Os raios de sol atravessavam a cortina do pequeno quarto, refletindo na jovem sobre a cama. O vampiro não estava ao lado dela, mas em pé na janela, observando o movimento do lado de fora. Uma vez ou outra ele a olhava, na esperança de vê-la acordar. Contudo, não demorou muito para que Elena despertasse. Abriu os olhos lentamente, parecendo meio atordoada com a luz do sol em seus olhos. Damon, mais que depressa, puxou a cortina, impedindo que o sol continuasse a perturbar a visão dela.

- Que horas são? - Perguntou Elena, meio perdida no tempo.

- Nove e meia. - Disse Damon, abrindo um sorriso.

- Hora de irmos. - Ela se levantou e caminhou em direção ao banheiro - Vou apenas tomar um banho.

Damon continuou em pé, estava ansioso. Não imaginava como seria tudo isso, estar com Elena, sozinhos, parecia que o destino estava finalmente a seu favor. Mas logo se lembrou de seu irmão, Stefan, e do que eles haviam conversado tempos atrás. De como ele iria ficar ao saber que ele estava com a sua amada. Damon pensou em ligar para seu irmão, dizer que iria cuidar de Elena, mas não queria que ela ficasse com raiva dele, pois sabia que Stefan o coagiria a dizer onde estavam indo e iria atrás dela. Deixou as coisas como estavam. Iria dar tudo certo, só não sabia como.

Pouco tempo depois, Elena saiu do banheiro e foi arrumar sua mala. Estava vestindo uma calça jeans clara, com uma regata preta e calçava botas da mesma cor. "Simples e bonita, como sempre", pensou Damon ao observá-la. Ela apenas sorriu e continuou a arrumar suas coisas. Quando terminou tudo, pegou certa quantia de dinheiro na bolsa que carregava.

- Vou pagar a estadia. Pode levar a mala para o carro? - Ela perguntou a Damon, sabendo que ele não negaria.

Ele não precisou responder sua pergunta, apenas pegou a mala e saiu do quarto, seguido por ela. Enquanto ele caminhava até o carro, ela foi até a gerência do motel e acertou as contas. Logo após, foi até Damon e viu que ele já estava dentro do carro, no banco do motorista. Ela o encarou desconfiada e ele apenas exibiu um de seus sorrisos charmosos.

- Vai dirigir? Sério? - Ela perguntou, abrindo a porta e sentando-se no banco do passageiro.

- Claro. Você me diz aonde vamos e eu irei levá-la. - Ele parecia muito confiante. Esperava não atrapalhar as coisas.

- Como desejar. - Elena falou, sem tentar criar confusão.

Passaram o resto da manhã na estrada, Elena indicava para ele por onde dirigir, qual rodovia pegar. O clima entre ambos estava muito agradável. A conversa sobre o lugar para onde iam estava fluindo com uma facilidade maior que o esperado. Elena, às vezes, olhava para Damon e ficava o observando, desviando o olhar quando ele a encarava. Passaram a maior parte do tempo trocando sorrisos e xingamentos, nada mais natural, afinal era Elena e Damon no mesmo ambiente. Pararam apenas para fazer um lanche rápido, e voltaram para a estrada logo em seguida.

O sol estava quase se pondo, quando eles avistaram a placa "Bem vindos à Klamath". Elena suspirou e, por um momento, Damon a olhou de forma serena, como se estivesse tentando confortá-la. Elena resolveu colocar sua jaqueta, pois o frio naquela região era maior, principalmente na época do inverno. Eles atravessaram a cidade e, conforme Elena indicava, entraram em uma estrada de terra cercada por pinheiros que pareciam formar uma colcha esverdeada pelo caminho.

Já estavam longe o suficiente da estrada, então Elena deu um sinal para parar. Damon não entendeu, mas fez o que ela pedira. Ficou mais confuso ainda quando a viu descer do carro e ir até o porta-malas pegar suas coisas. Ela o encarou com um ar de "Vai ficar aí olhando?", o que o fez descer do carro.

- O que está fazendo? - Perguntou ele, sem tentar esconder a curiosidade por trás daquilo tudo.

- A partir daqui iremos à pé. - Ela respondeu - Tem um riacho logo à frente e não dá pra passar com o carro. Quando eu era pequena, vim aqui umas duas vezes, então sei o que estou falando.

- Vou colocar o carro entre umas dessas árvores - Disse ele, entrando novamente.

Conduziu o veículo até deixá-lo entre dois grandes pinheiros e, com sua força vampiresca, arrancou alguns galhos gigantes e colocou perto do carro, tentando escondê-lo.

- Não se preocupe - Disse Elena - Ninguém anda por aqui.

Damon veio a seu encontro e pegou as malas de suas mãos. Continuaram a andar por um bom tempo, a lua já brilhava no céu. Demoraram algum tempo para atravessar um pequeno trecho e, com alguma dificuldade, caminharam sobre a pequena ponte que havia sido construída sobre o riacho. Depois de uma boa caminhada, Elena já estava muito cansada, e sequer havia comido alguma coisa. Contudo, pôde sentir alívio quando, de longe, avistou a cabana. Damon sorriu eufórico.

A cabana tinha um aspecto bastante rústico. Sem mais demoras, eles entraram no recinto, bastante aconchegante por sinal. Ao colocarem as malas no canto da porta, observaram bem o local. Havia dois aposentos e, de vista, uma cozinha muito simples, com um fogão um pouco antigo e uma geladeira que deveria ser da mesma época. Uma estante de madeira servia como divisória entre a cozinha e sala, que continha um sofá e duas poltronas voltadas para a pequena lareira. Uma mesinha de centro com um arranjo de flores artificiais dava um toque mais suave na decoração. As cortinas pareciam um pouco empoeiradas, mas não era de se estranhar, já que a cabana mal era usada. Não tinha televisão no local e o sinal do telefone era quase inexistente. Parecia o lugar perfeito para alguém se isolar do mundo, se estivesse sozinho, claro.

Elena olhou para Damon por um momento. Resolveu sentar-se no sofá e ele, como sempre, a acompanhou. Os dois ficaram por um tempo em silêncio, mas Elena resolveu quebrá-lo.

- Bom, - Disse ela, por fim - espero que esteja satisfeito com o local. Não é luxuoso, mas era o único que eu tinha em mente.

- Está de bom tamanho. - Ele falou, observando as coisas ao seu redor - Só acho que devo sair amanhã para comprar algumas coisas para você comer. E algumas coisas para beber.

Elena riu baixinho.

- Tudo bem. - Ela concordou.

- Espero realmente que esse tempo te faça bem. - Ele falou com uma seriedade que Elena admirou.

- Vou ficar. E você fez questão de vir, então ficarei longe de qualquer perigo. - Ela disse enquanto ria.

- Ah é, - Ele exibiu um sorriso que fez o coração de Elena acelerar - esqueci que sou seu protetor.

- Não exagere. - Ela falou tentando acalmar seu coração.

- Então, onde irá dormir? - Ele disse, tentando mudar o assunto.

- Tem dois quartos então, óbvio, eu ficarei em um e você pode ficar com o outro. - Ela apontou para os dois aposentos.

- Ah, que pena. - Damon fez uma cara de decepção - Achei que iriamos dormir juntinhos.

Elena, sem pensar duas vezes, jogou uma almofada que estava no sofá em Damon e ambos começaram a rir. Logo, uma lembrança que veio à mente de Elena a fez ficar com um ar sério e, depois, triste. Lembrou-se de quando era menor e seus pais levaram ela e o irmão para aquele mesmo lugar, de como ela e Jeremy se divertiam correndo até o riacho e, mesmo com o frio, jogavam água um no outro. Damon percebeu que ela não estava muito bem e resolveu trazê-la para perto de si. Elena recostou a cabeça sobre o peitoral de Damon, tentando segurar as lágrimas.

- Elena, eu sei que é tudo muito difícil... - Ele tentava acalmá-la. Abraçou-a forte, como se não fosse mais soltá-la.

- A única coisa que eu consigo enxergar é que eu, apenas eu, sou a única culpada por tudo isso. Por Jenna, Alaric, John, Jeremy... - Ela se lembrava de cada um que estava ao seu redor, o que havia acontecido com cada um.

- Não, Elena. - Ele disse - O único culpado disso é Klaus. Foi ele quem matou, não você.

- Sim, ele matou, - Ela não conteve e as lágrimas começaram a escorrer por sua face - mas foi por minha causa.

- Não pense que a culpa é sua, isso não é verdade. O único que irá pagar por tudo isso é Klaus.

Elena não disse mais nada, apenas agarrou-se a Damon e continuou a chorar. Ele entendia que aquilo não iria passar de uma hora para outra. Levou uma de suas mãos até os cabelos de Elena e começou a afagá-lo, enquanto sua outra mão permanecia em volta da jovem. Elena estava triste, sua alma parecia estar sendo consumida aos poucos e as lembranças estavam tornando-se mais fortes, mas Damon a acalmava, ela sentia uma paz por estar ali, em seus braços... Uma paz que ela só sentira junto de Stefan. Acreditou que ambos compartilhavam o dom de fazer seus medos irei embora, mesmo que por pouco tempo. A jovem chorou tanto, que caiu no sono. Damon a manteve ali, pois não teve coragem de levá-la para a cama ou tirá-la de perto de si.