Mestre e Comandante escrita por americangods


Capítulo 7
Capítulo 6 - Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Nada disso é meu.
Exceto Andromeda.



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Cicatrizes

Os braços dela estavam abertos, a energia biótica fluindo por toda a área do centro de treinamento. Um grupo de jovens em volta dela, todos eles cobertos pela mesma energia. A fumaça incorpórea azul, os feixes de luz, a estática passando do corpo dela, para a fumaça, para o chão, impedindo que os jovens se movessem.

– Vocês tem um minuto – diz a mulher, cabelo totalmente raspado dos lados, os fios da parte superior da cabeça num rabo de cavalo.

Tinha tatuagens cobrindo seu corpo inteiro, o seios – não muito – cobertos por tiras brancas de um tecido sintético, uma jaqueta negra cobrindo os braços e uma calça bege aberta dos lados, mostrando boa parte das tatuagens nas suas coxas.

– 40 segundos.

– Não dá, sua vadia! – Grita Rodriguez, uma americana de 16 anos.

Jack da uma risada leve.

– Ok, Rodriguez, você está fora – ela não precisa mexer um músculo sequer, uma onda biótica acerta a menina e a arrasta para uma das paredes. Ela bate de costas e cai sentada no chão.

– É impossível, Jack – diz mais um deles.

– Vamos lá, Prangley. Você não é que nem os merdinhas. Você é um merdinha de respeito – os olhos castanhos dela encarando o rapaz – eu te pago uma cerveja se conseguir dar um só passo. Ouviu? Um passo. Não é nem os cinco que eu pedi para vocês todos.

– Não dá para passar pelo seu escudo!

– Vocês estão atacando o meu escudo – naquele ponto específico do campo de energia biótica, ela dá uma aliviada. Prangley conseguiria fazer isso sozinho, mas ainda ia demorar. Talvez se desse a ele um pouco de confiança ele se sairia melhor depois – uma espada não quebra um escudo, pivetes – ela olha fixamente para o garoto, 4 ou 5 metros dela, uma expressão de que está se esforçando o máximo para aguentar a força do campo projetado por Jack.

Não acontece nada do que ela planejava.

– Ok, em termos que vocês entendam: futebol americano. Como que alguém para um zagueiro vindo na sua direção? Arremessando a bola longe? Isso pode adiantar alguma coisa, fazer um ponto, touchdown, sei lá. Mas se você quiser parar o maluco vindo na sua direção, se a sua função é defender, o que você faz? – Ela sente uma variação no campo de energia, mas novamente, não é o que ela espera. Alguém tentava andar para trás, se afastar – não, Jenkins, não é saindo da frente dele – ela projeta uma onda de choque naquela direção e o rapaz é arremessado para a parede.

– Sinto dizer, Jack, mas sua analogia não faz o menor sentido – Rodriguez, caída lá atrás e fora do jogo.

– Merdinhas, esse escudo aqui protegeu a Comandante Shepard de bilhões de insetos Coletores. Esse escudo deixou uma justicar asari impressionada e uma vadia da Cerberus se mordendo de raiva. Vocês tem que ser muito, muito fodas para conseguir lutar contra ele. Mas eu quero que vocês ao menos tentem. Como soldados! – agora ela se acha a Shepard falando – e não como pirralhos e mocinhas.

Outra variação, dessa vez diferente. Era a variação que ela queria. Um escudo. Prangley projetava um escudo a sua volta, que se expandia aos poucos, mas ganhava área cada vez mais. Ele dá um passo em direção à professora. Dois.

– Isso, Prangley – ela volta a olhar para o rapaz – é como você enfrenta alguém de escudo. Usando outro.

Ela se sente satisfeita com o resultado, mesmo que tivesse pego leve de propósito com o rapaz. Um sorriso sincero em seu rosto. Ela estava começando a gostar dessa coisa toda de ensinar as crianças. Admita, Jack, você está amando isso.

A mulher levanta uma das mãos, descansa a outra, o escudo se dissipa num piscar, a energia biótica agora concentrada só em sua mão. As crianças perdendo equilíbrio e caindo ao seu lado com a súbita falta de atrito que as atingia até então.

Alguns dos jovens no chão, os outros se levantando, todos eles com a respiração ofegante. Jason Prangley é o primeiro a se colocar de pé. Também é o único a sacar aquela mudança bem perceptível no sorriso de sua instrutora. De sorriso orgulhoso para sorriso malicioso.

– Crianças, vocês esqueceram da regra número 1? – Jack soca o chão. A energia concentrada em sua mão se liberando pelo chão.

Prangley com o seu escudo levantado. Todos os outros atingidos pela onda biótica, voando em direção às paredes.

– Não baixem a guarda – diz a professora, feliz com o resultado da aula do dia.

Não dura muito. A sirene de um alarme.

– – –

Ela quase sorri, assim, dopada e dormindo. A expressão em seu rosto azulado é serena quase que indicando que nada daquilo aconteceu, que uma dróide da Cerberus não tentou matá-la, que Illusive Man quase tirou a razão de Shepard continuar lutando uma guerra que ela já pensava estar perdida.

O vidro e a porta da baia médica as separando. O reflexo de Andromeda Shepard em sua armadura vermelha de Spartan, estanho a si própria, parecendo alguns centímetros maior do que da ultima vez que viu-se no espelho. O sorriso tímido, mas confortante que Samantha Traynor lhe dá lá de dentro. Disse que estudara medicina antes de se alistar, que podia fazer alguma coisa. Shepard demorou a ceder, temendo que ela só piorasse a situação, mas assim que conseguiu voltar à realidade deixou que a britânica cuidasse da asari.

– Joker, quanto tempo para chegar na Cidadela? – pergunta ela, canal de comunicação com o piloto ligado.

– Menos cinco minutos desde a última vez que você perguntou.

Ela se segura para não responder, mas sabe que ele não fez aquilo por mal. Estava preocupado com Liara também, e aquela era a maneira dele se acalmar um pouco.

Shepard não tinha uma fórmula mágica para se acalmar. Não bastava tentar ser engraçada e pronto, o peso do mundo em seus ombros já não é tão mais pesado assim. Aquele peso nunca vai sair dela. Já era uma parte de si. As vezes se pergunta se mesmo que vencessem os Reapers esse peso ia deixá-la.

Ela olha de novo para o seu reflexo. Uma cicatriz em seu rosto que não via a muito tempo. Um presente da Cerberus. Parte de seu rosto teve de ser reconstruído com implantes e cibernectics. As cicatrizes desses implantes eram quase invisíveis, mas quando ela era submetida a um estresse tão grande quanto o das últimas horas aquelas cicatrizes pareciam abrir, os implantes brilhavam uma luz avermelhada.

Sentia-se uma aberração com isso. As vezes tem a impressão de que seus olhos mudam de cor, o verde morrendo e um vermelho assustador surgindo no seu lugar. Sempre gostou dessa cor, mas desde que morreu e... voltou... seus gostos passavam constantemente por uma total reavaliação.

Ainda gostava de vermelho. Só não o vermelho de suas cicatrizes.

Acalme-se, Dro, diz a si mesma, esperando que isso baste para as cicatrizes sumirem novamente. Liara vai ficar bem... pensando na asari, vendo um lapso de miragem de seus olhos ficando avermelhados em seu reflexo.

John 117 ao seu lado.

Ele parece estar sempre ao seu lado, como se ela fosse um farol enquanto ele navegava naquele mundo cheio de neblina que era a realidade dela. Fica pensando nele e na sua história, um homem vindo do futuro de uma realidade diferente, saído de uma grande guerra e entrando em outra. John nunca disse nada sobre, mas Cortana falou mais de uma vez que se não fosse por John a humanidade deles estaria perdida.

Ele é como você, Comandante Shepard. Disse uma Cortana sorrindo dias depois que os encontraram.

– Sei que tem maiores preocupações – começa ele, o reflexo da comandante brilhando naquele visor dourado do capacete dele – mas a equipe técnica já conseguiu extrair Cortana da androide. A informação sobre o Crucible ainda vai demorar.

– Temos tempo até chegar à Cidadela – volta-se para a janela da medbay. Não sabe se continua ali ou tenta encontrar outro lugar para ficar. Ao mesmo tempo que quer ficar ao lado dela, permanecer ali não a está fazendo bem.

As cicatrizes...

Ela passa mão sobre uma delas. Percorre a linha circular com seus dedos. Realiza que está sem luvas e capacete, mas o resto da armadura ainda está lá.

– Me desculpe – começa ela, a voz mais frágil do que se permitiria normalmente – por ter arrebentado a dróide, quero dizer. Isso poderia ter comprometido a missão, os arquivos... Cortana – fala o nome da IA olhando para Chief. Imagina se ele esboça alguma reação, se ele percebe a culpa estampada no rosto dela.

– Não se preocupe – demora ele a dizer. A sua cabeça está abaixada para encarar ela. Shepard se pergunta com que olhos o soldado a está vendo. Poderia ter estragado tudo lá atrás, ter privado aquele homem com o único elo que ele tinha com sua realidade. – Cortana e EDI estão trabalhando para consertar a dróide.

– Consertá-la?

– EDI sugeriu. Pode ser útil, segundo ela.

– EDI? – Chamou Shepard, sabendo que ela estava ouvindo. Era a nave dela. Estava sempre ouvindo – que ideia de merda foi essa?

Ela está puta demais para se preocupar com xingamentos. Não ia permitir aquele robô andando dentro da Normandy.

– Desculpe-me, Comandante, eu pensei que... – a IA se explica.

– Não. Você não vai fazer isso. Não importa o motivo. Pare o conserto agora!

– Shepard, eu quero ajudar – insiste a IA.

– É mesmo? Não parece! Como que ativar aquela dróide vai nos ajudar?

– Te ajudar – enfatiza a IA – eu estou fazendo isso por você. Creio que haja a possibilidade desse terminal ser controlado. A dróide fora controlada por uma IA anteriormente. É possível que eu consiga substituí-la.

– Como isso pode me ajudar, EDI?

– Eu posso lutar ao seu lado, Shepard. Eu quero lutar ao seu lado.

Andromeda Shepard não sabe o que dizer.

– – –

Atravessaram o mass relay e não demorou muito para chegarem à Cidadela. Os Relays eram estruturas gigantescas, maiores do que qualquer espaçonave existente e que permitiam a viagem por entre sistemas. Elas literalmente lançavam as espaçonaves de um relay a outro, facilitando assim a movimentação acima da velocidade da luz pela galáxia. A comunidade galáxia pensava, até pouco tempo, que os relays haviam sido construídos pelos Protheans, a última civilização a dominar a galáxia e sumir misteriosamente. Graças a Shepard, descobriram que foram os Reapers que destruíram os Protheans – e pretendiam fazer o mesmo com humanos, asaris, krogans e muitos outros –, e que não só isso, como também eram os responsáveis por ter construído os relays.


Era a maneira que eles tinham de controlar a civilização galáctica. Deixar os relays e a tecnologia de mass effects para trás, prontas para serem descobertas por civilizações prontas para isso, ou seja, que dominavam a viagem espacial – mas ainda não com a maestria dos relays e mass effects. Eles davam à civilização tudo o que precisavam, não exigindo deles o desenvolvimento de muitas outras tecnologias além daquelas, que supriam todas as suas necessidades. Quando eles voltassem para atacar, sabiam que seus alvos não poderiam oferecer uma ameaça maior do que a permitida pela tecnologia que eles mesmos deixaram lá.

Viu a estação espacial que parecia uma flor desabrochando. O pináculo da tecnologia daquela civilização ainda era um mistério para todos os povos. Andromeda desvendou um deles. A própria Cidadela era um relay, um dos monumentos gigantescos responsáveis pelo trânsito acima da luz na galáxia.

Ela fica ali, frente a janela e próxima à Joker. O piloto lembrou da primeira vez que chegavam na Cidadela. Foi a quase três anos atrás. Chegavam de Eden Prime com a intenção de ir ao Conselho reportar a traição de Saren, um Spectre turian que fora doutrinado pela Soberania. Um Reaper. O Conselho não acreditou nela, chamaram-na de louca ao falar da visão que teve em Eden Prime: a civilização Prothean sendo exterminada pelos Reapers. Um aviso para o futuro.

Eles ignoraram esse aviso, mesmo depois dela provar a traição de Saren, mesmo depois dela salvar a Cidadela e o Conselho da Soberania, sacrificando uma frota humana inteira no processo.

Porque eles acreditariam nela agora?

Eles tem que acreditar em você, Skipper. Ashley Williams. Sargento de artilharia que encontrou em Eden Prime e que foi uma de suas mais leais amigas e combatentes. A mulher que ela deixou para morrer em Virmire. Era ela ou Kaidan. O hoje major era a escolha mais lógica, ela sabia disso, Ash sabia disso. Se voltasse para Ashley poderia comprometer a missão inteira. Você sabe qual a decisão correta, Comandante, disse a soldado. Um silêncio entre os rádios das duas mulheres. Foi uma honra, senhora. Era mesmo? Não escolheu Kaidan por... outros motivos? Não preferira ele pela súbita e íntima amizade que surgiu entre eles? Kaidan nunca mais perdoou ela. Lutou ao seu lado até o fim da ameaça de Saren, mas ele carregaria para sempre a culpa de que uma pessoa morreu e ele estava a salvo porque talvez, mas muito provavelmente talvez, que sua superiora aceitava seus convites de encher a cara, extraoficialmente, nos bares da Cidadela, antes e depois de algumas coisas mais quentes acontecerem – mas nunca tão quentes.

Ashley explodindo em Virmire, destruindo parte do exército de Saren. Kaidan expressando nada mais que uma surpresa mista a desgosto ao vê-la em Horizon, trabalhando para a Cerberus. Liara sedada, mas ainda correndo risco de vida.

As pessoas que ela deixou morrer, as pessoas que ela perdeu, as pessoas que ainda pode perder.

As suas escolhas erradas.

– Isso é a Cidadela, Chief – diz Joker ao ver o gigante entrar.

Cortana se projeta num terminal próximo, sua imagem se aproximando da janela ao lado de Shepard. Suas mãozinhas azuladas encostadas na janela. Ela não precisava chegar até ali para ver a estação. Podia simplesmente acessar as câmeras da Normandy ou os bancos de dados da extranet e ver a Cidadela em toda a sua glória.

Ouvira EDI e ela conversando à poucas horas, logo que fora tirada da dróide. EDI tentava convencer a azulzinha de que ela não era um ser vivo, Cortana argumentando que era sim. Talvez fossem essas pequenas ações humanas que a faziam pensar que era um ser como os orgânicos. Ignorar o seu poder de acessar instantaneamente os arquivos de dados e preferir aproximar-se de uma janela e apreciar uma vista.

– Comandante – diz Joker – Hackett quer falar com você na holoroom.

Os braços da Cidadela se estendendo sobre eles. Pode ver a área verde e os lagos que cercavam as embaixadas. Aportariam em minutos.

– Prioridade?

– Acho que não – responde o piloto.

– Diga a ele que em uma hora entro em contato. Vou ficar com Liara – e sai da sala sem falar com ninguém.

– – –

– Sabe o que nós devíamos fazer? – Pergunta, na verdade sugerindo, James Vega. – Encher. A. Cara – ele mesmo responde.

– Na verdade eu estou sem dinheiro algum – diz Steve Cortez, ainda meio incerto de estar ali com Vega, Traynor e aquele cara gigante.

Mas Cortez prometeu à sua Comandante que iria procurar se divertir um pouco. Ela o encontrará ouvindo a última gravação de seu marido, conversara durante algum tempo com ele e apesar de Steve não estar totalmente convencido, resolveu aceitar o conselho amigável de Shepard meio que como uma ordem dela.

– E eu estou economizando – disse Samantha Traynor.

– A comandante disse que vai providenciar sua escova de dentes mágica, relaxe – insiste Vega.

– Eu não vou preocupar ela com uma coisa tão insignificante como essa, Vega.

– Ela é a Comandante Shepard, Escova. Ela se preocupa com todos os problemas do mundo. Vamos lá, nós precisamos relaxar um pouco.

A jovem pensa um pouco, a cabeça baixa para o piso translúcido e limpo da Cidadela. Ouve o som de batidas eletrônicas do Purgatory, como também as luzes que ele projetava no céu artificial de um dos braços da estação. Viu muitas pessoas morrendo na Terra, e provavelmente continuaria os vendo por muito tempo. Mas se houvesse um meio de parar de pensar neles...

– Tudo bem. Você paga – ela olha para o lado. Master Chief, o gigante de mais de dois metros pálido e sem sua armadura olhando para os lagos e as pessoas andando lá embaixo, levando suas vidas, como se não houvesse guerra alguma.

Ela se pergunta se ele está pensando o mesmo.

– Master Chief – chama ela ao seu lado – você vem?

Ela teria se assutado com o olhar pálido e as cicatrizes dele se já não o tivesse visto assim. Mesmo com todas as marcas de um soldado em seu rosto, até que poderia ser considerado por ela atraente, se homens fosse o seu negócio. Mesmo assim, ele tinha cara de que precisava espairecer um pouco, e seria legal ter um cara do tamanho dele por perto, caso ela desmaiasse de tanto beber.

Samantha se permitiria isso. Ordens da Comandante.

Quem era ela para ignorar uma ordem de Shepard?

– Pensei que veríamos a Cidadela – diz ele a James.

– Nós estamos – braços abertos, girando sobre seu próprio eixo – e vamos ver ainda mais, naquela direção – ele aponta para as luzes do Purgatory.

– Eu não bebo.

– Você toma refrigerante.

– O que é um refrigerante?


Três olhares curiosos e incrédulos para ele.

– O senhor está falando sério? – Pergunta Cortez.

A omnitool de Chief sendo ligada, para a surpresa do próprio. Cortana aparecendo entre eles, azul. Samantha não sabe como ela conseguiu fazer isso. As omnis não projetavam cores muito diferentes daquelas palhetas de amarelo e laranja, exceto por algumas imagens. Ou o equipamento dele era muito bom e caro, ou a IA hackeava como ninguém.

– Em 2552 não temos refrigerantes. Foram proibidos para consumo humano desde 2197. Fazem mal para a saúde. E bebidas alcoólicas são estritamente controladas.

James Vega apontando o dedo para a IA.

– Não gostei do seu futuro. Acho que o nosso passado, realidade, enfim, é melhor.

– Talvez. Mostre-nos – a IA cruza os braços, desafiando Vega.

– Nós vamos! Senhoras, senhores, sigam-me!

Samantha pega o braço de Chief, sorri para ele. Todo mundo precisa se divertir de vez em quando. Mesmo os caras mais sérios como o cara que não bebe. Enquanto caminham, ela percebe que os passos dele são um pouco incertos. Da uma risada silenciosa com aquilo.

– – –

A comunicação foi cortada. Quis cobrir os olhos de seus estudantes durante o caminho, mas ela não tinha tantos braços assim. Foi inevitável que eles vissem os corpos. Quis fazer com que o mundo à sua volta ficasse no mudo, mas ela também não podia fazer isso.

Eles ouviam o anúncio da Cerberus.

– Essa Instalação está sobre comando da Cerberus. Todos que se entregarem serão poupados – diz a voz nos altofalantes.

Ela ignora. Reza para que seus estudantes façam o mesmo. Nunca foi muito de rezar. O que esses merdinhas fizeram comigo... O que Shepard fez comigo. As vezes rezava por ela. A porta do corredor abre, revelando meia dúzia de soldados da Cerberus. Os capacetes enegrecidos deles olham para ela. Jack soca o ar, a raiva que ela tinha aprendido a controlar – mais uma vez, Shepard –, é liberada no ar.

Uma onda fortíssima de energia biótica esmaga os soldados nas paredes.

Não vão levar suas crianças.

Eles avançam, não andam nem 20 metros e param. No fim de mais aquele corredor, outra porta abrindo e uma figura surgindo. Feminina. Armadura branca e negra, portando uma espada. Os quatro olhos vermelhos no capacete preto. A mulher gira o pulso, a espada acompanhando o movimento. Ela passa de uma mão à outra, fazendo sempre o mesmo movimento, a ponta da espada desenhando círculos verticais invisíveis. Já tinha ouvido falar dessas mulheres. Eram experimentos da Cerberus.

Fantasmas.


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Notas finais do capítulo

As cicatrizes de Shepard na história são um reflexo das próprias em Mass Effect 2. Quanto mais Shepard, no jogo, tomar decisões "renegadas", onde os fins justificam os meios, sem tentar uma solução mais complicada mas também mais pacífica, mais essas cicatrizes ficam presentes em seu rosto. O aspecto delas num/numa Shepard "full renegade" é de quase um Exterminador do Futuro, olhos vermelhos, brilho avermelhado e não-humano no rosto.
.
Resolvi utilizá-las na história apesar de Andromeda ser alinhamento misto (e mais paragon do que renegade) para representar a dificuldade das escolhas e da jornada dela. Shepard, nos jogos, sempre mostrou um autocontrole muito grande em relação à essas situações extremas, algo que eu tentei diminuir aqui para acentuar o caráter humano e falho dela. E também porque acho esteticamente legal, rs.
.
Interações com outros personagens como EDI, Joker, Cortez e Traynor foram diminuídas ou ocorridas "off the story" aqui por razões de tempo e narrativa :) Eventualmente todos eles terão seu espaço, ou mesmo pontos de vista durante a narrativa.



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