Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 17
Poor Thing


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu sei que demorei séculos para aparecer, mas as férias consumiram meu tempo e criatividade HUAHUAHAU OK, o alcool também não me ajudou a escrever mas esse eu já não fico sem. HUAHUA
UM BEIJO LINDO E ESPECIAL PARA O NOSSO FLOQUINHO DE MEL CHAMADO FICTION QUE ME MANDOU UMA RECOMENDAÇÃO LINDAMENTE FODASTICAMENTE MARAVILHOSA *-* Obrigada menine, que o Jimmy te abençoe ♥
Enfim, eu acho que ficou um cocô >: Mas também nunca gosto do que escrevo, então vocês que sabem.
Eu sei que muita gente vai ficar de coração partido e querer me espancar, mas chega de gente machucada por hoje UAHAUHAU
Ok, boa leitura negada



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POV Erika.


Eu não sabia bem o que vestir, e ainda para piorar o começo do dia estava com uma ressaca filha da puta. Acho que nunca matei alguém tantas vezes mentalmente quanto quis matar Matt, percebendo que se ficasse deitada mais tempo acabaria chegando atrasada fui para o banheiro e tentei dar um trato no rosto. Acabei vestindo calças pretas e aquela antiga blusa de pequenas listras social dobrando as mangas até o cotovelo, prendi o cabelo em um rabo deixando a parte ondulada cair sobre o ombro. Desci as escadas e um copo de chá verde com biscoitos me esperava esfumaçando sobre a mesa, mamãe sorriu gentilmente e me apressou para não perder a hora, ela não estava de mau humor comigo hoje e pelo menos tirei vantagem disso. Sai de casa e fui andando até o ponto de ônibus mais perto, botei os fones e por causa disso não escutei os paços que se aproximavam.


– Qual o programa de hoje princesa? – Senti minhas costas se arrepiarem com o toque morno das mãos de Tyler.


– Que porra você tá fazendo aqui?! – Virei-me frustrada.


– Venho passando por aqui ultimamente sabe, garantindo que você não está saindo com as pessoas erradas. – Mau sinal, se Tyler está aqui significa que esse pirado voltou a rondar a minha casa. – E confesso que fiquei decepcionado ontem Erika, quantas vezes já mandei você parar de andar com aquele drogado do Baker?


– Sai fora Tyler, perdeu o juízo de vez? – Encarei seus olhos que pareciam sérios e límpidos. – Eu já falei, não quero você andando por aqui, para de ficar monitorando a minha casa caralho! Se eu quisesse guarda já tinha comprado um cachorro que pelo menos enche menos o saco. – A expressão de Tyler endureceu, seus ombros estavam tensos e ele parecia estar se controlando para não fazer alguma besteira.


– Eu só queria me desculpar pelo que aconteceu aquele dia. Não estava me sentindo bem e acabamos causando uma certa fatalidade. Mas você já se acostumou. – Ele se virou brevemente para a calçada e depois se voltou para mim. – A questão é que eu não quero machucar ninguém Erika, mas se for preciso eu vou. Tira o seu queridinho do Baker de circulação ou eu mesmo darei um jeito nisso.


Eu não ia perder meu único amigo por causa das crises do Tyler. Se eu tivesse que parar de falar com ele também pararia de ver os meninos da banda, sei que é muito esquisito, mas agora que as coisas estão indo bem não vai ser o Dawkins a estragar.


– Não vou me afastar de ninguém Tyler, contente-se com isso! – Retomei meu caminho mais apressadamente querendo fugir daquele lugar o mais rápido possível.


– Então arque com as consequências. – Ouvi-o gritar mas a essa altura eu já estava longe.


Depois de 20 minutos de viagem ouvindo Nirvana desci na última parada perto de Long Beach e encontrando sem dificuldade a morada descrita pela autora, casinha simples e charmosa em tom amarelo. O portão da frente estava aberto e assim que entrei me deparei com um lindo jardim bem cuidado e um pequeno estúdio perto da piscina, de lá uma mulher beirando os 40 saiu alegre com cabelos caramelos até a nuca, óculos quadrados e um sorriso convidativo.


– Você deve ser a menina Wells! Eu sou Olívia Gramncher, fico feliz ter respondido o meu anúncio. – Depois de um forte aperto de mão fui conduzida para dentro. – Aceita um café?


– Não obrigada Senhora Gramncher. – Sorri delicadamente ao me sentar em uma das cadeiras da mesinha redonda perto da piscina. – Então, por onde quer que eu comece?


– Oh sim, eu deixei aqui escrito as características do livro e um pequeno resumo da história. Preciso que você me crie uma capa, contra capa e algumas ilustrações para os capítulos 4,6,12 e 17. Eles apresentam símbolos importantes! Já leu livros sobre misticismo? – Balancei a cabeça em negativa. Conversamos por um longo tempo e depois ela se retirou.


Levei cerca de 01h30min para conseguir ler e captar cada detalhe da história, essência das palavras e o estilo necessário. Pela decoração da casa e as roupas da Sra. Gramncher eu poderia deduzir que se tratava de um estilo alternativo, e assim comecei a trabalhar. O desenho da capa ela uma garota em posição zen de longos cabelos verdes que cobriam os seios desnudos com um tipo de fitinha de couro colorida em volta da cabeça. Atrás o símbolo do ying yang envolto em uma aura dourada e o fundo abstrato em cores quentes. O nome do livro foi desenhado com letras personalizadas imitando o estilo da escrita japonesa, e depois de pronto o esboço da capa eu consegui seguir a linha da contra capa no mesmo caminho. Ao terminar duas das ilustrações pedidas o relógio marcava 14h00min da tarde, Olívia voltou para onde eu estava e gentilmente me estendeu sanduíches de lombo canadense e um copo gigante de sundae. Fiquei assustada no início, não achei que isso estava incluso no contrato e ela riu.


– Coma, você é uma garotinha em fase de crescimento, além disso, está fazendo um ótimo trabalho! – Não resisti a sua generosidade e depois de ficar estufada com o lanche consegui terminar as ilustrações.


Levantei da cadeira estalando todos os ossos, orgulhosa de meu próprio trabalho juntei os desenhos e levei-os a mulher que meditava no meio do gramado. Ela olhou tudo com cuidado e balançou a cabeça em aprovação, elogiou muito as ilustrações e a capa principalmente. Recebi meu pagamento em dinheiro vivo e ainda uma generosa promessa.


– Fique sabendo que esse seu talento não passa despercebido! As energias que emanam de você prometem te levar longe pequena Wells. – Sorri e me despedi da Sra. Gramncher. Ela prometeu me indicar para alguns conhecidos e pensando que poderia conseguir mais 200 pratas só pra fazer algo que gostava acabei dando meu telefone.


Depois que voltei pra casa pensei em ligar para Zacky, mas acabei por afastar esses pensamentos quando Lucy veio pedir minha atenção. Guardei meu dinheiro no quarto e passei o resto da tarde brincando de jardinagem com as flores e ela.



POV Zacky.



Na escola encontrei uma Erika reluzente, ela contava sobre o dia de trabalho e os desenhos que fizera, parecia uma criança feliz relatando cada detalhe com destreza. Juro que a vi saltitar algumas vezes o que me deu grande vontade de gargalhar, mas quando o fazia ganhava murros e tapas para me calar. Acho que ela nunca tagarelou tanto comigo na vida, até passamos o intervalo no refeitório com Johnny e a amiga de cabelos coloridos. Todos nós ouvimos a história centenas de vezes, mas acho que eu era o único que não me cansava daquilo, ela estava feliz, cheia de energia e sorrindo o tempo todo sem perceber, e com os olhos esverdeados tão vivos que pareciam iluminar cada canto onde passavam. Notei os olhares estreitos do Dawkins para ela, pareciam furiosos e descontrolados como os daquele dia no corredor. Em reflexo as ameaças eminentes abracei os ombros da pequena que dessa vez pareceu não se importar com o contato, pelo contrário, ainda se aconchegou para conseguir olhar para mim enquanto conversávamos. Naquele momento senti como se tivesse ganhado o dia e o retardado que passou a sorrir o tempo todo fora eu.


– E hoje? Tem planos de trabalhar de novo? Tava pensando em dar uma passada na casa do Johnny mais tarde e os meninos vão estar lá. Mas por favor, tente não morder ninguém,ok? – Perguntei enquanto deixávamos a escola.


– Não, mas nem vai rolar. Lucy tá fazendo um novo tratamento e acaba indo pro hospital toda tarde. Minha mãe tá muito cansada e eu fiquei encarregada de levar ela hoje.


– Entendi. Então deixa pra outro dia. – Falei e novamente abracei-a por cima dos ombros, dessa vez ela não se mexeu mas também não se esquivou.


Andamos até a casa dela e sua irmã estava distraída no quintal, conheci Lucy pessoalmente e admito, ela consegue derreter o coração de qualquer um. Uma personalidade bem diferente da irmã, mas acho que isso só ajuda na aproximação das duas. Combinamos de nos encontrar no dia seguinte para fazer alguma coisa e eu segui caminho.


Estava andando calmamente pela Antonie St. Uma rua conhecida pela quantidade de bares e brigas sérias da região, não gostava muito de lá, mas era o caminho mais curto para chegar em casa, muitos dos estabelecimentos ficavam fechados na parte da manha e tarde para conseguir mais movimento de bêbados moribundos anoite. Eu não posso falar nada porque já bebi muito por aqui. Distrai-me com o barulho das gaivotas que voavam rasteiramente que não notei um grupo suspeito se aproximar por trás. Quando me dei conta haviam dois sujeitos encapuzados em cada um dos meus lados e mais outros dois atrás. Senti minhas têmporas suarem frias e parei bruscamente, nesse instante uma das mãos acertou tão forte meu estômago que cheguei a sentir ânsia de vômito. Cai de joelhos no chão e fui arrastado para trás de um armazém de enlatados abandonado, lá fui jogado e antes de qualquer reação senti o bico de um dos tênis acertar certeiramente a maçã do meu rosto, a dor era intensa e a parte interna da minha boca jorrava sangue. Assim como esse chute outros diversos vieram em todas as partes do meu corpo, eu mal conseguia ver, a cabeça girava e a cada pontada de dor eu sentia meus ossos rangerem. Quando os chutes cessaram eu não abria mais os olhos, me preocupava apenas em proteger a cabeça e quem sabe sair com vida dali. Outra porrada forte acertou a lateral do meu corpo, essa me fez gritar com o pouco ar que me restava. Um estalo forte soou no local do baque, e logo em seguida outra igualmente violenta acertou meu quadril; Pelo formato e espessura deduzi que usavam um taco de basebol de madeira maciça. Apertei os olhos enrugando a face e tentando estancar o sangramento que fluía do topo da minha testa, porém minhas mãos e braços tremiam sem força alguma, a cada tentativa minha de me mexer uma série de socos e cotoveladas atingiam meu tronco e cabeça, agora eu estava inerte no cão, não me movia ou enxergava, só conseguia escutar alguns fios da conversa entre eles. O que aqueles caras queriam comigo? Porque fizeram isso? Era dinheiro? Eu simplesmente não entendia.


– Acha que ele tá morto? – Uma das vozes perguntou.


– Não, esse gordo ainda tá respirando. – Outra afirmou e ainda cutucou o corte aberto no tampo da minha cabeça.


Por um curto segundo consegui abrir os olhos e a luz escaldante do sol queimou minha visão, depois de conseguir acostumar visualizei alguns dos rapazes tirarem as toucas e discutirem entre si. Não podia ser, aquilo ela surreal... Eu só podia estar delirando diante a tanta agressão, estava na minha frente os garotos do time de futebol, os quais eu joguei por muito tempo.



– Porque pararam seus viados? Eu quero que ele fique tão deformado que nem aquela putinha ruiva vai conseguir reconhecer a cara amassada desse idiota. – Grave e ameaçadora eu pude reconhecer a voz de Tyler sobrepondo todas. – Então a bela adormecida acordou? Assim é melhor. – Ele agarrou na gola ensopada de sangue de minha blusa e me tirou do chão. Os olhos estavam escurecidos e descontrolados, sorriso doentio e no ombro o taco de basebol usado para quebrar as minhas costelas. Com uma das mãos trêmulas agarrei o braço de Tyler que me suspendia do chão, ele olhou com nojo e com força me atirou contra a parede de gesso do armazém, outra dor agonizante estendeu por toda a minha coluna fazendo meus olhos revirarem para trás. – Nunca me toque com essas mãos nojentas Baker.


– Tyler já chega, você vai matar ele! – Outra voz conhecida esganiçou entre o grupo afastado. Um ser magrelo aproximou de Dawkins e pude reconhecer Alex. Aquela era a pior das surpresas, esse cara era o único que eu achava ter mantido uma relação amigável depois de sair do time.


– E o que você tem com isso pirralho?


–Você disse que ia ser só um susto, olha o estado dele! Acorda Tyler ele precisa de uma ambulância – Alex se pôs entre nós encarando-o.


– Não vejo problema nenhum, a não ser que você queira acabar como ele. Seria um prazer. – Outro clima tenso parecia ter se instalado, mas eu estava fodido demais para tentar entender. Senti o corpo adormecer e de novo a visão embaçar, droga acho que ia apagar de novo.


– Pessoal, vamos vazar! Uma velha do outro lado da rua viu a gente e ligou pra polícia, é isso eu estamos fodidos. – Jess, outro que já não estava de capuz chegou esbaforido.


– Espero que isso tenha servido de aviso pra você Baker, tem certas pessoas com quem não devemos mexer. – Outro riso de Tyler soou perto de meu ouvido. O corpo latejava, e agora o lugar estava deserto, pensei que acabaria desmaiando ali mesmo, ou talvez pior. Não conseguia levantar ou me mexer, tudo estava escuro e até respirar era quase impossível.

Me lembro vagamente de escutar a voz de Alex no celular, ele estava chamando alguém entretanto não consegui aguentar acordado o suficiente, tudo se calou, tudo se cessou.

Era como se eu parasse de existir aos poucos, e em meio a toda aquela escuridão visualizei um rostinho sorridente, que talvez não visse nunca mais.


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