F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 22
22. Dormir.


Notas iniciais do capítulo

Meu teclado tava de cu ontem, não que hoje ele tenha melhorado, mas, enfim...
Um ~~passarinho~~ me contou que temos 18 pessoas acompanhando a fic, que tal deixar um review falando sobre a fic? Ahn? Deixariam a tradutora aqui, e a autora com certeza, feliz.
Por falar em autora... A Ani, autora de Strangers e Safe in New York City leu os reviews de quem deixou nas fics dela! Ela realmente amou cada um deles e agradeceu por todo o carinho.
Querem falar com ela? Corram para www.twitter.com/#!/Laura_Ani
Ou no tumblr http://tellmeliesaboutmcr.tumblr.com/
Ela amaria receber elogios, certamente, ok? *-*
E, Hm, ela merece. Vamos ao post?



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22. Dormir.

“Nunca te farei mal”

E de que isso importa se você, Frank Iero, já fez mal por nós dois?

-Não feche os olhos, por favor.

“Eles estavam abertos? Isso que me queima será só a luz vinda das lâmpadas?”

-Vamos, não durma.

Mas não é sua voz. E essa voz não pode me dar ordens.

-Gerard...

Não mais. Já não mais.

Por favor.

* * *

Donna Lee poderia se descrever como uma mulher calma e analítica, reconhecida por sua mente fria nas horas de decisões e sua postura correta perante as adversidades. Se divorciou quando seus filhos eram muito pequenos e, como a melhor das guerreiras, lutou incansavelmente contra cada uma das barreiras que a vida impunha.

Sua vida havia sido de diferentes tons de cores.

Rosa quando se casou por amor. Preto quando escutava sue marido a  chamar com desprezo. Branco quando seu primogênito chegou ao mundo e cinza quando soube de sua doença.

Hoje seu dia se tornou vermelho quando escutou a voz de uma desconhecida lhe falar sobre seu filho, e ainda que não tenha dado muitas explicações sua mente só reagiu quando a mulher pronunciou duas terríveis palavras na mesma oração: Gerard e hospital.

E agora estava ali, no Hospital Geral, procurando a área de urgências e qualquer mulher que respondesse pelo nome de Elizabeth, o qual gritava loucamente.

-Donna!

A senhor Lee pode observar uma mulher no final do corredor. Usava um pijama cinza e uma bata azul. O cabelo loiro feito em um coque que pouco a pouco se desfazia, e o rosto preocupado demais para se tratar de uma simples desconhecida.

-Como ele está? –Pronunciou ao estar frente a frente, de mãos dadas com a desconhecida.

-Não sei. Não vieram informar.

Donna assentiu com a cabeça e se dispôs a sorri para a mulher. Neste ponto, como cada vez que algum conhecido se encontra nas mãos de um desses médicos, não há nada mais o que fazer do que permanecer sentado e guardar a fé.

“Elizabeth havia saído para dar um passeio. Inquieta pelos fantasmas do passado e as recordações de seu marido. Era sexta uma noite em que não podia dormir, então sua rotina estava estabelecida em dar um passeio por seu andar, e depois descer até a entrada para saudar Joseph, o porteiro, mas hoje a rotina muda, e a pressão em seu peito aumenta. O mau pressentimento se confirma quando observa Joseph ao lado de um corpo estendido sobre o chão e impregnado de sangue.

-Uma ambulância! –Exclama Elizabeth apertando mais o nó de seu robe.

O jovem porteiro nervoso assente com a cabeça e entra na cabine de vigilância para fazer a chamada.

Ainda que esteja de costas Elizabeth sabe quem é. Logo se ajoelha em um lado e acaricia o cabelo escuro.

-Você ficará bem querido... –Uma lagrima escorre por sua bochecha esquerda e é seguida por mais algumas.

-Senhora, a ambulância já vem.

-Informe a Frank Iero... –Menciona sem deixar de acariciar o suave cabelo.

Enquanto ia na ambulância um dos paramédicos tirou do bolso da calça um celular, dentro da jaqueta uma rosa quase sem pétalas, já que estas estavam espalhadas sobre o chão e as roupas ensopadas.

Rapidamente a mulher discou o numero com o nome: Mamãe, e pacientemente esperou para anunciar a quem atendia que Gerard Way havia tido um acidente e o levariam para o hospital.”

Agora, sentada ao lado da mulher, pedia silenciosamente ajuda por quem havia entrado sobre uma maca na área de urgências.

-O ajude Ted...

Donna virou o rosto e lhe olhou com confusão.

-É meu marido. –Explicou Elizabeth. –Morreu, e espero que ele possa ajudar Gerard. –Suspirou descendo o olhar. –É um garoto admirável e talentoso.

-Como conheceu meu filho?

Elizabeth sorriu ternamente sem deixar de observar o branco chão do hospital.

-Ele me ajudou com minhas compras, e por causa disso se cortou na mão. –A respiração de Donna se cortou neste momento, sem que pudesse evitar. –Ofereci meu apartamento para ajuda-lo, mas a ferida não parava de sangrar. –Elizabeth enfrentou o olhar cristalino da mãe de Gerard e sorrio. –Tive que lhe injetar fator anti-hemofílico.

-Ele te contou? Gerard lhe disse que...

-Que tinha hemofilia? –Donna assentiu com a cabeça. –Disse...

Houve um longo silencio. Tão longo como o tempo que tinham que esperar para receber uma noticia.

A história foi relaxante para Donna. Saber que seu filho havia tido confiança na loira lhe fazia acreditar que era parte importante na vida de Gerard.

Elizabeth, por sua vez, dava constantes olhadas na mãe do artista observando as semelhanças físicas entre ambos. Poucas. Determinou depois de muita analise. O hospital estava habitado, mas em silencio, então foi impossível ignorar os pesados passos que corriam. Virou o rosto ao mesmo tempo que Donna e internamente sorriu com alivio ao vê-lo ali.

Mas para a mãe de Gerard não foi um alivio, já que ao tê-lo em frente a ela não pode evitar lançar sua mão com força contra a rosada bochecha que se agitava pelo esforço.

-Como se atreve a vir aqui?!

Os olhos dos habitantes do corredor se pousaram na mulher e o no garoto que continuava segurando sua bochecha com uma mão e lançando um olhar preocupado.

-Só quero saber como ele está... –Murmurou com  pena, como se a voz fosse lhe partir.

Elizabeth, que olhava a cena reservadamente, colocou a mãe sobre o ombro da mulher enraivada.

-Deixe que ele fique...

-Ele cão tem o direito de estar aqui!

-Você está fazendo um escândalo. –Sorriu carinhosamente. –Deixe que fique. É amigo de Gerard.

Donna bufou e cruzando os braços foi até uma das incomodas cadeiras se sentar novamente. Amigos? Sim, claro!

Já dizia ela que Gerard não podia ser tão aberto com alguém...

Se esquecendo do maldito ser que tinha acabado de chegar pensou que seria uma boa ideia informar a Mikey, ainda que fosse tarde sabia que se não fizesse a reação de seu filho seria perigosa. O celular e a rosa murcha estavam dentro de seu bolso preto.

-Joseph te avisou? –Perguntou Elizabeth tão amável como sempre, ainda de pé em frente ao locutor afastados seguramente de Donna.

Frank assentiu com a cabeça, havia captado a pergunta mas sua mente se distraia na recordação de outro momento.

“Seu amante da vez se chamava Ângelo. Ou isso se lembrava.

Sua memória era muito pouca depois de uma garrafa de rum e algumas cervejas, só se lembrava que desejou Ângelo, e tinha que leva-lo para a cama, fazer sexo agressivamente e magnífico e voltar a trabalhar. Tinha que fazer, afinal de contas, era Frank Iero...

Mas quando terminaram levantou o rosto e viu olhos escuros o olhando. Um cabelo loiro e um corpo moreno. E sentiu algo em seu peito. Uma dos indescritível.

Não ardia nem coçava. Não rangia nem picava, era como se lhe faltasse algo...

-Gerard. –Murmurou ao ar sem poder evitar.

O homem em sua cama lhe olhou quase com raiva, e estava a ponto de reclamar, mas batidas constantes contra sua porta lhe interrompera. Frank começava a pensar que definitivamente teria que colocar um letreiro fosforescente com a frase “A campainha está aqui”. Jogou fora a camisinha e colocou os primeiros jeans que encontrou no chão. Começava a arrumar o cabelo, mas estava certo de que seu cheiro de sexo certamente não ia passar despercebido.

Definitivamente se Gerard estivesse lá fora se sentiria um pouco incomodado. Mas não era Gerard, era Joseph, e nervoso o porteiro apenas conseguia falar.

-Fique calmo, não te entendo!

-Em... Seu... Em... Gerard Way teve um acidente, caiu das escadas e acabaram de leva-lo ao hospital.

Frank sentiu um balde de água gelada molhar seu semi nu corpo. Sem fechar a porta voltou para o quarto mudando de roupa, colocou uma roupa intima limpa um casaco com pressa.

-Fique ou vá, não me importa, mas feche a porta.

Ângelo lhe olhou confuso da cama.

-Fique! –Pediu mostrando sua melhora cara e deixando a vista seu corpo nu.

Mas o locutor não lhe olhou. Pegou as chaves, o celular e de pressa usou o elevador que não havia voltado a utilizar a muito tempo.

“Que esteja bem. Por favor, que esteja bem”.

E era uma picada. Uma dor insuportável lhe cortando a respiração.

“Que esteja bem...”

E continua passando os minutos. Enfermeiras continuam passando e homens com jalecos corriam pelo corredor. Homens e mulheres igualmente angustiados, e o tempo continuava passando.

Porque não saiam? Porque não lhes davam nem uma maldita palavra?

Donna coeçou a chorar pela impotência, ao seu lado Elizabeth tentava anima-la, colocando sua mão sobre o ombro da mulher triste.

Frank continuava em pé, a alguns bons passos distantes das mulheres.

Uma porta se abriu, e uma nova esperança quebrada quando o homem com jaleco perguntou pelos familiares de uma tal de Georgina Bloom.

Donna voltou a se afundar em seu assento e Elizabeth apagou o olhar brilhante.

-Mãe! –A loira encarregada da restauração de importantes obras observou um garoto de olhar claro, tosto fino e cabelo marrom escuro correr até onde eles estavam. Donna havia se posto de pé para recebê-lo com um abraço, contudo atrás daquele garoto chegava outro com cabelo armado e o rosto agoniado. Beijou a bochecha de Donna algum tempo depois.

-Como ele está?

-Não sei. –Donna acariciou a bochecha do garoto com carinho. –Mas ficará bem, querido. Seu irmão ficará bem.

Mikey assentiu e desviou um pouco o olhar. Viu Frankie retraído, encostado contra a parede branca e de olhar perdido. Com cuidado fui até ele.

Colocou uma mão sobre o ombro do locutor, o fazendo saltar de surpresa. Um simples olhar, um choque elétrico e palavras transmitidas a disposição do ouvinte.

Mikey queria escutar “Me desculpe”. Enquanto Frank só desejava saber que Gerard ficaria bem.

Um ser branco que abre passo entre as pessoas.

-Familiares de Gerard Way. –Pronuncia a cada passo. Até chegar ao final do corredor pode escutar uma resposta.

-Sou seu irmão. –Responde o garoto segurando a mão de sua mãe. –Como ele está doutora?

Uma mulher de cabelos castanho e cacheados lhes olha com seriedade.

-O senhor Way perdeu muito sangue, graças a um traumatismo craniano, e também houve mais algumas hemorragias nas articulações e isso, com sua doença, é muito perigoso.

-Que doença? –A voz de Frank sobressaiu da escuridão, atrás de Ray.

-O senhor Way tinha hemofilia. –a mulher olhou diretamente para o locutor. Donna começou a chorar com mais força. –Mas esperamos estabilizar. Ele se encontra em terapia intensiva.

-Esperam? –Perguntou Ray chateado.

-Esperamos, porque tudo dependerá do senhor Way de agora em diante. –Suspirou. –Sou positiva, sempre, se passar a noite o terá em casa muito logo.

Mas isso não servia de consolo. Nem sequer era um consolo muito ruim. Era nada.

Todos abaixaram a cabeça sincronizados.

-Podemos vê-lo? –Interrogou Mikey com esperança.

-Ele está em terapia intensiva, está negado o passo a qualquer pessoa longe do pessoal do hospital.

-Por favor. –Pediu Donna com olhos vermelhos e suplicantes. –Só queremos vê-lo uns instantes doutora...

-Beckham. –Disse a mulher estendendo o braço para a agoniada mulher que lhe retribuiu surpresa. –Doutora Beckham, como o jogador. –Sorriu. –Verei o que posso fazer por vocês.

A mulher virou e o jaleco se agitou quando aumentou o passo voltando pelo corredor.

Donna desmoronou nos braços de seu filho.

-Porque nunca me disse que tinha hemofilia? –Falou Ray chateado. –Porque não me disse?!

-Meu irmão está morrendo! –A voz de Michael quebrou. –Não... Não faça perguntas estúpidas agora...

A tensão era sentida no ar. Um belo coro de suaves soluços e uma linda dança de lagrimas.

Frankie se afastou do quadro se deixando cair sobre a incomoda cadeira azul. Observou uma bolsa escura ao seu lado, e sobressaindo desta uma rosa murcha.

-Minha rosa... –Murmurou a pegando sem consentimento.

-Ele te deu? –Ray havia virado quando tinha escutado passos atrás dele. Frank simplesmente lhe olhou. –Lhe disse que a entregasse para quem o amasse e o fizesse feliz. –Ray lhe arrancou a flor quase sem pétalas. –Não sei porque te deu...

“Nem eu...”

-Só quero que ele fique bem. –Sussurra. Em um sussurro tão apagado que nem ele mesmo é capaz de se escutar.

-Elizabeth, eu lhe agradeço tudo o que fez por meu filho, mas é melhor você ir...

A loira mulher assentiu de boa vontade com um sorriso.

-Mas lhe deixarei meu telefone e espero que me ligue para qualquer coisa, está bem?

Donna assentiu e em pouco tempo estava explicando para Mikey e Ray quem era a mulher que acabara de partir.

-Acredito que você também deve ir. –A mãe de Gerard voltou a falar, mas sem ser educada, como havia sido com Elizabeth.

Frank levantou a cabeça e observou as três figuras paradas em frente a ele.

-Eu sei que talvez vocês acreditem que não me importo. –Suspirou. –Mas quero ficar com ele...

-Para que?! –Gritou a mulher furiosa. –Para continuar arruinando sua vida?!

-Eu...

-Não acredita que já fez o bastante? –O olhou com olhos chorosos.

-Mamãe... –Tentou segura-la por um ombro, mas a mulher se separou se aproximando mais de Frank. Se sentou ao seu lado.

-Me deixa Mikey. Me deixa dizer que desde que chegou a vida de Gerard ele descuida de seu tratamento, que graças a ele Gerard estava triste, chorando sempre... Me deixa dizer o quanto arruinou a vida de seu irmão...

-Senhora...

-Não te parece que já fez mal demais?! Não acredita que meu filho merece descansar de você e de seus jogos?

Frank abaixou a cabeça tristemente.

-Meu filho é uma boa pessoa, e não é sua culpa ter se apaixonado por você... Não o faça sofrer mais. Já é suficiente...

A mão da mulher pousou sobre a cabeça de Frank. Sorriu com ternura, como só uma mãe preocupada por seu filho poderia fazer.

-Eu consegui que um entre. Só um.

A doutora Beckham chegava com um jaleco jogado sobre seu braço esquerdo. Os homens que estavam de pé olharam para Donna, que ainda mantinha sua mão sobre o cabelo bagunçado do locutor.

-Me deixe vê-lo. –Pediu com a voz pausada e olhando-o nos olhos. –Só me deixe vê-lo por uma ultima vez. Prometo que não volto a procura-lo, nunca. Só me deixe vê-lo.

Donna assentiu com a cabeça.

-Então me acompanhe. –A doutora lhe estendeu o jaleco e fez com que o colocasse.

Passaram por corredores e portas até chegarem em um quarto sem as cortinhas atrapalhando a visão.

-Tome seu tempo, mas não se exceda, pode ser que te perguntem dados. Eu estarei próxima para qualquer coisa.

Frank assentiu. Colocou a mão sobre o vidro e o viu.

Tão tranquilo. Tão inocente.

Tão frágil.

Quanto mal lhe fez. Quão errado estava.

Tantas ocasiões em que lhe fez mal físico. Tantos momentos de ciúmes e egoísmo.

Tanto ser Frank Iero...

Quem te disse que eu
Era o sonho que você sonhou uma vez.

Agora se sentia culpado e, pela primeira vez, arrependido.

Sua mão desliza pelo vidro ao vê-lo tão pálido como as mantas brancas.

-É o melhor...

Mas se sentia triste.

-Uma pessoa tão maravilhosa, tão especial como você não pode estar com algo como eu.

Quem diria que você
Viraria meu futuro do avesso.

“É o melhor”. Continuou repetindo em sua mente. Se autoconvencendo que a partir de agora não veria mais esse rosto tranquilo ao acordar. E isso não deveria ser tão ruim em seu antigo sistema.

-É o melhor.

Frase dita ao mesmo tempo em dois lugares diferente.

Frank a disse antes de virar e avançar depressa deixando cair uma solitária lagrima.

Donna lhe disse enquanto via os restos da rosa murcha...

Não resta mais do que aprender a viver só(*)


(*)Minutos - Ricardo Arjona


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Notas finais do capítulo

Vamos... Por favor. Parem de ser más com o Frankie... Não sejam como a Líís que adorou saber que ele ta sofrendo ):
Até amanha. E, ah, os posts de amanha e depois serão narrados pelo ponto de vista d Frankie! SIM! *0*