F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 28
26. Te esquecer. II


Notas iniciais do capítulo

Bem, primeiramente: Seja bem vinda Vivick é um prazer te ter aqui, mesmo que já estejamos no final.
E, obrigada Caa Iero por notar meu desanimo e tal. Sim, fico bem triste ao vir aqui e, sabendo que tem TANTA gente acompanhando a historia, mas que só, no maximo, cinco pessoas deixam um review, ou seja, menos de um quarto do pessoal que acompanha. É.
Pra essa parte a Umiko pediu para que ouvissem uma musica. Pra quem gosta de ler com trilha sonora, aqui está.
http://www.youtube.com/watch?v=zDJEhb9aDmk
Boa leitura, e obrigada para quem apareceu.



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Te esquecer será fácil, eu sei
tenho apenas que deixar de ver o mar
e me cegar perante a luz das estrelas
não ver chegar a lua atrás de uma janela.

Hoje é meu momento.

Meu momento de brilhar. De renunciar ao anonimato e ser especial mais do que por causa de uma doença genética. Hoje deveria ser sorrisos e bons pensamentos. Hoje deveria ser felicidade e otimismo. Hoje deveria...

Mas, como ser alegria se todo meu corpo só sabe representar nostalgia? Como abandonar o passado e descartar aquele olhar arrependido que me deu pela ultima vez? Como parar de pensar nele, de sonhar com ele... De... Sentir falta dele?

Como é que dizem que me chamo?

Fecho os olhos e volto a abrir com uma ansiedade desesperada. Talvez assim seu olhar avelã, apagado e miserável, se apague do interior de minhas pálpebras.

Dias sem poder esquecer sua voz me perguntando “É isso que você quer Gee?”.

Meu peito arde. Sua voz, igual a acido, queima meu tórax, e eu imóvel só posso esperar que a ardência termine.

Mas nunca acabada...

Te esquecer será fácil, eu sei
tenho apenas que te arrancar de minha pele
e fechar ao mesmo tempo portas e janelas
não ver chegar a noite, nem o amanhecer.

-Gerard, você está bem? –Sua mão fina se desliza pelo contorno de meu ombro deixando, antes de se retirar, um suave aperto.

Levanto meu rosto e não foco meu olhar em seu rosto, me perco nas paredes revestidas dele. São seus olhos, é sua boca, são minhas recordações e minha dor.

-Gerard? –Seu tom havia se tornado um pouco mais preocupado e suas mãos seguraram minhas bochechas com carinho. Enfim a vejo, e um sorriso faz brilhar as teias de aranha amontoadas ao redor de seus olhos opacos. –Querido, esta é sua noite. Aproveite.

Finjo um ligeiro sorriso. Certo. É minha noite. Minha noite como uma nova sensação no mundo do papel e grafite. A descoberta de um jovem e melancólico.

É minha noite. Meu momento.

Sou só eu.

Mas tudo é uma fantasia. Havia me proposto a ser diferente. Havia me proposto a deixar de ser eu. Sim, porque sem você eu não existo.

Sinto sua falta”.

E me odeio tanto por isso!

Te esquecer será fácil,
tenho apenas que tapar meus ouvidos
aos cantos das aves
e ao murmúrio penetrante dos rios
te esquecer será fácil, eu te digo.
É questão de não escutar meus batimentos...

As pessoas se aproximam para me felicitar. Estão aqui meus amigos. Minha família e aquele dono da galeria onde hoje meu trabalho é exposto.

Mikey abraça sua, enfim, esposa enquanto escuta atentamente o homem gorducho que parabeniza minha mãe por seu talentoso filho. Ray aperta com força meu ombro ao escutar este, me dando força. E tudo é um sucesso.

Meus desenhos são atraentes e comoventes. O que um critico me deu a entender.

É o olhar mais lindo que eu vi”. Havia me dito Brittany me fazendo enrijecer e sentir as pesadas lagrimas se amontoando desesperadas, lutando para sair.

Hoje deveria ser todo Gerard Way;

Mas sou só um fantasma. Sou só um monte de recordações reunidas em um corpo descartável. Só sou a sobra de um amor impossível, e a dor de uma realidade.

E eu que pensava que para te esquecer não precisaria mais do que um pouco de força de vontade”.

Te esquecer será fácil, eu sei.
tenho apenas que matar um sentimento
e tampar o sol inteiro com um dedo
Mudar meu coração por um de papel...

-Gerard!

O discurso do senhor Sei-la-como-se-chama é interrompido por uma voz alegre e passos escandalosos. Levanto o olhar e descubro uma cabeleira bagunçada se movendo ao ritmo de seus acelerados passos.

E, bem em frente a mim, deixo de ver o cabelo loiro para me concentrar na sensação que me produz seus abraços e minha falta de respiração. Solta uma de suas acostumadas e espontâneas gargalhadas e murmura “Felicidades” ao menos cinco vezes perto de meu ouvido. Como é possível que alguém seja tão explosivo e animado? É algo que eu continuo me perguntando. Mas, se tratando de Bob Bryar, eu já tinha me acostumado a deixar as perguntas de lado e simplesmente me deixar levar pelos sentimentos e as primeiras impressões.

-Estou tão orgulhoso de você. –Comenta se separando, mas não muito afastado de meu espaço pessoal. –Claro que não vi todo seu trabalho, mas sei que é sensacional. –Sorri e sacode sua cabeça em um gesto muito típico. Um gesto muito Bob.

Logo sua alegria e positivismo começam a me contagiar. Meu sorriso se torna menos fingido.

Mas cai. Tão rapidamente como chegou, e tão natural cai como todo o bem que me aconteceu na vida. Porque o vi. De pé, em frente a mim, analisando a sessão intitulada “Em tinta azul”.

Parece melhor que nunca. Com um terno escuro, uma gravata preta e o cabelo perfeitamente arrumado.

Vira seu corpo para mim. É possível agora observar seu rosto pálido, iluminado pelas luzes que adornam a sala, fazendo brilhar o rosado de seus carnudos lábios. Exploro seu corpo com meus olhos. Desde o penteado até os pés, e não pude evitar sorrir internamente. Tanta formalidade não é própria para ele, por isso que traz consigo esse par desgastado de seu tênis preto.

-Esquecer não é nada fácil. –Escuto uma voz sussurrando ao meu ouvido. Viro um pouco a cabeça e me encontro com o sorriso dourado de Bob.

Volto a me perder na nostalgia enquanto meu rosto vira para enfrentar seus olhos. Apenas sou consciente da voz de Mikey murmurando algo, mas perco o calor que me rodeava, e quando dou a volta minha família e amigos avançam para as exposições. Eu então fico só em frente a ele.

Te esquecer será fácil”. Repito em minha mente, ao mesmo tempo em que perco o brilho de seu olhar e sinto o coração acelerar com mais força, com cada passo que dá até mim.

-Que bobagem. –Digo conclusivamente. Para te esquecer precisaria não estar vivo.

Te esquecer será fácil, eu te digo
é questão de esquecer que eu tenha nascido.
(*)

De pé, frente a frente. Vejo seu queixo tremer e sinto meu próprio joelho estremecer. Sem aviso prévio seus braços se agarram a mim e sua cabeça se esconde em meu pescoço. Suspiro resignado. Aceitando com pesar o quanto que senti falta de seu cheiro de tangerina e madeira.

Me derreto em seu abraço e automaticamente correspondo o prendendo a mim pela cintura. Aspiro profundamente seu aroma e sorrio inevitavelmente. Me sinto flutuar. Me sinto feliz. Iludido e apaixonado.

O momento perfeito que se interrompe por suas palavras. O encontro intimo quebrado por sua voz, como sempre.

-Eu te amo. –Sussurra contra meu ouvido.

E pela primeira vez não arruína o romantismo.

-Te amo Gerard. Te amo tanto...

Com voz soluçante me fala enquanto minhas bochechas já sente a umidade de meu choro.

(*) Olvidarte - Francisco Céspedes.


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Notas finais do capítulo

HM, ai o pessoal fica beeem louco mesmo. Mas, não se esqueçam, não sou eu que indico o fim do capitulo. IUHASDIU
Mas aguardem, mais tarde vem o outro x_x
Umas 6/7 estou aqui de novo. Até.