Um amor imperfeito escrita por Hachi182


Capítulo 29
Invasão


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo pessoal !
(leiam as notas finais)



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No capítulo anterior....

O chefe novamente se levantou e todas as conversas restantes se calaram para o seu pronunciamento, enquanto isso, eu ainda estranhava o fato de eu estar livre de qualquer coisa que pudesse conter meus movimentos.

— Pois bem, diante do Conselho da Tribo da Água e dos cidadãos aqui presentes, eu declaro este julgamento aberto.

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Kouta narrando

Engoli em seco quando os dois representantes da tribo se sentaram. Por não conhecer muito sobre o tipo de julgamento que seria submetido, estava ainda mais nervoso sobre o que poderia acontecer. Não sabia como me portar, ou o que falar, e quando falar, e muito menos a maneira que eles me avaliariam digno de não ser morto ou algo do tipo.

No meu caso, ser expulso seria a melhor das punições que eu poderia receber, já que muitos dos olhares presentes me julgavam antes mesmo do pronunciamento do Conselho.

Visto que eu não sabia como nada ali funcionava, acabei adotando uma postura como se estivesse sendo julgado pela Nação do Fogo. Minha cabeça e coluna agora se encontravam eretas. Cruzei os braços nas costas e os mantive juntos com o auxílio das mãos, e meu olhar se manteve sério na direção dos líderes.

Percebi que alguns dos outros membros do Conselho olharam estranho para a minha mudança de comportamento, mas eu não me importei. Eu só queria me sentir um pouco mais a vontade, e por incrível que pareça, aquela postura me acalmou muito simplesmente por ser a única coisa familiar para mim naquele momento. O único que pareceu manter a mesma expressão desde que chegou foi o Ancião.

De súbito, um movimento. O Ancião saiu de sua cadeira e desceu até  nível que eu me encontrava, e a essa altura, os guardas estavam com quatro olhos virados em minha direção. Os membros do Conselho novamente se surpreenderam, mas nenhum deles impediu aquele senhor. Ouvi sussurros ao meu redor, e pelo o que eu entendi, ele não se dava ao trabalho de fazer isso com prisioneiros. Ele caminhou em passos breves até a minha direção, fez um movimento que eu reconheci como a dominação de água, e logo um pequeno filete do líquido rodeou minha cabeça.

Tentei disfarçar meu olhar de confusão e manter a postura séria, mas parece que não foi muito eficaz devido a proximidade que estávamos um do outro. A água circulava ao meu redor constantemente, mas seu movimento me pareceu estranho mesmo sabendo que se tratava de uma dominação.

— Diga  a verdade e somente a verdade, e você será salvo do que lhe aguarda. – Disse o Ancião para mim.

Eu apenas fiz um movimento positivo com a cabeça, ainda estranhando o gesto, me perguntando como ele saberia se eu estaria mentindo durante o julgamento ou não. O filete estranho que me rodeava foi na direção de sua mão, congelando-o em forma de esfera e depois o ancião voltou para seu lugar ao lado do chefe. Perdemos pelo menos quinze minutos nesse.. ahm... ritual. O círculo de gelo com a água estranha me deixava nervoso de certa forma, mas logo me foquei em uma pessoa que se levantou na ponta direita da mesa, com uma espécie de pergaminho na mão,e se preparava para a leitura.

— Pois bem, dada aberta o julgamento, eu inicio a primeira acusação. – Declarou o homem – O rapaz  diante de todos aqui presentes, foi visto praticando a dominação do fogo contra um cidadão de nossa tribo. O Senhor nega essa acusação ?

— Não... Mas devo acrescentar que isso foi um mal entendido e...

— Silêncio!!!!! – gritou um dos guardas antes que pudesse completar meu argumento.

— Então, confirmando esse argumento, o senhor automaticamente admite ser um dominador do elemento fogo ?

— Sim....

A multidão deu um suspirou coletivo. É sério que tinha alguém aqui que ainda não soubesse quem eu era ? Isso sim me surpreendeu...

Todos ao meu redor cochichavam levemente, e eu sabia que alguns só estavam ali para ver a minha cabeça rolar por aquele chão de gelo. Ao olhar para os lados, reconheci poucos rostos que estavam presentes no dia em que ataquei Lucas, todos em reprovação.

Não dei muita atenção a o que o guarda falava, a argumentação era muito óbvia. O pior é que tudo o que era dito vinha acompanhado de um discurso de “como a nação do fogo é perigosa” e “todos os dominadores eram culpados pelo destino da Tribo da Água do Sul”.  Outra coisa que havia ficado bem clara era que eu não teria direito a palavra, ao menos que algum deles quisesse que eu falasse.

Isso ia demorar muito para acontecer.

Deixei minha mente vagar pelo salão. Além das pessoas que testemunharam meu “ataque”, haviam muitos cidadãos que conviveram comigo desde a minha chegada, quando todos não sabiam quem eu era, me achavam apenas um garoto simples do Reino da Terra. Os pescadores principalmente, alguns cruzavam os braços e franziam o cenho. Devem estar se arrependendo de terem sido legais comigo. Ou talvez pensando em me defender, depois de todas as pescas que eu ajudei a trazer a rede para o barco, e dar nós nas cordas do pier.

E em meio a tantos rostos, um me fez falta. Onde estaria Cassandra ? Será que ela havia sido impedida de ouvir o julgamento ?

Tentei ser discreto e passei os olhos mais uma vez pela multidão, dessa vez bem atento. Ela e Pedro seriam as únicas pessoas que iriam a meu favor caso houvesse uma votação. Não a vi em lugar nenhum.

Respirei fundo e soltei a respiração devagar. Com Lucas manipulando a cabeça de Giotto, é altamente provavel que ela tenha sido afastada do julgamento. Não me restavam mais opções a não ser prestar atenção no discurso do guarda.

…………………………………………..

 Cassandra narrando

 

Confesso que demorei mais tempo do que gostaria para conseguir entrar. Os guardas me barraram logo na entrada, dizendo que o julgamento já havia começado e que não havia possibilidade de eu e Pedro entrarmos.

— Isso é um absurdo!!! Nós também somos cidadãos e temos todo o direito de ouvir o que está sendo dito no julgamento !! - reclamei.

— Temos ordens de que mais ninguém pode entrar nessas arquibancadas senhorita. - respondeu um dos guardas.

—  Ah é ? E por que tem outras pessoas entrando a metros de nós no próximo portão ? - disse Pedro.

Eu mal acreditei quando vi, realmente outras pessoas atrasadas conseguiram entrar, a alguns metros de nós, por outros guardas da Tribo da Água. Imediatamente me ocorreu que a nossa presença não era requerida naquele julgamento. Os próximos guardas estavam longe demais para ver o que estava prestes a fazer.

Em um movimento súbito, usei minha dominação e empurrei ambos os guardas para a parede mais próxima, preendo-os a mesma pelos braços e pernas. Por causa do susto,  eles largaram as afiadas lanças na neve. Um deles ameaçou gritar e chamar os guardas mais próximos,  mas vi com os canto dos olhos que Pedro fez algum movimento, o que inibiu o grito do guarda.

Fiquei satisfeita por Pedro ter apoiado o que eu fiz, mesmo não sendo o melhor momento para ameaçar os guardas . A falta de sono começou a surtir efeito no meu humor e na minha capacidade de raciocínio e discernimento de ações devidas e indevidas. Definitivamente aquela não era  a melhor coisa a se fazer, mas agora já era.

Eu estava com raiva, muita raiva. Fiz a melhor cara ameaçadora que consegui, antes de prosseguir com a minha fala.

— De quem foi a ordem de nos impedir de entrar ? - Fixei meu olhar em um dos guardas, esperando a resposta. - ME DIGA !

Forcei o gelo na parede atrás dos guardas, fazendo mais pressão. Eu poderia ter saído dali assim que eles estivessem fora de alcance, e deixado Pedro de guarda para que não me seguissem, mas eu realmente precisava saber quem foi o responsável por tentar me deter.

Um dos guardas abriu a boca. Uma…. Duas vezes… Respirou fundo antes de abrir a boca pela terceira vez com a minha resposta.

— Foram ordens do Senhor Lucas, senhorita…

— Maldito bastardo!.. - praguejei. Tive uma pontada na cabeça, como se fosse o início de uma bela enxaqueca, enquanto minha mente trabalhava nos possíveis planos de Lucas para me querer longe.

— A quanto tempo tempo estão lá dentro ? - perguntou Pedro, ainda alerta ao movimento dos guardas. A pergunta chamou minha atenção para eles novamente.

— A mais de 1 hora… - o segundo guarda respondeu.

Me afastei um pouco para cochichar no ouvido de Pedro.

— Eu preciso entrar lá e saber o que está acontecendo… Tenho certeza que vão incrimina-lo de todas as coisas possíveis.

— Tudo bem, sei que você tem mais argumentos que eu para convence-los do melhor. Só queria poder ir e assistir você soltando os cachorros - ele fez uma cara de desolado, enquanto eu ri brevemente e deu uns tapinhas em seu ombro.

— Fique aqui e vigie esses dois, se eles tem ordens de não me deixar entrar, outros também terão. Eles não podem ser alertados… - cochichei para ele.

— Eu sei maninha. Não se preocupe, sou bem grandinho pra saber me cuidar - ele riu e piscou para mim.

O apoio de Pedro era essencial para o que eu estava prestes a fazer. Como filha do General Giotto, meu rosto é familiar para qualquer guarda da tribo, e se essa ordem realmente está sendo seguida, eu estava prestes a invadir uma reunião do meu próprio conselho.


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Notas finais do capítulo

Olá queridos leitores,
Simplesmente não tenho palavras para a demora da fic, apenas falta de vontade de continuar mesmo... Desempatia com a história, com o rumo que a minha vida tomou desde o inicio da fic até agora. Pretendia ter terminado a muito tempo, mas os bloqueios criativos foram enormes...

Além disso, entrei na faculdade, e o picos de atividades foram demais até mesmo para que eu pudesse descansar direito. Esse ano, pretendo terminar de vez a fic, já tenho um rascunho na cabeça de como serão os capítulos até o final, não devem faltar 15 capítulos...

Mas ainda tem bastante coisa para acontecer. Hoje foi curtinho, só um gostinho do próximo.

Continuem com seus comentários inspiradores, vocês não sabem a falta que faz.
Obrigada por todos que leram até aqui, e que persistem em acompanhar a fic.
Deem uma opinião sobre a escrita, ficou melhor ? pior? continua a mesma coisa ? Teve algum erro de gramática ? Me esforcei para manter o nivel da fic cada vez melhor.

Até o próximo capítulo, meus queridos.