lá e arrebentaríamos a cara daquele filho da puta e...


– É exatamente por isso que eu não contei, cara. – Eu disse calmamente dando tapinhas amigáveis em seu ombro para relaxa-lo. – o Dawkins não é normal e muito mais perigoso do que eu imaginei. Não porque ele me deu alguns tapas, mas porque aquele moleque não mede limites para conseguir o que quer. Se ele tiver que atropelar a cidade para alcançar o objetivo, ele faz.


– Não é motivo Zacky, e muito menos vai ficar por isso mesmo! Acha mesmo que o Matt vai querer ficar de cu colado na cadeira enquanto um amigo dele foi espancado injustamente?


– Eu sei que não. Mas pensa: Se ele me machucou para atingir a Erika, pode muito bem fazer o contrário. – Respirei fundo e cocei a cabeça meio sem jeito. – Como pode acabar metendo vocês no meio, e sério, já tem gente demais que eu me importo nessa porra. – Brian respirou fundo, porém continuava com a expressão dura. Depois de certo tempo ele finalmente disse com uma voz mais controlada.


– Você ainda quer protege-la? – Sorri de leve enquanto encarava minhas próprias mãos sentido um aperto estranho no estômago.


– Não é como se eu tivesse escolha agora. Mesmo que minha cabeça me mande tocar o foda-se, o resto age de outra forma. – Brian lançou um olhar compreensivo e finalmente parecíamos ter chegado a algum lugar.


– Hey, que tal esquecermos esse assunto um pouco e irmos tirar aquelas faixas de guitarra que o Jimmy mandou? – Levantei animado do sofá fazendo que sim com a cabeça.


– Mas antes eu quero comer alguma coisa, eu to morrendo de fome!


– Caralho, lá se vai a compra do mês. – Ele disse gargalhando e depois deu alguns socos no meu braço fazendo menção que fossemos juntos para a cozinha.


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Notas finais do capítulo

* Leiam lê notinhas iniciais, por favor :3*