F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 18
18. Sucesso.


Notas iniciais do capítulo

Olha! O segundo! há! *-*
Obrigada pra quem apareceu. O post de amanha vai ser mais tarde, sim?
Umas 7 ou 6. Vou fazer exame e tal, ai vou pro curso e todo esse blá blá blá.
Sério. Eu queria MUITO postar esse daqui e o de amanha logo. São lindos, vocês merecem esses capitulos lindos, sim? *-*



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18. Sucesso.


Sexta-feira, 3 de abril de 2009. 9:37 PM.


Angustiantes momentos passaram os residentes de um prédio residencial localizado na avenida... Quando já caia a noite ocorreu uma explosão que alarmou os ocupantes da construção, pouco tempo depois a energia foi cortada confundindo o fenômeno com... Ocorreu então o incêndio... Segundos as autoridades o acidente foi provocado, então já se investiga o caso... Deixou vários feridos, mas felizmente nenhuma perca de vida por parte dos ocupantes ou das autoridades...

Leio alguns trechos da noticia. Saltando as partes chatas em que os repórteres querem aparecer usando vocábulos complicados e enfeitando ou exagerando os fatos.

O fato se resume que alguém havia incendiado meu prédio, e agora a única coisa que possuo é a estúpida e murchinha rosa sobre o balcão, assim como meu caderno de desenho, e este pedaço de carbono que mancha meus dedos.

Em segundos tudo se consumiu pelo fogo. Minha vida mudou em segundos e ainda continuo sem poder superar.

Cheguei cedo à livraria procurando relaxar, mas desde que me sentei sobre a incomoda cadeira de madeira só tinha desenhado. Traçando rostos desfigurados e objetos sem sentido. E continuo em meu transe até que chega o primeiro cliente as nove da manha. Depois do homem de terno preto chegaram vários jovens e garotas. Parecia que o dia era muito produtivo para o negocio, mas não para minha adormecida capacidade intelectual.

A campainha volta a soar e me preparo mentalmente para atuar tão mecanicamente como estava sendo, mas conheço essa cabeleira loira e o enrugado rosto branquinho. Os olhos escurecidos pelo passar dos anos brilham com aquele esplendor tão natural e seus finos e coloridos lábios formam uma linha que se assemelha a um sorriso.

-Elizabeth. –Pronuncio seu nome saindo de meu transe.

-Bom dia Gerard. –Fala com uma voz educada se aproximando de mim. –Não sabia que trabalhava aqui. –Beija minha bochecha. –Havia tido curiosidade para comprar aqui a algumas semanas. Que bom que me decidi. –Sorriu e assinto com a cabeça. –E como você tem estado?

-Bem. –Murmuro voltando ao meu incomodo lugar atrás do balcão. Logo senti a quase inexistente motivação para sorrir finalmente aparecer, e seu lugar é ocupado pela incrível recordação que instiga minha mente.

Elizabeth assente e logo se afasta para procurar algo entre as estantes. Vejo a mulher caminhar com passos lentos. Calculo com dificuldade um pouco mais de 60 anos, mas com deterioração e cansaço em seu olhar.

Voltou me olhando com simpatia e notando certamente o peso de meu olhar sobre sua pessoa. Nem sequer olhei o titulo. Falei olhando fixamente em seus olhos.

-Não é nada.

-Mas Gerard...

-É só o pagamento por um favor do passado.

Elizabeth sorriu e seu olhar desceu com vergonha.

-Não foi nada, um favor pagado quando me ajudou com minhas compras e depois de tudo, foi minha culpa que... Você fez isso?

Meu coloquei de pé com rapidez ao notar a mudança drástica de voz de doce e pesaroso a emocionado e impulsivo. Em sua mão direita levantou meu caderno de desenho e o colocou sobre meu rosto repetindo a pergunta.

-Sim. –Disse suspirando.

-São maravilhosos! –Agora Elizabeth se divertia dando uma olhada em meu trabalho. –Mas acredito que este seja o melhor.

Sorridente me mostrou aquele personagem de grafite com a expressão inexplicável. Talvez um retrato de mim mesmo a uns meses atrás, quando a rotina me dominava e as razões para continuar um novo dia se esgotavam pouco a pouco.

Seus olhos, como os meus, pareciam apagados, inexpressivos. Perfeitamente em homenagem a mim mesmo e minha patética existência.

-O fiz a bastante tempo. –Esclareci.

-Bom, eu também gosto muito dos do meu vizinho.

A olhei com surpresa.

-Vamos Gerard, não me olhei assim, eu te disse que é maravilhoso e que apesar de ver muito pouco esse garoto sei que se trata dele. –Sorriu com carinho. –Seria perfeito para a exposição de novos talentos na galeria onde trabalho.

-Eu em uma exposição de arte? Claro! –Ok Elizabeth, assim você me faz rir.

-Não estou brincando, Gerard. Tenho mais de trinta e tantos anos no negocio e sei quando algo vale a pena, e seu trabalho vale apena. É fresco e frio ao mesmo tempo, tom um toque d urbanismo usando as técnicas básicas de desenho. Suas ideias se refletem com facilidade e não sei... É maravilhoso! O que mais precisa que diga para te convencer?

Sorri.

“Ao diabo! Se sou uma droga simplesmente irão me recusar. Não tenho nada a perder”

-Nada. Não diga mais. Mas só tenho um quadro a óleo. Os demais são em grafite.

Elizabeth mostrou seu iluminado sorriso e aplaudiu sozinha.

-Te prometo Gerard, será um sucesso.

Sorri.

E minha mente começou a viajar no país das lembranças, visualizando o momento em que um pequeno garoto de cabelos negros prometeu a sua avó ser um grande artista.

“E você conseguirá, querido” sussurrou a avó com doçura beijando os cabelos escuros. “Será um sucesso...”

Maldita melancolia.

Recordações doces se enterram como navalhas, me ferindo suavemente.

A figura de Elizabeth desapareceu detrás da porta. Levou meu caderno e o único quadro ao óleo de minha coleção. Com ela também sumiram minhas fantasias e as laminas deixaram de fazer pressão sobre minha pele.

Pouco a pouco recupero a respiração e o sentimento de tristeza por momentos esquecidos. Recordações do que, no momento, vale a pena. A destruição de meu mundo e único lugar onde poderia desaparecer.

Havia ficado só com o que trago comigo, alguns dólares e uma rosa congelada e murcha. Minha vida não pode ser mais patética...

A campainha faz seu irritante som e depois certifico que, sim, poderia ser mais patética quando levanto meu rosto para ver quem havia entrado com tanta força e confiança.

Em sua boca descansa a metade de um cigarro e seu cenho está franzido. Não o olho e depressa começo a arrumar alguns livros sobre as ultimas prateleiras do local.

-Onde diabos você estava?! –Pergunta levantando a voz e sei, ainda que não consiga o ver, que havia tirado o cachecol.

-Apaga o cigarro, por favor. –Murmuro com suavidade tentando suportar o volume alto que só faz eco em minha cabeça.

-Onde está a placa de não fumar? –Escuto sua ironia e minha paciência acaba. Viro, mas o cigarro havia sido jogado no chão e pisado por uns tênis pretos.

-Maravilhoso... –Sussurro apenas.

-Me responda, onde estava? –Os olhos amendoados salpicam faíscas de fúria contida, mas o olhar está apagando e só quero me deixar cair. Meu lar havia sido incendiado, por Deus!

Adeus a minhas lembranças. Adeus a minhas posses.

Adeus a minha prisão não obrigada.

Caminhei até o balcão e olhei a flor escura pelo passar do tempo.

“E agora só me restava você...”

Suspiro enquanto escuto seus suaves passos avançarem até mim.

-Quem te deu? –Falava perto do meu ouvido me fazendo estremecer como já é costume.

-Ray. –Respondo levantando a rosa delicada.

-Onde estava? –Repete e sei que se refere ao nosso “encontro” da noite anterior. Fecho os olhos. Frank me parecia pouco tolerável algumas vezes, sua voz que me parecia melodiosa agora é um som constante e irritante. Só quero que ele se vá, quero... –Ficar só...

-Gerard? –Colocou sua mão sobre meu ombro. –Onde você estava? Te esperei por mais de duas horas em Black Rose. Estava... Nem sequer poderia te ligar, não tenho seu numero de celular!

-Não tenho... –Menti. Claro que tinha um desses aparelhos, mas, claro, também foi consumido pelo incêndio.

-Em que século vive? Deve ter um celular.

-Não gosto.

Sua mão cai e o contato de sua quente pele contra minha jaqueta preta se perde assim como os acelerados batimentos de meu coração.

-Me olha. –Disse e meu corpo não põe objeção. Viro e observo a preocupação despregar dessas orbes misteriosas. A angustia faz sua aparição em uma careta que se desenha em seu rosto colocando em frente a mim um Frank Iero perfeito para a melhor expressão de inquietação da historia. –Onde você estava? Só me diga e eu irei. Prometo.

-Não quero que você vá. –Murmuro com a voz fora de qualquer possível sentimento.

-Sua boca pode falar, mas seus olhos não sabem mentir.  –Sorriu um pouco. –Onde você estava Gerard Way?

-No... –Não posso dizer. Repetir o corrido é como ver as imagens passar uma a uma em frente a mim. Pronunciar o incidente é voltar a escutar os gritos desesperados e sentir o cheiro asfixiante da fumaça preta. -Não...

Viro o rosto e encontro minha salvação.

O jornal perfeitamente dobrado aparece perante meus olhos e antes que outra coisa aconteça o seguro entre minhas mãos oferecendo ao assustado locutor.

Passam alguns segundos e o olhar amendoado se torna analítico.

-O que você tem haver com isso? –Termina jogando o jornal no chão e com isso começo a suspeitar que talvez tenha um transtorno psicológico.

-Eu morava ali. –Expliquei o enfrentando, tão frio e calmo como a situação pedia.

-O que?? –A primeira palavra que emana de sua boca depois do olhar surpreso e a boca entreaberta pelo susto. –Você está bem? –Pergunta quanto verifica meu corpo.

-Estou. –Digo depois de notar varias vezes o correr de seus olhos sobre meu corpo. –Mas meu apartamento ficou destruído, e minhas coisas...

-Isso não importa! –Exclama me segurando pelo rosto. –O importante é que você está bem.

Vejo um brilho cintilando em suas orbes avelãs e sinto uma cócega leve em meu estomago. Os joelhos começam a tremer, me deixando cair nesses braços que agora me abraçam com força.

Aspiro seu aroma de tangerina impregnado em seu cabelo. Em seu pescoço percebo o aroma da colônia amadeirada e sorriu encontrando uma razão para fazê-lo.

Nos separamos e vejo seu sorriso transparente iluminando o céu apesar de sua escuridão e as lagrimas que descem com grosseria.

-Onde você está ficando? –Nossas mãos haviam ficado unidas e sua cabeça descansava em meu ombro direito.

-Minha mãe me hospedou por uma noite, mas não acredito que não queria que eu fique toda a vida com ela. –Suspiro. –Mas começarei a procurar um lugar, apenas... –Calo. Apenas preciso de dinheiro? Não tenho roupa, não tenho sapato. Demorará muito tempo antes que eu consiga um apartamento.

-Você ficou sem nada. –Afirma e levanta seu rosto para me ver.

-Ficarei bem. –Sorriu.

-Tão teimoso como sempre. Gerard, eu poderia ajudar...

-Não! –Solto suas mãos. Grito alterado e lhe dou as costas. –Não. –Nego com a cabeça.

-Gerard, não me custa nada...

-Não quero! Por favor... Não insista.

Não se é orgulho. Não sei se é a frágil vergonha, mas de Frankie só quero seus beijos.

-Bem. Então, como eu prometi, já vou...

Escuto as gotas da chuva se chocarem com força sobre o chão me confundindo entre elas e os passos que Frank havia dado até chegar a porta. Puxa a maçaneta e logo tudo fica me silencio. Tudo é vazio.

O havia visto. O tinha próximo e meus lábios não havia se unido aos seus.

“O que aconteceu contigo Gerard?”

Seu olhar sincero me havia feito pensar. Quero acreditar que havia sido uma preocupação sincero. Preciso acreditar que deseja me ajudar e que estava a ponto de ligar para o 911 por minha falta no nosso encontro.

Há um momento em que a esperança se transforma em ilusão. E eu quero viver iludido pelo olhar esmeralda. Perdido entre esses braços e drogados com seus suaves beijos.

Não importam minhas tragédias. Não importa suas desilusões de amante do sexo e inimigo do amor. Não importa que arruíne os momentos românticos, os únicos que importam é a forma em que meu corpo se estremece ao tê-lo próximo, o único que importa é a forma em que minha voz vai se perdendo em uma rede de nervos ao ver a integridade de suas pupilas.

O único que importa é que o amo.

Só ele. Só por ser Frank.

Sinto que minha vida só importa você
entre tantas pessoas só importa você
até o ponto que eu mesmo
esqueço que também existo.

Saio da livraria. Minhas reflexões haviam sido longas e minhas pernas nunca se comparariam ao luxuoso Mercedes preto. Subo em um taxi completamente molhado, o motorista faz uma cara feia mas lhe dei o endereço e lhe disse que é uma emergência, porque de alguma forma é.

O que tento fazer?

O que espero dele?

Porque quero ganhar?

Porque o persigo?

Não sei. Não se pode questionar o amor. Só espero estar com ele.

Só quero um pequeno espaço. Só quero um beijo.

Só importa você
não me importo se não tenho nada
só importa você (*)

Desço do carro e entrego minhas ultimas notas verdes guardadas em meu bolso. A chuva bate com grosseria, mas quando consigo dar alguns passos meu corpo para ao ver o seu encostado contra a porta do prédio fumando um cigarro. Sua cabeça está olhando o piso, e meu corpo que treme sente inveja do seu completamente seco, seguro embaixo daquele teto.

Não me aproximo. Não sou capaz de agir. Só o observo.

O que quero?

Quero ele.

Porque estou aqui?

Porque o quero.

Preciso de mais. Com segurança começo a avançar mas antes de ser protegido debaixo do teto da entrada da construção sua cabeça levanta e seu olhar se combina com o meu em uma colisão assustadora com uma mescla da agradável cócegas em meu interior.

-Gerard... –Sussurra com a voz suave. Com a mesma com que termina seus programas noturnos.

-Sinto muito por ter me comportado tão mal contigo. –Confessos sentindo ainda as gotas se chocarem contra minha cabeça, mas os calafrios causado pela brisa gelada agora me parecem suaves caricias. –Não deveria ter gritado. Você só... Queria me ajudar, mas não quero que faça algo que possa se arrepender.

-Gerard. –O cigarro cai no chão e tive que sorri perante a odiosa mania. –Eu... Quando não soube ontem de você foi como... Querer correr por todas as ruas desta maldita cidade para te encontrar. –Pouco a pouco seu corpo sai de seu refugio e a chuva começa a molhar seu corpo também.

O ritmo haviam diminuído mas as fortes brisas continuam me dando caricias a cada três segundos.

-Gerard, você ficou com o que está no corpo, não negue. –Abaixo o olhar. Não posso negar. –Demorará muito até recuperar sua estabilidade econômica em suas condições. Eu te ofereço meu apartamento, minha companhia...

-Não. –O olho. –Não podia. Eu... Não. Quero um lugar que eu mesmo possa pagar.

-E me pagará. –Sorriu. –Quando tiver recuperado me pagara. –Senti um pouco de decepção ao escutar nada de duplo sentido, como costumava se comportar meu locutor favorito.

-Nunca conseguiria te pagar.

-Te farei um desconto.

Sorri amolecido.

-Quero que você viva comigo.

Abri os olhos com surpresa. Sua mão alcançou uma de minhas bochechas e senti uma vibração nascendo de meu peito e percorrendo meu corpo da cabeça até a ponta dos pés.

Que calor...

Fechos os olhos me encostando contra essa mão.

-Quero te ajudar. Quero... –O escuto suspirar e abro meus olhos lhe dando apoio com meu olhar. –Quando você não está sinto sua falta. Sinto sua falta e... –Sorriu. –Não me faça dizer mais.

-Só diz o que quer que eu escute. Só me diga o que quer dizer.

-Quero que você viva comigo.

E qual deveria ser minha resposta?

Compartilhar o mesmo espaço que meu Frank não estava presente nem meus mais loucos sonhos, mas quero sentir a plenitude que suas mãos dão ao meu corpo.

Sim. Quero ficar com ele.

-Quero morar contigo. –confesso olhando seus brilhantes olhos que agora parecem escuros. Mostra um sorriso que deixa de sair seus dentes e não há volta.

Não quero voltar. Quero voltar o tempo e sentir a chuva molhando minha roupa para sempre.

Suas mãos seguram meu rosto as minhas se agarram em sua cintura.

Fecho os olhos antecipando o momento em que não demora a chegar. Seus lábios se chocam contra os meus e depois nos estamos envoltos em uma dança onde é difícil saber quem tem o controle. Minha língua acaricia seus lábios e sua boca abre deixando sair sua igual.

O abraço com força, ele segura meu rosto como se tratasse de uma prancha de salvação.

E as gostas continuam caindo. Nos molhando sentindo a gelada brisa.

Talvez amanha nos surpreenda com o céu desabando.

Talvez amanha não possa levantar por causa do resfriado.

Mas não me importa o preço que teria que pagar por esse maravilhoso momento.

-O que você acha de quebramos a tradição e Romance a meia noite ser apresentado por Bob? –Sussurra contra meus lábios e eu sorrio.

Pela primeira vez desde sua transmissão Romance a meia noite não terá como locutor Frank Iero...

(*)Sólo importas Tú - Franco de Vita


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Notas finais do capítulo

Gostaram!? Morreram de amores?! *-*
Adoro ele, o de amanha é lindo, lindo, lindo mais ainda. E se chama "amar", se ligaram!? HAHA
Amem o Frankie. ♥
Até amanha.