No capítulo anterior....

A pessoas ao redor, provavelmente moradores locais, olhavam para os jovens, espantados. E cochichavam sobre si alguma coisa, apontando para Kouta uma vez ou outra.

 Não era de se culpar, ambos não deviam estar com uma boa aparência.

Kouta foi o primeiro a cair de cansaço.

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Kouta narrando :

Nao sei quanto tempo fiquei acordado, nem que dia é hoje, muito menos que horas são. O corpo parecia todo dolorido, todo ele, e qualquer menção de se mexer, a parte ficava formigando. Isso é uma praga !! A ultima coisa que me lembro é de finalmente chegarmos a um lugar com vida depois de subir a montanha,nada mais. Nao queria abrir os olhos, as pálpebras estavam pesadas demais, parecia um menininho teimoso que não queria ir a escola cedo.

Me mexi um pouco e virei de lado, ouvi som de conversa, bem baixinho... Procurei no meu subconsciente de onde eu conhecia... Nao, nao conheço. Isso me fez lembrar..

 - Cassandra ? - de repente, o cansaço nao foi suficiente para me livrar essa duvida, afinal, ela estava comigo ontem, ahm.. Mais cedo... Ahh, sei la !!

Nao vi sinal da cabeleira castanha em lugar nenhum dentro daquele quarto, era bem confortável pelo visto, tinha uma decoração harmoniosa e aconchegante para suprir seu tamanho, e uma janela semi-aberta.

Venci a preguiça e dores musculares para ir em direção a esta, e ao abri-la, me surpreendi ao não ver o Sol me cegando a vista, mas sim, se escondendo no horizonte.

De repente , a porta rangeu atras de mim, me virei em um susto, fechado a janela com força. Mas logo me acalmei a ver que era um senhor de idade apoiado em uma bengala.

- Hora meu garoto...nao pensei que acordaria tão rapido, no estado em que voce e a sua amiga eatavm, pensei que iam dormir por mais tempo  - ele riu de si mesmo por sua supestiçao estar errada enquanto eu estava com um a melhor cara de sem graça que consegui (habilidades naturais pra fazer coisas por reflexo).

-Eu...ahm...desculpe pela janela,foi sem querer..

- Nao se preocupe, eu tambem me assustaria se estivesse na casa de um estranho e do nada um velho carrancudo aparecesse na porta

Novamente o senhor riu de si mesmo, Ele estava tentando ser simpático a seu modo estranho, um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Kouta, para a satisfação do velho, mas logo foi desfeito quando se lembrou do problema pendente.

- E a Cas-..a garota que estava comigo..Ela est-

- Esta bem meu jovem, esta aos cuidados de minha esposa, eu lamento nao saber seu estado exato, ela não deixou entrar!!! Acho que nesses conceitos mulheres precisam de privacidade...


Cassandra narrando :

Senti que estava deitada de costas e mãos macias me faziam massagem por cima das roupas. Nao estava suada, nem fedendo, apenas com os cabelos soltos molhados e roupas macias.
Queria abrir os olhos, realmente queria me mexer, mas a única coisa que denunciava meu despertar eram os gemidos de satisfação por ter os músculos realmente tencionados. 

Uma voz feminina e rouca soltou uma leve risada, estava ao meu lado, pelo que ouvi..

- Vejo que ainda nao perdi minhas habilidades manuais depois de tanto tempo...Entao, como vai, minha jovem??

Demorei um pouco a me virar, mas consegui ficar de barriga para cima, parece que a mulher que estava me fazendo companhia era uma senhora de idade, os cabelos grisalhos escondiam o tom castanho que o cabelo dela ja tivera, os olhos igualmente castanhos me analisavam. Eu nao devia estar ruim depois do que ela fez.

- Voce deve se tratar mais, minha jovem, o que andou fazendo para se machucar tanto ??

- Ahm.... Machucar.

- Enquanto tiravamos suas roupas encontramos varios machucados na sua pele - Disse uma nova voz

Olhei para a esquerda, a outra pessoa era uma garota que parecia se rum pouco mais velha que eu. Os olhos verdes musgo e um longo cabelo castanho escuro, estava sentada do outro lado da sala, mas logo que a olhei ela pegou o banquinho e se sentou ao lado da senhora.

- Nao íamos deixar voce naquele estado depoloravel..- disse a mais nova

- Com a ajuda de minha filha, consegui dar um banho em voce enquanto estava desmaiada, sua pele estava bem machucada....

Me sentei na cama, olhando para meus braços e por baixo do lençol, nao encontrei as tais marcas

- Elas sumiram quando te colocamos na banheira... - A senhora disse, imediatamente associei isso com a minha habilidade com a água.

- Eu... Agradeço a preocupação que tiveram comigo, espero nao ter encomodando...

- Nós ficamos felizes de saber que você esta bem. Me chamo Helena, essa é a minha filha Ilca

- Eu sou Cassandra, muito prazer.

Me levantei devagar, elas acompanharam meus movimentos e logo apertamos as mãos, todas nós sorrimos. O sorriso de Ilca...É de certa forma familiar. Mas nunca vi essa pessoa na vida, entao como...?

Tinha outras coisas mais importantes a tratar, ja estava sentindo falta da peça loira ao meu lado

- Kouta... Onde ele esta??

- Ahh o seu amigo? - Perguntou Helena, ela fez uma cara de pensativa por alguns momentos, asssutando-me, mas logo seus olhos se clarearam - Ahh sim!!! Eu mandei meu marido cuidar dele.

- Só espero que o papai nao tenha falado demais e assustado o garoto....

Eu ia abrir a boca para dizer alguma coisa, mas meu estômago escolheu esse momento para solta rum sonoro ronco, indicando as outras que estava com fome. Eu devia estar parecendo um morango maduro, ja que elas riram de se acabar. Acabei rindo também, ja que aquilo foi muito inesperado.

- Tudo bem, ja fizemos tanto por voce, nao custa cozinhar tambem!! - Disse Helena, ja indo para a porta, enquanto eu me levantava da cama, as roupas que estou vestindo sao muito confortaveis

- Desculpem.. Eu realmente nao queria incomodar

- Se continuar repetindo isso, vou te mandar me ajudar lá fora no parto das vacas!!!

As duas familiares riram de se acabar, mas nao depois de escutarem minha resposta

- Nao me importo, de onde venho, era muito normal as meninas ajudarem nos partos. Nao deve ser muito diferente, não?

- Corajosa.. Isso porque em um parto de seres humanos voce nao precisa colocar o braç-

- Nao traumatize a garota antes da hora, Ilca....

A velha Helena abriu a maçaneta, revelando la fora um senhor que estava prestes a bater na porta

- Ola querida!!! Parece que o garoto aqui queria ver a amiga dele e..Vejo que ela ja esta acordada!!! Olhe aqui, loiro!! A sua namorada ali!!!

O velho então saiu da frente da porta e puxou Kouta pela manga da blusa, ele parecia mais descansado, mas ainda estava com as mesmas roupas de antes. Tamto ele quanto eu ficamos envergonhados quando o senhor fez aquele comentario sobre a nossa amizade.. Ou sei la o que isso se tornou...

- Nós..nao somos namorados...Senhor...- defendeu-se Kouta, e eu concordei com a cabeça freneticamente de tão nerevosa e vermelha.

- Pai.... Por favor, nao faça os hospedes quererem cavar um buraco e se esconderem la dentro...

- Enock !!!! Ja chega!!! É melhor voce mostrar ao garoto aonde fica o banheiro, voce nem pode fazer isso por ele!!!

- Em minha defesa, eu me recuso a limpar um homem - disse o senhor, agora sabia que se chamava Enock

- Ora, vamos!!! Deixem os jovens falarem a sós, me ajude com a comida, Ilca...

- Claro, minha mae.

E assim, todos saíram antes de eu ou Kouta protestarmos, dizendo que eles nao precisavam sair. Mas foi melhor assim, ja que nao teríamos vergonha de nos falar sem ele por perto.

- Entao... Voce parece melhor... - disse Kouta, ele estava usando um tom mais...preocupado?

- Sim, elas realmente fizeram muito por nós.. Voce também parece melhor...

- É.. Nao sei como vamos agradecer depois..

- Nao ta pensando em ir embora sem retribuir o que eles fizeram por nós?

- Eu.. Nao disse nada disso...Eu... Melhor irmos lá para baixo...

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Kouta estava meio estranho desde que chegamos, na verdade, eu ainda nao estava acreditando que tinhamos chegado a algum lugar, mas nao era apenas esse sentimento de incredibilidade que o incomodava.

O jantar estava ótimo, eu gostaria de ter ajudado, mas aquelas duas me expulsaram da cozinha de todos os jeitos possíveis. Conseguimos fluir com alguma conversa tambem, já que eu e Kouta nao podiamos simplesmente falar que eramos fugitivos da naçao do fogo, nós nos colocamos como viajantes indo para o sul.

- Ohh, então vocês vao ter que passar pelo Quenion((N/A : autora nao sabe como se escreve isso ó.ò foi mal..)) - disse Helena meio preocupada. Nao deixei de notar que o casal trocou olhares cheios de memórias.

- Soube que a pouco tempo o senhor que fazia a travessia tem ensinado a jovens dominadores de terra a se atravessar um grupo por lá, ja que ele nao tem muito tempo de vida... - disse Ilca, enquanto recolhia os pratos dos presentes.

Aquela era a minha chance!!

Levantei rapidamente, tirei metade das coisas que estavam em sua mão e sorri como se dissesse "Nao vou deixar voce fazer tudo sozinha". Ela acentiu levemente, com um sorriso timido, demonstrando que havia percebido minha intenção de ajuda-la.

Kouta ficou na mesa conversando um pouco mais com o casal de idosos enquanto eu ajudei Ilca a lavar a louça.

- Então..a quanto tempo voce mora nessa vila ? - perguntei, curiosa

- Desde um acidente com o pais do Fogo na nossa outra moradia...

Murmurei alguma coisa para deixar claro o meu entendimento e baixei a cabeça, me concentrando de novo na louça, parece que clima ficou pesado quando comentei. Sinto que cada vez mais estou descobrindo coisas sobre essa família em tao pouco tempo. Em parte, eu nao sei se agradeço a naçao do Fogo por tudo que aconteceu comigo, se nao eu nunca teria encontrado aquela familia, talvez nunca saberia o que é calor o tempo todo..

Os pratos acabaram antes que eu percebesse, Ilca foi guardar os panos de prado e talheres enquanto eu fiquei responsavel pelos pratos.

- Ahm...aonde eu guardo isso??

- Ali no armário de baixo

Procurei o tal armario e...bem, ela nao estava tao organizado assim, ja que tive que arrumar um pequeno lugar para os 5 pratos. Quando estava finalmente tudo no lugar mais organizado possivel (ja que tinha pouco espaço) e fechei.

Ou tentei, pelo menos...Alguma coisa ali atras estava impedindo que as portas do pequeno armário se fechassem.

Vendo que voltei a tirar tudo la de dentro, Ilca se aproximou de mim e abaixou-se ao meu lado, observando meus movimentos

- O que houve ? Nao esta conseguindo espaço??

- Sim, estou....Mas tem alguma coisa ali atras que nao deixa as portas fecharem e....Nossa!!! Que lindo!!! Acho que isso seria uma decoraçao maravilhosa!!! Por que isso fica guardado???

No fundo do armário, havia uma linda peça de ceramica : um pequeno vaso totalemnte decorado com diversos detalhes bem trabalhados. Me perdi tentando analisar a peça, só notei a expssão de espanto na outra garota depois que o vaso foi tomado da minha mão. Eu ia protestar, mas ao ver os olhos marejados de Ilca vidrados na peça, eu nao consegui dizer nenhuma palavra.

- Esse vaso... Estava mesmo ai atras? - perguntou ela com a voz chorosa

- Sim...eu estava tirando para arrumar, voce me viu fazer isso...ahm, me desculpe se eu mexi em algo errado!!! Por favor nao chore, eu...foi sem querer, ahm-

A palavras me fugiram, nao sei que sentimento despertou naquela mulher, e isso estava me deixando preocupada. Fiquei mais surpresa ainda quando ela me abraçou, com o vaso em uma das mãos e lagrimas molharam o meu ombro. Eu simplesmente a abracei de volta, ja bem confusa com o rumo da situaçao.

- Voce achou!!!!