P.O.V. Millie

A casa dele era realmente enorme, e muito linda. Acho que os outros meninos também moravam ali. Nós saímos do carro e Harry começou a tirar as malas e colocar na calçada. Eram realmente muitas malas.

– Nossa, da onde surgiu tanta coisa? – eu perguntei assustada.

– Ué, as suas coisas e as minhas – Jullie respondeu.

– Você vai ficar aqui também? – não podia acreditar, ela iria morar aqui, seria perfeito.

– Eu não ia te deixar com cinco caras sozinha nesse estado, homens se aproveitam de momentos assim sabia? – ouvi Harry protestar, mas não ouvi – e eu não iria vir pra Londres se não fosse pra ficar, bobinha – ela disse fazendo uma careta. Eu ri.

Cada um pegou duas malas e nós entramos na casa. Cada detalhe daquele lugar era simplesmente perfeito, meu pai iria adorar esse lug.. Meu pai. Ele fazia falta. Deixei uma lágrima escapar, mas limpei antes que algum deles pudesse perceber. Nós subimos as escadas com as malas, seguindo Harry até o quarto que eu e Jullie ficaríamos, pelo menos até acharmos um lugar pra ficar. Estranhei não ter visto ninguém ao passar pela sala, mas aí me lembrei de que eles são famosos, devem estar por ai, dando entrevistas, cantando ou sei lá o que. Ao chegar ao quarto notei que era uma cama de casal para nós duas. Ótimo, nada melhor que dividir a cama com a espaçosa da Jullie.

– Eu vou ver onde os meninos estão – Harry saiu do quarto fechando a porta.

– Eu vou com você – eu falei indo em direção à porta também.

– Não – Jullie me segurou pelo braço – vamos arrumar as coisas antes.

Olhei para as nossas coisas e percebi que era o melhor a fazer, tínhamos bastante coisa. Comecei pegando a menor mala, apesar de todas serem praticamente do mesmo tamanho. Fui tirando as minhas roupas que estavam socadas ali dentro e colocando em cima da cama. Não sei se a Jullie e o Harry já ouviram falar em "dobrar roupa", mas acho que não.

– Eu vou beber um copo d'água e já volto – ela foi andando em direção à porta.

– Ok – continuei tirando as roupas e dobrando uma por uma.

Após uns 10 minutos eu já havia tirado e dobrado todas as roupas da primeira mala. Guardei-as no guarda-roupa que tinha no quarto, eu peguei a metade esquerda pra mim e deixei a outra metade pra Ju, que, por sinal, apareceu só agora no quarto.

– Nossa, se afogou com o copo d'água? – fui irônica.

– Desculpa, não posso beber água com calma mais?

– Pode – disse pegando a minha segunda mala e tirando as minhas roupas dela – Ju, acho melhor você começar a arrumar suas coisas.

– Já vou, peraí, rapidinho – ela saiu do quarto e fechou a porta.

Pensei que ela poderia estar apressada para ir ao banheiro, mas percebi que o nosso quarto era uma suíte. Levantei-me e caminhei em direção à porta, que se abriu no instante em que eu ia sair.

– Aonde você foi?

– Bem, eu... – ela ficou em silencio durante alguns segundos – fui ajudar os meninos com um negócio.

– Que negócio? – perguntei curiosa – peraí, os meninos estão aí? – eu queria pelo menos conhecer as pessoas com quem eu ia morar né?

– Estão, mas... – ela fez uma pausa, segurando a porta para eu não sair – eles acabaram de sair, foram dar uma voltinha, sabe? – é, Jullie nunca soube mentir.

– O que vocês estão aprontando?

– Nada – ela foi até uma de suas malas, levando-a até a cama – eu nunca apronto...

Eu e ela arrumamos bastantes coisas, eu já havia terminado de arrumar a minha parte e a Jullie estava na sua última mala. Eu decidi tomar um banho. Entrei no banheiro e devo ter ficado lá por uma meia hora mais ou menos. Saí enrolada numa toalha e me vesti. Não tinha ninguém no quarto e a porta estava fechada. Tentei abrir a porta e percebi que ela estava trancada. Pronto, estava apavorada.

– JULLIE, HARRY – comecei a gritar enquanto batia na porta – PAREM DE BRINCADEIRA, ISSO NÃO TEM GRAÇA – eu gritava cada vez mais alto – JUUULLIE, HAARRY - eu estava espancando a porta.

Depois de um tempo gritando e batendo na porta, eu desisti. Sentei no chão, encostada na porta. Passaram-se uns três minutos e eu ouvi o barulho da chave na porta. Levantem num pulo e abri a porta, dando de cara com um garoto alguns cm mais alto que eu, olhos castanhos e cabelos pretos formando um topete engraçadinho.

– Nossa, calma apressada... – ele falou abrindo um pequeno sorriso.

– Lógico, me trancam num quarto e eu vou ficar completamente calma – falei num tom irônico.

– Prazer, Zayn – ele esticou sua mão, rindo de mim.

– Millie – o cumprimentei – o que vocês estão fazendo? – perguntei tentando passar pela porta, mas ele não deixava.

– Nada.

– Então por que não me deixa passar? – perguntei parando de tentar passar e olhando diretamente em seus olhos.

Após eu perguntar isso, ele abriu passagem e fez um sinal de que eu podia sair.

– Obrigada – disse num tom irônico, novamente, saindo do quarto e indo em direção às escadas.

Já era noite e do topo da escada pude ver que a sala estava completamente escura. Não sei para onde as janelas e as lâmpadas fugiram.

– Zayn! – ele ainda estava no mesmo lugar, mas eu fiz questão de chamá-lo porque sou muito medrosa.

– O que foi? – ele apareceu do meu lado.

– Vai na frente – empurrei ele, que quase caiu.

Apesar de ele quase sair rolando escada à baixo, ele riu por eu ser tão medrosa. Ele foi descendo, ainda rindo, e eu fui indo logo atrás dele. De repente a luz se acendeu e várias pessoas, que eu nunca vi na vida, pularam gritando.

– SURPRESA!!! – Eu fiquei feliz por aquilo, eles planejaram uma festa de boas-vindas para mim, mas o meu susto foi maior.

– Nossa... Mas... – meu cérebro ainda estava processando, e aí eu vi uma faixa escrito "bem-vinda Millie", aí eu não sabia mais o que falar.

– Vem cá Millie – agradeci mentalmente Jullie por me puxar, eu não sabia o que fazer – esse é o Louis – ela me deixou de frente com um garoto da mesma altura que Zayn, cabelos castanhos jogados pro lado e olhos azuis.

– Oi – acenei tímida.

– Esse é o Niall – este tinha cabelos loiros e olhos bem azuis e ele me abraçou, retribui – e esse é o Liam – esse tinha um jeitinho fofo, cabelos castanhos claros e olhos castanhos também.

– Oi – acenei de novo.

– E essas são Eleanor e Danielle, namoradas do Louis e do Liam – ela me mostrou as duas, que sorriram simpáticas, retribui o sorriso – bom, acho que o essencial são essas pessoas.

– E todo o resto?

– São amigos dos meninos, pessoal da banda, etc etc...

Eu fiquei andando pra lá e pra cá, cumprimentando algumas pessoas, bebendo um pouco, dançando. Por um instante a Jullie me deixou sozinha. Fui para a sala e avistei o Liam sentado no sofá sozinho. Sentei-me ao seu lado. Ali a música não estava tão alta, o que era ótimo para conversar e conhecer melhor as pessoas com quem eu iria morar nos próximos dias.

– Oi – sorri.

Ele olhou para mim e retribuiu o sorriso. Belo sorriso.

– Gostou da surpresa?

– Gostei, apesar de eu quase morrer de medo e susto – ele riu.

– Harry que deu a ideia e a sua amiga apoiou.

– Jullie? Ela apoia toda e qualquer situação constrangedora pra alguém que não seja ela – ele riu mais ainda.

– Não é pra tanto – ele dizia ainda entre risadas.

– Você diz isso porque não a conhece.

– Ela parece ser legal e gostar bastante de você.

– É, mais ou menos – sorri sem mostrar os dentes – cadê a Dani?

– Foi embora, ela tinha que trabalhar.

– Ah ta... – ficamos em silêncio, eu poderia puxar algum assunto, mas naquele momento parecia bem mais interessante apenas observá-lo.

– Você e o Harry eram bastante próximos quando pequenos?

– Sim, - eu sorri ao lembrar-me do Harry e eu quando éramos crianças - o Harry era o meu melhor amigo, até que ele decidiu ir atrás do seu sonho – lembrei-me também do dia em que ele foi embora, que eu fiquei muito triste – eu dizia olhando para o nada.

– Mas agora vocês se reencontraram...

– É, mas meu pai teve que morrer para isso acontecer – depois de algum tempo olhando para o nada, relembrando certas coisas, eu finalmente olhei em seus olhos.

O silêncio reinou sobre nós novamente.

– Eu vou buscar mais bebida, você quer alguma coisa? – perguntei mostrando o meu copo que tinha um restinho de alguma bebida alcoólica de que eu não me recordo o nome.

– Não, obrigado, eu não bebo.

– Não bebe?

– Não, é que eu só tenho um rim, daí eu não posso beber.

Estranhei o fato de ele ter somente um rim, mas não questionei. Fui para a cozinha, mas acabei não bebendo mais, afinal, meu pai nunca gostou que eu bebesse muito. O resto da festa passou rápido, eu não conhecia praticamente ninguém. Dei boa noite para os meninos, menos para o Louis, que foi levar a Eleanor para a casa dela, e subi com a Jullie. Escovei meus dentes, vesti um pijama e dormi.

"Eu estava no carro do meu pai, o mesmo do acidente. Mas quem estava ao meu lado era o Harry, ele estava sorrindo pra mim. Pude ouvir Jullie e os meninos no banco de trás, conversando e dando risada. Eu vi uma luz forte na estrada, parecia um caminhão, aquele caminhão. Por um segundo quase joguei o carro do barranco, como fiz com o meu pai, mas dessa vez não, eu acabei jogando o carro na frente do caminhão. Acordei no hospital, exatamente como havia acontecido no acidente do meu pai. Mas dessa vez o Harry estava do meu lado, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ao ver que eu havia acordado, ele começou a gritar comigo e me chamar de assassina. 'Assassina'. Aquela palavra ecoava na minha cabeça."

Eu acordei assustada. Eu era uma assassina. Havia algumas lágrimas em meu rosto.

– Jullie, Jullie – comecei a cutucar ela.

– Dorme Millie – ela disse e se virou para o outro lado voltando a dormir.

Eu não conseguia dormir, quando eu tinha sonhos assim, eu ia dormir com o meu pai. Eu me levantei e saí do quarto. Fui em direção ao quarto do Harry e bati na porta.

– Harry, Harry – eu tentava falar alto o suficiente para ele ouvir, mas, ao mesmo tempo, baixo para não acordar as outras pessoas.

– O que foi? – ele perguntou esfregando os olhos assim que abriu a porta.

– Eu tive um pesadelo – eu não sei como ele poderia me ajudar, mas eu precisava do meu pai, e como ele não estava ali, eu precisava do Harry.

– Vem cá - ele me abraçou – quer dormir aqui comigo? – eu só assenti com a cabeça.

Ele fechou a porta e foi até a cama abraçado comigo. Eu me deitei no seu colo e contei sobre o meu sonho. Ele só disse que a culpa do acidente não era minha e que ia ficar tudo bem. Adormeci enquanto ele brincava com o meu cabelo.