Fiquei ali, segurando a porta do carro sem saber o que fazer. Não sabia se pedia desculpas, ou se saia correndo sem dar explicações. Qual é, estava na cara que esses garotos não queriam serviços de uma prostituta. Primeiro, eles estavam em cinco e, segundo, se eles quisessem passar a noite com uma garota de programa, não perderiam tempo procurando em uma calçada, já que de acordo com o carro super luxuoso deles, podiam muito bem frequentar alguma casa noturna chique. Eu estava extremamente envergonhada e ia começar a dar as devidas explicações, se um carro (tão, ou mais) chique que o que eu acabara de abrir a porta, não tivesse parado um pouco antes do local onde eu estava. Dois homens fortes, altos e com uma cara de pouco amigos desceram do mesmo. Ei, eles estavam vindo na minha direção? Perai, aquilo na cintura de um deles é uma arma? Ah, Meu Deus. O que estava acontecendo ali? Pensei em correr, mas desisti da idéia, afinal, eles iriam achar que eu tinha culpa no cartório. Olhei para os cinco garotos, e estes revezavam seus olhares em mim e nos dois fortões que agora estavam parados do meu lado. Ah, qual é. Eu não fiz nada demais! Só sai abrindo a porta de um carro de luxo com cinco garotos dentro sem ser convidada, ok?

- O que está acontecendo aqui? – perguntou um dos homens, com uma voz grossa e seca. Eu estava ficando cada vez mais encrencada.

- Talvez você devesse perguntar isso à mocinha ai, Paul. – então o nome do troglodita era Paul? E quem esse garoto loiro pensa que é pra me chamar de mocinha?

- O que está acontecendo, garota? – agora o outro troglodita havia falado comigo.

- Nada – respondi, tentando soar calma – na verdade, eu já estou indo embora.

Ia sair dali o mais rápido possível, se não fosse uma mão forte segurando o meu pulso com força.

- Ai – resmunguei, com dor – está me machucando.

- A senhorita não sai daqui até explicar porque abriu a porta de um carro que não é de seu pertence.

Ui, ele fala bonito. Bom, o que eu poderia dizer? Sou uma prostituta, e vim oferecer meu corpo? Não, nem pensar!

- Ei, Preston – o garoto que estava dirigindo o carro falou pela primeira vez – deixe a garota em paz. Ela deve ter se enganado. Ou só quer um autógrafo.

HEIN? Porque eu iria querer um autógrafo seu, querido? Pff. Teria rido do comentário, se não tive ficado completamente hipnotizada com seus olhos verdes. Uau, que olhos. E ele tinha uma pele branca linda. E os cabelos? Caiam sobre a testa, e eram enrolados. Chegava a ser ridículo de tão lindo. Ele me encarava com uma expressão confusa no rosto.

-É Preston, deixe ela – outro garoto falou. Este tinha o cabelo arrumado de um jeito extremamente sexy. Seus olhos também eram verdes. Reparei nos outros três garotos, que estavam sentados no banco de trás do carro. Uau, mas o que é isso? Nunca vi tantos meninos bonitos em um mesmo ambiente. E se não fosse loucura, eu diria que o rosto deles era muito familiar. Eu já os tinha visto em algum lugar...

- Qual o seu nome? – uma voz falou, interrompendo meus pensamentos.

- Me chamo Rachel – respondi para o garoto loirinho que havia me chamado de “mocinha’’ um pouco antes.

- Sou Niall, Rachel. - ele deu sorrisinho fechado, logo depois de me dizer seu nome.

– Olha, me desculpe ter aberto a porta do carro assim. Eu achei que... Bem... Aqui é um local de trabalho, e vocês estacionaram, então...

MAS QUE DIABOS EU ESTAVA FALANDO? LOCAL DE TRABALHO? DE ONDE EU TIREI ISSO?

- Bem, Senhorita – o tal do Preston falou, agora soltando o coitado do meu braço, que estava com a marca dos dedos gordos dele – esperamos que isso não se repita. E caso aconteça novamente, vamos tomar as devidas providências, para o bem e segurança dos garotos. - Oi? Segurança dos garotos? Eu apenas dei um aceno de cabeça, concordando. Então esses caras eram seguranças? Uau. Eles andavam com seguranças!

- Bom, tenha uma boa noite – ele falou, caminhando para o seu carro, com o outro troglodita (Paul) logo atrás. Eu olhei para o garoto que estava dirigindo o carro, e corei ao notar que ele me encarava. Ou melhor, encarava minhas roupas extremamente curtas. Não só ele, os outro quatro também me olhavam.

- O que foi? Nunca viram uma prostituta antes? – falo mesmo, sou curta e grossa. E eu não gostava de receber esses olhares de “Nossa, olha só as roupas da garota.” Eu só uso essas roupas porque sou obrigada. Quase falei isso, mas me contive.

- Sim, muitas – um deles me respondeu. Que abusado! E ele estava rindo!

- Louis, cala a boca, seu idiota – um outro falou, dando um tapa na cabeça do tal do Louis.

- O que foi, Liam? Vai me dizer que nunca viu uma antes? Nossa, não teve adolescência? – eu ri. Não me contive, tive que rir.

- Com coisa que você é muito adulto – falei, ainda sorrindo.

- Sou o mais velho, meu bem. – ele respondeu, dando uma piscadinha logo em seguida. Garoto engraçado. Uma buzina interrompeu nossa pseudo conversa, e um grito veio logo em seguida:

- Garotos, vamos logo. Vocês vão se atrasar para o show – o tal do Preston gritou, com o vidro do seu carrão preto baixado. Show? Eles iriam em um show?

- Já estamos indo, Preston. – o cachinhos falou, e pelo seu tom de voz, estava meio aborrecido. Eu já ouvi essa voz antes. E já tinha os visto, só não me lembrava onde. – Tchau, Rachel.

Ele fez um gesto com a mão, e sorriu pra mim. Eu poderia ficar horas olhando pra ele. Fiz o mesmo gesto de “tchau” com as mãos, porem ele ainda continuava me olhando. Senti um arrepio, e meu estômago revirou. Ops, o que foi isso?

- Vamos, Harry. – alguém o chamou, dando um tapa em seu braço.

- Estou indo, Zayn – ele respondeu irritado.

Harry. Então ele se chama Harry. Acho que nunca mais vou esquecer esse nome. Afastei-me do carro, deixando o tal de Zayn fechar a porta, que permaneceu aberta durante toda a minha conversa com os garotos. Eles eram tão simpáticos.

- Tchau, Rachel. E eu gostei das suas roupas, viu? São sexys – Louis falou, baixando o vidro para que eu pudesse escuta-lo. Ele deveria ser o mais engraçado dos cinco. Pude perceber isso no poucos minutos que conversei com ele. Sorri, dando uma piscadinha. Ele riu, e baixou o vidro. Logo em seguida, o carro deu partida. Acompanhei com o olhar o mesmo se afastar, até não conseguir mais vê-lo. Pensei em voltar pra casa, pois não estava com o mínimo de vontade de voltar a trabalhar. Procurei por Rebeca, mas ela não estava mais lá. Deveria ter saído correndo dali assim quem viu que as coisas haviam se complicado. Ri com o pensamento. Tirei as sandálias altas que eu detestava usar, e caminhei até chegar em casa. Estava morrendo de frio! Eu não podia usar NADA por cima das roupas, e ficava doente com frequência. Abri a porta silenciosamente, rezando para que Caitlin já estivesse dormindo. Ela me mataria se me visse chegar tão cedo. Subi as escadas na ponta dos pés, procurando não fazer barulho. Quando passei por seu quarto, a porta estava fechada e as luzes apagadas. Ah, graças a Deus. Corri pelo longo corredor, entrando no meu quarto e trancando a portaem seguida. Apaguei as luzes, caso ela acordasse. Tirei as roupas, e tomei um banho demorado. Coloquei uma calça legging e uma blusa gigante por cima. Liguei a TV, e deitei debaixo das cobertas. Enquanto passava os canais, pensei no que havia acontecido comigo hoje. Foi uma noite bem longa. Instantaneamente o sorriso de Harry surgiu na minha mente. Nunca tinha visto um sorriso tão lindo em toda minha vida. Será que eu o veria novamente algum dia? Não, provavelmente não. Porque eu iria encontrar um garoto como ele novamente? Ou melhor, porque um garoto como ele iria querer ver uma prostituta? Senti um aperto no peito, e balancei a cabeça, espantando os pensamentos negativos. Não encontrei nada de interessante na TV, então deixei em algum canal de música que eu assistia com frequência. Estava quase dormindo, quando ouvi uma voz conhecida.

“Baby, you light up my world like nobody else [...]”

Harry? Essa voz é dele? Perai, ele me disse isso mesmo? Ele disse que eu ilumino o mundo dele? Eu estava sorrindo? Porque eu estava sorrindo? Não, perai. O que ele estava fazendo no meu quarto á uma hora dessas?

“The way that you flip your hair gets me overwhelmed” […]

Você gosta do seu jeito que eu jogo o cabelo? Que diabos está acontecendo aqui? Levantei em um pulo, assustada. A voz continuava, mas não tinha ninguem no quarto. Eu estava tenho alucinações? Não. A voz estava vindo da TV. Virei a cabeça lentamente na direção da mesma, e tive que chegar mais perto, esfregar os olhos e me beliscar para acreditar no que eu estava vendo. Não! Não! Não podia ser. Eu estava sonhando? Ali, na tela da minha TV de 20 polegadas estavam os cinco garotos que eu havia conversado mais cedo. ELES ESTAVAM NA TV! CANTANDO. Continuei olhando, sem acreditar. Agora tudo estava fazendo sentido. Carro chique, seguranças, shows... Eu sabia! Sabia que já tinha os visto em algum lugar. Continuei ali, em pé, parada feito uma idiota olhando perplexa para a TV. Avistei o Harry, sorrindo, correndo junto com os outros garotos! Nossa, como ele estava lindo. Eles estavam em uma praia e a letra da música era encantadora. Tudo o que qualquer garota gostaria de ouvir. Sorri abobada. Ainda não estava acreditando. E pensar que eu havia ficado frente a frente com cada um! Eu nunca imaginaria que eles fossem famosos. São garotos extremamente simpáticos e me trataram tão bem! Sorri abobada, e me deitei novamente. Quando o clipe acabou, apareceu o nome da música, e o nome da banda. What Makes You Beautiful, One Direction. ONE DIRECTION! É esse o nome da banda. O sorriso ainda permanecia no meu rosto. Eu custava a acreditar que tinha conversado com cada um deles. Desliguei a TV, com as pálpebras pesadas, devido ao sono. Adormeci, pela primeira vez em muito tempo, feliz.