Um amor imperfeito escrita por Hachi182


Capítulo 28
Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Então.. aprece que o feriado de sexta me deu boas ideias para escrever !!! Espero que gostem ;3



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No capítulo anterior...

– Com toda licença, Senhor Ancião, mas já que nós demos essa chance ao garoto, não podemos retira-la assim do nada. Para evitar mais confusões, eu proponho que o julgamento seja adiantado, para o meio dia de hoje. Assim, teremos um esclarecimento mais rápido.

Agora, todos haviam se voltado ao Ancião novamente. Ele ponderou alguns minutos antes de dar seu veredito.

– Pois bem, para mantermos nossa decisão e a ordem deste conselho, aceito sua sugestão Giotto. Ao meio dia de hoje, mandem buscar o garoto.

E assim, a reunião da manha havia se encerrado.

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Cassandra narrando

Hoje, eu e Pedro deslizamos tantas e tantas vezes nos pinguins que eu estava sentindo como se o restante da minha energia estivesse indo embora.

Depois da 10ª descida, nós dois nos jogamos na neve e ficamos olhando para o céu. Nem conseguíamos ouvir os pinguins... Creio que eles tenham fugindo da gente.

– Hoje parece estar mais quente, não é ? – perguntou Pedro ao meu lado.

– Sim..... Não acha isso engraçado ?

– Como assim ?

– Justamente hoje, no dia do julgamento do Kouta, que o Polo Sul resolveu estar com um clima mais quente, mesmo que ainda esteja glacial.

– Vendo por esse lado... Na verdade eu nem sei se é só a gente ou se realmente esquentou por aqui.... – Ele se levantou da neve com certo esforço e fazendo careta, para logo depois se virar para mim e estender a mão – Vamos preguiçosa, temos que voltar.

– Não temos não... – disse rolando mais um pouco na neve, em protesto. Eu não queria levantar, estou tão cansada....

– É sério Cas, você precisa levantar. Vamos arrumar outra coisa pra fazer. Vem logo!!

Dito isso, ele pegou meus braços sem mais nem menos e me puxou, mesmo que eu estivesse resistindo. Claro que eu não consegui ficar deitada por muito tempo e me fez levantar de qualquer jeito, mas só quanto eu olhei para ele fazendo uma careta que sua expressa mudou um pouco.

– Cas, você está bem ? Dormiu direito ?

– uhm? Ah... Mais ou menos.. Fiquei acordando e dormindo a noite toda...

– Sério ?? É que você já teve dias assim quando a gente ainda morava no Polo norte e você costumava a ter mais energia que no seu estado atual...

– Ai ai maninho, estou ficando velha, sabe ? – disse eu, tentando fazer graça.

– Você fez alguma coisa... – ele olhava para mim desconfiado agora.

– Por que você acha isso ? – devolvi o olhar, e tentei sustenta-lo por um tempo, mas logo fiquei com vontade de bocejar.

De repente, a cara que o Pedro fez se tornou tão assustada que eu cheguei a pensar que haviam ursos polares perto de nós.

– O que foi ? O que aconteceu ? – disse eu mais desperta, olhando para os lados.

– Você foi lá!!!!! – apontou para mim, com cara de acusação.

Opa.....

– Ahm ? Do que você esta falando ?? – fiz a minha melhor cara de confusão, mesmo não tendo certeza do que ele estava falando.

– Como assim do que eu estou falando ?!? Você foi lá!!!

– Fala direito! Assim não consigo entender nada e-

– Você foi ver o Kouta ontem a noite, não foi ? – Ele usou um tom de voz ríspido e baixo para cortar minha fala... Pedro só usa esse tom de voz quando acha que alguém está vigiando ele...

Olhei para os lados novamente em busca de alguma pista. Nada. Apenas nós e a brancura da neve fofa ao nosso redor. Suspirei um pouco antes de falar, não valia a pena mentir para ele.

– Eu fui.

E assim, eu vi a reação mais estericamente engraçada da minha vida. Pedro fez uma careta de quem não acreditou no que ouviu, jogou as mãos para o céu e saiu andando como se eu fosse um ser de outro mundo. E logo depois, voltou para perto de mim, com a mesma cara de antes, sem palavras, enquanto movia freneticamente seus dedos perto da face como quem me pedia por mais explicações.

Meu olhar se tornou um pouco melancólico, minha voz, antes meio sonolenta, adquiriu um tom baixo, e em minha mente, eu revivia a cena de reencontrar Kouta a ponto de congelar por completo. Contei a ele os detalhes de minha visita, e Pedro ouviu tudo atentamente, eu só não sabia dizer se ele havia parado de pensar no quão absurda tinha sido a execução dessa ideia ou não.

– ... E agora, saber que ele conseguiu uma chance com o conselho, me tranquilizou um pouco mais em relação a prisão dele, mas não completamente...

– Nossa... Não sabia dessa sua vida secreta! Mas.... Cas, se seu pai descobre o que você fez, não sei se vai haver uma chance para ele, ou uma morada aqui para você....

– Não tem como ele descobrir isso. Vai acabar tudo bem.

Depois da longa conversa que tivemos, eu me senti muito cansada para prosseguir com a perseguição aos pinguins, e convenci meu amigo a desistir também, e juntos seguimos para a aldeia.

.

.

.

Havia um movimento incomum por ali. A maior parte das ruas estavam desertas, e as pessoas que circulavam por lá estavam com pressa. A princípio isso foi muito estranho, já que estávamos perto da hora do almoço o normal seria se as pessoas estivessem indo para suas casas e não o contrário.

Um desconhecido estava passando, e eu resolvi tentar chama-lo. Ele olhou para trás rapidamente, e diminuiu seu ritmo de corrida apenas para responder minha pergunta, apesar dele não ter parado de se mover completamente.

– O que está acontecendo ?? – perguntei a ele, meio que gritando por ele estar a uma certa distância

– Vão executar o garoto do fogo !!!!!!

Dito isso, ele saiu correndo novamente e eu fiquei sem chão. Olhei para Pedro e ele parecia igualmente surpreso.

– Você disse que ele tinha mais uma chance... – olhei para ele chorosa.

– Ele realmente tem, mas aparentemente o conselho não quis demorar muito pra decidir isso, a minoria que votou na execução imediata deve ter pressionado o Ancião e... Bem, não podemos perder tempo com isso agora !!!!

Balancei minha cabeça em concordância e nós seguimos para a direção que o outro garoto havia tomado. O conselho da Tribo da Água do Sul.

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Kouta Narrando

Depois que me serviram o café da manha daquela maneira estranha, os guardas se retiraram e pude ficar sozinho por mais algum tempo. A maior parte dele eu concentrava meu ki para me aquecer, e devo admitir que o vapor de água que se formava ao meu redor era bem divertido. Fiquei satisfeito de ter assustado os guardas de antes, pelo menos tinha sido uma boa diversão.

Ficar naquela posição por muito tempo estava cansando meus braços e pernas... Por um momento achei que seria melhor eu queimar as pilastras de gelo que me seguravam e me sentar no chão, afinal, se eu realmente quisesse sair daqui, eu poderia ter feito isso na noite anterior, quando Cassandra havia me aquecido com suas mantas de frio.

Cassandra... De alguma forma eu poderia criar problemas para ela se me libertasse e fugisse,já que ela era a pessoa mais próxima de mim da Tribo da Água, então aguentei aquela posição por mais um pouco de tempo.

Perto do almoço, senti meu estomago roncar de fome. O pão dormido que haviam me trago e a água gelada de nada adiantaram para segurar minha fome até aquele horário. Estava esperançoso para que em breve alguém aparecesse com o meu almoço, e logo consegui ouvir passos descendo as escadas de gelo.

Eles demoraram bastante até chegarem lá em baixo, e logo percebi que não se tratava de um ou dois guardas, e sim pelo menos uns quinze ou vinte. Quando todos eles chegaram lá em baixo, pude estipular uma quantidade mais ou menos parecida a o que eu imaginava.

– Ola pessoal, todos vocês trouxeram o meu almoço ? Que gentileza da parte de vocês e-

– Silêncio!!!!! Garoto maldito... – Disse um dos guardas. É.. pelo visto eles não estavam para brincadeiras.

Pelo menos cinco deles estavam com armas apontadas em minha direção enquanto outros dois desfaziam as barras da cela. Depois disso seria melhor não falar nada. Mais cinco entraram no local e me cercaram, e os mesmos dominadores que desfizeram as barras, agora desprendiam minhas mãos e pés das grossas prisões de gelo. Quando achei que estava livre para pelo menos alongar o corpo, os guardas ao meu redor “gentilmente” me empurraram para fora da cela, e faziam marcação em mim a todo momento. Os que ficaram do lado de fora agora guiavam o caminho pela frente, em duas longas fileiras, e os dominadores novamente me seguraram, mas de uma maneira diferente : um deles amarrou minha cintura com uma grossa camada de gelo e o outro fez algo como algemas em volta de meus pulsos.

Olhei brevemente ao redor, mas alguém que ainda descia as escadas me chamou a atenção. Os olhos, cada um em um tom diferente de azul, ele levava alguns casacos a mais devido ao frio que estava lá em baixo, e atrás dele, um guarda o acompanhava como um fiel cão de guarda.

– Esperava que você morresse congelado, Kouta. – Disse ele, sínico.

– Eu esperava que a sua cara não se recuperasse tão cedo, Lucas.

– Seu almoço logo será servido, aproveite os momentos que você ainda tem... – ele passou por mim seguido de seu guarda, e juntos eles adentraram na minha cela, com um cristal enorme das mãos de cada um.

Queria indaga-lo um pouco mais, mas logo senti a força das dominações feitas em minhas amarras me impulsionarem a andar. Não tive tempo de questionar Lucas o porque daquilo. Suspirei. As pesadas passadas de todos os guardas me acompanharam até a saída, e pelo visto, iriam me acompanhar ao longo do trajeto, seja lá para onde estavam me levanto. Enquanto não saímos da longa Prisão de Gelo, eu me permiti ser levado sem resistência, mas ao chegarmos a saída, parei involuntariamente para sentir um pouco do calor do Sol em minha pele. A familiar sensação de ser aquecido pelo Astro Rei e não mais precisar usar meu ki para faze-lo de certa forma me fez relaxar, mas logo continuei a ser puxado, e tive que recomeçar a caminhar caso não quisesse ser arrastado neve a fora.

Por um momento achei que eles estariam me levando para o Conselho onde o pai de Cassandra estava na ultima vez que o vi, mas tomamos um rumo diferente. Ao longo do caminho, tinham poucas pessoas, e elas ou evitavam olhar para mim, ou me olhavam com um ar de desprezo.

O melhor a fazer era continuar andando e olhar em linha reta, não queria que as pessoas se sentissem intimidadas por mim, e também não me incomodava com os xingamentos e olhares cheios de ódio que alguns me lançavam.

Eu não estava prestando muita atenção no caminho, mas a magnitude do lugar que estavam me levando e o barulho que as pessoas lá dentro faziam despertou minha atenção. Eu estava sendo levado para o centro da área de julgamento mais larga que existia.

Na verdade, eu me sentia em uma arena. A dominação dos guardas me colocou no centro do que julguei ser a área de luta. Havia uma arquibancada que parecia abrigar toda a população do Polo Sul, e todos eles olhavam atentamente para mim. A minha frente, dez lugares vazios, e um especialmente chamativo, que julguei ser o do líder daquele local.

Uau... Eles realmente levaram a sério isso de eu ser perigoso.

Olhei para cima, o teto todo desenhado e feito em gelo era sustentado por grossas pilastras de neve, e de certa maneira,isso me lembrou muito a sala de reuniões do Palácio do Fogo, só que ao estilo Tribo da Água.

Senti as algemas de gelo se desfazerem, e olhei para os vinte guardas, agora posicionamos a pelo menos 10 metros de mim, mas ainda sim me circulando. Todos se aquietaram, enquanto os dez conselheiros da Tribo da Água adentravam no local e tomavam suas posições. Os últimos a entraram foi o Chefe da Tribo e o Senhor Ancião. O Chefe se sentou na cadeira luxuosa no meio dos conselheiros, e o Senhor Ancião se sentou ao lado do Chefe, em uma cadeira que eu nem tinha reparado antes.

Eu queria fazer uma piada sobre o comitê de boas vindas para minha pessoa naquele lugar, mesmo que eu estivesse prestes a ser julgado, mas tive que conter o meu lado irônico. Aonde eu estava era puramente neve, e a probabilidade de eles criarem espinhos gigantes atravessando a minha garganta antes de eu disser alguma coisa era muito grande.

O chefe novamente se levantou e todas as conversas restantes se calaram para o seu pronunciamento, enquanto isso, eu ainda estranhava o fato de eu estar livre de qualquer coisa que pudesse conter meus movimentos.

– Pois bem, diante do Conselho da Tribo da Água e dos cidadãos aqui presentes, eu declaro este julgamento aberto.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal.... dia 2/04 a história completou 3 anos em andamento, e eu gostaria de agradecer muito a todos vocês por terem me acompanhado durante todo esse tempo. Eu pretendia escrever todos os capítulos restantes antes do aniversário da fic, mas infelizmente a criatividade me abandonou e fiquei por longos 3 meses sem postar, ou seja, todo o tempo que eu tinha ;-;

E sim, isso significa que a fic está chegando em sua última saga e em breve, ao fim. Mas não se preocupem que até lá, vamos ter muitas tretas a serem resolvidas.

Mas então.... ((SPOILER))

Quem aqui está com saudades do Bon e companhia ? XD

Até breve !!!!