F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 23
23. Frank.


Notas iniciais do capítulo

Nhooow, tô correndo aqui. Tenho que terminar de arrumar meu quarto. Jesus, que bagunça! IUHAIUHDIUADSH
Enfim... Obrigada pra quem apareceu, sim? Adoro vocês. E obrigada pra quem acompanha mas não deixa um review. HAHAHA Enfim... Boa leitura.



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23. Frank.


-Dois dias. –Suspirou com pesar. –Ele está inconsciente por dois dias. E mesmo que agora esteja aqui, e não em terapia intensiva, continua inconsciente. A doutora nos disse que seria questão de horas para que ele abrisse os olhos. Que estava bem. Mas... –A voz se partiu e o pranto invadiu os olhos claros.

-Ele vai ficar bem. –Recebeu um abraço consolador sentindo as gotas molhar seu ombro.

-Você não entende! –Negou com a cabeça e se separou daqueles braços. –Ele... Não quer acordar...

Ray voltou a abraça-lo. Mikey não parava de soluçar e tremer desesperado. Dois dias de angustia e seu amigo continua embutido sobre uma pequena cada de hospital.

-Ele vai acordar.

Dirigiu seu olhar ao corpo de seu melhor amigo.

-Irá acordar... –Voltou a murmurar dando consolo ao garoto que chorava sobre seu ombro e tentando se convencer.

* * *

Frank Iero estava na lavanderia. Incrivelmente, e deixando de ser uma novidade, não havia ido trabalhar. Não podia.

Se sentia tão ausente do mundo que preferia falar com Bob, e com toda a dor de seu orgulho e amor próprio teve que falar com seu pai para que lhe desse permissão.

E no final concluiu que a conversa com seu pai havia sido menos torturante que com seu companheiro de trabalho, acabando com suas expectativas já que seu pai não perguntou motivos, nem insistiu em dizer que era um idiota e que deveria ir ao hospital para resolver as coisas.

-Resolver o que Bob? –Era uma linda noite. Uma quarta-feira qualquer, em um bar qualquer ao norte da cidade. Bob Bryar mantinha o olhar fixo em seu amigo e o sistema sóbrio e atento a qualquer coisa, pois Frank tinha cinco cervejas e estava apenas começando.

-Como resolver o que? Tem que ir até lá, saber como ele está, e quando acordar lhe dizer que é o mais maravilhoso que havia acontecido em sua estúpida vida, imbecil. Isso o que tem que dizer.

Frank havia desviado o olhar.

-Sei que não é assim, mas, não vale a pena mudar?

-Eu prometi. –Murmurou dando um novo gole em sua cerveja.

-A merda as promessas. –Bob era um cara muito tranquilo e boca solta, por isso ele era tão agradável. Dizia o que pensava sem se importar com a censura ou só para se mostrar educado. Era sincero, direto e um malvado falando. –O que você precisa está em uma cama de hospital porque te viu foder com outro cara.

Frankie abriu os olhos, igual a grandes pratos.

-Não me diga que não havia pensado nessa teoria. –Disse Bob desejando cair sobre as costas de uma cadeira. Frank só continuou bebendo. Talvez o tenha pensado, mas isso ficaria aguardado em sua negra consciência até o tumulo. –Você fez mal pra ele como o bastardo que é. E não o merecia, o mínimo que poderia fazer é ficar ao seu lado neste momento e esperar que acorde! Ou talvez já o tenha feito. Não quer o ver?

-Você tem razão. –Frank Iero segurava com mais força sua cerveja apoiada sobre a pequena mesa circular. –Eu o fiz mal. Sou um bastardo e não mereço nem seu olhar por uns segundos. O melhor é que não volte a aparecer mais em sua vida e ele consiga ser feliz.

-Uma merda! –Bryar pisou com força no chão como um garotinho pequeno e cruzou seus braços com indignação. –A vida não é cheia de oportunidade, por isso tem que se agarrar as que surgem no caminho. Gerard era sua oportunidade, e simplesmente o deixa ir? Não sei se você sabe o que é estar apaixonado, Frank, e o quão horrível é se sentir rejeitado. Isso Gerard sentiu, seu maldito imbecil. –Bob olhou para o locutor. Seus olhos azuis brilhando com fúria enquanto que aquelas orbes amendoados se concentravam no tampo da mesa. –Você tem razão. Ele é demais para você.

E irritado Bob saiu do local.

Frank ainda não descobriu como foi que chegou ao seu apartamento. Uma surpresa maior foi se encontrar só em sua cama. Com um cheiro nojento e uma terrível dor de cabeça.

Agora, olhando sua roupa preta girando dentro da secadora, tudo parece um doce sonho. Seu sorriso, seus olhos e sua voz.

“Ele é demais para você”.

Ele sabia. Desde sempre soube. No instante em que o viu, no momento em que se tornou algo tão fundamental.

-Como culpar Bob por suas cruéis palavras?

Ele não sabia de seu amor frustrado. Da dor nas noites acordado.

Como culpar o amigo-afro ou a mãe de Gerard? Eles não sabiam o quão importante era o vendedor de livros para ele.

Ninguém sabia.

Fechou os olhos desejando que a dor em seu peito se fosse.

Mas não foi, e em troca uma lagrima escorreu travessa através de sua pele.

Como Frank Iero pensava? O que havia em sua cabeça?

Aqui está a resposta.

* * *

>Olá.
-Olá.

Tudo tão comum. Uma simples palavra e um olhar.

Depois de uma sessão de sexo rápido, mas satisfatório, Frank Iero descobriu esse ser que lhe olhava fixamente. Com só virar o rosto seus olhos se abriram mais. Aquilo que brilhava ao seu redor não podia ser a luz celestial que o locutor pensava que era. Mas ainda sim o via iluminando o precioso rosto pálido, os olhos verdes e os lábios finos. Parecia tão inocente que com certeza soube que seria um dos seres mais belos que tivera a oportunidade de conhecer.

>Gerard Way.

Um nome. A essas alturas só era um nome, e no final da noite pouco importaria pois, como todos, terminaram em algum lugar escuro fazendo sexo e se despedindo sem mais. Mas Frank disse seu nome e os olhos verdes brilharam mais que nunca. Os lábios lhe sorriram e logo teve o prazer de escutar seu belo riso.

>Sou um grande... Admirador. Nunca perco um de seus programas, seus poemas são tão bons e, bem, você tem uma voz...

Linda, havia dito depois de Frank insistir para continuar. E algo neste instante mudou. Porque para o locutor sobravam cumprimentos e elogios caíam igual a chuva no frio de outono, mas todos iam de seu lindo traseiro, ao tempo que durava para chegar ao orgasmo.

Seus olhos eram chamativos, uns mais astutos lhe diziam que seu cabelo era lindo. Mas ninguém, para nenhum, importava seu trabalho. Sua voz era seu trabalho.

Talvez por isso suplicou para voltar a vê-lo. Porque Gerard o recusou e como desculpa disse que tinha que ir.

>-E se me atirar no chão e fizer um escândalo, irá ficar?
-Você não o faria.

Frank pode escutar novamente esse adorável riso, pode se perder na forma desses lábios e pode deseja-los com maior intensidade.

Por isso se aproximou dele. Pediu permissão, como nunca tinha feito, pensando que um ser angelical como ele deveria ter barreiras de proteção.

Gerard lhe concedeu o passo e seus lábios sentiram o tremor de uns distantes. O beijo foi delicioso. Seus lábios se reconheceram, seus destes morderam querendo comprovar se o homem em frente a ele era real; e finalmente sua língua se encarregou de dançar passionalmente em um ritmo lento e agradável junto a uma deliciosa língua com saber de uísque.

Quando virou e teve que sair correndo para continuar com o programa em silencio confessava o quão ansioso que estava para que o dia de amanha chegasse logo. Para poder ver seus olhos, se perder nesses lábios e escutar sua voz.

>-Aah... Só... Só o faça devagar. Faz muito tempo que eu não...

Havia entrado em seu apartamento. Havia sentado em seu sofá.

Já havia esperado demais. Toda uma noite desejando e agora, enfim para ele, não pode mais resistir.

Se lançou sobre ele. Beijou sua boca, seu pescoço e seu peito. O dirigiu até seu quarto e a rotina começou. Novamente a adorar um pálido corpo. Novamente beijar e fazer gemer. Sentiu a entrega de Gerard e sua vontade cresceram a medida que escutava seu nome sair dessa boca.

Era como estar a ponto de fazer amor com um virgem. Trata-lo com doçura foi inconsciente. Olhar seus olhos durante o ato foi uma necessidade. Sussurrar seu nome ao terminar e rir em gargalhadas foi a única forma de externar seus sentimentos amontoados no peito.

Uma satisfação sem igual.

Uma dependência recém criada sem notar, como se fosse a primeira vez.

>-Gerard, é hora de você ir.

Era o momento de cair na realidade. Ele seria mais um. Uma vez em sua cama já não havia uma segunda oportunidade. Um momento de êxtase sem igual e um adeus sem mais.

Mas Gerard acordou e o olhava dessa forma terna e apaixonada. O fazendo se sentir temeroso e altivo ao mesmo tempo. Pela primeira vez.

Tentou trata-lo como os demais. Tentou recusa-lo sem se preocupar com ele, mas não podia. Simplesmente era algo mais forte que sua própria filosofia.

Como foi que terminou o levando para seu trabalho? Porque só ele?

O que tinha esse garoto que tanto lhe atraia, era algo que Frank suspeitava, mas preferia se guardar para criar surpresa, ou para poder se enganar, que era o que mais desejava. Quando terminou seu trabalho quase não se lembrava daquele homem de olhos verdes, até que, de joelhos, começou a lhe dar o melhor sexo oral de sua vida.

Olhou o rosto corado, o cabelo revoltado. Era um homem especial, disso não tinha duvidas.

Tão tímido e entregue com apaixonado e leal.

Tão hipnotizante.

Tão viciante...

Se não fosse porque...

>-Quem é?
-Ninguém

O locutor observou o de cabelos negros ensopado de pranto. Certamente se sentia traído, mas que fique interado que Frank Iero não era de ninguém, nem podia ter contratos de exclusividade. Frank Iero tinha regras e já havia quebrado uma ao ter sexo com ele duas vezes seguidas. Precisava de carne fresca, precisava ser ele de novo.

E ao ver a cara triste, ao invés de sentir pena, sentiu satisfação. Porque tinha razão Gerard o queria, e isso significava ter poder sobre ele.

O poder... O melhor depois do dinheiro e do sexo gay.

Frank Iero tinha poder sobre Gerard Way, e isso parecia incrivelmente bom.

>-Pare de dizer esse nome. Ficarei com ciúmes.

E não se conformava com saber que era dono desse poder. Tinha que ir declara-lo.

Tinha que lhe dar asas para deixa-lo cair novamente. Tinha que chegar e perguntar se estava apaixonado por ele, já sabendo a resposta.

Tinha que atuar.

Tinha que ver essa cara de tristeza.

Adorável. Ver esse rosto ao explicar sua filosofia era extremamente adorável.

As bochechas estavam vermelhas, os olhos muito abertos e a respiração se agitava.

“Eu não acredito no amor”. Havia dito e perfeitamente escutou algo se quebrar.

Sorriu internamente. Quão bem se sentia.

Que magnífica era a vingança a distancia.

>-Quero estar contigo Vlad, não importa nada

Vlad?

Como era possível que depois dessa humilhação tivesse a valentia de voltar?

Algo se acendeu. Maldito Gerard! Porque tinha que ser especial?

Porque tinha que mandar seu plano para a merda?

Porque não podia recusa-lo?

Porque no mesmo instante em que seus lábios tocaram os dele a chama da luxuria se ascendeu e seu corpo vibrava ansioso para que pudesse apaga-la. E pouco lhe importou se  vingava pelo que uma vez fizeram a ele; muito menos lhe importou porque o havia chamado de Vlad.

Gerard era diferente. Era um maldito teimoso e ele realmente gostava dele.

Gostava de seu corpo, seu olhar e sua forma de ser.

“Realmente gosto”. Murmurou acreditando que estivesse dormindo, mas não estava, porque quando ele fechou os olhos escutou quando Gerard lhe declarou aquele tortuoso par de palavras. “Te amo”.

>-Vem, quero te levar a um lugar.

Porque o levou? Frank desconhece, ou havia tentado esquecer. Talvez no momento poderia ter justificado dizendo que desejava que Gerard aprendesse. Porque era uma criatura linda, mas inexperiente. Inexperiente demais talvez, e nesse passo seria mais um desses homossexuais casados e com dois filhos.

O qual não estava contemplando como “correto” no sistema de vida de Frank Iero. Gerard precisava sair, conhecer gente, e ter sexo com outros homens.

Mas não estava planejando que sentisse aquela pontada no peito quando o viu sair com o loiro do lugar. Era de se supor que estava para aprender, mas, no lugar de se sentir feliz com seu aluno por seu rápido aprendizado, só queria afastar o homem de seu Gerard.

Iero se permitiu um momento para refletir e se retratar.

Neste mundo somos muitos, que pecado seria privar o mundo a algum. Todos são de todos.

Sorriu então satisfeito com sua reflexão, e se recordando noite após noite quando o via sair com outros caras. Assentia com orgulho.

Seu aluno...

‘E novamente a palavra SEU’... “Você me transtorna Gerard”

>-Bem-vindo a minha vida, Gerard...

Havia escutado novamente o “te amo”.

Haviam sido um naquele lugar. Havia gemido seu nome e ele havia gritado o seu ao chegar o clímax.

“Bem-vindo”.

Porque agora não se irritava ouvir essa torturante frase.

Porque gostava de ver seus olhos e escutar seu riso.

Porque sentia falta de seu corpo sob o chão gemendo de prazer. Porque ninguém merecia estar em sua vida, só ele.

Gerard era especial. Era único, e apesar das cócegas, o desejo ou os ciúmes, se sentia bem ao seu lado. Sem mascaras.

Livre e feliz.

Inesperada sensação que sentia falta.

Mas quão difícil é aceitá-lo, até com um mesmo...

A partir do bem-vindo os pensamentos mudaram, as duvidas se ampliaram e as recordações voltaram.

O medo de ser machucado e voltar ao passado em sua forma de ser lhe aterrorizavam. Se encontrava confuso e sem se reconhecer.

Porque, a final, quem era ele?

Como deveria se comportar?

Medo, você nunca foi um bom conselheiro...


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Notas finais do capítulo

O de amanha é o Frank contando os fatos ainda, ok? *-*
Não morram de ansiedade! ♥33