O Quarto Massacre Quaternário escrita por Izzy Figueiredo


Capítulo 4
O Dia da Colheita




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Respiro fundo. Respiro de novo, e mais uma vez. Estava muito nervosa.

Hoje era o dia da Colheita no Distrito 4. Acordei bem cedo, na verdade, nem dormira muito.

A Colheita seria às 11:30, e ainda eram 6:30. O que faria por 5 horas? Já estava quase roendo as unhas, sentada na cama.

Imagine se eu for escolhida? Não duraria um dia na Arena. Não... eu duraria sim. Pelo menos uma semana, acho. Como Flinn sempre dizia, eu era boa com machados e lanças. Isso me ajudaria, certo? Tenho ótima mira; e posso pegar peixes, sei um pouco sobre plantas e frutas, ou seja, sei achar alimento fácil. É, talvez eu dure um pouco...

Mas eu não venceria, essa hipótese está fora de questão. Afinal, há os Carreiristas, que são muito mais fortes e ágeis que eu. Eles são sempre dos Distritos 1 e 2, que são os Distritos que a Capital mais gosta, por fornecerem mais coisas para eles do que nós; mas de vez em quando um outro garoto(a) se voluntária nos Distritos 3, 5, e até aqui, no Distrito 4.

Há também a regra da mudança constante da Arena. Penso então que só consigo viver, imagino, nesse tipo de ambiente. No ambiente do Distrito 4: úmido, com árvores e rios. Provavelmente irá ter esse tipo de ambiente na Arena, como o próprio Presidente já havia dito. Mas e se eu estou indo bem, até que a Arena vira um deserto, ou esse tipo de ambiente? Eu não sobreviveria, sem chance.

Há muitas outras maneiras de pensar em como não sobreviverei na Arena, mas acabo tirando esses pensamentos da cabeça. Não posso ser escolhida. Simplismente não posso.

As horas passam muito devagar, mas finalmente chega à hora de irmos à Colheita.

Eu e minha mãe vamos, meu pai fica com meus irmãos. Chegamos lá rápido, pois todos os lugares importantes de nosso Distrito são perto de minha casa. Depois de me despedir de minha mãe, entro na fila para me "cadastrar". A fila andou rápido, e logo estava esperando a Colheita começar.

Meu nome em dois daqueles potes, 10 vezes. Será que a sorte não vai estar em meu favor hoje?

10 minutos depois, Effie Trinket, com seu cabelo e roupa rosa, e seu sotaque ridículo, sobe ao palco.

_Bem-vindos, bem-vindos! - dizia, alegremente. - Feliz Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre a seu favor! Então, vamos começar? Como de costume, primeiro as damas! - ela então enfia a mão no primeiro pote da mesa, remexe um pouco, e tira um papelzinho de lá.

"Eu não, eu não, eu não..." – pensava, enquanto ela desdobrava o papel.

_Irmand Bulk! - ela grita, e então todos olham para uma menina de cabelos pretos, grandes. Ela parecia ter uns 15 anos, e estava praticamente paralisada. Uma garota do lado dela dá uma empurradinha e ela sobe ao palco. Depois de Effie parabenizá-la, ela parte para os meninos. - Billiam Fostez! - e um menino, um amigo meu, logo percebi, sobe determinado ao palco.

Meu coração desacelerou um pouco. Um menino e uma menina já foram, e se esse não fosse o estúpido aniversário de 100 anos dos Jogos, eu já estaria livre. Mas ainda tinha o terceiro pote, o dos meninos e meninas misturados. Effie continuou:

_Agora, vamos para o "pote especial"! E o terceiro tributo do Distrito 4 é... Catlyn Grown!

Droga. Droga, droga, droga. Legal, fui escolhida. Definitivamente, a sorte não estava à meu favor hoje. Fecho os olhos por um momento, e depois subo, trêmula, para o palco.

_Então, você foi a sortuda! Parabéns! Uma salva de palmas à Catlyn! - ela diz com felicidade, mas ninguém aplaude, como sempre.

Olho ao redor. Tudo está girando. Estou muito tonta, mas consigo me equilibrar. Respirava com dificuldade, estava ofegante. Mas não podia desmaiar. Tinha que aguentar firme.

Effie então, falou:

_Agora é hora de sortearmos os mentores! Vamos lá? - ela tira um papel do pote de cada vez. Rezo para que em um dos papéis que ela retirou, esteja escrito o nome de Flinn.

O primeiro mentor chama-se Lutt Rarer, ele fora o ganhador da 75ª edição dos Jogos. Nunca vira como ele fora; mas muitas pessoas me falaram que ele era muito esperto. A segunda mentora se chamava Louise Delont, ela ganhara a 83ª edição. E agora, o terceiro e último papel. Estou implorando para que seja ele.

_Flinn Mengro, o último mentor! - de repente, sinto meus pés começarem a ficar firmes no chão. Isso. Pelo menos isso. Flinn era um dos mentores. Ele parou ao lado de Louise, estava com uma roupa formal, mas não chegava a ser um terno. Olhava para mim, tentando me dizer alguma coisa, mas não conseguia entender. - Então, é isso! Foi um prazer estar aqui, e vejo vocês no próximo ano! Feliz Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre à seu favor! - com essas palavras, Effie se retira, e alguns guardas levam nós 3 para salas separadas, as que os tributos ficam para receber seus familiares e amigos.

Espero um instante, e logo depois a porta se escancara, meus pais e meus irmão entram.

Minha mãe é a primeira a me abraçar, chorando. Logo depois, meu pai me abraça e me dá um beijo na testa.

_Nós sabemos que você vai... - ele para por um momento, respira fundo, com lágrimas nos olhos, e continua. - Vencer.

_Obrigada pai. - disse. Estava segurando minhas lágrimas, não estava a fim de chorar.

Porém, meus dois irmãos vêm e me abraçam, e não consigo me conter. Retribuo o caloroso abraço dos dois, dizendo à eles:

_Eu vou voltar, tá? Confiem em mim.

Ambos estavam chorando. Odeio vê-los chorando. Isso parte meu coração. Mas fui forte, engoli o choro e dei um beijo na bochecha de cada um.

5 segundos depois, um guarda abre a porta e os leva para fora.

Sento-me em uma cadeira. Antes de poder pensar em alguma coisa, a porta se abre novamente e vejo Flinn.

Me levanto, e ele, sem pensar duas vezes, corre e me dá um forte abraço. Pronto, agora tenho certeza de que estou chorando.

O abraço se estende por mais alguns segundos, quando ele finalmente me solta e limpa as lágrimas do meu rosto.

_Cat... - ele respira; consigo ver que ele está nervoso. - Você consegue fazer isso. Eu vou estar lá do seu lado, tá? Vou fazer de tudo para que eu seja seu mentor.

_Flinn, eu...

_Não, não fala nada. Isso só vai me deixar mais nervoso. - ele me interrompe. - Tenho certeza de que você vai ganhar esse Jogo, sei que você é capaz. E você também sabe.

Nos abraçamos de novo, meus olhos se enchem de lágrimas; até que outro guarda manda Flinn sair, e uns minutos depois, me guia até a limosine que irá me levar ao trem. Os outros dois tributos, e os três mentores já estão lá, e quando chego, olho para Flinn, e a limosine começa a andar.


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