F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 10
10. Revelações.


Notas iniciais do capítulo

Nhoooow. Sério, cês são lindas demais. Quantos reviews lindos! Hoje irei responder a todos, ok?
Quase posto ontem outro capitulo. Porque... Porque eu não aguento a curiosidade de vocês... Mas ainda bem que eu fui na medica. há! IHAIDUHDSIUADS
Enfim... Boa leitura. E não deixem o Ger viuvo, ok? Nada de matar o Fromk.



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10. Revelações.


Perante meu silencio Frank deixou de rir. Seu corpo havia levantado para poder se sentar no balcão. Seus pés balançavam a centímetros do chão.

Suspirou.

-Então Bob não estava errado... –Sorriu, mas não me olhava. –Perdi outra aposta.

Virei meu rosto. O pranto queria chegar até mim, mas não lhe daria o luxo de me ver derrotado, chorando por ele. Ainda conservo um pouco de sensatez.

Mordo meu lábio e cruzo meus braços. Só um lindo silencio nos rodeia.

Até os silêncios que se criam entre nós são lindos.

Porque?

-Gerard... –Entrelaçou suas mãos. –Não faça isso.

O olhei intrigado.

-Gerard. –Desceu do balcão. Se colocou em frente a mim. –Eu não acredito no amor. –Segurou meu rosto com suavidade. –Eu só acredito nisso.

Repentinamente sua mão soltou minhas bochechas para tocar descaradamente o meio de minhas pernas sobre o tecido dos jeans.

-Sexo seguro, sem desculpas, sem arrependimento, e sem explicações.

-Eu... –Meu rosto ardia de vergonha pelo que acabara de acontecer. –Eu não...

-Nunca te dei motivos para acreditar que eu queria algo mais que isso Gerard.

Neguei com a cabeça.

-Assim sou eu.  Frank Iero, amante do sexo gay.  –Sorriu. –Se o que você quer um amor e romance procure uma mulher.

-Não quero uma mulher. –Disse o enfrentando pela primeira vez. –Quero você.

O sangue subiu a minha cabeça. Sentia que se agrupava em minhas bochechas, o que provocava uma dor nestas. Meus olhos se umedeceram e duas lagrimas caíram no instante em que fechei por um momento os olhos.

-Mas eu não. –Deus, como odiava esse tom frio! –O amor é para os heterossexuais terem uma desculpa para ter sexo. O amor é um consolo para os doentes mentais. O amor é como uma bomba para a autodestrução.

Minhas lagrimas percorreram meu rosto com a mesma velocidade que o faziam essas cruéis palavras. Quando seu discurso terminou um sorriso de meio lado cobriu seu assustador rosto. Sim, Frank, meu amado Frank, me parecia assustador. Estava em frente ao ser que sentia... nada. E isso me assustava.

Um homem sem sentimentos, sem medo do futuro, sem desculpas para dar.

Isso não é assustador?

Como viver uma vida sem sentimentos?

Bons, maus, depressivos, autodestrutivos, mas sentimentos no fim. A única mostra que continuamos com vida...

“Você está vivo, Frank?”

-Levarei Carrie.

Procurei pelas estantes até que o encontrei e entreguei-o.

-Bob disse que era para você visita-lo quando puder.

-Você quer que eu vá?

-Você já é um garoto grande, com certeza pode decidir por si só.

Deu meia volta e sobre o balcão deixou um monte de notas verdes.

-Tomara que você encontre seu príncipe Gerard. –Escutei antes de me desesperar novamente pelo som do sino.

Ele Havaí ido. Quase tão imperceptível como quando chegou ao meu coração, ao loca. A tudo. Havia ido e isso doía porque havia sido a relação mais sincera que eu já tive.

Não houve falsas esperanças escondidas em palavras bonitas e banais.

Não houve amores eternos, nem entrega, nem ciúmes, nem possessão.

Não houve relação.

* * *

Acabei por fechar o local e com lentidão entrei pelas ruas da cidade que eram tão frias e úmidas, repletas de sons de carros, murmúrios de uma pobre atormentada e miados de gatos.

Me lembrei então, enquanto caminhava, de minha ultima conversa telefônica, ocorrida no mesmo instante em que o locutor cruzou a porta da livraria.

“-Mas como se atreve esse maldito a ir ai e te dizer essas coisas!? –A voz de meu amigo parecia furiosa através do telefone.

-Foi sincero Ray. –Disse como consolo. Um consolo para mim e minha triste alma.

-Sim, claro. –Falou com ironia. –Gerard eu só digo que agradeço a divindade de sua preferência por haver reunido todas as peças e ter se dado conta de quem é seu amor platônico antes que seja tarde.

-Antes que seja tarde? Antes que seja tarde pra que? –Gritei desesperado. –Eu o amo Ray! E esses malditos dias que estive com ele foram os mais maravilhosos que tive. Antes que seja tarde? Para que? Já me apaixonei, já me entreguei. É tarde mais Ray...

-Querido. –Sua voz se tornou uma tentativa de consolação. Mas eu não me sentia triste ou desconsolado, me sentia... Apaixonado. –É uma farsa Gerard. O Frank que você se apaixonou não existe.

-E de quem eu me apaixonei?

-Da voz que você escuta na rádio. Do que declama poesias e suspira contra o microfone. Mas não existe Gerard, ele se apresentou perante a você, e com a maldita sinceridade que tanto pede, deixou você o ver como era de verdade.

Fique calado, esperando que meu amigo terminasse por declarar como era Frnak Iero e pudesse me ajudar em minha decisão.

-É um cínico, egocêntrico, sem sentimentos. Uma merda de ser humano, é...

-Ray... –Sussurrei contra o aparelho. –Não continue...

-Gerard, você não pode querer uma merda assim! Ele não te merece!

Soltei um suspiro de enorme tristeza. As lagrimas haviam se acabado e meu estomago realmente o agradecia, pois os soluços sempre terminavam por maltratar meu corpo.

-Já conheceu o verdadeiro Frank Iero, Gerard. Esse é seu verdadeiro ‘eu’. Essa é a realidade.

Me calei por alguns segundos, processando as palavras de meu amigo.

O verdadeiro Frank Iero...

O verdadeiro...

Como podemos assegurar quem somos de verdade? A realidade é relativa, nosso ‘verdadeiro eu’ também é. Esse não é o verdadeiro Frank Iero, me diziam as vozes que habitam em minha cabeça.

Uma vez eu disse que conseguiria descobrir todos os mistérios e personalidades do locutor, e assim eu faria.

-Porque ele não é Frank. Esse é só a armadura...

E sem dar tempo de Ray conseguir sua resposta deixei cair o telefone sobre a base dando um fim a nossa chamada.”

A partir de então peguei em minhas mãos um livro que não me cansava de ler. Sua capa vermelha e as letras negras em seu interior, impressas sobre um amarelado papel, eram resaltadas com algum marcador fosforescente como uma amostra clara de minha admiração por ele. Porque cada vez que o abria havia algo novo a entender, algo que serviria para minha vida.

Abri o livro. A frase marcada em amarelo e meu sorriso transparente logo depois de terminar de ler a ultima palavra.

“Havia uma grande tumba, mais senhorial que as demais.
Era enorme, e de nobres proporções.
Nela havia gravado uma só palavra:
DRACULA”

Ler seu nome era imagina-lo sem dificuldade. Ler aquelas sete letras era pensar em vampiros, sangue e empalamentos(¹). Mas só é um nome, e não é nem sequer verdadeiro. Vlad Tepes, o qual serviu de inspiração para Abraham, foi um príncipe romeno entregado aos turcos como oferenda de paz.

Depois de muitos anos voltou ao trono de Valáquia e realizou uma cruel encomenda aos boiardos que eram um grupo social alto naquela época. Um a um foram morrendo quem não suportava as dificuldades de construir um castelo sobre uma montanha para o cruel governante. Mas para Vlad era uma vingança. Os boiardos haviam matado sem piedade seu pai e seu irmão, um morto espancado e o outro enterrado vivo com os olhos queimados por um ferro vermelho vivo.

Foi herói por libertar sua nação da pressão otomana, contudo, foi mais conhecido por suas técnicas de ataque que por seu heroísmo.

Dizer Vlad o empalador é só um pseudônimo. Pronunciar Drácula é só um nome. E o que quero chegar com essa reflexão é que no final não sabemos de nada. Vivemos escondidos na fama de nosso nome, mas não nos conhecemos. Não é nossa realidade.

E então Frank Iero é uma farsa. Se não lê poesia em sua casa nem acredita no amor eterno. Quem me confirma que como Vlad não seja só uma forma de vingança perante seu passado adverso?

Quem disse que em baixo dessa capa de crueldade não se esconde um herói?

Eu de Frank Iero só conheço as primeiras capas. A farsa mostrada a sociedade através de um programa de radio, e a farsa que mostra em um circulo próximo. Sendo o pratico ser humano que leva em sua bandeira sua frase de vida: “Sem arrependimentos, desculpas ou explicações.”

Prometi para mim uma vez conhecer seu segredo.

Conhecer o verdadeiro Frank. Não o nome, não a mascara que procura vingança. Não busco a fama nem o escudo de proteção.

Busco o herói.

Busco mais que um nome. Busco o homem, e vou o encontrar.

Porque Gerard Way também não quebra suas promessas...

* * *

...E agora meus passos me levam para frente da estação de radio.

Sei que não havia sido casualidade. Afinal de contas não existem as casualidades, só o destino, e neste caso, só minha vontade por vê-lo.

Observei o guarda que bebia algo que fumegava dentro de uma xícara. Seu pequeno escritório ,ao lado da entrada principal, me parecia quente, mas não recomendada para claustrofóbicos. Esperei que terminasse de beber e vi seus olhos se abrir com surpresa ao me ver de pé fora de sua cabine. A noite fria, sem estrelas e úmida, recebeu o guarda quando deixou seu quente cubículo para me receber.

Não notei que segurava algo em suas mãos até que me ofereceu um cartão.

-Pegue, é um passe de acesso. Sempre estou aqui neste horário na entrada, mas lá dentro podem fazer interrogatórios incômodos.

Sorri para Carlos.

-Muito obrigado.

-Não há de que. Se você pensa em vir muitas vezes, com esse frio, o mínimo que posso fazer é permitir sua entrada.

Com total agradecimento me lancei nos braços do homem com bigodes, lhe dando um forte abraço que não foi muito correspondido, mas minha emoção nublava meus sentimentos e minha alegria sobrepassava os valores normais.

Avancei pelos corredores da estação, tentando me lembrar do lugar exato onde ficava essa cabine. Varias pessoas caminhavam apressados, outros com cafés em suas mãos me olhando com curiosidade e outros simplesmente me ignorando.

Não soube o que era pior.

Sorri ao encontrar meu objetivo. Abri a porta e uma cabeleira loira ficou em frente aos meus olhos. O homem estava falando no celular, ao escutar a porta abrir virou e seus olhos se abriram com uma mescla de alegria, surpresa e vergonha.

-Falo com você depois. –Sussurrou o loiro. E quando seu celular estava guardado dentro de seu bolso me sorriu. –Pensei que não voltaria a te ver.

-Talvez houvesse sido o melhor. –Minha voz era suave e direta. Meu olhar posado em seus olhos azuis igual ao céu, e meus lábios curvados lhe sorriam com cumplicidade.

-Talvez. –Respondeu ele se colocando em frente a mim.

Nos fundimos em um curto abraço. Pude aspirar seu aroma de tabaco e pêssego. Um estranho aroma que me aprecia muito agradável.

-Quem você está procurando Gerard?

Agora nos encontrávamos um em frente ao outro, sem mais contato que não fosse o de nossos olhares se impactando, verde contra azul.

-Venho ver Vlad. –Disse com segurança.

Os olhos de Bob se abriram com surpresa e confusão.

Meu olhar firme em frente a esses olhos azul esperança, e meu sorriso perfeitamente alinhado em meu rosto.

Como disse, Gerard Way também cumpre com suas promessas...

-“E com isto meu amor, deixa-me te dizer que a vida continua. Você continuará respirando e eu continuarei sentindo pena por ti. Até aqui nossas história. Até aqui nossos amor. Não chore, não grite. Não corra.
É o melhor...”

Sou Frank Iero e esse foi o Romance a meia noite.

Observei escondido entre os aparelhos e sombras todo o programa, até que uma mão se colocou sobre meu joelho e meu olhar se perdeu nele. Em um gesto mudo. Um claro convite para realizar meu objetivo essa noite. Era uma amostra de apoio ao que viria.

Sorri para Bob com nervosismo quase nulo em meu sistema e abandonei a sala para poder chegar ao lado. Abri a porta e seus olhos depressa se focaram em mim.

-Olá Vlad. –Sorri.

Frank me olhou com receio, e me dando a importância que daria a mosquito, continuou organizando seus papeis.

Minha mente queria deixar de atuar. Meu corpo só queria estar junto dele. Meu coração batia de uma forma desesperada e meus lábios latejavam em uma suplica muda para fazer contato com os seus. Sentindo-me ignorado foi o incentivo perfeito para a volta de minha confiança. Caminhei até ele e subindo naquela mesa onde descansavam suas folhas e microfone pude por fim receber sua atenção.

-Pensei que você não desejaria me ver. –Sua voz era tão normal como quase nunca. Não era fria, não era sarcástica, não era rouca pela excitação. Uma voz normal, de homem. Grave e sensual por sua vez.

-Nunca disse isso. –Murmurei com certa dificuldade sem desgrudar meus olhos de seus carnudos lábios. –Quero ficar contigo Vlad, não importa nada.

Sua confusão era notória e antes que me afogasse com pergunta que não desejava lhe responder desci meu rosto e com rapidez tomei entre minhas mão seu quente rosto e meus lábios tomaram os seus em um beijo desejado e, surpresamente, correspondido com igual paixão. As línguas se reconheciam e o sabor de sua saliva continuava sendo meu manjar.

Me perdi na sensação completa de felicidade, quase preparado para enfrentar qualquer coisa depois da magia impregnada nesse beijo.

'Cause I'm the one who waits here for you,
I'm the who'll always adore you,
I'm the one who is dying for your cause.

Do you care at all? (*)

(*) If I told You - Plain White T's

(¹) Empalamentos: Empalamento ou empalação é uma método de tortura e execução utilizada antigamente que consistia na inserção de uma estaca no ânusvagina, ou umbigo até a morte do torturado. (Vide: Wikipédia :D q)


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Notas finais do capítulo

Quem acha que não teria essa força de vontade do Gerard levanta a mão: õ/
IUGAUYDGASUYASDGYU *vai responder reviews*