F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 19
19. Amar.


Notas iniciais do capítulo

Não tenho o que falar ):
Tô meio triste e, enfim... Fiquem com diabetes com esse capitulo lindo de morrer.



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19. Amar.


Acordo sentindo um peso em todo o corpo, assim como um frio horrível fazendo vibrar cada parte do meu ser desnudo.  Contudo poderia atribuir o frio a este fato e o peso ao cansaço por nossa agitada noite.

Pisco varias vezes e tento arrumar meus sentidos perdidos. Logo escuto a água cair e viro o corpo para descobrir seu lugar vazio na enorme cama. Enorme sim, porque quando ele não está tudo parece gigante e eterno. Enorme cama que agora é minha cama também, e com esta afirmação rondando minha mente não posso evitar sorrir.

Depois de alguns minutos o vejo sair do banheiro com o peito escorrendo pequenas gotas e uma toalha escura sobre a cintura. Seu cabelo escuro brilha e seu olhar se encontra com o meu, que ainda permanece adormecido.

-Bom dia. –Digo com minha voz um pouco rouca.

-Olá. –Sorriu. –Levanta.

-Por quê? –Me queixei afundando meu rosto contra o travesseiro. –Não quero.

-Acredito que você deveria avisar sua mãe que irá morar comigo.

“Morar comigo”.

Que frase tão doce e significativa.

Meu rosto se levantou e sorri com a palavra “felicidade” gravada em minha testa.

Frank se aproximou da borda da cama descendo o rosto até estar de frente para mim. Cada beijo era um jogo de sedução e um teste para a paciência. Seus olhos me olham com desejo, mas seus lábios se continham em provar o sabor dos meus. Quando por fim se atreveu a se apossar contra meus lábios, fazendo uma ligeira pressão, meu rosto se separou do seu pois havia tinha cócegas em meu nariz e agora me estava a espirar. Três vezes e fazendo um escandaloso som, terminei com os olhos chorosos e escorrimento nasal.

Frankie riu e beijou meu rosto.

-Vamos, vista-se.

Assenti e em poucos minutos estava na Mercedes preta, me dirigindo até a casa de minha mãe. A cabeça doía um pouco e sofria de calafrios constantes. Talvez pela emoção. Eram as oito da manha de domingo, e na verdade estava surpreso pelo fato de ver meu locutor acordado e ativo nesse horário.

Ao chegar em frente a casa de minha mãe olhei para meu locutor com pena, afinal de contas Donna havia deixado claro que Frank não é sua pessoa favorita.

-Me acompanha? –Pergunto com inocência.

Frankie assente com a cabeça e sai do carro. Eu fico alguns segundos mais refletindo sobre a possível reação de minha mãe, e em mil possíveis respostas, mas a porta abriu e um risonho Frank se inclinou sobre mim.

-Queria que eu abrisse a porta para você, princesa?

Não respondo, simplesmente saio para sentir a brisa fria.

Só bastam duas batidas sobre a porta de madeira para poder observar o rosto de minha mãe. Seu sorriso desaparece ao ver atrás de mim Frank.

-Olá. –Disse me abraçando. –Onde você estava Gerard? Estava muito preocupada.

-Mãe, precisamos conversar. –Respondo sentindo a falta de ar.

Donna se afasta e antes que possa me perguntar algo seguro a mão de Frank.

-Donna, ele é Frank, Frank ela é minha mãe.

-Muito prazer senhora. –Sua mão direita solta a minha para se oferecer a minha mãe. –Frank Iero. –Sorri, mas o gesto não é correspondido, nem o sorriso, nem o aperto de mão, então meu locutor desce tanto o olhar quanto o braço.

-O que aconteceu? –Pergunto chateado.

-Não, o que aconteceu com você Gerard Way?! Como se atreve chegar... Com ele? –Olha para Frank com desprezo e sinto algo em meu interior arder.

-Só vim te avisar que vou morar com Frank. –Reúno tranquilidade de algum lugar desconhecido.

-Mas, Gerard... Pense em coisas mais importantes. Já foi ao hospital? Já falou com seu irmão? Já...?

-Nos vemos depois. –Beijo sua bochecha e viro procurando a mão de meu amado Frank, mas este me nega. Logo escuto um som semelhante a um choque e descubro a bochecha vermelha de Frank e a mão levantada de minha mãe. –Donna!

-Não o faça chorar. –E fecha a porta.

-Frank...

-Cada vez que conhecer algum dos seus amigos terei que apanhar? –Pergunta segurando a bochecha machucada.

-Me desculpe. Nunca pensei que reagiria dessa forma.

-Ninguém quer que você fique comigo.

-Ficarei com você. –Asseguro unindo minha testa contra a sua. –Não me importa o que os outros digam.

-Se afastar não é certo. Você tem muita sorte de ter uma mãe que te ame tanto.

Sorrio e o faço calar com um beijo. Não me importa a sorte que possa ter ao ser filho de uma mulher como Donna. Minha mãe continua me tratando como o “garoto especial” e já não seis e posso suportar, mas ainda não sei se posso continuar perdoando-o.

Meus braços cobrem suas costas tentando o grudar mais contra mim enquanto os braços de Frank se enroscam sobre meus ombros acariciando meu cabelo enquanto nos fundimos em um sufocante e úmido beijo.

-Gerard!! –E essa havia sido minha mãe gritando da janela.

-Vamos embora daqui. –Sussurra e eu assinto sentindo um ultimo beijo sobre meu nariz.

De mãos dadas saímos desse lugar que sempre me deu boas-vindas.

Era tempo de virar a pagina.

Tempo de me soltar desses fios e começar meu próprio movimento.

Muito tarde. O tempo havia passado. Muito tarde me solto, mas o importante é que o foi feito.

Não se prende a nada nem a ninguém. Pense que tudo é relativo, que tudo é passageiro e acabará.(*)

Não posso. Ao menos não com ele.

Não é relativo. É real.

Me prender a ele é inconsciente, assim como inocente é adora-lo e ama-lo até a loucura.

Me prendo a Frank, ao seu sorriso, a este amor que me dá razão para viver.

Só preciso de uma coisa, porque é agora a única coisa que possuo, então pegamos um caminho até a livraria que não havia sido aberta e me decido por não fazê-lo. Ao chegar lhe peço que espere e depressa pego minha companheira murcha, a qual perdeu sua frieza.

-É a única coisa que me sobra, não queria te perder. –Confesso falando só. E é verdade. Queria cumprir com o desejo de Ray, mas ao mesmo tempo desejo ter minha fiel companheira ao meu lado.

Voltando a Mercedes o olhar de meu acompanhante se coloca com rapidez sobre a murcha flor entre minhas mãos.

-É a única coisa que tenho. –Falo a olhando com carinho.

-Isso não é verdade. –Me deu com doçura um beijo na bochecha, me fazendo corar.

E descobri que estando perto de ti
Também se pode sonhar acordado.

A tarde foi maravilhosa ao seu lado. Comprovei sua obsessão com as lojas e as compras exageradas, pois me cobriu com presentes consistente e monte de roupas e sapatos, mas o que passou todas as barreiras foi aquele aparelho preto que comprou no final.

-Para que estejamos em contato. –Sorriu. –Não penso em voltar a sentir isso quando você não chegar. –Explicou quando eu insisti pela décima vez naquela tarde que não gastasse mais comigo. –Eu quero fazer. E não me custa nada.

Com paixão segurou meu rosto em suas mãos e com sutileza que contrastava, beijou meus lábios em frente a caixa.

Depois disso fomos comer hambúrgueres, onde estávamos brincando com as batatas fritas e talvez causando algum trauma psicológico aos garotos que brincavam naqueles brinquedos de plásticos já que nos beijávamos sem pudor algum.

-Porcos! Não veem que há crianças aqui? –Chegou em frente a nós dois uma mulher de meia idade fazendo com que nossa briga de línguas fosse interrompida antes de declarar um ganhador.

Nossas mãos permaneciam entrelaçadas sobre a mesa.

-Uma mesa mais em frente há outro casal que está se beijando, já falou com eles? –Perguntou Frankie com a voz mais sarcástica e o meio sorriso que me faz enlouquecer, em muitos sentidos.

-Mas vocês são dois homens! É imoral.

Dois pequenos garotos nos olhavam impressionados ao lado da mulher.

-Se quiser fazê-lo. –Falou se referindo ao mais alto. Um garoto entre seis ou oito anos de cabelo escuro e olhos cor de mel. –Faça-o. É bom. –Sorriu e continuou a atacar novamente minha boca. Me deixei levar por sua paixão e o modo de fazer aquela cidadã se irritar.

-Vamos Eric!

A mulher segurou seu filho pelo braço e a passos decididos saiu do local.

Frank começou a rir e confirmei minha adoração por esse celestial som.

-Acabou de arruinar a infância de um garoto. –Disse sustentando minha cabeça com uma mão.

-Eu sei.

Que sem falar também posso dizer
Tantas palavras com o silencio.

Voltamos ao aparamento. Comecei a arrumar minhas roupas novas e Frank aproveitou para se desfazer de um monte de roupa que já não gostava e/ou usava. Minha amada rosa foi colocada dentro do congelados com um olhar de desprezo de Frank como cortesia.

-Trate-a bem. –Insistia ao vê-lo pegar minha delicada rosa sem cuidado algum.

-Sim, claro. –Respondeu aborrecido. –Só porque seu amigo afro te deu...

Tentei explicar, mas um novo ataque de espirros me atacou. Mais lagrimas saindo de meus olhos e mais escorrimento nasal, alem desse sentimento de peso e a dor nos joelhos...

Me deixei cair sobre o sofá fechando os olhos.

-Gerard? –Não posso responder. Me sinto tão... Cansado...

Sua mão pousa sobre minha testa.

-Você está ardendo...

-Nota-se muito? –Pergunto com a voz suave tocando o meio de minhas pernas sobre a calça e sorrindo um pouco.

-Idiota. Você está com febre. –Abro os olhos para ver seu rosto me dando um beijo na bochecha. –Vem, vamos para a cama.

Me segurou pela mão e com carinho me conduziu até o quarto. Me deixei cair sobre o colchão e logo senti a frieza em meus pés quando tirou os sapatos.

-Tenho que falar com o médico... –Disse tocando minha testa com suas suaves mãos.

-Não. –O olho suplicante. –Certamente é só um resfriado, já vai passar...

-Você está com febre... Gerard, não seja teimoso agora.

Sorri.

-Só um antibiótico e estarei melhor.

Me olhou com esse sorriso sincero e puro para depois me beijar na ponta do nariz e se afastar um instante de mim. Quando voltou em sua mão direita carregava um copo com água e na outra uma cartela com comprimidos amarelos.

-Não é bom se automedicar. –Me disse oferecendo o que carregava em mãos. –Mas você quis assim.

-Sim, minha inteira responsabilidade.

-Durma um pouco. 

-Não quero dormir. –Me deitei de lado abraçando mais o travesseiro em baixo de minha cabeça.

-Tenho que ir trabalhar. –Se inclinou para se colocar em frente a mim. Frankie sorriu com ternura e começou a acariciar meu cabelo.

-Mas promete que não irá até que eu durma. –Mas sei que não demorará muito, porque meus olhos começam a pesar.

-Te prometo. Agora vamos conversar um pouco, sim?

-Sim...

-Eu gosto de musica e adoro tocar guitarra.

-Algum dia vai tocar pra mim? –Pergunto com um pouco de alegria por meu cansado estado.

-Algum dia. –Responde e começa a acariciar minhas bochechas. –O que me conta de você?

-Adoro desenhar, e houve um tempo em que quis ser artista. Mas só sou uma droga. –sorriu. Zombo de mim mesmo e minhas aventuras, que ao longo da vida haviam sido muitas.

-Não é. –Me olha. –Algum dia irá me desenhar?

-Sempre o faço. –Confesso sob os efeitos do comprimido e da febre. –Você é minha inspiração. –Sorriu.

Seu rosto se aproxima do meu e seus lábios pressionam os meus em um casto beijo.

-Durma Gee. Eu estarei aqui.

-Não vá até que eu durma. –Seguro seu suéter preto com pouca força.

-Não farei. Te prometi.

-Te amo Frank...

Meus olhos se fecham e minha mão cai.

Tenho sono, estou cansado e só quero dormir para sonhar com esse doce olhar e essas mãos abraçando minhas costas.

Caio nesse maravilhoso mundo dos sonhos, repetindo a frase que nasce inconscientemente cada vez que o vejo.

“Te amo, te amo, te amo”...

Uma brisa fresca cobre meu rosto. Envolto em uma comodidade embriagante parece muito difícil abrir os olhos, mas é preciso que o faça, porque minha testa está molhada, mas meu corpo sente um calor que me parece conhecido.

Abro pouco a pouco os olhos. Através da janela se pode ver algumas luzes da cidade, já que as cortinas nãos foram fechadas.

Minha mão se move pesadamente até minha testa onde nasce a fresca sensação de paz. Resultado de um pano úmido.

Tento me mover mas estou preso entre umas pernas fortes e um abraço protetor e posso reconhecer o calor como o corpo de meu amado locutor.

Ele ficou comigo, cuidando de mim.

Novamente deixou Romance a meia noite para estar ao meu lado.

Sorrio.

Ai amor meu, nunca acreditei
Que para sentir-se no céu não é preciso morrer
Ai amor meu, nunca acreditei
Que sem perder a cabeça estaria tão louco por você (**)

“Que feliz você me faz meu amor, porque me sinto correspondido.

Talvez não da forma que espero, talvez não com a mesma intensidade, mas me ama e isso é o que importa, porque, ainda que sua boca não diga, suas ações falam por si só.”

Tiro o pano de minha testa e me viro para estar nariz contra nariz.

Que remédio se compara com o poder de seus braços?

Que droga me fará sentir melhor que agora porque sei que me ama?

-Te amo tanto, Frank...

“Talvez, minha amada rosa murcha, Talvez seja tempo de te dizer adeus.
Talvez eu tenha encontrado seu legitimo dono.”

E apesar de tudo. Apesar de sentir esse calor asfixiante...

A sombra da hemofilia me persegue sem poder esquecê-la nem um instante.

“Tão frágil, tão especial...”

Algum dia poderei conhecer a plenitude verdadeira?

(*) Fragmento de um pensamento do qual não me lembro do título, nem o autor.
(**)Qué Bendición - Raúl Ornelas


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Notas finais do capítulo

Vamos, parem de odiar o Frankie, ele foi muito fofo, ok? çç
Até amanha gente! *pensa em voltar pra cama*