I Dont Wanna Be Without You escrita por JuPayne, PrettyJullie


Capítulo 1
Where do I go when no ones home?


Notas iniciais do capítulo

Olá, sou a Juliana e este é o primeiro capítulo, narrado pela Millie. Ele é bem depressivo, espero que gostem. Boa leitura.



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P.O.V. Millie


Estava tudo escuro, forcei meus olhos a se abrirem. As luzes refletidas nas paredes brancas daquele quarto me cegaram por um instante. Fiz um esforço para que meus olhos se acostumassem com a luz. Eu sentia dores insuportáveis em todas as partes existentes do meu corpo. Levei minha mão à cabeça, que doía muito naquele momento. Percebi que eu tinha curativos e roxos em todas as partes visíveis do meu corpo. Olhei para os lados e vi um vaso de rosas vermelhas ao meu lado.


Flashback on


A minha visão estava desfocada, eu mal conseguia enxergar. Minha cabeça estava doendo muito. Com muito esforço, passei a minha mão aonde doía. Olhei para ela e nela havia sangue, muito sangue. Sem comentar que eu estava toda cortada e estava vendo tudo de ponta-cabeça. Olhei para o banco do passageiro e pude ver meu pai, inconsciente. Ele também sangrava muito. Eu não conseguia sair dali, não tinha forças o suficiente. Tentei gritar por ajuda, mas minha voz saía como um sussurro. Minha visão começou a falhar.

–Ela está viva, chamem a ambulância - foi tudo o que eu consegui ouvir antes de apagar.


Flashback off


Lágrimas escorriam pelo meu rosto ao lembrar que tudo aquilo havia sido minha culpa. Uma mulher de jaleco branco entrou no quarto. Deduzi que aquela seria a enfermeira.

– Como você está, senhorita - ela conferiu a minha ficha - Styles?

– Mal - limpei as minhas lágrimas - eu quero voltar para a minha casa com meu pai, terminar a escola, tirar a minha carteira de motorista,...

– Bom... Você poderá fazer algumas dessas coisas em breve, você já recebeu alta e poder voltar para casa ainda hoje. Mas eu tenho uma notícia ruim.

– Eu não vou poder tirar a minha carteira? Tudo bem, eu nem conseguiria dirigir mais durante um bom tempo.

– Na verdade, o problema é com o seu pai.

Gelei. Será que o estado dele era grave? Eu acho que nunca iria me perdoar se algo ruim acontecesse com ele. Quer dizer, eu nunca vou me perdoar, já que a "coisa ruim" já havia acontecido.

– O que aconteceu com ele? - eu perguntei com medo da resposta, imaginando milhares de estados graves que ele poderia estar.

– Ele faleceu ontem, às 23 horas. Quando aconteceu o acidente e o carro capotou, ele bateu a cabeça e ficou inconsciente e acabou não resistindo.

Minhas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e mil pensamentos surgiram em minha mente. Era minha culpa, se eu não fosse tão distraída, se eu não estivesse discutindo por algo inútil, se eu desse mais valor ao que eu tenho, se eu me preocupasse mais com ele, e mais milhares de "se", eu teria ele aqui e agora. Mas como eu mesma disse, “se”. Nada disso aconteceu e agora ele não está mais aqui. Eu precisava dele, para me dar bronca pelo acidente, para me proibir de sair após as 23h30min sem um adulto responsável, para me mandar estudar, para me apressar para eu não me atrasar para o colégio, para me divertir, para me sentir completa, eu precisava dele para viver. Minhas lágrimas não pararam de cair nem por um segundo, era incontrolável. A enfermeira ainda estava falando, contando detalhes, mas eu nem ligava para detalhes, eu precisava do abraço de alguém, eu precisava do abraço do meu pai. A enfermeira me deixou sozinha. Ela disse que era pra eu descansar por um tempo ali e que mais tarde eu seria liberada para ir para casa. Casa? Eu tinha casa? Não sei. Como eu sou menor de idade algum assistente social provavelmente vá me visitar. É, eu não tinha ninguém próximo além do meu pai e da Jullie.

Fiquei ali, deitada, relembrando todos os momentos felizes que eu havia passado ao lado do meu pai. Acho que eu nunca havia chorado tanto na minha vida. Eu chorava como se quisesse jogar toda a minha dor pra fora, junto com as lágrimas. Algumas horas se passaram e eu fui liberada. Troquei-me, a enfermeira me deu algumas roupas limpas, pois as minhas estavam sujas de sangue. Fui caminhando a caminho de casa. Eu deveria estar toda descabelada e com olhos vermelhos e inchados, pois não vejo outro motivo para todos na rua olharem descaradamente para mim além disto e da faixa na minha testa que servia de curativo para o corte que eu tinha ali. Mas eu não me importava com os olhares das pessoas. Peguei meu celular, que, por sinal, estava com a tela trincada, deveria ter trincado durante o acidente, mas isso também não me importava naquele momento. Disquei o número de Jullie, eu precisava falar com ela, que provavelmente estaria agora em algum lugar bem distante de Holmes Chapel.

– Atenda, atenda - eu torcia enquanto ouvia os toques incansavelmente até ouvir a sua voz.

– Alô? Aqui é a Jullie Janne - eu estava aliviada por ela finalmente atender. Eu estava prestes a falar quando ela prosseguiu - eu não posso atender no momento, mas deixe um recado e eu retorno a ligação mais tarde - e ouvi um bipe após.

– Jullie, aqui é a Millie, eu preciso falar com você urgente, é importante - e desliguei, entrando em casa.

Podem me chamar de louca, mas assim que eu abri a porta senti o cheiro dele e algumas lágrimas escaparam. Eu sentia falta dele. Corri até o quarto dele, tirei aquela roupa que não me pertencia e peguei a sua blusa preferida no armário. Vesti. A blusa do Guns'n roses ficava enorme em mim, mas eu me sentia bem com ela, ele amava essa blusa. Peguei o cd "Appetite For Destruction" e coloquei no som que ele tinha em seu quarto. Ele adorava esse cd, sempre ouvia. Deitei-me no lado da cama em que ele dormia e fiquei de frente para o lado que eu me deitava quando tinha pesadelos e ia dormir com ele.


Flashback on


Estava tocando alguma música do guns, eu não sei qual era, pra mim elas não tem tanta diferença. Eles tocam bem, mas eu já estava enjoada de só ouvir guns.

– pai, vamos colocar Katy Perry, sei lá, só pra variar um pouquinho - disse tirando minha concentração do transito e procurando qualquer outro cd.

– não, eu gosto desse cd..

– quem está dirigindo? - eu continuava procurando o cd.

– de quem é o carro? - ele adorava fazer isso, me virei bruscamente para ver o seu sorriso de vitória.

– eu quero outro cd - falei voltando minha atenção de volta para a pista. Vi uma luz, um farol alto, parecia de caminhão e acabei me assustando, virando o volante para o lado contrário do caminhão.


Flashback off


Acordei com muitas lágrimas nos olhos, já estava escuro. O cd do guns ainda tocava. Eu me lembrei de que a enfermeira tinha dito algo sobre o velório. Acho que seria amanhã de manhã. Sentei na cama, limpando as minhas lágrimas. Desliguei o som e caminhei até a cozinha. Bebi um copo de água, não comi nada, estava sem fome. Voltei para o quarto do meu pai e comecei a fuçar nas coisas dele. Achei uma grande caixa embaixo de sua cama. Abri a caixa e havia várias fotos. Comecei a vê-las. Primeiro vi umas fotos do meu pai, só que mais jovem, com uma moça muito bonita. Ela parecia um pouco comigo. Ou eu que parecia com ela? Ela era a minha mãe. É, eu nunca havia conhecido ela, meu pai disse algo sobre depressão pós-parto ou sei lá. Eles formavam um casal muito lindo. Via algumas fotos dela grávida e depois as fotos eram só de mim, do meu pai e de alguns familiares, como o Harry, por exemplo. É, Harry Styles era meu primo. Nós éramos muito amigos, mas perdemos o contato quando ele foi pra Londres realizar seu sonho. Sorri ao ver uma foto. Era eu, o Harry e meu pai, fazendo careta. Queria poder voltar naquele tempo, naquele dia, em que a minha única preocupação era brincar e roubar doces com o Harry. Eu fiquei vendo fotos e quando percebi já havia amanhecido. Guardei as fotos e voltei a lembrar do acidente e que ele não estava mais ali, e por minha culpa. Fui até o seu banheiro, abria as gavetas, nem eu sabia o que procurava. Eu peguei uma gilete, que meu pai usava para se barbear. Nunca havia tentado me matar, mas vamos parar de me iludir, eu não tinha ninguém. Lembrei-me de Jullie. Tentei ligar para ela novamente. Caixa postal.

– Jullie - eu dizia chorando - eu preciso de você - e fiquei em silencio até ouvir um "obrigada pelo recado".

Voltei ao banheiro e peguei a gilete, olhando o meu reflexo no espelho. Nunca havia me visto pior. Caminhei até a banheira e enchi-a. Entrei com a camiseta do meu pai mesmo, se fosse pra morrer, que fosse com a roupa que eu queria. Peguei a gilete e estava prestes a cortar os pulsos, até ouvir a campainha. Decidi não atender, quem quer que fosse eu estava ocupada. Comecei a cortar meu pulso esquerdo. Aquilo doía, mas não chegava aos pés da dor que eu estava sentindo pela morte do meu pai. Eu comecei a me sentir meio tonta, ia cortar o outro pulso, mas eu não tive forças, a gilete caiu e eu apaguei.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews *-*