F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 29
27. Melodias.


Notas iniciais do capítulo

Como puderam perceber a fic não acaba hoje. Resolvi terminar ela na quinta, sem um motivo especifico.
Bem, quero agradecer a FuckinWay pela linda recomendação. Obrigada, de coração. Capitulo pra ti.



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27. Melodias.

E tudo foi amor, felicidade e luzes coloridas...

Isso deveria narrar quando o momento chegou. Eu deveria descrever que foi como chegar ao final do arco-íris e voltar por um caminho de estrelas e brisa suave. Deveria contar que a partir de então estamos juntos, que esse abraço nunca se interrompeu e que nos beijamos com todo o amor que ambos temos.

Porque Frank Iero me ama, e isso deveria ser um motivo suficiente para mudar o mundo em que a terra gira sobre seu próprio eixo.

Mas nada disso aconteceu. Nada disso eu posso narrar.

Só posso dizer que depois de nosso apertado abraço nos separamos para nos olhar. Eu vi seus olhos brilhando enquanto ele apreciava as lagrimas que banhavam minhas bochechas. Sorriu para mim e antes que pudesse responder suas doces palavras a voz de Elizabeth resou pelo corredor de mármore.

–Um cliente muito importante quer falar com você! –Exclamou com uma voz infantil e entusiasmada. Me segurou pelo braço e não me soltou por muito tempo.

Quando fiquei livre, depois de meia hora recebendo parabéns e um possível cliente muito entusiasmado, voltei para o lugar onde eu supunha que meu locutor deveria estar, mas não o encontrei.

–Se foi. –Me disse Ray com cara triste. E não pude fazer mais nada do que desfrutar de minha noite sentindo o peso de suas palavras e me lembrando da doçura de sua voz.

Agora tu é confuso.

De pé, em frente ao local que mostrou orgulhoso seu anuncio, me sinto mais perdido que antes.

O que aconteceu quando pelo que você tanto lutou acontece?

O que acontece quando os sonhos se cumprem, e sua razão para se esforçar no dia-a-dia termina? Agora, qual é meu objetivo?

Deveria me vingar. Fazê-lo sofrer uma mínima parte, proporcional a enorme quantidade de sofrimento que ele me causou, mas não posso. Pensa em vingança seria fácil se ao fechar os olhos não viesse esse sorriso, ou quando quisesse me concentrar em silencio não escutasse sua linda voz grossa sussurrando que me ama. Frank Iero me ama!

Volto a sorrir estupidamente, ao mesmo tempo em que a porta do local se abre. Entro em meu universo de encadernados e folhas brancas impregnadas com o doce aroma da originalidade. E parece tudo tão vazio...

E tudo é confusão em meu interior. Quero voar, correr e me esconder. Quero enfrentar você, desafiar a mim mesmo e lutar por ti, por mim, por um verdadeiro “nós”. Confusão. Desespero. Medo.

Eu só quero encontrar a formula para parar de sofrer.

Tudo deveria começar. Minha amada rotina deveria começar aqui, começando por dar a volta a aquele letreiro pintado de vermelho, que dá por iniciada uma jornada mais na venda de livros, mas me recuso a girar o pedaço de cartão e em troca deixa a escura cortina em seu lugar, me protegendo dos raios solares e os pedestres matinais. Não pego a vassoura para começar a varrer, nem me preocupo com as caixas amontoadas em um canto. Este é um momento para mim, e agora a única coisa que quero fazer é me grudar ao radio, enquanto escuto sua voz, perdido na escuridão. Jogado sobre o piso, fechando os olhos.

Só respirando.

“-...Sim minha ausência não se justifica, mas quero lhes dizer que estou feliz como nunca. Um escritor francês disse alguma vez ‘O verdadeiro amor é como os espíritos, todos falam deles, mas poucos já viram’. E, felizmente, eu me encontrei com um desses espíritos luminosos.”

E ai está. Sua voz ressoando entre o escuro lugar, inundando meus sentidos, e me fazendo imaginar cada gesto seu ao pronunciar cada palavra. Conheço com perfeição a forma com que suas sobrancelhas se elevam com velocidade, a maneira que sua mão esquerda brinca com o microfone, e quase posso sentir o ar que flutua sobre o aparelho com suavidade.

“-É por isso, querida audiência, que não posso me calar para que vocês escutem uma musica mais. Preciso gritar, contar ao mundo, e que todos me vejam com olhares reprovadores me acusando de ser um estúpido. Porque eu sou, me sinto assim, e eu gosto. Que patético, não? Este é o estado mais comum de um apaixonado. E apesar de que zombemos dele, logo caímos nas garras do amor, nos fazendo engolir uma a uma todas as palavras antes ditas. E nos chega o momento de ser zombado...”

Escuto um pequeno riso e eu sorrio jogado sobre o frio piso. Certamente seus dentes haviam se juntado, entreabrindo esses suculentos lábios vermelhos. Gostaria de ver o corar de suas bochechas, e me perder na forma que se amontoa graciosamente em seu redondo nariz. Seus olhos estão brilhando, o sei porquê o vejo através dos meus que estão fechados. Essas orbes misteriosas e perfeitas brilham como nada brilhará em um céu noturno. Flutuo embriagado no doce sabor da felicidade, porque esse brilho mágico é por mim.

E que bela é a vaidade...

“-Bem, Bob está me mandando calar, então o farei, dizendo que a próxima musica está dedicada a cada ser humano que sofre da pior epidemia do mundo: o amor. E especialmente para você, meu amor. Porque graças a você dizer essas baboseiras é o mais fácil e gratificante do mundo. Obrigado por me dar tantas coisas sem esperar algo em troca. Sei que agora é meu momento de esperar, e o farei. O darei o tempo que precise, porque eu te quero. Porque eu amo você Gerard...”

Tudo para. Tudo para ao compasso dos ponteiros do relógio. Para o movimento das folhas ao meu redor. E para minha respiração.

Porque eu te amo”. Quanta magnificência em uma frase tão curta. Que união perfeita em três simples palavras. Quer mágico ouvi-las através do radio.

Uma declaração para mim, e para o resto da cidade.

Sinto meu rosto arder e não é pelo intenso frio. Um calor havia se instalado sobre minhas bochechas, e sei que estas estarão vermelhas como a mais deliciosa das maçãs.

...Você é tudo o que pedia.
o que minha alma vazia
queria sentir

É o que tanto esperava
o que em sonhos procurava
e que em você descobri.

Escuto a canção. Suave, delicada, harmoniosa.

E não posso esquecer sua voz me sussurrando que me ama. Não posso esquecer que minha estupidez me impediu de lhe responder. Mas, como me culpar se Frank Iero, o homem gay que só acredita no sexo, me diz que me ama. Isso não é emoção demais para ficar sem falar?

Você chegou para acender
cada parte de minha alma
cada espaço de meu ser

Já não tenho coração
nem olhos para ninguém
só para você...

Suave. Aquecido.

Assim parece estar jogado no meio de um lugar repleto de livros, escutando uma musica dedicada para você de um lindo locutor.

Uma vez cheguei a pensar que todas as palavras escritas e ditas por Iero pudessem ser para mim, mas foi só uma farsa. Agora é real. Sei que é real. Porque, certamente, havia sido a declaração de amor mais publica que alguma vez alguém, em toda minha vida, poderia me dar.

E quero corresponder...

Isso é de verdade
Eu posso sentir
sei que meu lugar
é junto de você...

É tudo o que pedia
o que não conhecia
e que em você descobri.
(*)

Bob Bryar estava cansado. Cansado, confuso e desesperado. Uma estranha e revoltante, causada por seu companheiro de trabalho, Frank Iero. Razão?

Simples. O locutor estava louco, e só conseguia o enlouquecer com suas ações, gestos e palavras.

Por exemplo, a alguns dias parecia um morto vivo, sem animo para responder, rir ou ao menos respirar. Hoje é todo paz, amor, doçura e flores. E agora o homem de loiros cabelos não se decide em seu debate interno sobre o que é pior. A indiferença ou a paixão.

Agora que via seu amigo dentro da cabine, oferecendo uma musica exageradamente romântica e com um sorriso nos lábios entendeu que suportar aquele tipo de canções era um preço muito barato para vê-lo feliz.

–Bob, já te disse que estou apaixonado?

O loiro só assentiu. Escutando pela quinta vez a mesma pergunta. Mas ver neste estado o inalcançável Frank Iero era até um motivo de inspiração, e estava seguro de que faria acreditar no amor o mais tolo dos seres humanos.

Nunca imaginou. Vê-lo passar pela porta com um energético empurrão, só significava duas coisas: primeiro, que enfim Frankie fecharia sua linda boca, ao menos, para parar de cantar; segundo que teria mais trabalho agora, com seu locutor incapacitado. Terá que aumentar outra seria extra de comerciais e privar o publico da suave voz de Frank Iero. Sim, talvez se irritem mas para Bob Bryar o brilho cegados que vem dos olhos do locutor pesa mais do que centenas de mulheres irritadas por não escutar o romântico poeta.

* * *

Nunca sete minutos me pareceram tão eternos. Nunca senti a cor vermelha causar raiva em meu interior, como um touro em uma corrida espanhola. Nunca acreditei que as pernas me serviriam para algo mais do que para dar passos cansados nas frias noites escuras e solitárias, mas o prejuízo é secundário se ao finalizar minha corrida puder ver sua boca tão aberta e sorridente para mim. Minha respiração volta a se ausentar ao notar aquele brilho nos olhos, e ainda que tenha perdido a fala tento pronunciar um irregular “olá” em forma de saudação e sinal de paz.

Frank me olha como se estivesse em frente a aparição de seu pônei preferido. Eu só pude me abaixar segurando meus joelhos e tentando fazer com que o oxigênio que entra em meu sistema seja através das narinas ou pela boca completamente aberta.

–Olá. –Me sussurra como se estivesse em estado hipnótico.

Sorrio e me aproximo dele que já está de pé.

Tenho tantas coisas para dizer que as palavras se acumulam em minha garganta, lutando para sair, mas nada sai de meus lábios apertados. Quero usar belas palavras, compor em dois segundos belas melodias e fazê-lo cair em um feitiço de amor permanente por mim. Quero lhe cantar com essa voz horrível, quero sussurra, mas apenas posso respirar.

Tira a tiara preta que cobre sua cabeça e as orelhas, enquanto matem seu olhar amendoado fixo em mim. Os nervos crescem, frente a frente nossas peles se roçam, nossas mãos ansiosas procuram o contato de suas irmãs, e rodeados por um silencio suspeito, tudo parece estar bem.

Parece calmo.

Parece correto. Me parece perfeito. E não estou sendo idealista. Sou realista.

Finalmente as palavras se pronunciam em um mudo dialogo.

Seus olhos se fecham e os meus observam seus lábios se aproximando de meu espaço pessoal. Se movem lentos indo até os meus, que tremem. Lábios ansioso. Ansiando o sabor que tanto sentiu falta, doce e viciante.

Sem força de vontade caio perante ele, seu amor, o meu e seu sabor de café, fumo e Frank.

“E talvez nunca chegue a entender o quanto que esperei por um amor assim. Por seu amor. Meu amor. Meu único e eterno amor...”

Nossos joelhos se tocam. Meus lábios doem, aposto que os dele também. Havia sido uma irresponsabilidade dirigir rodeados por um mar de beijos, mas Frank Iero gosta do perigo, e hoje ele quis demonstrar, mais uma vez. Seu aroma cobre já todo meu peito, e seu sabor havia se gravado em minha língua, que ansiosa continua marcando o longo pescoço, o fazendo seu, apagando contatos anteriores. Porque, a partir de agora, é meu. Frank Iero é meu.

Chegamos ao seu apartamento entre sons parecidos com gemidos, sussurros e o choque de nossas línguas que se reconheciam com violência. Caímos no sofá com as jaquetas perdidas em algum ponto da sala, e as calças quase completamente abertas. Aspiro com força seu aroma quando nos separamos para respirar, enquanto ele luta contra o suéter escuro de zíper.

A paixão aumenta. Os sons a acompanham, e os movimentos parecem perfeitamente ensaiados. Em instantes nos encontramos frente a frente carregados de suor, ofegantes e nus. Pele com pele. Um sobre o outro. Nos fundimos no encontro de olhares e eu sorri de minha posição, me inclino um pouco e beijo sua testa puramente.

Te amo... –Respondo finalmente. Duas palavras que eu havia mencionado tantas vezes, e que enfim são correspondidas.

Frank me olha com seus olhos grandes e sorridentes. Seus braços rodeiam meu pescoço e suas pernas se agarram a minha cintura, sem querer me deixar sair.

Eu o amor. Ele me ama. Nos amamos.

Confessamos e não há mais palavras pra adicionar. Ou isso eu acredito, mas Frank é tão lindo quanto imprevisível. Me puxa com mais força até ele, para poder afundar meu rosto em seu pescoço e depois depositar um beijo na zona onde seu rosto havia descansado, com aquela voz sussurrante e sensual, murmura em meu ouvido:

–Me ame... –Suspira. –Faça amor comigo.

Quero lhe explicar que sempre que fazíamos sexo eu sempre fiz amor. Fazia amor quando me entregava em gemidos e caricias, mas sei sobre o que Frank se refere, e beijo seus lábios com lentidão em um gesto de agradecimento porque, depois daquele garoto que foi seu tutor a muitos anos atrás, me entrega o prazer de entrar nele e senti-lo meu.

–Te amo tanto Frank...

Ele sorri. O beijo de novo e a paixão volta a transbordar.

Nossos corpos se fundem como dois cubos de gelo no deserto. Ansiosas mãos percorrem sua pele e sua boca libera um hino de doces gemidos. Minha boca percorre seu corpo e minha cabeça se inclina com respeito perante sua solene masculinidade.

Com felicidade escuto uma exclamação de prazer e o agitado movimento de suas costas ao se arquear. Sorrio de minha posição. Minha mente repete e seu corpo confirma. Frank Iero é meu.

Esta noite honro seu palácio corporal. Te entrego minha vida, minha alma, meu corpo e meu coração.
E não importa quem esteja em cima ou quem esteja em baixo.
Isso não é sexo. É amor Frank. E amanha, te prometo, o explicarei...”

–Frank!

–Gerard!

Nossos nomes saíram como suplica perante o asfixiante prazer vivido. Exausto deixei cair meu corpo contra o peito de meu amado locutor.

–Porra... –Sua voz estava rouca e seu peito está úmido e quente.

–Sim, isso que acabamos de fazer.** -Menciono com zombaria, ganhando um ligeiro soco no ombro direito.

–Você foi incrível.

–Obrigado.

–Me desculpa.

–Por ter sido incrível? –Meu rosto se levanta de seu quente refugio, e meu membro escorrega para fora dessa estreita cavidade. Caio ao seu lado e procuro seu olhar, escondido e coberto como um trêmulo braço. –O que aconteceu? –Pergunto assustado, mas ao mesmo tempo, surpreso.

Os olhos de Frank estavam brilhantes, e seus lábios fazem um lindo bico antes de deixar sair uma lagrima.

–Quando penso... Em todas as vezes em que eu poderia ter te feito mal... –Sua voz se quebra e o choro o cobre com força enquanto tenta esconder o rosto com suas mãos. O impeço antes que essas toquem seu rosto.

–Isso é passado. –Menciono com a voz mais calma e fria que possuo. Não desejo lembrar amargas experiências, delas eu aprendi muito mais, e este é meu momento para aproveitar escutando musicas improvisadas em dois segundos. –E não importa. Eu te amo, e continuarei fazendo aconteça o que acontecer.

E como um garotinho assustado, procurando proteção, seu corpo procura o meu para aperta-lo em abraço forte. Sua cabeça se esconde no vazio que se força em meu pescoço e ombro. Frank respira pausadamente, me causando cócegas.

E sei que é esta a forma que quero viver.

Para sempre...

Que perfeito momento de romantismo...

–Case comigo.

E novamente Frank Iero o interrompe.

Minha boca se abre perante o susto e meus braços separam seu corpo do meu. O olho nos olhos, procurando um sinal de brincadeira ou, em seu lugar, de sinceridade. Fico nervoso ao encontrar o segundo. Eu, ele... Casados?

Juntos, para sempre?

Esta é a hora do cumprimento de todos os sonhos?

Sorrio de meio lado por causa dos meus estúpidos pensamentos.

–O que você me diz? –Volta a perguntar.

Ilusão, esperança. Novamente o medo de que tudo seja um sonho.

Posso provar seu amor? Há algo que eu possa fazer para medir a sinceridade?

Só posso confiar no brilho perfeito de seus olhos e no sorriso bobo e nervoso que adorna seu perfeito rosto. Só posso confiar no fantasma das lagrimas derramas e na força com que sua mão descansa sobre meu peito.

Só posso confiar no “eu te amo” que tanto tinha esperando, e que havia sido o mais publico e perfeito que tinha me acontecido.

Só posso confiar nele...

Abro a boca e dou minha resposta.

(*) Solo para ti – Camila
(**) Bem, ali no dialogo o Frank tinha dito “joder” que pode ser considerado como “porra, foder, caralho, e afins”... Por isso o Gerard disse “Sim, isso que acabamos de fazer”, mas, é claro, ficou meio sem sentido e ficaria mais ainda se eu colocasse “foder”. Era só um ps mesmo x_x q



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Notas finais do capítulo

Agora surtem pela forma com que o capitulo terminou.
Só mais um PS meio inutil. Espero que tenham entendido que essa "nc" foi necessaria. Bem, quase, porque não teve detalhes nem nada. E acho que a Umiko fez bem. Era só uma, nova, forma de demonstrar que o Frank tinha mesmo se entregado ao Gerard. Bem... Só um ps de uma leitora. Queria que vocês tivessem percebido e tal.
O post de amanhã é enorme, então será dividido x_x