Are You Falling? escrita por nina staff


Capítulo 8
Capítulo 8 - Cuidada




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– Não sei se posso lidar com isso. - Suspirei.

– O que? - Beck estava com a cabeça apoiada em meu ombro, respirou fundo. - Você vai desistir agora? Eu sempre fui verdadeiro contigo, não percebe que só não quero mais manter esse segredo? Esconder essas coisas de ti me deixa mal. E você simplesmente desiste.

– Eu não sei o que fazer, não sei no que pensar Beck!

– Anjo, vai dar tudo certo...

– Não tenha tanta certeza.

– Então o que você quer? Terminar?

Não falei nada, sentei de frente para Beck e olhei em seus olhos, ele não parecia estar brincando. Fechei os olhos e suspirei alto. Beck olhou para os lados.

– Se é o que quer...

Fiquei sentada na areia vendo ele se levantar e ir embora. Achei que hesitaria, que iria voltar e implorar pra que eu entendesse, mas eu estava errada. Beck continuou andando, com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa, a cada passo se afastando mais ainda de mim. Levantei e fui correndo atrás dele. Segurei sua mão e puxei seu corpo para perto do meu, lhe abracei e fiquei um bom tempo com ele nos meus braços.

– Não quero terminar, não quero ficar longe de ti. Cara, eu não consigo acreditar nisso, é tudo tão confuso, tão repentino agora. Você me contou tudo de uma vez só e eu me sinto desorientada, me desculpe. - Continuei abraçando-o, cada vez mais forte.

– Não quer terminar?

– Não, não quero. - Soltei-o e beijei sua testa.

– Isso significa que nós temos algo então? - Sorria de um jeito malicioso, passou a mão no meu rosto até a ponta dos teus dedos tocarem nos meus lábios.

Ri e bati de leve no seu braço.

– Não dá pra acreditar que um dia você foi um arcanjo. - Passei o braço na sua cintura e começamos a caminhar de volta para a clareira. - Por que caiu?

– Quando eu descobri o quanto extraordinário era o mundo humano, decidi experimentar.

– Uma garota, certo?

Ele riu.

– Sim Anjo, foi por uma garota. A primeira humana que eu vi, não sabia como lidar com tudo isso, porque relações de anjos com humanos é sempre mais intensa. Mas eu estava cego e queria mais que tudo vir para a terra. - Revirou os olhos. - Paixões adolescentes, sabe como é.

Senti algo estranho nascer em mim... Ciume, talvez?

– E onde essa garota está agora? - Tentei não demostrar interesse.

– Eu não sei. Eu descobri você, e meses depois te salvei de um acidente. - Parou e me abraçou. - Longa história. O que precisa saber é que os arcanjos perceberam o quanto você é valiosa, e o quanto precisava de proteção. Eles achavam que eu não me envolveria tanto contigo, por isso me escolheram como seu anjo da guarda. Eu realmente não me envolvi por um tempo, e aqui estamos nós agora.

– Por que eu sou valiosa?

Beck mordeu o lábio inferior e desviou o olhar.

– Anjo...

– Nem vem Beck, você vai me contar. - Cruzei os braços.

– Seu pai, ele é especial, se podemos dizer assim. - Ele parou e esperou minha reação, porém eu continuava quieta. Meu pai? Aonde Beck queria chegar com isso? - Sei que acha que ele te abandonou quando você era criança. Mas, na verdade, seu pai era um anjo. Foi o primeiro anjo caído que conseguiu se transformar em humano. Primeiro e único até agora. Foi perseguido depois que você nasceu e teve de se esconder sob os cuidados de arcanjos. Dizem que conseguiu virar anjo novamente. É complicado explicar, mas o sangue de seu pai é metade celestial, metade humano. Seu sangue é quase igual, seria um tipo de fortalecedor pra qualquer nefilim que ousasse atribuir poderes a você. Por isso tem que ser protegida. Você tem sangue de anjo, e só quem o tem pode derrotar seres celestiais.

Fiquei de boca aberta, literalmente.

– Então você me protege de nefilins? Do Taylor?

– Sim. Mas também te protejo de anjos caídos. - Sua expressão ficou séria, seus lábios não sorriam mais.

– Não entendi.

– De acordo com os arcanjos, se um anjo caído te "sacrificar", ele vira humano.

– Corro perigo então?

– Na verdade não, você é camuflada, foi muito difícil para eu te achar. - Apertou minha mão.

Segurei seu rosto e beijei teus lábios.

– Mas achou, obrigada por isso. - Beck passou os braços pela minha cintura, me levantou de leve e beijou meu pescoço.

Eu realmente estava cansada de tantos altos e baixos na minha vida, mas Beck fazia tudo ficar bem. Quando chegamos na clareira, Beck arrumou as coisas dentro da barraca e acendeu uma fogueira. Ficamos abraçados em frente ao fogo e enrolados em uma coberta. Eu me sentia em casa, me sentia no lugar que eu pertencia. Colocamos um lençol em cima das folhas secas e amareladas e nos deitamos. Usei o peito de Beck como travesseiro enquanto ele acariciava meus cabelos. Beck era um anjo. Parte de mim não queria acreditar, mas a outra parte sabia que tudo era verdade. Revi a história de Hush Hush na minha cabeça. A pena tinha um significado importante, eu teria que protegê-la com a minha vida. Beck era um anjo caído, e anjos caídos não sentem as coisas como os humanos. Tudo para mim era mais intenso, o que aumentava a chance de tudo ser ilusão. Ele não era mais o meu anjo da guarda e tinha super poderes. Se me sacrificasse seria humano... Armazenei todos os meus pensamentos em caixas invisíveis no meu sub-consciente e logo minha confusão se diminuiu. Apesar de toda as complicações que eu teria agora, todos os perigos que eu teria de enfrentar, eu iria ficar com Beck, não ia desistir. Finalmente percebi o quanto aquele garoto significava para mim. Era como ter minha própria fonte de energia, ele me renovava. Cada beijo seu sugava todas as coisas ruins que tinha em mim, e seu abraço parecia me dar amnésia de problemas. Passávamos a maior parte do tempo juntos e nunca parecia ser suficiente. Ficamos tão íntimos em tão pouco tempo e eu não me envergonhava disso. Eu realmente poderia dizer que era perfeito. Mas tinha um problema: Beck não era humano, era imprevisível e totalmente destemido, louco, insano e perfeito. Eu literalmente estava apaixonada.

Levantei o rosto e percebi que Beck dormia. Ri e beijei de leve seus lábios. Já se sentiu tão ligada a uma pessoa a ponto de não imaginar mais sua vida sem ela? Ficar sem Beck seria como ter minha vida antiga, chata e monótona. Me sentei e admirei o fogo. Era incrível ver como as chamas brilhavam e conforme subiam iam perdendo sua luz, até simplesmente desaparecer em direção ao céu. Estiquei os braços em direção ao fogo para esquentar minhas mãos. Minha pele clara ficava numa cor alaranjada, era como se as manchas estivesse dançando sob meus braços. Observei meus pulsos, as cicatrizes queimavam tanto quanto a fogueira, me dizendo o quanto eu fui fraca ao fazê-las. Passei o dedo na pena que tinha aparecido misteriosamente no meu pulso, sorri. Beck deixou sua marca em mim, era como se aquela pena simbolizasse seu nome. Estava indicado na minha pele que eu o pertencia. Voltei a me deitar e fechei os olhos, ainda conseguia ver a luz das chamas. O calor de Beck me acolheu e me tranquilizou.

– Acho que eu te amo. - Falei baixinho. - Esse é o problema. - Logo adormeci.

Acordei sentindo cheiro de chocolate e hortelã. Havia folhas secas em meu cabelo e terra no meu rosto.

– Argh. - Estremeci.

– Bom dia amor. - Beck beijou a ponta do meu nariz, provavelmente e unica parte de mim livre de sujeira.

– Como deixou eu ficar nessa situação? - Tentei fazer cara de brava.

– Você estava linda dormindo. Eu não quis te acordar. Vem, vamos no mar?

Me levantei e pulei em suas costas. Beck me levou até a praia onde me jogou na areia. Xinguei alto e imaginei a situação do meu cabelo. Beck riu quando meus fios ruivos se tornaram loiros por causa da areia. Cruzei os braços.

– Isso não é nada engraçado, ok?

– Claro que é, senhorita Isabelle Ven Fidstan.

– Como sabe meu sobrenome? Também quero saber o seu.

– Beck Muniz Müller.

– Müller? Gostei. - Na verdade, Isabelle Ven Müller não iria ficar muito legal.

Beck mordeu o lábio.

– Então, futura senhora Müller, vai tirar a roupa ou quer que eu te faça esse favor?

– Como você é safado, eu não deveria sair com caras tão pervertidos assim. - Levantei a cabeça e mandei um olhar desafiador para Beck. - Vá em frente.

Beck me pegou em seu colo e me beijou enquanto eu desabotoava sua camisa. Tirou minha blusa e mordeu meu ombro. Correu em direção ao mar e me jogou na água.

– Vamos ver se você é filho de Poseidon. - Ri.

– Anjo, eu sou filho de Apolo.

– Só por que você é quente? Nem vem! - Mordi o lábio inferior. - Quero voltar para a cidade amanha, preciso voltar a ter uma vida.

– Claro.

– E quero que passe uns dias morando comigo. - Não deixei ele responder, beijei-o do jeito mais intenso, apertei teu corpo no meu.

Eu nunca deixaria ele ir embora.



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Notas finais do capítulo

Se vocês não entenderem algumas coisas sobre o anjo, eu explico no próximo capítulo. ♥