- Damon... - Elena pronunciou, parada na porta do quarto.

Por mais que estivesse aliviada em vê-lo, não entendia como ele havia a encontrado. Ela teria que manter a seriedade, algo muito difícil de fazer quando se está fixada naquele infinito azul que eram os olhos do vampiro. Tentou balbuciar alguma coisa, mas não conseguiu. O nervosismo era maior. E a única coisa que ela desejava saber era como ele tinha chegado lá.

- Como você me achou? - Ela parecia extremamente confusa.

- Primeiro, - Ele exibiu um sorriso ao falar - me deixar do lado de fora não é uma coisa muito legal, sabe? Segundo, você realmente achou que eu iria deixá-la sozinha ontem? Como eu imaginei, você iria aprontar alguma coisa, Elena. Logo, te segui até aqui.

As coisas começaram a fazer mais sentido agora. Ela não estava alucinando mais cedo, quando sentiu alguém a seguindo. Não sabia se ficava feliz ou irritada por ele ter feito aquilo. Era o tempo dela, só dela.

Suas mãos estavam tremendo, o seu coração estava agitado e ela sabia o motivo disso tudo. Triste engano achar que Damon Salvatore não teria mais efeito em sua vida, já que da última vez que conversaram, ela tinha dito que não poderia escolher um dos irmãos, ficando sozinha. Mas era ele, Damon. Ele nunca iria desistir tão facilmente, principalmente depois daquele dia que ela mesma o beijou. Ele havia sentido algo diferente naquele beijo. Um sentimento havia sido despertado e ele iria lutar para que ela permanecesse ao seu lado.

- Tudo bem, Damon. - Ela estava tentando conter o nervosismo, mesmo sabendo que ele perceberia - Eu estou bem. Vou para um lugar seguro e, quando for a hora certa, irei voltar.

- Sério, Elena? - Ele manteve a pose séria, sem perder aquele charme. A corrente de ar ali no corredor fazia seus cabelos balançarem - Você acha que eu vou deixá-la sozinha?

- Eu preciso de um tempo para mim, por favor... - As palavras dela saiam descontroladamente - Você pode voltar para Mystic Falls em paz, sério.

Ele conteve ao máximo uma risada. Como ela poderia ser tola ao pensar que ele, Damon Salvatore, iria deixá-la ir para algum lugar sozinha. E mais, como se ele fosse voltar para a cidade, sem sequer preocupar-se com o bem estar dela.

- Elena, entenda uma coisa. - Ele estava sério o suficiente para que ela não levasse aquilo na brincadeira - Se você não quer voltar para Mystic Falls agora, tudo bem. Mas eu irei com você. Não quero e não posso deixá-la sozinha.

Ela o encarou por algum tempo. Aquilo não poderia estar acontecendo, ela deveria estar dormindo e sonhando, porque aquela situação era extremamente irreal. "O que está acontecendo com a minha vida?", pensou. Em um dia, velando o corpo do seu irmão. No outro, em um quarto de motel, com Damon parado em sua porta, dizendo que iria com ela para qualquer lugar. O quão irreal isso tudo era?

- Não, Damon. - Ela estava dizendo não, mesmo que sua mente falasse outra coisa - Isso está fora de questão. Você não pode ir comigo, de jeito nenhum. Por favor, não torne as coisas mais complicadas.

- Elena, Klaus está desaparecido, ninguém sabe o que ele está tramando. - Ele se manteve firme o tempo todo - Entenda uma coisa, - Ele falou, enquanto se aproximava ao máximo de Elena, levando suas duas mãos ao rosto da moça e o segurando. Ele olhava em seus olhos - eu não irei deixar você sozinha. Então não me peça para voltar, porque eu não irei. Você entendeu?

Por mais que tivesse negado, ela sentia-se completamente indefesa naquele momento. Ele certamente sabia que, depois de algum tempo, ela cederia. Ela estava muito fragilizada para andar sozinha por aí e, a qualquer momento, Klaus poderia aparecer. Elena, então, não teve alternativa a não ser acenar positivamente com a cabeça, até porque as palavras não saiam. Estava perdida naquele olhar, sentindo as mãos dele sobre seu rosto. Eram frias, mas um frio confortável que, de certa forma, aquecia sua alma.

- Venha, entre. - Ela o convidou, pois não faria sentido deixá-lo lá fora.

Damon entrou e procurou sentar-se na cama, ficou observando Elena por alguns segundos, sua aparência o encantava. Seu desejo era abraçá-la e acariciar seus cabelos, dizer que tudo ficaria bem e ela não teria com o que se preocupar, mas ficou apenas em sua imaginação. Esperou ela dizer alguma coisa, mas a única coisa que ele pode ouvir foi as batidas aceleradas do coração da jovem. Ele a admirava de uma forma tão natural, que Elena não ficou envergonhada por ele estar encarando-a.

- Então, qual é o plano? - Damon perguntou, quebrando o silêncio.

- Vou para uma cabana em outro estado, longe de tudo e de todos. - Ela falou, mas depois lembrou que agora deveria acrescentar o vampiro sedutor em seus planos.

- Interessante. - Ele havia gostado da ideia, mas tentou não demonstrar tanto interesse. Não queria criar expectativas e vê-las serem destruídas diante de seus olhos - E quanto a Stefan? Ele já sabe disso?

Elena respirou fundo.

- Ficou sabendo hoje cedo, quando foi na minha casa e não me achou. Ele me ligou, mas eu joguei meu celular pela janela. - Ela parecia menos nervosa agora. Puxou uma cadeira da mesinha que estava no recinto e sentou-se, fitando Damon.

- Ele virá atrás de você.

- Não, ele não fará isso. - O tom de voz que ela usou demonstrou confiança no que dizia. Ele sabia que aquele momento era necessário e, diferente de Damon, não a seguiu e a obrigou escolher.

- Entendo... - Disse ele - Parece que somos só nós dois então.

Elena não se conteve e sorriu. A primeira vez, depois do trágico acontecido, que ela sorria verdadeiramente. De certa forma, estava feliz de estar ali com ele. Talvez fosse a oportunidade que precisava para descobrir seu real sentimento pelo vampiro. Uma confusão que vinha ficando maior com o passar dos dias.

Passaram alguns minutos conversando sobre a tal estadia, sobre o fato de Damon ser um intrometido e ter feito o que não devia... Assuntos banais. Até que Elena sentiu o cansaço ficar insuportável e deitou-se na cama. Continuaram a conversar por um tempo, mas entre um assunto e outro, ela pegou no sono. Damon continuava ali, sentado no pé da cama, observando a doce Elena. Resolveu aproximar-se mais dela, deitando ao seu lado.

E lá estava ela descansando, enquanto ele acariciava sua face tão macia. Retirou uma mecha de cabelo do rosto dela, e permaneceu assim, protegendo-a do caos que estava lá fora. Incrível como um momento como aquele era tão importante para ele. Aliás, qualquer momento com ela era importante, mas o fato de estarem indo para longe de tudo e de todos fazia crescer uma esperança em seu interior. A esperança de que, pelo menos uma vez, ela fosse sua. Para todo o sempre. Grandes coisas iriam acontecer, e ambos sabiam disso.