Leka: Ciudad Sin Fe escrita por Scorpion


Capítulo 13
Treze.


Notas iniciais do capítulo

Ante penultimo capitulo ):
Ta pertinho gente! D: q



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13.

Inocente, meritíssimo.

I

Não pode aguardar o fim do mês. Usa o telefone e ao quarto toque Frank escuta uma voz feminina o saudando.

-Boa tarde senhora. Gostaria de falar com Gerard, por favor.

Donna lhe pede um tempo e Frank pode escutar os apressados passos antes da voz de Gerard contra o aparelho.

-O que aconteceu Frank? Está tudo bem?

-Sim, bom... –Aguarda. Procura as melhores palavras antes de continuar. –Preciso falar contigo. Sam acredita que é tempo de pedir para... Recorrer em minha condenação. Disse que talvez pudesse conseguir a liberdade condicional com um só julgamento.

Frank não escuta resposta e acredita que se deve ao impacto inicial, então dá a Gerard uns segundos de reflexão.

-Ok. –Escuta finalmente. –Isso é... Absolutamente maravilhoso!

Depois há um grito e um riso, e Frank sorri ao imaginar Gerard fazendo tudo isso.

-Bom, Gerard, também não é algo certo.

-Claro que é. Você é inocente Frank. –Volta a escutar um riso, e desejaria poder ver esses olhos verdes com esse brilho especial que surge quando está feliz.

-Gee, por isso que estou falando. –Aperta mais o telefone contra si. –Tenho que me declarar inocente, mas...

-Você é inocente Frank!

-Eu apertei o gatilho. Eu disparei. –A voz vai se esvaindo com cada palavra dita.

-Você estava sob o efeito da apora. –Disse soando desesperado. –Não era você Frank. Nenhum ser humano é ele mesmo quando está sobe o efeito de drogas. –Ao não escutar resposta Gerard continua. –E também, ameaçaram te matar, era lógico que você faria o que eles quisessem...

Frank assente com a cabeça.

Gerard não pode ver, mas ao lhe diz que ele entendeu, porque escuta um riso rápido.

-Quando será o dia do julgamento?

-Não sei, terei que enviar o pedido, mas tinha que falar contigo.

-Qualquer pessoa que pudesse falar contigo cinco minutos se daria conta do quão inocente você é.

Frank sorri.

-Quando voc
e vier te darei mais detalhes.

-Tudo bem. Te amo.

-Te amo. Obrigado, Gee.

-Nos veremos logo e você verá, sairemos para passear de mãos dadas e sentindo o sol.

Então a chamada termina e Frank se sente mais otimista e está pronto para essa solicitação. Sabe que não poderia enganar sua consciência, que esta lhe diria que era culpado porque o crime estava em ter apertado o gatilho, lançado a bala, atravessado a pessoa e lhe causar a morte.

Contudo Gerard tem um ponto. A aporá faz danos. A realidade se distorce, e a ameaça a única pessoa que ama, aumenta o desespero.

Então talvez Frank Iero fosse inocente, e sua consciência tinha que entender isso.

II

Bob Bryar conseguiu em emprego. Não é o emprego mais elegante do mundo, mas tem algumas boas visitas pela manha quando algumas mulheres saem para correr pelo parque. Bob é encarregado da limpeza, e apesar de que essa vassoura não esteja em melhores condições, que tenha que se levantar as quatro da manha, ou tenha que se vestir de laranja berrante, tudo está bem se conseguir esse secador para Donna e ajudar os irmãos Way com o pagamento da internet.

Faz dois dias que levou Donna para comprar seu secador. A mulher está feliz e Bob aceitou fazer turnos extras.

-Não tem porque se sobrecarregar tanto Bob. –Disse Gerard no jantar.

-Quero arrumar dinheiro para voltar para minha cidade.

-Não está cômodo conosco Bobby? –Pergunta Donna.

-Não é isso senhora. –Sorri. –Eu nunca planejei ficar em Leka, foi uma parada não planejada. Coisas da sorte e nada mais, mas não gosto daqui, não é uma boa cidade. Viver em Leka é morrer lentamente...

E ninguém voltou a falar.

Bob Bryar tinha suas razões para ir. Gerard sabia que também seu irmão pensava em ir embora quando terminasse a faculdade, queria levar sua mãe, e ele... Bom, ele nunca havia pensado em abandonar a cidade. Não é bonita, não é limpa, e definitivamente não é segura, mas Gerard Way nasceu ali, é Lekano, e sempre iria ser.

Leka tem muitos problemas, mas, será o melhor sair daqli e ver Leka se arruinar pouco a pouco? Fugir é a melhor solução para os problemas?

Bob irá em algumas semanas.

Aparentemente ele acredita que sim. Seu irmão e sua mãe também.

Gerard Way tem uma opinião diferente.

III

-Bom dia.

Gerard chega em outro domingo para ver Liam.

Em seu encontro vem o doutor de cabelos pretos e olhos azuis que lhe recebe com um sorriso.

-Bom dia Gerard.

-Me desculpe chegar tão cedo Jared, mas não acho que teria outra chance para ver Liam. Tenho um encontro com um comprador.

-Não se preocupe. –Responde com um sorriso simples. –De qualquer maneira, Liam não poderá te ver. Está em uma etapa da reabilitação onde a solidão faz bem. Mas posso entregar alguma mensagem sua.

Gerard assente.

Está feliz que seu amigo progrida, que os passos para a completa reabilitação estejam sendo dados e que as pessoas que lhe perseguem estejam começando a esvair de dentro de sua cabeça.

-Bom, queria lhe entregar isso. –Disse Gerard oferecendo um grande pacote ao doutor. –Diga-lhe que o olhe quando sinta que eles estejam querendo lhe tocar.

Jared sorri. Gerard sabe que o doutor de olhos azuis havia lhe entendido.

----------X----------

Liam recebe o doutor Leto com o olhar esperançoso. Sabe que é domingo e que Gerard tinha que lhe visitar. Sabe também que não pode, que precisa estar só e pensar em tudo que havia feito. Que precisa enfeitar seus demônios, inclusive esses que lhe perseguem pela noite.

-Seu amigo veio e te trouxe isso.

Jared deixou o pacote sobre o colchão. Liam rompeu a embalagem como um pequeno garotinho em seu aniversário.

Liam descobriu depois de tirar todo o papel branco que se tratava de uma bonita pintura do mar. Nela poderia se distinguir a água pintada de azul, com o reflexo da noite próxima. As ondas eram calmas e a espuma se esparramava sobre as roxas de um bonito penhasco.

-Disse que quando sentisse medo, o veja, e te tranquilizará.

Liam olha para o doutor, e o doutor sorri olhando a pintura. Jared Leto pensa que, sem duvidas, a pintura de uma mar tranquilo, feito com uma maravilhosa sensibilidade na só tranquilizará Liam, também será uma janela para um mundo cheio da desejosa paz.

-Eu gosto. –Confessa Liam.

Então o objetivo de Gerard foi cumprido.

IV

-Primeiro Bob e depois você. –Disse lançando um suspiram. –Me deixaram só.

Frank ri. De forma infantil e escandalosa em uma noite dentro da cela que compartilha com Ray Toro.

-Devo te lembrar Ray que para você também resta pouco tempo nesse hotel de cinco estrelas. –Sorri ainda que Ray não possa ver, mas sabe que o afro corresponde, porque cada vez que a chama a prisão dessa forma elegante ele sempre responde da mesma maneira. –E também, o processo demorará um tempo; e também! –Ri. –Você nunca havia falado com Bob até que eu cheguei.

-Você é meu assessor de relações publicas Frank.

Ray Toro é maravilhoso. É tranquilo, inteligente e divertido quando se encontra em confiança.

É fácil falar com ele e discutir em que direção a mosca voa. Teve que ter feito algo muito bom para que tivesse que compartilhar a cela com ele. Melhor companheiro não poderia ter tido.

-E quando sair encontrará com seu príncipe azul. –Já havia mencionado que Ray Toro também é um pouco (muito) zombeteiro?

Frank se sente corar.

-Sim. –Murmura. –Você se encontrará com outra mulher sexy, fora sua mãe?

-Cale-se idiota, não pense dessa forma sobre minha amada mãe.

Frank ri novamente e Ray espera que não chegue algum policial ou um réu comece a gritar para que se calem. Não pode culpa-los. A vida na cela poderia ser muito chata.

Sua vida ai foi, até que Frank chegou e se tornou o melhor amigo que poderia ter.

E quem diria que sai vida iria melhorar ao entrar na cadeia.

-Não tenho ninguém, -Ray continua. –mas acho que é tempo de achar.

-Sabe Ray? Você não é tão feio, tenho certeza que encontrará alguma pobre inocente.

-Idiota.

Frank volta a rir e então acontece o previsível. Os outros presos começam a fazer barulho para que eles fiquem em silencio, uns se unem aos primeiros e há uma enorme cadeia de sons chatos.

O efeito dominó sempre intrigou Ray, e o vê em Frank.

Alguém começando a mover corretamente os fios corretamente, e os demais copiando suas ações...

Seu amigo era uma boa pessoa, e ainda que doesse ficar só, ele merecia sair, imediatamente.

V

Essa manha Kevin lhe surpreende com uma visita ao consultório de Sam depois do banho.

-Eu consegui! Seu julgamento será dentro de um mês e meio.

Sam sorri. Pula com a emoção.

Frank lhe olha e sorri.

-Quem irá te ajudar com todos esses garotos bons, heim Sam?

Então a abraça, e a mulher lhe aperta forte. Frankie imagina que, se houvesse conhecido sua mãe, assim seriam os abraços que essa poderia lhe dar.

----------X----------

O dia parece estar cheio de brilho, pois a data coincide com o dia de visitas, e ao sair do consultório o oficial Jones já lhe espera para leva-lo ao lugar de encontro.

Frank voltou a sorrir.

-Oficial, gostaria que me acompanhasse nessa vista.

-Frank, já te disse que não fale assim comigo.

-Ok, -Ri. –É um mau costume isto de ser educado.

A vida na prisão não é tão ruim, porque viver não é. É questão de adaptação, positivismo e vontade de mudar o mundo.

Ambos os homens entram na sala onde Gerard lhe espera. O lugar de paredes cinzas e sofás cor de laranja não é o mais moderno do mundo, mas não goteja, não cheia mal, diferentemente de algumas celas.

Gerard se aproxima até eles e nesse instante Jones pode ver um presente com um laço rosa púrpura nas mãos do visitante.

-Me desculpe a demora. –Disse Gerard oferecendo o pacote ao homem. –Frank me disse que havia sido o aniversário de sua neta. Espero que ela goste.

O moreno pegou o presente de suas mãos e Frank sorriu satisfeito com a cara de surpresa no rosto do oficial.

-Muito obrigado.

-Obrigado a você. –Responde Gerard. –Por ser uma boa pessoa.

-Vou os deixar a sós, então.

Jones se afasta e é a vez de Frank desfrutar do pintor. Se abraçam e sussurram “te amo” como se esse cumprimento fosse parte de um ritual tradicional entre ambos.

Se sentam, um em frente ao outro, como sempre, e Frank começa a conversa.

-Meu julgamento será em um mês e meio. –Sorri.

Gerard ri e se inclina para lhe beijar os lábios. É rápido, porque o estrondoso riso havia chamado a atenção do resto dos visitantes. Em um mundo cheio de maldade a violência a homofobia é outro ponto a combater. Em Leka, no país... Na mente de cada habitante do planeta terra.

-Eu te amo. –Sussurra Gerard.

-Eu também amo você. –Responde do mesmo modo. –E como estão as coisas em casa?

-Bom, eu tive sexo selvagem com Bob antes dele ir embora. –Gerard apenas lhe olha e deixa um sorriso sacana.

-Oh. -Atua. –Vamos, ao menos você conseguiu. Comigo ele se fez de difícil.

Ambos riem e há em seus olhos um brilho que só se aparece quando um está com o outro.

-Falando sério. –Disse Gerard. –Bob irá em dois dias. Voltar para casa. –Frank assente com a cabeça. Gerard continua. –Disse que nunca planejou ficar em Leka, e que é desagradável...

-Logo nós iremos Gee. –Sorri. –Nós iremos desse lugar horrível.

Gerard lhe olha de uma forma tão profunda que Frank sente que lhe atravessa tecido por tecido, de uma forma tão sincera que sente uma quentura lhe rodeando, e de uma forma tão terna que poderia chorar.

-Eu estive pensando. –Começa. –Eu nasci aqui. Aqui meu irmão nasceu, e aqui meus pais se casaram. Minha história começa em Leka. Em Leka te conheci, e conheci Liam. Eu sou Gerard Way, sou homem, sou um ex viciado em drogas e sou Leka. É isso o que sou. Um passado que persiste em meu presente e que me ajudará a enfrentar o futuro.

“Sei que nessa cidade nada pode nos surpreender. Nada pior pode acontecer, que ‘viver aqui é morrer lentamente’, mas só para os que deixaram de lutar. Eu quero lutar Frank. Quero lutar por mim, e para salvar o mundo”

“Quero ajudar mais lekanos que quieram mudar. Quero melhorar esta cidade e não só fugir dela a olhando com rancor, porque, apesar dos pesares, Leka de uma forma ou de outra meu deu a vida, então eu a devo muito.”

Frank lhe olha sem sequer piscar. A atenção faz Gerard corar, porque suas bochechas não demoram a se tornar carmim.

-Bom, é o que penso. –Disse coçando a nuca.

-Você é completamente... Assustador. –Frank toma as mãos de seu parceiro e beija cada palma com devoção. –E sabe o que? Você tem toda a razão. Enfrentaremos o desafio. Há muito o que fazer por aqui.

Gerard sorri e sente como ao saber que Frank apoia a ideia que tem a um tempo rondando em sua cabeça. Por isso ama Frank. Porque o compreende e não lhe repreender, lhe escuta e lhe dá razão quando merece.

Então a conversa muda e Gerard lhe conta que havia visto um filme sobre o aquecimento global.

-Os ursos morrem, Frank. O gelo derrete. –Frank pode ver os olhos de Gee se encherem de silenciosas lagrimas. –Porque não podemos só nos matar? Somos nós quem provocamos o aquecimento. Os ursos só estão ali.

Então uma lagrima de raiva cai e Frank encontra outro motivo para lhe adorar. Se inclina sem se importar com os presos ou suas mães. Se inclina e toma com seus lábios essa lagrima e acaricia a bochecha.

Agora Gerard. Adora essa forma de pensar.

E sabe que vão mudar o mundo.

Porque Gerard é direto, tranquilo, espontâneo, agradável, tímido, curioso, sutil, vaidoso, inocente, sem vergonha...

É humano.

Um bom humano, que lhe ajudara a mudar o mundo.

VI

Estavam a meia hora falando de termos legais e palavras que pareciam muito difíceis de entender. Havia descoberto que era um julgamento provado, que não á mais do que o advogado, fiscais e um juiz; Gerard não pode acompanhar e parece que o que decidirá o julgamento é seu próprio testemunho. Segundo as palavras da juíza já tem o relato da psicóloga, as cartas das pessoas na cadeia. E agora Frank sobe (metaforicamente falando) para a bancada.

O advogado defensor havia apresentado o caso e a juíza Malone só quer sabe algo.

-Como você se declara? –Pergunta com voz e olhar forte.

Frank lhe olha.

Milhares de imagens passam dentro de sua mente. Desde o encontro com seu estranho vizinho, o desenho que este lhe fez, até aquela vez em que realmente fizeram amor. Depois aparecem os caras que o tiraram de sua casa, o centro comercial, o irmão de Gerard e ele mesmo atirando o gatilho.

-Senhor Iero?

Não há voltas. É o mento. Abre a boca e quando seja começar a falar uma ultima lembrança chega a ele. Uma lembrança que envolte uma chamada telefônica e a maravilhosa inteligência e apoio de Gerard Way.

Com firmeza Frank Iero olha para a juíza Malone e responde.

-Inocente, meritíssima.

No próximo...

14.

Só por essa noite ele se permite ser egoísta e que o “mudar o mundo” espere, só por essa noite.

-Me dói aceitar que alguém mais cuide de você. –Murmura contra seu ouvido. Então Gerard escuta um soluço e aperta contra seu corpo seu irmão mais novo. –Sempre havia sido eu, Gee. Você é meu irmãozinho.

-Mikey, me deixa crescer. –Sussurra. –Me deixa ser o irmão mais velho.


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Notas finais do capítulo

Então... Amanha eu apareço novamente, ok? Com o 14, ou seja, o penultimo. Beijos, e obrigado pra quem ainda aparece x_x