POV Vivian Parker

A minha apresentação fora um sucesso, e isso me deixava feliz.

Eu havia passado na segunda fase, a da apresentação em público. Agora seria a terceira, e essa envolvia dança.

Quando sai do pátio/palco, fui engolida pelas minhas “professoras” fingidas de canto e dança que me abraçaram e disseram estar orgulhosas de mim.

Eu reprimi a enorme vontade de encarar as câmeras e dizer que eu tivera de me virar para conseguir aprender a cantar, e que também tive que trabalhar duro passeando com cachorros e cuidando de crianças para conseguir me alistar para o concurso, mas nada disse. Eu apenas sorri e as abracei também.

Depois da falsidade que as câmeras registraram, eu fui engolida mais uma vez. Dessa vez por Jass e Mike, ambos dizendo que eu fora incrível.

– E você viu como Harry olhou para você? – Perguntou-me Jass, totalmente excitada.

– Não... – Menti.

Eu havia percebido como ele olhara para mim sim, por isso tivera um pequeno rubor registrado nas telonas. Bom, ver uma estrela olhando para você com os olhos brilhando e o queixo caído não é assim tão normal.

Mike, por outro lado, estava ranzinza com a felicidade de minha amiga.

– Ele curtiu você cantando. Foi. Só. Isso. – E sorriu, um sorriso forçado. Um sorriso de ciúmes que o deixava lindo.

Jass revirou os olhos e voltou sua atenção para a terceira pessoa que cantava. Era uma garota de quatorze anos, que dançava e cantava como ninguém. Ela vestia uma fantasia de pato, tinha cabelos ruivos e parecia ter sotaque holandês.

Encarei Mike até ele começar a rir e me dar um empurrão de leve.

É, certo, ele queria que eu transasse com ele há alguns meses atrás, ele queria me forçar, e eu começara a odiá-lo por isso, mas... Eu podia ver em seus profundos olhos azuis que ele era tão criança quanto eu. Ele havia errado sim.

E, bem lá no fundinho, eu já havia o perdoado.

Eu o empurrei, e ele revidou, e foi assim até um dos apresentadores do GCLA (Grupo de Canto de Los Angeles) me achar e me puxar pelo braço.

– Então... Vivian. Diga-nos como foi receber o sim, ou melhor, receber uma certeza de ninguém menos que Harry Styles. – Disse o apresentador, olhando de mim para a câmera alternadamente. Sorrindo genuinamente com seus dentes brancos e esperando por uma resposta adequada de minha parte.

Só pude imaginar como estaria o meu semblante. Eu olhava para o apresentador com uma cara estranha, olhando-o como se ele fosse um doido. Tenho certeza que papai estaria rindo disso.

– Hã... foi legal. – Respondi, e comecei a me afastar, mas o apresentador me puxou novamente.

– E qual foi à sensação de receber um não? Foi o seu primeiro não, certo?

Essa foi à segunda pergunta de uma série de perguntas intermináveis para uma entrevista surpresa que passaria nas televisões de toda a região.

Quando eu finalmente pude ir embora, percebi que o restante das audições já havia chego ao fim. Aquilo me aliviava, e me aliviava ainda mais saber que eu não precisaria ir para as aulas que me restavam.

Eu precisava descansar.

Busquei Mike e Jass com os olhos, mas provavelmente eles já haviam sido empurrados de volta para suas aulas. E só restava eu ali, sozinha. Os que haviam passado na segunda fase comigo, estavam entrando em seus carros ou nos carros de seus mentores.
Os jurados, inclusive Harry, conversavam entre si.

Começou a chover e eu coloquei a plaqueta com o meu numero de inscrição na cabeça.

POV Harry Styles

Começara a chover e, em um piscar de olhos, já havia um funcionário de vestes prestas segurando um guarda-chuva roxo sobre minha cabeça.

Foi quando a vi. Ali, parada, com a plaqueta de inscrição sobre a cabeça, sozinha, tentando se proteger dos pingos da chuva.

Era uma imagem tão bonita, que por alguns segundos eu apenas a observei, até que avistei minha limusine na esquina e resolvi ir em direção a Vivian.

Quando ela me viu se aproximando, arregalou os olhos e tentou se afastar, mas não deu tempo. Logo eu já estava ao seu lado, sorrindo.

Esperei que ela me desse aquele sorriso torto, mas ela não deu. Vivian permaneceu séria, olhando para o guarda-chuva.

Foi então que me toquei e pedi para que o funcionário cobrisse a cabeça de Vivian com o meu guarda-chuva também, ele era grande o bastante para os dois.

– Olá Vivian. Você tem alguma carona para casa?

Ela apenas me olhou e depois olhou para uma bicicleta lilás que estava encostada no muro da escola. Depois seus olhos claros se voltaram para os meus e ela bufou.

– Pelo visto ela me deixou na lona de novo. – Resmungou, e pude perceber que ela se referia à bicicleta.

Eu ri. A limusine acabara de estacionar, e muitas garotas gritavam meu nome das janelas da escola.

– Bom, se você não se importar, a limusine é grande o bastante para duas pessoas.

Eu não percebera que todos os outros membros da banda estavam na limusine também, mas Vivian sim. E por isso ela negou com a cabeça a minha sugestão de carona.

– É melhor você ir, Harry. Eu preciso voltar para casa. – Ela disse, olhando para o horizonte.

Sua voz adocicada dizendo meu nome fez um calafrio percorrer por meu corpo, e não era por causa do frio que eu começara a sentir. Apesar de que um frio incessante dominava meu estômago.

– Bem... pelo menos aceite ficar com o guarda-chuva. Assim você chegara seca em sua casa.

Passei o objeto para suas mãos geladas e brancas e cobri minha cabeça com a touca da blusa verde que vestia. Comecei a correr até o carro, o funcionário do guarda-chuva em meus calcanhares, sem entender o que eu havia feito.

Quando entrei no carro, Simon, – sorrindo, o que era raro – Niall, Zayn, Liam e Louis começaram a me dar socos amigáveis nos ombros, todos rindo e dizendo que eu fora um bom jurado.

– A sua cara de idiota na apresentação daquela garota foi o ponto alto da minha manhã. – Argumentou Niall, e eu lhe mostrei a língua.

Uma de nossas músicas começara a tocar no rádio, era a música que eu cantara sozinho hoje. Taken.

Da janela, eu ainda pude ver Vivian indo para sua casa. Quando ela me viu, o sorriso torto pintou seus lábios suavemente e ela me lançou um aceno de mãos.

E então o carro virou a esquina.