- Não preciso delas, essas garotas só estavam me atrasando! - tentava se convencer Ellen, tomando café num Starbuck próximo ao prédio.

  - Hmmm... - falou um garoto ruivo - O resto das mesas estão cheias, posso sentar?

  - Claro. - Ellen deu de ombros.

  - James. - o garoto estendeu a mão.

  - Ellen. - Ellen deu sua mão à ele, mas não apertou muito forte.

  - Típico aperto de mão de garota. - ele sorriu.

 Ellen então tirou sua adaga de um cinto onde ela repousava e apontou para o ruivo. Seu sorriso sumiu e ele a olhou com medo.

  - Típica bagagem de garota, não? - perguntou Ellen e saiu.

 A loira olhou à sua volta. Ainda sentia falta da sua pequena cidade no interior da Bahia, que era muito menos poluída. Ou movimentada. O constante ruído de carros passando a fazia querer quebrar todos eles. Ela então começou a passear pela calçada até achar uma biblioteca. Entrou.

  - Oi, você... - um loiro falou ligeiramente zangado sem vê-la, mas ao ver a loira ele sorriu - Quer algo em especial?

  - Você teria arquivos de arquitetura? - Ellen perguntou - Por exemplo, o daquele prédio?

  - Claro, tenho a planta e algumas fotos. - ele disse - Finalidade...?

  - Trabalho escolar. - a loira sorriu - Sabe como é, arquitetura.

  - Nunca tive arquitetura. - ele disse.

  - Minha escola não é nada normal. - Ellen sorriu mais um pouco.

 O garoto pegou um CD e indicou um lugar aonde se encontrava vários computadores.

  - Muito obrigada. - ela disse.

  - Sempre à sua disposição. - ele riu.

 Ellen memorizou cada detalhe do terceiro andar, de uma sala que tinha uma foto em alta definição. Se imaginou nela. Sorriu consigo mesma, inteiramente satisfeita. Deixou o CD e um bilhete improvisado com uma caneta e papel auto-colante que achara. O bilhete dizia:

  "Confiança demais, loirinho. Mas obrigada."

 Quando ele acabou de ler o bilhete, olhou para fora e encontrou Ellen, que o observava. A loira sorriu e sumiu numa nuvem de fumaça. O garoto ficou ali, perplexo. Já Ellen, esta estava no terceiro andar. Olhou à volta. Alguns executivos passavam por ela. E algumas dracnaes também. Ela inconscientemente colocou a mão um pouco abaixo do decote de sua blusa, aonde descansava seu colar, atrás do tecido.

  - Senhorita? - perguntou alguém.

 O sangue de Ellen gelou. O coração parou e voltou, com a velocidade dos batimentos duas vezes mais fortes. Devagar, ela virou. Encontrou um jovem de uns 16 anos em terno, mas com o cabelo bagunçado.

  - Eu estou... - Ellen sorriu - Procurando meu pai.

  - Ah! - ele disse - Eu também, poderia vir comigo.

  - Acho que não! Meu pai trabalha alguns andares acima, saí no andar errado. - ela revirou os olhos.

  - Mas o meu também! - ele riu - Andar 8, e o seu?

  - Nove. - Ellen disse.

 Mas quando chegaram ao andar oito, o garoto a arrastou para fora do elevador. Quando ele sorriu, seu sorriso era... Culpado.

  - Senhora Gaia, achei a presa que queria. - ele disse, se virando.

 Gaia aparentemente possuíra uma garota de cabelos negros como a meia-noite e olhos cor de areia. Ela sorriu um sorriso sinistro para Ellen.

  - Ah, a primeira das quatro. - ela disse.