Respirei fundo tentando esquecer o pensamento que veio a minha mente. Estava parada em frente a porta da casa de Millie, e ela não atendia. Eu até imaginava o que ela poderia estar fazendo. Eu a conheço! Ah, como ela consegue ser tão estúpida?!

Peguei meu celular e cliquei na tela, ele é de touch scream (morram de inveja), e vi 5 ligações perdidas dela. Ok, eu fui uma estúpida.

Não pensei duas vezes, precisava saber se Millie estava bem. Dei alguns passos largos para trás e corri colidindo com a porta, tentando arrombá-la. Digamos que, não deu muito certo.

Cai sentada, gemendo de dor. Respirei fundo e tentei novamente, sem sucesso. Dei um berro, irritada, e sentei no capo do meu carro, um Volvo, (morra de inveja, again.) Observei dentro dele e olhei no banco de trás, Harry estava dormindo quietinho lá, todo encolhido. Ri por ter me esquecido dele num momento como esses, bati na porta e ele foi despertando aos poucos, logo ele estava de pé ao meu lado.

– E ai? – murmurei.

– E ai o que? – disse ele bocejando.

– A porta! – disse estressada.

– O que tem a porta? – ele disse calmamente.

– ARROMBA ELA LOGO CACETE! – berrei puxando ele pelos cabelos.

– Agressiva – ele disse exasperado, após eu soltá-lo.

Ele foi em frente a porta e a examinou, abrindo-a em seguida.

– Como você...? – perguntei de boca aberta.

– A maçaneta estava aberta. – ele disse entrando na casa.

– Harry, estou com um pressentimento ruim! – sussurrei subindo as escadas.

– Não pense em nada de ruim! Atraí coisas ruins! – ele disse.

– Olha, uma grande coisa ruim aconteceu, o papai da Millie faleceu, e isso é muito triste – disse parando em frente a porta do quarto do pai de Millie. – e sei que ela vai fazer alguma burrice, conheço ela. Ela vai agi sem pensar, ela se magoa fácil. – disse abrindo a porta.

A porta do banheiro estava entreaberta, parecia que Millie estava no banho.

– Harry, espera, ela deve estar no banho chorando. – disse deixando uma lágrima escapar.

Agora, a ficha caiu. Não existiria mais tardes de Rock n’ roll, ou filmes de terror na madrugada. Ele se foi. O meu segundo pai, se foi. Eu sei como Millie está se sentindo, a minha vida foi arremessada pela janela, assim que a dela está sendo. Eu entendo o que ela está passando, e entendo o que ela deve estar fazendo.

E uma dor enorme inundou meu coração, senti como se estivesse sendo perfurada por várias facas por todo o meu corpo, senti um arrepio na espinha. Observei aquela cama imensa e branquinha. Ela estava um pouco desarrumada, Millie deve ter dormido ali. Millie.

Apavorei-me e fui correndo no banheiro. A água estava vermelha, os pulsos de Millie estavam cortados. Ela desejará morrer também.

Pegamos Millie a fizemos curativo em um de seus pulsos, joguei a gilete e troquei a roupa dela, Harry enquanto isso foi no quarto dela arrumar sua mala. Coloquei um pijama de bolinhas, e pantufas, e sequei seu cabelo. Ela desmaiada. Demos sal para ela e molhamos a ponta de seu nariz com álcool. Aos poucos ela foi acordando e demos comida para ela. Harry deu. Ele cozinha muito bem, depois de comer, em silêncio ela adormeceu novamente, ela estava muito cansada, e não teve coragem de dizer uma palavra sequer. Nós apenas cuidamos e eu acabei dormindo com ela na cama de seu pai.

. xxx .

– Ei? Jullie? – ouvi alguém me sacudir.

– Quem é...? – murmurei sonolenta,

– Jullie Janne. – ele disse num tom médio.

Abri meus olhos e encarei os orbes de Harry.

– Nunca. Me. Chame. De. Jullie. Janne. Senão. Eu. TE. MATO – berrei a ultima palavra.

Percebi Millie me olhando sorrindo. Um sorriso fraco.

– O que houve? – ela perguntou esfregando os olhos. – tive um sonho ruim... Meu pai havia morrido em um acidente! Cadê ele? – perguntou ela sonolenta.

– é.. Millie.. Não foi um sonho – seu sorriso desapareceu. – olha, se acalma. Você tentou se matar, e eu acho que sua pressão abaixou, e você acabou desmaiando. Millie, como você pode tentar se matar? Se você morrer eu vou junto! Não faça mais isso. – disse chorando.

– Me abraça... – ela pediu.

Abracei-a e ficamos ali abraçadas. Depois de alguns minutos, Harry tossiu.

– Ah, oi Harry. Senti sua falta – murmurou Millie.

– Olá - ele disse. Ela se soltou de mim e eu observei eles se abraçarem.

Ficamos um tempo conversando, quer dizer, Millie e Harry colocando a fofoca em dia e eu só olhando, mas enfim...

– Você vai lá pra casa, Millie – disse Harry e eu o olhei. Ele havia me dito algo sobre isso no caminho por ele ser primo dela...

– O que? – disse Millie.

– Desculpe ter que ser assim Millie. Olha, amanhã a gente vai lá para minha casa. Nossa casa. Vai ficar tudo bem. – murmurou Harry.

. xxx.

Millie está dormindo ao meu lado, eu vou amar Harry para sempre! Ele é um anjo! Conseguiu que Millie fosse com a gente hoje para Londres! Ah, isso vai melhorar bastante o estado dela. Ela está um caco. Nesse momento, estamos no Avião, eu estou já janela, Millie ao meu lado e Harry ao lado de Millie. O pouso será feito daqui cinco minutinhos. É melhor eu acordar Millie.

– Harry! – disse em um tom um pouco alto.

– Fala baixo, bitch! – disse ele rindo.

– Acorda a dorminhoca ai, fazendo favor? – disse na maior cara de pau.

– Ah, porque você não acorda? – disse ele.

– Estou em meu estado de preguiça no nível mais alto. Respeite-me – disse fechando os olhos e arrumando a minha roupa.

– Ok... – disse ele sacudindo a Millie.

Minutos depois, pousamos. Millie e Harry estavam cuidando de toda a burocracia enquanto eu fazia algo extremamente importante: jogava joguinho no celular.

Sério, eu já tava no nível 6 do Diamond Rush.

Depois da burocracia, fomos escoltados por seguranças até o carro.

– Ei? Jullie Janne – disse Millie.

– AAAAAAH NÃO ME CHAMA ASSIM CACETE! – berrei. O motorista me olhou feio.

– Foi preciso – murmurou Harry.

– Fica na sua – disse apontando pro Harry. – Fala flor. – disse Pra Millie.

– Nós chegamos – disse Millie apontando pra porta de uma casa tipo, Mega linda.

– Ah, que divo! – disse empolgada.