Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 14
How Am I Suposed To Feel ?


Notas iniciais do capítulo

SUAS LINDAS! COMO EU AMO VOCÊS :3
uAAHUAHUAHUAHUAHU A fic tá com várias leitoras e reviews, gente muito obrigada por tudo! Esse capítulo aqui é dedicado a cada uma de vocês que provavelmente vão pirar depois que lê-lo HUAHAHAU -q Ok, sem spoilers...
- Vou aproveitar esse minutinho de atenção e já anunciar: Algumas de vocês devem conhecer a Rockyou, então elam e chegou com a proposta de uma fic sobre Three Days Grace. Eu gostei e vou fazer uma parceria com ela, por isso estou avisando a todas as interessadas que o 1° capítulo será postado amanha!
- Eu vou botar o link de uma música que vocês devem botar pra tocar no momento em que a Erika falar com o Zachary na POV dela. Pra dar um climinha, vocês sabem :3
Enfim, boa leitura!



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{música}

POV Zachary.



Ninguém consegue me irritar a um ponto como esse. Eu não sou nem um pouco explosivo como o resto dos caras, sempre fui a pessoa mais cabeça fria desse lugar, mas depois que eu deixei aquela enfermaria no dia anterior meus punhos precisavam se descarregar em algum lugar, sentia o sangue pulsar tão quente pelo corpo que precisei tirar a camisa encharcada de suor no banheiro. Lavei o rosto com água gelada várias vezes até, aos poucos, conseguir controlar a raiva, mas não antes de socar a porta de uma das cabines azuis que ricocheteou para dentro e voltou tão veloz quanto foi. A mão latejou tão intensamente que posso jurar que machuquei alguma coisa, não importava. Essa era uma das diversas coisas que Erika vinha conseguindo me fazer sentir, emoções as quais eu já não lidava há muito tempo. Como agora... Ódio, raiva, irritação, nunca me deixei levar por esses sentimentos sendo sempre o que tentava controlar a briga no bar ou a discussão na banda. E cá estou eu, me martirizando em um banheiro segurando o punho fechado contra o peito apertando tão forte a bancada da pia que posso ver os dedos esbranquiçados. Eu sentia isso tudo pelo fato de ser tão inútil, de querer ajudar, de tentar entender pelo que essa menina passa e ao mesmo tempo parecer só machuca-la ainda mais. Tudo bem, eu posso estar interessado nela de uma forma além da amizade entretanto não quero parar para pensar nisso e descobrir as proporções desse sentimento porque, cara, eu tenho medo quando achar a resposta. Eu sei que todo mundo vê aquela garota de um jeito tão superficial e enojado que me faz querer socar a escola inteira. Não era aquele tipo de chacota normal que você vê meia dúzia de esquisitões sofrendo por ai só por serem diferentes. Era algo mais, quase como uma perseguição e tenho certeza que o Dawkins tá envolvido nisso, agora Marcy... Eu sei que ela é o ser mais desprezível criado por Deus nesse mundo, mas porra... O que ela tem contra a Erika? Isso tudo realmente é só porque o cuzão do Tyler prefere a pequena? Não me surpreende, eu faria a mesma coisa se tivesse que escolher entre as duas. Agora, porque a Erika fica me afastando desse jeito? Porque continua me tratando como um cão sarnento quando sabe mais do que ninguém que eu apenas quero seu bem?


Mas o pior de tudo, porque eu não consigo deixar isso tudo pra lá? Uma vez, conversando com Brian ele me falou para deixar a nanica de lado e ir viver minha vida, tentei e hoje percebi que não consigo fazer isso, assim como me importo com cada cara da banda, também me importo com ela. Talvez fosse melhor começar uma investigação de fora, como todo mundo nesse colégio perece não ter nada a favor de Erika, não seria nada difícil descobrir o porquê disso tudo, eu sinceramente queria que ela mesma tivesse me contado, o problema que já me meti de mais em coisas que ela me pediu para ficar longe, acho que ninguém gosta desse tipo de invasão de privacidade.


Sai do colégio de cabeça mais fria, pouco tempo depois encontrei Johnny que parecia tão arrasado quanto eu. Fora nós, todo o resto dos alunos continuava agindo perfeitamente normal como se nada tivesse acontecido ou fosse apenas parte do cotidiano. De novo cerrei o punho desejando ter uma cabine para socar.


– Cara, que porra foi aquela? – O tampinha perguntou de olhos pesarosos.


– Não sei, parece que a Erika não conseguiu se segurar para cima do Dawkins de novo. – Fiquei remoendo na cabeça as novas informações desagradáveis. Erika havia namorado Tyler, e pelo que parece ainda ficava dando em cima dele. - Sempre suspeitei, eles ficam se agarrando pelos cantos. – Idiota fui eu de pensar que teria alguma chance contra aquele cara.


– Eca, aquele garoto é escroto pra caralho, não acredito que ela prefere ele. – Johnny disse sem se importar com os efeitos que a frase faria em mim. – Vamos lá bonitão ainda tem muito peixe no mar!


– Não se trata desse tipo de coisas cabeça de ameba! – Vi seus lábios se franzirem virando uma tênue linha perto do maxilar. – Olha só o que tá acontecendo aqui. Não se trata de mim com ela, se trata apenas dela! – Mesmo odiando a ideia de vê-la com Tyler, ainda sim encontrava vontade de ajuda-la de alguma forma dentro de mim.


– E o que você pretende fazer? Acho que ela já deixou bem claro que não quer a gente se metendo na vida dela. Olha eu gosto da Erika, mas essa garota é problemática demais! Porra, a minha parte eu já fiz. – Andávamos pela calçada quase deformada pelo sol escaldante, o tempo estava tão quente como o do dia da praia. Queria eu voltar naquele lugar do mesmo jeito de antes, com os meninos, álcool e... Erika.


– Eu não sei, mas acho que essa história também já deu pra mim. Se ela quer ficar sozinha, não sou eu quem vai impedir. – respondi com um meio sorriso e Johnny assentiu de volta.


– Hey cara não fica assim, depois vocês se entendem. – Batemos as mãos em um tipo de cumprimento antes de nos separarmos pelo caminho, a casa dele ficava em uma rua oposta a minha por isso íamos até o meio juntos. Esses dias não tenho ido de carro para a escola, simplesmente porque prefiro caminhar pensando na vida.


Estava passando pela 5th St. Bem perto da Pacific Coast na praia. De novo a vontade de entrar naquele mar, sentar na areia, sentir o cheiro de água salgada me fez considerar uma rápida parada por ali. Era o lado mais movimentado de Huntington Beach, porém se eu fosse andando pela areia encontraria nosso antigo refúgio mais para o lado Oeste da costa, seria uma longa caminhada e com certeza faria um bem enorme para o meu juízo que andava bem abalado. Tirei o tênis e comecei a caminhar entre as pessoas, criancinhas faziam lindos castelos de areia enfeitados com conchas diversas, muitas mulheres estavam deitadas se bronzeando o que chega a ser uma atividade normal em uma cidade como essa. Era apenas eu, um garoto rebelde qualquer andando descalço pela areia enquanto moças de corpos esculturais passavam por mim, turistas desengonçados tiravam fotos perto a água sempre fazendo uma pose vergonhosa. Comecei a caminhar mais rente a água deixando que a espuma das ondas beijassem meus pés refrescando um pouco o clima. Eu já devia ter andado uns bons 13 km quando vi que estava próximo ao nosso local especial, os coqueiros deformados marcavam a sombra em que sempre nos sentávamos eu e os meninos, o problema é que se não fosse pelo nosso último passeio por aquele lugar a lembrança seria menos dolorida. Fui direto para a sombra, deixei o corpo cair por baixo das árvores praianas e fitei o mar, daqui a algumas horas teríamos o pôr do sol, e como sou um filho da puta desocupado mesmo resolvi ficar para assistir.


Minha paz seria perfeita se não fosse pela próxima visão que tive, uma figura muito pequena veio andando cabisbaixa até a linha de areia que quase tocava a água salgada, o corpinho esguio em um tipo de macacão curto e preto de alcinhas balançou até se sentar a beira do oceano. Continuei a fita-la sem ter certeza de quem era, mas no fundo torcendo para ser quem eu esperava. Não restavam dúvidas, assim que seu cabelo foi bagunçado pelo vento eu pude ver as mechas vermelhas dançarem no ar como labaredas de fogo escaldante, fiquei algum tempo sem me mover, lembrando-me da nossa pequena briga de ontem, mesmo assim isso não foi empecilho para a vontade de me aproximar. Ela era curiosa, mesmo sendo extremamente agressiva ao olhar para sua figura nesse momento, só conseguia enxergar uma garotinha desesperada e perdida que não conseguia achar algum lugar ou alguém para usar de refúgio. De fato resolvi falar com ela.




POV Erika.


Eu não fui para o colégio no dia seguinte, por mais que tentasse não transparecer eu estava um caco. Sei onde é meu limite de encenação e já havia ultrapassado ele, se levantasse da cama hoje não ia conseguir disfarçar para ninguém, e principalmente para Lucy, sobre o que estava acontecendo. Lucy não pode de modo algum descobrir o tipo de coisa que acontece comigo na escola, ela não aguentaria e sofreria mais por mim do que eu mesma. Disse para a minha mãe que não estava me sentindo bem, sei disfarçar uma febre como ninguém. Ela mesma não deu muita bola, apenas me deu alguns comprimidos para dor de cabeça e me deixou sozinha no quarto durante toda a manhã e tarde. Fiquei um pouco no computador depois resolvi desenhar, comecei um tipo de mago misterioso, acrescentei a ele cabelos negros e escorridos, olhos tão redondos e profundos que se destacavam com o grafite mais escuro, por fim lábios carnudos que pareciam esconder muitos segredos, como alguém que precisa falar, porém não encontra as palavras certas. Quase amacei a folha e joguei no canto do quarto quando vi as feições de Zachary plantadas no meio de minha folha, mesmo não querendo, acabava pensando nele a cada segundo. Eu sei que o gordo só quer ajudar, eu sei que ele está preocupado... Mas não posso deixa-lo se envolver nisso tudo, outras pessoas já se machucaram muito feio por entrar no caminho do Tyler antes e eu não queria que Zachary fosse uma delas agora, mesmo sendo chato e persuasivo como ele é. Apertei o caderno contra o peito e baixei a cabeça no meio das pernas, me sentia mal por ter gritado com ele ontem, me sentia mal por ter despejado toda a raiva que eu sentia de Marcy em cima de alguém inocente, odiava quando isso acontecia comigo. Sou uma idiota mesmo, idiota por tratar Zachary como um cara qualquer, idiota por não admitir que eu quero ele do meu lado, idiota por negar que todo esse tempo ou realmente odiava a ideia de me aproximar dele, mas agora não quero ficar longe... Talvez eu não saiba bem como o quero, se como algo mais ou como amigo. A dúvida me corrói assim como a sensação de que quebrei a minha própria promessa, a que fiz de nunca mais precisar de ninguém. Por isso não queria me apegar, me aproximar, as pessoas tem costume de machucar umas as outras e eu sei que machuco tudo e todos ao meu redor.


Droga, meu quarto parecia abafado, eu tinha sensação de estar sufocando... Precisava sair dali e ir para algum lugar tranquilo que me deixasse em paz, algum lugar sem a voz irritante de minha mãe chamando por trás da porta branca, algum lugar sem ter que me preocupara para não gritar de dor. Quando dei por mim, já estava saindo de casa sem avisar como de costume, andava nas ruas sinuosas de Huntington procurando qualquer lugar longe o bastante dos lugares que eu conhecia, foi ai que me veio a praia como opção. Por ser quinta-feira achei que estaria tão deserta quanto antes, me dando a paz que precisava. Andei pela areia quente sendo acariciada pela brisa gelada que vinha do horizonte, os pelos do meu braço arrepiaram e sentei bem rente ao mar a fim de brincar com a linha das ondas. Mas como as coisas da minha vida estão longe de ser calmas, uma mão quente apoiou sobre meu ombro forçando-me a olhar para trás. Toda expressão de serenidade que havia adquirido na praia dissipou-se com um olhar direto em seu rosto que parecia tão atordoado como eu.


– V-você tá me seguindo? – Disse sem me preocupar em ser delicada.


– Não, tecnicamente essa seria você já que eu cheguei primeiro. – Ele deu um meio sorriso e sentou ao meu lado. Fiz um pequeno bico e encarei o grandioso mar a minha frente.


– Não tinha te visto.


– Aposto que se visse não ia parar aqui. – Ele disse, e percebi que suas palavras eram verdade, me senti mal com isso.


– É.


Silêncio, ficamos quietos apenas observando o quebrar das ondas perto de nossos pés, até que ele rompeu:


– Erika, existem muitas coisas que eu gostaria de saber sobre você. – Apertei meus joelhos. – A principal é como te ajudar. – Abri a boca para rebater, mas ele apenas fez sinal para que eu me calasse. – Eu sei que não quer ajuda. E eu sei como posso ser bem irritante quando insisto em alguma coisa... Mas se você não me quer mais por perto eu não vou ficar te rodiando. Só acho que você precisa de algum tempo pra pensar e ajeitar sua cabeça. – Ele sorriu tão acolhedor que suas palavras me soaram desesperadoras.


– Zacky eu não sei... – Tentei começar mas ele me cortou novamente.


– Relaxa, se for por aquele dia só esquece isso. Estávamos bêbados e nos divertindo eu juro que nunca mais vou tentar fazer algo desse tipo com você. Até porque eu sei que você é chegada no Dawkins, não quero atrapalhar nada.


– Zachary eu já te expliquei essa história... Ele não larga do meu pé! Não sou eu que fico agarrando ele por ai... Não vai me dizer que você acredita em toda aquela encenação de Marcy? – Arregalei os olhos em desespero e Zachary pareceu compreender.


– Desculpa Erika, mas é que do jeito que vocês ficam, esse triângulo amoroso me incomoda. – Ele parecia sem jeito e evitava olhar pra mim. – Olha, eu só queria dizer que eu não vou mais me meter na sua vida. Já tentei antes mas não podia me afastar sem antes te dar um motivo. Ainda seremos amigos se você quiser. – Não conseguia acreditar em suas palavras. Zachary Baker, o garoto que tanto infernizou a minha vida para conseguir ficar perto de mim, agora simplesmente diz que vai abandonar o barco. Mas que idiota eu sou, eu mesma pedi isso a ele mil vezes mesmo só da boca pra fora e agora sinto uma pontada no estômago só de ouvir essas palavras, eu não queria que ele fosse embora agora, não quando eu finalmente admiti para mim mesma o quanto precisava dele. Eu continuei quieta braçada a meus joelhos apenas fitando o mar, Zacky sentiu-se desconfortável e interpretou meu silêncio como uma afirmação. – Então eu vou indo, a gente se esbarra por ai. –Ele se levantou e ouvi os passos pesados na areia atrás de mim.


Dessa vez eu não podia ficar quieta porque se o deixasse ir, sabia que nunca mais o teria de volta. Levantei-me e a meio de tropeços corri até Zachary que se encontrava distante segurando os sapatos na mão. Ele virou-se para mim assustado com a guarda totalmente baixa e eu sabia o que tinha que fazer. Segurei seu rosto entre minhas mãos sentindo um longo calafrio na espinha pelo contato direto com ele, nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos, ambos assustados e arregalados, depois disso levei meus lábios aos seus com bastante urgência. Ele estava em choque, o beijo não foi movimentado, apenas dois lábios colados tão juntamente que sentia meu corpo todo formigar. Seus braços envolveram minha cintura quase que subitamente e me senti tão estranhamente confortável com isso que quase esqueci que precisava me separar dele. As pequenas argolinhas geladas roçaram na parte inferior da minha boca antes de eu conseguir me desvencilhar por completa dele.


Mais rostos espantados, Zachary não entendia nada, parecia tão entorpecido e confuso quanto eu. Juro que não tenho noção do porque fiz isso, algo simplesmente gritou dentro de mim, mandando entregar-me para ele. Porém também não podia dizer que o queria assim, que gostava dele desse jeito, eu não sabia o que sentir e se podia me dar o luxo de gostar de um cara tão gentil como ele.


– Eu não quero que você se afaste Zachary. Eu sei que te pedi isso muitas vezes antes e que é muito egoísta da minha parte falar isso agora. Meu Deus, você nem deveria perder seu tempo com uma garota tão sem escrúpulos como eu, não mereço sua atenção. – Conti de novo a visão embaçada. – Mas eu preciso de alguém do meu lado, eu preciso de um amigo... Eu preciso de você. Desculpa se o que eu fiz foi precipitado, desculpa se eu to me metendo na sua vida, mas eu achei que assim eu conseguiria te manter aqui. – Abaixei o olhar para os pés, assim como a voz. Ele estava quieto e apenas seus braços falaram por si. Ele me abraçou novamente apoiando minha cabeça em seu ombro.


– Eu não quero que você faça nada que não queira. Juro para você que esse beijo foi bom pra caralho. – Sorri de seu comentário mesmo que ele não pudesse ver. – Mas como você disse, precisa de um amigo e não de sentimentos complicados na sua cabeça. Você me quer por perto? Eu ficarei aqui. Eu sou seu amigo Erika, eu me preocupo com você e serei até você enjoar da minha cara redonda por perto. – Agora ri mais abertamente e ele me acompanhou. Nos desvencilhamos e Zachary ajeitou uma mecha rebelde para trás da minha orelha.


–Dessa vez sem regras. – Eu disse sorrindo e esfregando um dos olhos.


– Sem regras. – Ele repetiu depositando um leve beijo em minha testa.


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Notas finais do capítulo

* Leiam as notas iniciais*