Seu sorriso bobo a irritava, puxou uma flecha e ajeitou-a no arco, olhou mais uma vez para ele antes de deixar a flecha deslizar no ar. 
 - Morra, idiota! Morra! - A flecha acertou bem no meio da testa dele.
  - Eu gostaria de saber o que ele fez para te deixar tão irritada. - Ela paralisou, surpresa, achava que todos estavam dormindo! Ela virou lentamente. 
  - O que está fazendo aqui?
  - Eu que devia perguntar, você estava quase fazendo eu me arrepender de ter pegado um quarto do lado de centro de treinamento. - Ele a olhou com olhar de reprovação. - Caso você não saiba, imortais tem que dormir também.
  Ela olhou para ele envergonhada.
  - Me desculpe, Sieghart.
  - Eu já não te pedi para me chamar de Siegh? Você é a única que não me chama assim.
  - A Elesis também não chama. - Ela evidenciou.
  - Só não chama quando está com raiva. - Ele estremeceu e ambos riram com as lembranças das varias vezes que o moreno foi perseguido por ter a chamado de ruivinha. Depois de alguns comentários e risos ele retomou a pergunta: 
  - Então, o que ele fez?
  Ela olhou para o lado.
  -Ele está namorando agora, e eu acho que amava ele.
  - Acha? 
  - Não tenho mais tanta certeza quanto antes. - Ela sussurrou.
  - Ele é um idiota. - Ele declarou.
  - Uh? 
  - Para deixar alguém como você com certeza é um idiota. - O
Sorriso dela estava surpreso demais para o gosto dele - Eu posso ser um cara legal às vezes, ta bem?
  - É, só que nunca achei que alguém como você poderia dizer algo gentil como isso. - Sussurrou.
  - Obri... Como assim alguém como eu? - Ele perguntou indignado. 
 - Nada, Siegh, nada. - Ele ia exaltar que ela havia o chamado pelo apelido pela primeira vez quando ouviu alguns soluços.
  " Ah, não" pensou, ele não sabia lidar com esse tipo de situação.   Sem saber direito o que fazer, ele pegou a mão dela e a puxou para fora do centro de treinamento, fazendo-a deixar cair o arco no chão. Ele olhou a paisagem, procurando algo para distrair Lire.
 -Er... Olhe, hoje é lua cheia. - Funcionou, pois ela parou seus soluços por um momento para observar a lua.
  - Eu gosto da lua - A arqueira sussurrou - Ela me lembra seus olhos.
  Ele a olhou confuso.
  - A lua me lembra seus olhos - repetiu- Seus olhos me lembram a lua, ambos possuem aquele brilho melancólico de quem já viu muitos sofrerem, e já sofreu mais qualquer humano poderia aguentar.
  - Como? - Para falar coisas assim, ela devia estar muito mal.
  - Aqueles que perceberem a melancolia da lua, iram vê-la em seus olhos. Aqueles que perceberem seu sofrimento, iram ter vontade de acabar com ele. Você me fascina, Siegh, e seu sofrimento me destrói, é por isso que não sei mais se amo aquele cara da foto, por isso que eu choro, então me deixe acabar com esse sofrimento, deixe-me fazer você esquece-lo para que então eu possa esquecer também.
  Ele sorriu e a envolveu com os braços.
  - Não sabe o quanto eu esperei por isso.
  - Quê? 
  - Você não é a única a nutrir paixões secretas aqui.
  - E quem disse que eu nutro qualquer tipo de sentimento por você?
  - Você acabou de se declarar.
  - Quem disse que isso foi uma declaração?
  - Eu aceito seus sentimentos, Lire.
  - Desde quando você é tão metido?
  - Viu? Você esta tão apaixonada que nem percebeu isso.
  Ela sorriu, desistindo de discutir com ele.
  - Bem, acho que está na hora.
  - Hora de que?
  - Da minha dose de esquecimento. - E a beijou.