O Filho Do Vitorioso (Jogos Vorazes) escrita por Cíntia


Capítulo 12
Juno


Notas iniciais do capítulo

Diamond descobre algumas coisas sobre a sua aliada Juno.
Pessoal obrigada pelos comentários, eles me animam muito e comentem mais, haha. Aliás parte da ideia desse capítulo foi feita por causa de um comentário recebido. Espero que gostem...



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Juno ainda deu mais uma olhada em volta. E o barulho continuou, parecia um animal que se aproximava da gente, e nós também começamos a escutar vozes:

– Acho que são as vozes de Star e Cruiser – eu disse – Não seria melhor ver o que está acontecendo?

– Sim. Vamos atrás deles. É o melhor.

Corremos ao lugar de onde parecia vir o barulho e lá vimos um lobo. Star e Cruiser usavam suas espadas contra eles. Acredito que eles conseguiriam abatê-lo, mas não sem se machucar um pouco. Juno foi mais rápida. Pegou suas flechas e com o arco lançou uma e depois outra. Isso foi suficiente para matar o lobo.

Star e Cruiser agradeceram, e nós conversamos sobre a nossa “caçada” noturna. Já estava tarde e decidimos ir embora. Mas antes de irmos, Juno sugeriu:

– Não devíamos levar esse lobo com a gente? Ele pode ser útil como alimento, por exemplo...

– Nós já temos bastante comida – disse Star

– Mas essa situação pode mudar – ela disse – Não devemos desperdiçar comida assim.

– Concordo – disse e depois me ajoelhei sobre o lobo – Ele é bem pesado. Eu carrego se esse for o problema, mas terei que deixar uma parte aqui – na verdade eu poderia convencer alguém a carregar a outra parte, mas pensei em Cairo, eu queria deixar algo para ele, e um pedaço daquele lobo poderia fazer muita diferença para o menino

Eles concordaram, eu peguei a minha faca e depois de algum esforço conseguir cortá-lo. Coloquei metade dele em meus ombros. Eu ficaria sujo, mas não me importei. Ficar sujo de sangue é um sinal de que se é perigoso. E isso é bom na arena.

Nós voltamos ao nosso acampamento, quando chegamos Alexander e Jurgen foram em nossa direção, animados, queriam saber da caçada. Então eu notei alguém se aproximando dos nossos suprimentos. Era Kya do distrito 7, a menina era pequena, devia ter uns 13, 14 anos. Tinha cabelos e olhos negros, esses um pouco puxados mostrando que parte da sua ascendência era oriental. Ela era rápida, pegou alguma coisa, e já estava voltando. Mas não foi somente eu que notei a presença dela.

Star e Cruiser saíram em disparada. Jurgen e Alexander, que estavam mais perto, fizeram a mesma coisa. Eu notei uma ponta de indecisão em Juno. Mas depois, ela pegou o seu arco, tirou uma flecha e a lançou. Ela foi certeira e Kya caiu. Eu corri e me aproximei dela, pude ver o seu olhar de medo. Mais uma criança morta. E essa era a primeira de Juno. Ela se manteve longe da sua vítima e ouvimos um tiro de canhão. Logo após, um aerodeslizador apareceu e a levou embora com a flecha de Juno ainda em seu corpo.

Como já amanhecia, nós decidimos comer. Eu não estava com muita vontade de conversar, mas Alexander puxou papo. Ela contava piadas, e eu até consegui ri delas. Cruiser também entrou na onda e começou a contar uns casos engraçados, apesar de um pouco tétricos.

Depois que comemos, formamos turnos para dormir. Jurgen disse que ficaria acordado e quando ficasse com sono, acordaria alguém. Eu fechei os meus olhos e tentei pegar no sono. Estava cansado e abatido. Mas não foi fácil, o sol que começava a nascer não ajudava e mais do que isso, eu pensava nas crianças mortas, nas que eu matei. Em Kinsey. Depois em Tulip e Cairo, pelo menos eu não tinha só feito merda nesse primeiro dia na arena. Me apeguei a esse pensamento e consegui adormecer.

Quando acordei o Sol estava alto. Já devia estar próximo da metade do dia. Vi somente Juno no acampamento. Os outros tinham resolvido caçar outros tributos. E nós ficamos de guarda.

Comi um pouco e tentei puxar conversa com Juno. Nós até falamos algumas palavras, mas depois caímos em silêncio. Eu comecei a pensar nos Jogos Vorazes. Nas crianças mortas. Eu havia matado algumas, três. E aquilo doía muito. Não sei se era para aliviar a minha consciência, mas pensei que havia outros culpados além de mim. A culpa também era dos governantes da Capital que criaram e nos mandavam para esses jogos todos os anos. E faziam disso um entretenimento. Um sentimento de revolta começou a crescer em mim. Mas havia outros, culpa não era só minha ou deles. A culpa também era do povo, de todos nós,que assistíamos tudo, e dávamos audiência aquilo. Nos distritos, seus filhos eram levados, eu sei. Mas eles não agiam contra isso, muitos tinham medo. Mas ninguém tomava uma providência e provavelmente se tomasse era dizimado, pois ninguém o seguia. E todos continuavam assistindo e dando audiência para esse espetáculo com crianças morrendo e matando. Eu estava irritado com todos.

Fui tirado dos meus devaneios por Juno, que estava tentando iniciar uma conversa comigo:

– O seu medalhão é muito bonito.

Eu comecei a mexer no meu medalhão:

– Sim, é a minha lembrança. Meu pai o levou nos jogos dele ...- eu o abri e mostrei a foto que estava dentro – É a minha família, eu,meu pai, minha mãe, meu irmão, Onyx e minha irmã, Jade. - depois o fechei

– Eu também trouxe um medalhão como lembrança ... – ela mexeu em seu medalhão e o abriu – com minha família.

Eu olhei para foto da família de Juno. E fiquei surpreso. Não era o que eu imaginava. Não eram os seus pais e seus irmãos. Em vez disso havia um rapaz jovem de cabelos e olhos escuros e um bebê rosado de cabelos negros e olhos azuis. Ela viu a minha cara de surpresa e continuou:

– Esse é o Clint – ela apontou para o jovem - Eu o conheci na escola. Ele não era muito bom nos esportes, ao contrário de mim, que era a melhor da minha turma. Mas ele escrevia muito bem, e eu me apaixonei por ele. Começamos a namorar quando ele tinha 16 e eu 15. Depois que eu completei 16, meu professor disse que queria que eu fosse voluntária nos jogos do ano seguinte, quando eu teria 17. Eu concordei com ele. Mas o Clint não gostou disso, ele não queria me perder. Achei que não o veria mais. Mas ao contrário, nós acabamos ficando mais próximos do que nunca. Pouco antes da colheita, eu descobri que estava grávida, contei ao meu professor, ele não gostou disso, mas eu não podia ser voluntária. Clint e eu nos casamos e nasceu a Emily, ela disse apontando para o bebê. - a criança realmente parecia com eles – Esse ano Clint já tinha 19, mas eu ainda tinha 18, e participei da colheita. Meu nome foi sorteado e ninguém se voluntariou por mim. Bem , eu ainda era uma das melhores da minha turma.

– Eu sinto muito por eles estarem longe de você. – eu disse

Juno se aproximou de mim, e falou baixo de modo que somente eu pudesse escutar:

– Eu não queria vir. Não queria abandoná-los. Mas não tinha outra opção – depois ela falou mais alto – Mas tenho certeza que se algo acontecer comigo, Clint é um ótimo pai e cuidará bem da nossa filha. – uma tristeza apareceu em seu olhar e nós voltamos a ficar calados

Bem, havia mais essa ,não eram só crianças que iam aos jogos. Mães de crianças também podiam ir. Isso não era justo. Juno deveria estar em casa com a filha. Ela tinha mais motivos para ficar viva do que qualquer um de nós, eu pensei, pelo menos mais do eu. E a culpa dela estar aqui era nossa, que não fazíamos nada para mudar a situação.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Deixem a sua opinião, deêm sugestões, estou sempre pronta a aderi-las e creio que elas enriquecem a história. Esse capítulo foi escrito graças a isso. Então o que acham da Juno? Alguém torcendo por ela? Comentem e até o próximo.



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