Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 18
What Hurts The Most


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas flores silvestres, sentiram minha falta? -Não, lógico que não, porque você ainda se ilude Victims? Ç_Ç- Ok...
E ai pitcuquinhas, como foram de férias? Eu básicamente passei a minha a base de Bones e vídeo game-qq Mas faz parte..
Acabei de escrever esse e estou sem saco pra revisar, então ignorem os erros, ok? Eu sei que vocês vão me amaldiçoar por isso mas, to nem ai, quem vai fica agonisada são vocês! kk-q
Boa leitura pessoal, e avisando de novo, quem quiser dar uma passadinha em Remenissions é muito bem vindo :)



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POV Erika.

Como de costume fomos bem recebidos no HB Public Hospital, logo que chegamos alguns médico e enfermeiras já familiarizados com Lucy fizeram questão de cumprimenta-la e desejar boa sorte. Subimos para o segundo andar, onde a sala de tratamentos para crianças se encontrava, eu particularmente odeio hospitais.. são tão... Brancos e agonizantes; Claro nunca se quer toquei nesse assunto com Lucy, para ela simplesmente não ligo de estar ali apenas feliz com sua companhia.

- Até que enfim você chegou. – Um garoto que devia regular de idade com a minha irmã arrastou a cadeira de rodas para perto de nós assim que chegamos. Ele saudou mamãe que o retribuiu com um beijo carinhoso na testa logo em seguida se dirigindo para falar com o Dr. Petherson. Eu continuei encarando o moleque enquanto ele conversava animadamente com Lucy.

- Sim, aqui está o seu CD. – Lucy tirou da pequena bolsinha de crochê que carregava um CD em ótimas condições do Beatles. – Eu realmente gostei muito das músicas, você tinha razão.

- Não disse? Garota bonita tem que ter bom gosto! – Lucy ruborizou tanto que pensei que estivesse tendo um ataque, o garoto parecia não ter noção das palavras pois não demonstrou nenhum tipo de constrangimento.

- E-essa a-aqu-qui é a m-minha irmã... Que eu te f-falei... – Gaguejando ela conseguiu com muito custo nos apresentar. – E Erika, esse aqui... é o ...

- David! – De novo o menininho risonho de cabelos tão negros quanto os olhos se dirigiu pra mim com um sorriso tão aberto e irritante que chegou a me lembrar de alguém.

- Hum, você é o amiguinho novo da Lucy?

- Creio que sim! – De novo sorrindo, virou-se para Lucy. – Escutou a que eu te falei?

- S-sim, é muito bonita. – Abaixando a cabeça e deixando os cabelos alaranjados caírem pelo rosto Lucy se encolheu na cadeira.

- Qual música? – Perguntei ainda incomodada.

- Lucy In The Sky With Diamonds! Eu falei que sempre me lembro dela quando escuto. – Foi preciso apenas essa frase para a minha irmã quase enfartar. Ok, só sendo muito tapada para não perceber que Lucy estava caidinha por esse garoto.

- Q-que tal a ge-gente ir falar com a mamãe?  - E ainda por cima morria de vergonha de eu saber. Aquilo era tão... Fofo, até pra mim. Com certa dificuldade, Lucy se despediu sem gaguejar e fomos até um dos leitos que era preparado pelas enfermeiras, David se encontrava apenas alguns trás do nosso fazendo Lucy quase se contorcer para conseguir fita-lo por alguns segundos.

- Desse jeito você vai ficar com torcicolo. – Brinquei conseguindo deixa-la como um pimentão.

- Não é o que você está pensando! Ele é meu amigo, e é gentil...

- E bonitinho.

- Isso não vem ao caso. – Lucy virou o rosto para não ver a agulha de um saco de soro ser espetada na dobra do braço, depois que a breve dor passou ela voltou a me encarar docemente. – Ele é legal e sempre fala comigo quando eu estou assustada. Sorrindo levemente encarou o braço perfurado com olhos opacos.

- esse tratamento de agora é pior que o outro? – Algo doeu muito dentro de mim quando a cabecinha ruiva balançou afirmando.

- Mas não se preocupe, não quer dizer que é ruim, se não fosse por ele eu nunca teria conhecido o David! – Sorri para ela e acariciei o topo de sua cabeça.

- É, às vezes coisas ruins acontecem para pessoas boas entrarem na sua vida. – ironicamente eu também me encaixava nesse aspecto.

Outros fios e tubos foram espetados perto do coração de Lucy e logo líquidos de cores variadas gotejavam por tudo quanto é sacola, depois de mais ou menos meia hora o leito de Lucy foi arrastado mais para trás ficando mais perto do de David e juntos escutaram mais uma vez aquele CD. Assim como os pequenos olhinhos relusiam da parte dela ele também parecia contente, será que a minha irmã ia conseguir um namoradinho? Por mais que eu seja um pouco super protetora, seria bom ela ter coisas normais mais chegadas a garotas da idade dela. Suspirei e remexi na poltrona desconfortável, não era sempre que eu vinha aqui, ficar sentada nessas cadeiras vagabundas me deixavam com uma puta dor na coluna. O tempo passava vagarosamente e o som do relógio branco da parede só era abafado pelo apitar das várias máquinas dispostas na mesma sala. No total encontrávamos cerca de oito crianças das mais variadas idades, a mais nova era um garotinho de mais ou menos 3 anos que parecia ter sido diagnosticado a pouco tempo; O pequeno não parava quieto e com as mãozinhas morenas queria mexer em tudo a sua volta, com medo e receosa a mãe prendia as lágrimas enquanto sussurrava carinhosamente no ouvido da criança. É triste pensar que todo mundo naquela sala passa metade da tarde ligada em aparelhos dolorosos recebendo coquetéis fortes em vez de estarem brincando em um parque ou estudando. Crianças inocentes que poderiam ter um futuro brilhante se ao menos tivessem essa chance. Tantas vezes eu quis trocar de lugar com Lucy, ela com certeza daria muito mais orgulho e honra para a minha mãe do que eu afinal é esperta, bonita e muito querida por todos que a conhecem, não merecia isso, era eu quem deveria estar ligada a aparelhos sem poder andar agora, não ela. Eu tenho uma vida inteira para desperdiçar com talentos idiotas e que não servem para nada. E ela? Quando focará completamente paralisada? Ou quando poderá um dia sair com as meninas da idade dela para ir a uma festa?

- Erika? – A voz da minha mãe pegou-me desprevenidamente me dando um leve susto.

- Sim?

- Você não quer dar uma volta? Pegar um refrigerante?

- Não, eu to legal aqui. – Dei de ombros e mudei de posição.

- Levanta um pouco, você está parada ai há quase uma hora! Se não vai pegar pra você pelo menos pega pra mim. – Revirei os olhos e levantei prendendo o cabelo em uma trança de lado. Os corredores eram menos frios que as saletas por causa da circulação de ar natural, desci a escadaria principal chegando a recepção  oval no centro do saguão, a praça de alimentação era na lateral do hospital e por isso  teria que atravessar quase todo o prédio.

Cheguei a ser cumprimentada por alguns enfermeiros que me conheciam por acompanhar Lucy, e por Pierre, um interno com qual criei certa amizade pelo filho dele também fazer tratamento na mesma sala dela.

- Como está a nossa princesinha hoje? – Sorrindo, o negro alto deu tapinhas amigáveis em meu ombro.

- Agora que arrumou um novo... “amiguinho”, mal quer saber de mim. – Fiz biquinho no início fingindo estar indignada, mas depois gargalhamos juntos. – E o Jamile? Não vi ele hoje na sala...

- Jamile foi transferido. – Sua expressão que era séria, porém relaxada geralmente, simplesmente se esvaneceu por completo dando lugar a algo mais duro e controlado. – Tivemos algumas complicações com o novo tratamento e ele teve que ganhar uma assistência especial no hospital de Oxnard.

- Eu sinto muito, espero que fique tudo bem. – O silêncio perturbador se instalou desconfortavelmente, sem saber o que dizer fiz o que julgava mais óbvio. – Então Pierre, eu tenho que conseguir algo pra velha beber, nos vemos depois. – Ele assentiu com a cabela e sorriu brevemente.

 . Estava perto da grande porta de vidro temperado da entrada quando um barulho forte de sirene transpassou o lugar, bem diante dos meus olhos uma enorme ambulância vermelha cromada, parou de mau jeito debaixo das árvores do estacionamento de emergência. Tudo aconteceu muito rápido, paramédicos se amontoaram para retirar a maca da traseira, uma mulher de uniforme azul ficou acompanhando a correria ditando os dados do paciente para quem estivesse disposto a ouvir e a sala foi esvaziada tão rapidamente que chegava a dar a impressão de que todos já esperavam por isso. Pierre que preenchia papeladas na recepção apenas jogou tudo para o lado e montou na maca para ajudar.

Encolhi-me na parede atrás de mim e dei espaço para a grande cama ensanguentada passar com um garoto entubado com um respirador e recebendo massagem cardíaca. Não minto, cheguei a ficar um pouco impressionada com o estado dele, parecia ser algo grave. Depois que a movimentação se dispersou retomei meu caminho agora pensando em comer alguma coisa para me acalmar, acho que essa energia de morte que rondava o hospital me fazia um mal danado. Comprei bolinhos de limão e uma caneca de cappuccino para mim, para minha mãe o refrigerante diet e adicionei alguns biscoitos salgados na sacola, voltei mordiscando os bolinhos deliciosos pelo corredor de ladrilhos azuis, e por preguiça pegando o elevador.

- Até que enfim minha filha, achei que tinha se perdido no caminho. – Mamãe brincou tomando sua parte do lanche de minhas mãos.

-Encontrei com Pierre lá em baixo. – engoli um pouco do cappuccino e voltei o olhar para ela. – Vocês sabia que o filho dele foi transferido?

- Sim, eu fiquei sabendo semana passada. – Ela suspirou pesado e passou a mão pelos cabelos claros. – Uma pena não é? Sofrer rejeição pela medicação logo de cara... Um garoto tão jovem quanto Jamile...

- E agora? O que eles estão fazendo com ele?

- Acho que vão manter o antigo, pode não melhorar as condições dele mas pelo menos evita que a doença evolua.

- Entendo. – Terminei o último bolinho empurrando-o com longos goles mornos.

Jogamos um pouco mais de conversa fora, mas infelizmente nem com toda boa vontade do mundo eu conseguiria manter um diálogo espontâneo entre eu e a velha. Depois que o assunto morreu decidi que não aguentava mais um minuto naquela salinha morta, levantei da poltrona avisando a mamãe e a Lucy que eu iria dar uma volta para esticar as pernas de novo, sem receber muita atenção da parte das duas acabei ficando sem resposta.

Fiquei observando alguns pacientes que passavam pelo corredor, assim como médicos, enfermeiros, pessoas de uniformes estranhos... Todos correndo contra o tempo na pequena esperança de salvarem suas vidas, por mais boba que a situação poderia parecer para alguém sempre havia a chance de piorar, a incerteza da cura. Eu não desejaria ter que ficar naquele lugar por mais um segundo se quer, definitivamente eu tenho horror de hospitais, é um tipo de agonia sem fim.

O relógio marcava 16:44h quando eu decidi sentar em algum canto do corredor, bati a cabeça na parede três vezes até uma mão familiar pousar no meu ombro.

- Pierre?

- Se ficar assim vão acabar de mandando para a ala psiquiátrica. – Ele sorriu cansado e sentou do meu lado no chão.

- Tudo bem, você me tira de lá.

- Eu sou um cirurgião Erika, não um psicólogo... Ou no seu caso devo dizer diretor de manicômio? – Dei a língua irritada e só recebi outro tapinha amigável no braço. Pierre deu uma longa espirada fechando os olhos por segundos, seu semblante cansado mostrava a exaustão de um dia de trabalho árduo.

- Você está um lixo. – Eu disse por fim.

- E você é um amor. – Ele ironizou bastante a parte do “amor”.

- O que aconteceu com aquele rapaz que passou destroçado hoje cedo? – perguntei em uma tentativa qualquer de puxar assunto.

- O garoto foi espancado atrás de um armazém na Antonie St.

- Hum, pelo lugar ele deve ter tentado reagir a um assalto de algum bêbado moribundo e acabou se ferrando.

- Se for assim, o bêbado estava realmente muito puto ou necessitado. Pelo estado das costelas do garoto ele foi agredido com um bastão de basebol. – Suas sobrancelhas grossas arquearam demonstrando um pouco da seriedade da situação.

- Credo! E ele corre risco de vida?

- Não não, nada grave, mas foi um susto e tanto... Acertaram a cabeça dele várias vezes, ainda estamos observando pra ver se não aconteceu nada grave lá dentro.

- Que idiota, qualquer um sabe que aquele lugar é barra pesada. Foi bom apanhar pra ver se fica esperto. – Pierre olhou um tanto assustado para mim.

- É só um garoto! Não deve ser muito mais velho que você... Aliás, jovens são todos desmiolados, aposto que se fosse você seria a mesma coisa.

- Claro que não! E entregava logo a porcaria da carteira e me mandava, esse rostinho aqui pode não ser grande coisa, mas eu ainda prezo muito por ele. – Apontei para mim mesma com bastante veemência e a única coisa que Pierre fez foi revirar os olhos.

- Que nada, logo você que é toda esquentadinha e impulsiva? Se não fosse espancada provavelmente mandaria o agressor pra cá em estado pior que o do garoto. – Sorri concordando com ele e comecei a batucar os dedos nos joelhos. Corri os olhos momentaneamente pelo chão e ai pude ver algo transparente balançar entre os dedos de Pierre.

- O que é isso ai? – Apontei para a pequena sacola que balançava no ar.

- Há,são os pertences dele, relógio, brincos, pircings.- Ele levantou o pequeno embrulho na frente dos meu olhos e apontou para um par de pequenas argolinhas sujas de sangue que se encontravam no canto do saquinho. – Vocês jovens tem que parar com essa mania esquisita de ficar furando a cara com essas coisas. Além de ficarem igual o agulheiro da minha esposa, depois ficam com a cara toda fura parecendo um queijo suíço... – Continuei encarando por mais algum tempo as duas brilhantes argolinhas e senti certo oco ranger no estômago.

- Isso aqui são... – Minha voz falhou e antes que eu pudesse completar o raciocínio Pierre me interrompeu.

- Snakebites, sabe como é: Duas argolinhas nos lábios, virou moda agora pra esses adolescentes rockeiros adoidados.

- Você disse que ele foi achado onde mesmo?

- Na Antonie St....

Sem ouvir mais nada eu levantei deslizando no assoalho e com dificuldade correndo em meio ao corredor. Ouvi os gritos de Pierre, mas estes pareciam apenas ecoar milhas de distância de mim, desviei de todos no meu caminho até conseguir chegar na escada que dava na recepção. Minhas pernas fraquejaram no último degrau quase me derrubando, entretanto recolhi ainda o mínimo de autocontrole que me restava e manti-me ereta em frente ao balcão. O coração batia rápido e minhas mãos suavam, a mesma sensação de vazio no estômago de antes agora urrava dentro de mim fazendo-me desesperar cada vez mais. Não, era impossível, aquilo só podia ser um mal entendido... A vida não era tão desgraçada quanto parecia, ou era?

- C-com licença... – A mulher da recepção levantou a cara de alguns papeis e meio a contra gosto dedicou sua atenção a mim.

- Pois não?

- O garoto... Aquele acidentado, espancado de hoje cedo... Onde ele tá? Qual quarto? – Falando pausadamente para manter a voz no mesmo tom durante a frase, cheguei a sentir vontade de voar no pescoço da mulher quando ela preguiçosamente foleou a prancheta encardida sem o mínimo de pressa.

- Quarto 112, só ir para o terceiro andar e virar no primeiro corredor... – Agradecendo de qualquer jeito disparei novamente a passos largos para o elevador, agora todos os membros do meu corpo tremiam e eu tinha que escorar na parede amadeirada do elevador para me manter em pé. Assim que a parta se abriu no local indicado pela mulher , eu corri novamente me meio a todos e chegando a esbarrar em algumas pessoas até avistar pregada na parede a plaquinha de metal com o número 112.

Sem pensar abri a porta em um baque encontrando a cena que eu menos queria presenciar. Ligado à aparelhos ruidosos e um grosso tubo respiratório estava um garoto de cabeça enfaixada apenas com pequenos tufos de cabelos negros amostra, os curativos no lábio inferior indicavam o local da onde os snakebites haviam sido arrancado e apesar do rosto deformado pelo inchaço dos hematomas eu pude reconhece-lo. Zachary estava inerte, provavelmente sedado e imobilizado. Levei ambas as mãos até a boca abafando o grito esganado que saiu pelos meus lábios, agora sem resistência nenhuma me deixei cair de joelhos na entrada ainda fitando o leito acomodado de Zachary.

- Hey! Você não pode entrar ai, esse paciente não está autorizado a receber visitas ainda! – Uma enfermais baixinha e gordinha aproximou-se de mim e com cuidado me levantou arrastando meu corpo fragilizado para longe. – Moça, você tá legal? Precisa se sentar! Conhece o paciente? Moça!!- Eu conseguia ouvi-la, mas de longe conseguiria responde-la. Os olhos mantinham-se arregalados observando lentamente a imagem da porta ser fechada e escondendo de mim outra pessoa queria por qual eu zelava atrás das paredes daquele mórbido hospital.

Eu definitivamente odiava hospitais.


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Notas finais do capítulo

Galerinhaaa, vamos deixar lindos reviws para a amiguinha aqui? mereço, não é? *-*