Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 19
We aren't Alone


Notas iniciais do capítulo

Gentee não deu tempo de betar porque to atrasadíssima! Depois quando eu voltar dou uma geral no cap ok? E tenho uma boa notícia, o próximo não vai demorar nada!Espero apenas por seus lindos reviews ♥
Enfim, beijo gente linda, boa leitura



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POV Erika.

Surpreendentemente mamãe não se importou de eu faltar aula para ver Zachary, quando sai do hospital no dia anterior me sentia completamente devastada e incapaz por razões as quais era impossível explicar. Talvez se eu tivesse aceitado sair com ele... Vamos lá Erika, isso não foi sua culpa, o garoto foi assaltado! Pelo menos é o que eu acho...

- Bom dia Erika! – Lucy disse em uma animação casual vinda do jardim, eu havia acabado de sair para a soleira quando seus tímidos olhos caíram sobre mim. – Já está de saída?

- E ai pequena. – Aproximei-me dela e depositei um beijo suave no topo da cabeça. – o que te faz acordar tão cedo em um dia de semana?

-São essas flores novas. – Ela apontou com a luva suja de terra para pequenos brotinhos em tom azul púrpura que se enrolavam em suas folhas. – Bem... Ainda não parece grande coisa, mas garanto que são lindas!

- A cor é bonita mesmo. – Sorri e notei sua felicidade pela minha apreciação. – Mas são tão especiais assim?

- Digamos que sim – Ela voltou a mexer com as mãos, que devido ao novo tratamento já estavam mais firmes e flexíveis, para a terra úmida e com um último beijo nos despedimos. – Mande melhoras para ele por mim, e diga que a gelatina pode parecer, mas não é comestível. – Gargalhei e assenti da calçada.

POV Zachary.

Acordei meio atônico e senti os olhos arderem contra a luz, bem pelo menos o que eu conseguia abrir deles. A visão ainda estava um pouco embaçada porém a silhueta avantajada e cabelos escuros repicados de Zina eram inconfundíveis. Ela estava debruçada sobre a cama mexendo nas teclas do celular e os olhos pareciam extremamente cansados. Pigarreei para chamar a atenção de minha irmã e quase que instantaneamente Matt (meu irmão) e mamãe também surgiram no meu campo de visão.

- Zina levanta esse saco de banha daí vai acabar sufocando ele! – Matt falava rispidamente para minha irmã que se jogava cada vez mais em cima de mim, abraçando-me e soluçando como uma criança.

- H..Hey mana... Tá tudo bem comigo, mas eu preciso respirar... – Mamãe segurou-a pelo ombro e arrastou-a para trás, logo depois passando as costas de sua mão delicadamente pelo meu rosto. Sua face tomou ar de completo alívio ao me ouvir dizer aquelas palavras, um sorriso generoso brotou nas maçãs marcada pelos anos que carregava nas costas, os olhos negros adornavam as mesmas olheiras que Zina, mas pareciam imensamente satisfeitos por me ver.

- Graças a Deus meu filho! Como se sente? – A dor incomodava bastante, e eu não conseguia me mover devido a alguma coisa que enfaixava todo o meu tronco. Levantei os braços na direção de Matt e ele apertou minha mão amparando-a no seu peito.

- Não 100%, mas tô vivo.

- O que aconteceu cara? Como você apronta uma dessas, voltou a brigar na rua? Os médicos disseram que você foi atacado por uma gangue ou algo assim na Antonie St. – Matt perguntou com os olhos tensos. Senti uma dor emocional no peito ao lembrar de relance todo o que havia acontecido, ainda era confuso e assustador, mas de uma coisa eu tinha certeza: ninguém deveria saber o que aconteceu. Se isso acontecesse, provavelmente mamãe me tiraria da escola e me faria mudar para a casa dos meus avós com medo de isso ser algum tipo de perseguição, ou me proibiria de encontrar com Erika de novo.

- E-eu não sei bem, acho que um bêbado cismou com a minha cara e acabou juntando em cima de mim. – Grunhi de dor ao tentar me sentar e mamãe interveio.

- Não se mexa! Os médicos tiveram que te imobilizar para concertar algumas costelas. – De novo vi um pouco de dor estampado em suas feições.

- Você não tem jeito mesmo seu tapado! Não reagiu? – Zina finalmente parara de chorar e fazer drama.

- Eu não consegui, foi tudo muito rápido...

- Essas coisas acontecem, Matt também teve um azar desses recentemente naquela pista de skate mal frequentada. – De novo o olhar repreendedor de mamãe caiu nobre meu irmão e eu sorri.

- Sua cara vai ficar assim pra sempre? – Matt perguntou e Zina deu um tapa estalado em seu braço. – Ai! Eu só tô brincando.

Olhei de relance para um espelho depositado na parede esquerda do quarto em tom beque e pude ver um hematoma gigante em alto relevo bem envolta do meu olho direito, passei a ponta dos dedos sobre o lábio também farfalhado por cortes e me deparei com dois pequenos curativos onde antes estavam meus preciosos snakebites.  Suspirei forte e deixei a cabeça cair novamente sobre o travesseiro. Percebendo meu desânimo mamãe levantou e tirou de uma das poltronas um cesto de palha coberto por um de nossos panos de prato.

- Pensei que quando acordasse estaria com fome então trouce uma surpresinha pra você! – Ela levantou o pano e um cheiro deliciosamente conhecido invadiu minhas narinas.

- Biscoitos caramelados com castanhas! – Minha boca salivou e vi todos se animarem como eu. Quase que de uma vez só enfieis três dos redondos e crocantes biscoitos na boca, sentindo o típico arrepio que o gosto do caramelo tostado me proporcionava. Mamãe sempre cozinhou muito bem, e como resultado tem uma família toda um pouco acima do peso, mas e daí? “Morro gordo e morro feliz, porque comi tudo que quis” esse era meio que o nosso lema. Conversamos bastante e comemos ainda mais, perguntei onde papai estava e mamãe disse que ele passaria no hospital assim que saísse do trabalho. Zina e Matt já estavam se despedindo quando alguém bateu na porta, uma pequena brecha foi aberta e pude ver o corpo esguio de Erika hesitar na entrada. O coração parou e senti um desconforto comunal em todas as juntas, mamãe beijos e abraçou Erika intimamente, o que se percebia deixa-la desconfortável, porém mesmo assim continuou gentil e reservada.

- Vocês se conhecem? – Perguntei abobado.

- Bom, essa gracinha estava aqui tomando conta de você quando fomos avisados. – Ela passou um dos braços pelo ombro de Erika. -Linda! parecia um cão de guarda. – O rosto dels chegou a quase pegar fogo e vi Zina bater com a palma da mão na testa.

- Como você...

-Eu estava aqui por causa da minha irmã e você chegou carregado numa maca Zachary. – Ela abaixou o rosto desviando o olhar. – No início não te reconheci, mas depois me dei conta de quem era. – Um silêncio perturbador instalou-se até mamãe se levantar.

- Bom, nós temos que ir, voltamos mais tarde querido. Erika ele é todo seu agora. – nada discreta, minha mãe piscou para Erika conseguindo deixa-la ainda mais desconfortável. Ela só se aproximou depois que todos deixaram o quarto e nós ficamos a sós.

- Vejo que já tá melhor...

- A gordura amacia bastante. – Rimos brevemente e ela se aproximou sentando no banquinho ao lado da cama.

- O que houve com você Zachary? – A voz era neutra e as bochechas ainda estavam coradas, mesmo sem me encarar eu podia ver que Erika também havia ficado agitada com tudo aquilo, ela apenas escondia a preocupação.

Nada, só seu ex-namorado maluco e psicopata que resolveu me amassar com um martelo de carne por eu estar apai...Gostando de você.

- Há, sabe como é... Uns bêbados idiotas chegaram por trás de mim e cismaram comigo. Não deu pra reagir porque foi de surpresa... – Sorri de lado para ela que finalmente tomava coragem de me olhar nos olhos.

- Mas eles não levaram nada? Quer dizer... Suas coisas estavam intocáveis na sua mochila. – Fiquei em silêncio pensando nua boa saída para aquilo, não é como se ela desconfiasse, mas algo a incomodava e vê-la daquela maneira só me aterrorizava mais. Não queria ver aquela garota entristecida ainda mais por mim.

- Eu não sabia disso... Talvez tenham se assustado com a polícia antes de terem alguma chance.

- Entendo. – De novo ela desceu o olhar para as mãos. – Eu fiquei muito preocupada, sabia?

- N-não, me desculpe. – Por algum motivo àquelas palavras me deixaram feliz por dentro.

- Você não tem que se desculpar! Cala essa boca! – Brava ela se virou pra mim fuzilando-me com os olhos verdes e respiração falha.

- Ok, ok! Desc... Uhm. – Fiquei quieto sem saber o que responder e depois vi um sorriso repleto de alívio se abrir em seu rosto. Ela não parecia mais ter medo ou vergonha de escondê-lo de ninguém.

- os meninos falaram que vão passar aqui mais tarde, é melhor você descansar porque eles vão fazer muito barulho com certeza.

- Eu já tô acostumado com aqueles viados, provavelmente o Rev ainda vai ser expulso por perturbar a paz hospitalar. – Erika balançou a cabeça deixando as mechas do cabelo destoante esvoaçarem com o vento que entrava pela brecha de uma das janelas, e sorriu mais levemente dessa vez de um modo que me fez perder o fôlego. Era tão bom vê-la sem uma carranca na cara praticamente me condenando por existir.

- Quando eu falei com o Johnny pelo telefone ele ficou uma pilha de nervos.

      - O Matt vai querer me matar, quando ele fica muito preocupado com os amigos acaba agindo como um pai. – Soltei o ar sorridente e timidamente acariciei a ponta dos dedos de Erika com os meus. Ela resistiu no início mas surpreendentemente acabou sucumbindo-se e entrelaçando nossas mãos.

       - Hey, qualquer coisa que precisar é só pedir, ok? – Ela falou olhando calidamente para nossas mãos. – Mas tenta não abusar! – Gargalhei na medida do possível sentindo meu maxilar ranger.

- Sim senhora. – Tentei me levantar para encarar seu rosto mais de frente e acabei por ficar todo torto no travesseiro, contorcendo-me um pouco consegui sentar melhor na cama e Erika parecia irritada com todo o meu esforço. – Para com isso! Se que ajuda é só pedir, você quebrou a costela não a língua. – Com uma delicadeza bem atípica dela, facilmente fui ajeitado de bom jeito no meu leito pelas mãos fortes e ágeis dela, depois de me ajeitar a vi fitar-me tão intensamente que senti sua respiração bater contra o meu nariz. – Assim tá melhor?

- Muito melhor. – Continuamos nos encarando e ela sorriu sem graça. Acho que Tyler estava errado no fim das contas, ele tentou da maneira mais bruta possível me manter longe de Erika, mas com todo esse incidente apenas ficamos mais próximos.

***

Os dias se passaram, uma semana para ser mais exato, e em todos eles a baixinha vinha depois da escola trazer lições e matérias meticulosamente anotadas em garranchos quase ilegíveis. Passávamos metade da tarde tentando adivinhar o que ela havia escrito e a outra metade discutindo sobre a falta habilidade motora dela. Era na maioria das vezes engraçado porque como desenhista ela achava que sua mão deveria ser a mais firme possível, mas eu jurava que aquelas letras horríveis eram por causa de ela não escrever uma linha se quer na escola há anos. Nesse tempo meu rosto já havia desinchado consideravelmente e os médicos me deixavam sentar sozinho na cama. Eu estava melhorando e assim como Erika os meninos vinham aqui todo dia às vezes no mesmo horário que ela, nem preciso dizer que as visitas deles foram quase proibidas depois de Jimmy e Brian resolverem apostar corrida com cadeiras de roda no meio do corredor não é?

POV Erika.

- Nem os professores te reconhecem mais garota. – April resmungava na mesa ao lado da minha enquanto eu copiava a matéria de história no caderno que deveria ser usado desde o início do ano entretanto que eu só fora tirar o plástico isolante uma semana atrás.

- E daí? Eles só têm que calar a boca e dar aula, eu to me fodendo pro que eles pensam. – Eu estava muito estressada com essa coisa de prestar atenção na aula, era tão cansativo...

- Hey, calma ai! Eu não disse que isso era ruim. – April rodava um lápis n° 2 nos dedos em uma tentativa de se entreter. – Mas agora você parece uma garota... Normal, não a minha vândala gatinha preferida.

- Eu só estou fazendo um favor para o Zacky, não é como se eu fosse sofrer uma lavagem cerebral. – Revirei os olhos suspirando forte.

- É... O que o amor não faz. – Ela falou irônica e eu lancei um olhar amargurado.

- Eu te digo o que meus punhos não fazem enquanto estou ocupada escrevendo, mas te mostro mais tarde enquanto quebro seus dentes um por um.

April revirou os olhos por trás dos óculos e deitou a cabeça na carteira desistindo de me perturbar, ela com certeza não havia ficado com medo nem nada, apenas notou que sua presença passara de mera companhia para estorvo. Depois das aulas acabei chamando-a para ir comigo no hospital mas ela recusou porque já tinha programa com uma turma de amigos. Dei de ombros e girei o corpo no corredor para a saída, depois de passar pelos grandes portões de ferro, um peitoral largo e bem maior que eu se pôs na minha frente impedindo minha passagem.

- Bom dia Tyler. – Disse sínica piscando várias vezes para o garoto de rosto insatisfeito.

- De bom humor hoje Wells?

- Estava, até você aparecer. – Sorri novamente o mais amarelo possível e ele respirou forte.

- Vamos dar uma volta?

- Não posso, tenho compromisso e se você não tirar essa muralha da china da minha frente. – Apontei para seu tronco. – Eu vou me atrasar.

- Está indo naquele hospitalzinho fuleiro não é? Eu fiquei sabendo do ocorrido. – Os cantos de sua boca se ergueram levemente quase como se ele tirasse proveito daquilo. – Uma fatalidade não é? Pobre Baker devia ser mais cuidadoso por onde anda.

Enrijeci o corpo e senti seus olhos queimarem sobre mim, reuni forças o suficiente para que com uma ombrada eu o empurrasse para o lado e conseguisse passagem, mas não pude ir muito longe até ele me agarrar e jogar contra o muro de tijolos bem ao nosso lado.

- Eu acho que você podia aproveitar essa oportunidade para entender algumas coisinhas. – Ele apertava meus braços com muita força beliscando a pele envolta. Seu rosto estava tão próximo ao meu que o cheiro de sua colônia exalava forte. – Para de se meter com esse garoto, não o visite, não ande com aqueles malucos daquela banda podre. Você esqueceu onde é o seu lugar nesse colégio Erika?

- MEU LUGAR, TYLER, É EM QUALQUER LUGAR LONGE DE VOCÊ! – Ele me deu uma última e doída prensada no muro deixando que minha cabeça batesse livremente na região sólida e depois me largou. Escorreguei pelo muro com as costas até sentar encolhida no chão segurando o topo do couro cabeludo que latejava incessantemente.

- Não diga que eu não avisei vadia. Não será você que irá sofrer as consequências dessa vez. – Ele me olhava de cima, enojado de um modo que só faltava cuspir em mim. A cabeça doía muito por isso não pude sustentar meu olhar para ele por muito tempo e acabei abaixando a cabeça entre as pernas. Ouvi seus passos se afastarem e olhei para o portão da escola que estava em uma distância considerável de onde estávamos. Lá Tyler passara os braços pela cintura de Marcy e a loira sorria de orelha a orelha até nossos olhares se cruzarem. Ela riu com o mesmo tom esnobe de sempre e entrou no carro vermelho parado bem a frente da escola, assim como ela, todos me ignoravam ou simplesmente viam um vira-lata pulguento onde eu estava. Pude notar um garoto magrelo e alto que me olhava com muito receio, ele parecia bem assustado a ponto de quando me viu levantar sair correndo. Não entendi muita coisa, mas assim que consegui me por de pé uma mão amiga apareceu para me escorar.

- Caiu? – Johnny segurava meu ombro e ajudava a recuperar a mochila que havia sido isolada perto de um carro durante minha discussão com Tyler.

- Uhum. - Respondi batendo a poeira da calça jeans e agradecendo com um aceno de cabeça.

- Você tá indo visitar o porpeta agora?

- É, eu estou levando algumas matérias pra ele... Você quer vir? Mas ainda tenho que passar em casa rapidinho. – Depois do acontecido eu não queria me ver andando sozinha até o hospital, Tyler vem me seguindo insistentemente a alguns dias.

- Vamos nessa! – ele sorriu e com a palma da mão bagunçou o todo da minha cabeleira, sorri e de troco soquei seu ombro.

Tudo bem, Tyler podia fazer o que bem entendesse, mas eu sabia que não estava sozinha, pelo menos não dessa vez.


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Notas finais do capítulo

Revieeeews ??