Mestre e Comandante escrita por americangods


Capítulo 5
Capítulo 4 - Chegada




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/209394/chapter/5

Chegada


David Anderson só viu fumaça e fogo por todo lado. Shepard está do outro lado do salão. Em volta dele, mortos. Toda a cúpula de Almirantes foi morta durante o ataque. Ele vai até a comandante, o corpo caído, inerte, sem sinal de respiração. O rosto da ruiva ensanguentado, arranhões e queimaduras.


Ela não respira, não se mexe.


Não.


Segura ela pelos ombros, sacode o corpo caído. Nada.


E então...


A mulher acorda com um grito, a energia escura em volta dela levantando o seu corpo no ar. A barreira em volta dela chega a queimar, fazendo com que Anderson se afaste.


Os olhos verdes dela estão azuis, brilhando luzes de energia escura.


Não sabia que humanos podiam fazer isso. Já vira asaris fazerem algo parecido. Chamam de Escudo Biótico. Era uma reação natural, como o reflexo que você tem ao ver algo vindo na sua direção trazendo a morte certa, e você se encolhe em posição fetal, porque no seu corpo essa é a sua primeira memória genética, é como você fica durante 9 meses até nascer.


Só que essa reação natural acontecia com energia escura. Você tinha que estar em uma harmonia muito grande com ela para que isso acontecesse. Essa energia passava a proteger o seu corpo.


Shepard estava assustada, e aquela foi a sua reação natural.


– Shepard!


Os olhos verde-azuis dela. Terror. Nunca pensou que a veria assim. Naquele momento ela parece só uma mulher normal, nada de heróico ou mítico nela. Ela estava aterrorisada, como qualquer ser vivo estaria naquela situação.


– Comandante, vamos, temos de chegar à Normandy – ela está encostada numa parede, tentando ganhar algum equilíbrio daquele corpo cansado.


Anderson olha para ela, mais vulnerável do que jamais esteve. Não parecia ser a pessoa que ia salvá-los.


Não, David. Não pense nisso. Ela é a Comandante Shepard. Ela não é você, ou qualquer outro ser vivo.


Ela é nossa esperança.


– Eu... eu sei – ela se põe de pé, ereta, como se o peso do mundo não estivesse sobre os seus ombros.


Anderson olha para a cidade à sua frente. Reapers por todos os lados. Reapers no horizonte. A resistência humana é futil. Pessoas correndo nas ruas abaixo, não sabendo para onde ir. Suas casas vão ser destruídas, seus trabalhos, suas vidas. Vancouver havia caído. Não havia mais o que fazer. Ele precisava tirar Shepard dali. Só ela podia salvá-los agora.


––


Tiros. Gritos.


Fazem seis meses desde que ele chegou a essa realidade. Não demorou para se acostumar. A primeira coisa que aconteceu desde que deixou a Normandy foi ser interrogado durante horas. Donald Udina, membro humano do Conselho da Citadela ficou horas perguntando coisas que John não sabia o que responder.


David Anderson e Steven Hackett também participaram de algumas rodadas de perguntas. Responderam a John sempre que perguntava sobre Shepard. Ela estava bem, diziam, e nada ia acontecer com ela. Se não fosse pela Batalha da Cidadela e por, de fato, ter acabado com a ameaça dos Coletores ela teria sido executada ou pego prisão perpétua.


Não disseram uma palavra sobre Cortana. Ela simplesmente sumiu durante algumas semanas, até que passou a receber algumas mensagens estranhas, mesmo sem o capacete. Alguma coisa em seus implantes, concluiu.


Era Cortana. Ela já tinha feito isso antes, anos atrás. Foi a maneira que arranjou para se comunicar com Chief enquanto estava capturada pelo Flood. A IA dizia que estava bem. Escondeu-se junto à EDI. As duas mantiveram-se às escuras com a ajuda de Joker, o piloto da Normandy e toda a tripulação que ainda restava. Eram poucos que puderam continuar, já que a equipe anterior era praticamente da Cerberus.


Todo o esquadrão de Shepard foi desbandando também. Cada um seguiu sua vida, seu destino. Uns voltaram aos seus planetas, outros, continuavam a vagar pela galáxia.


No quinto mês recebeu uma visita.


Aquela mulher desbocada, com o corpo coberto de tatuagens e roupa reveladora. Estava um pouco mais comportada agora, o cabelo longo e amarrado num rabo de cavalo, mas só a parte superior, os lados ainda raspados.


E aí, grandão? Como vão as coisas? Perguntou ela, depois de dois longos minutos olhando para a janela do quarto dele sem dizer uma só palavra.


O pouco tempo que ficou na Normandy, uma semana, se muito, Jaqueline Nought foi uma das pessoas que mais conversou com ele, apesar de ser uma mulher muito estranha.


Não por causa das tatuagens.


É que ela as vezes puxava assunto com você, mas quando a fosse procurar lá embaixo para perguntar alguma coisa, ela te mandava embora. O quarto dela era isolado de todos, só uma cama e uma mesinha com algumas coisas, colocadas ao lado de engrenagens barulhentas da espaçonave.


Virei professora. Mais ou menos, na verdade. Sou instrutora de um grupo de crianças na Academia Grissom. Hackett e Anderson conseguiram isso para mim. Elas são legais. Burras pra caralho, fedem muito, são adolescentes, e os hormônios são foda, Dalpont e West vivem olhando para os meus peitos. Tive que arranjar uns casacos que nem esse. Mas eu gosto deles. Não diga isso para Shepard, se a encontrar.


Aqueles grandes olhos castanhos dela, naquele dia, não tinham nada da mulher que ameaçou dezenas de soldados tentando impedir que levassem sua comandante. Jack contou um pouco da sua história, proibiu que a chamasse de Jaqueline novamente, falou das pessoas que já matou e da vez que foi presa por vandalismo quando jogou uma espaçonave sobre uma embaixada hanar.


As gelatinas não calavam a boca, você precisava ver.


Contou também sobre a sua infância. Cortana disse que você passou seus primeiros anos meio que como um experimento científico. Te sequestraram quando você era pequeno e fizeram coisas com você. Eu sei como é isso. Só que eu não fiquei gigantona que nem você, nem virei um herói. A azulzinha me contou sobre você, sabe. Você é tipo a Shep, só que maior, bombadão e nunca pegou um sol na vida. Você é muito pálido, sabia? O que fizeram comigo foi pior do que com você, acho. Aquilo fez com que eu virasse uma puta louca assassina. Você virou um herói.


Sabe, eu devia cagar pra você, Chief. E meio que, sei lá, te odiar.


Mas aqui está você, disse ele para a tatuada.


É, aqui estou eu. E meu tempo acabou. Tenho que voltar para as crianças. Tchau.


Não viu mais Jack. Fazia um mês já. Não dava para pensar nisso agora. As coisas ao seu lado estavam desmoronando. Teve que tirar pessoas dos escombros algumas vezes. Salvou outras de alguns husks. Quando eles vieram, estava sem arma alguma ao seu lado.


Hackett, alguns meses atrás, depois de muitos testes que fizeram nele, perguntou se queria que colocassem alguns implantes nele. O Almirante queria John na Aliança. Mostrou a ele todas os esquadrões que tinham: infiltradores, engenheiros, sentinelas, soldados normais, adeptos, como Shepard, ou vanguards.


Vanguards eram treinados e usam implantes específicos para aumentar certas habilidades. Treinavam para ser os primeiros nas linhas de frentes. Os que recebiam mais tiros, mais porradas, mas que se mantinham de pé. Eles que abriam caminho para os outros passarem.


John viu muitos vídeos sobre os Coletores e os Reapers. Ele não podia ficar de mãos atadas para aquilo tudo. Aquele não era o seu mundo, mas aqueles eram humanos. E seres vivos.


Lutaria por eles. Humanos e aliens.


O que faz a sua Vanguarda? Perguntou John.


Master Chief, disse Hackett, eu creio que você vai gostar disso.


Poucos meses e Chief já tinha mostrado resultados superiores aos melhores vanguards e adeptos da Aliança. Diziam que seu corpo aceitava aquilo naturalmente e que não sofria qualquer rejeição por parte dele, como alguns outros bióticos podiam apresentar.


Uma menina caída, coberta por escombros. Devia ser filha de algum oficial da Aliança. Ele tenta levantar os escombros, mas aquilo é pesado até para ele. Ela respirava e não havia de fato destroços sobre ela, mas a sua passagem era impedida por eles. Não sairia dali se ninguém a ajudasse.


John fez força, seus poderes bióticos se manifestaram naturalmente e aquele grande pedaço de concreto foi sendo erguido. Ele jogou longe, tirou a menina de onde estava e a carregou até o fim do corredor.


Um homem gritou para ele. Era o pai dela. Roupas de oficial. Tenente. John entregou a menina e ordenou que ele seguisse o plano de contingência e evacuação. O tenente desapareceu logo em seguida com a filha, não antes de bater continência desajeitado.


Anderson e Hackett arranjaram para que ele fosse integrado à Aliança. Manteve seu rank original, embora com certas adaptações. Ninguém queria que um cara que veio de outra realidade passasse a dar ordens do nada.


“Chief!”


– Cortana? – Era ela, pelo rádio.


“Estamos na Normandy! Vamos deixar a Terra em poucos minutos! Você precisa vir para cá!”


– Aonde vocês estão?


“Ligue sua omnitool e siga o mapa”


Ele toca no pulso e a interface alaranjada aparece. O mapa do complexo fica projetado na sua frente, com o caminho em azul para ele seguir.


– Estou indo, Cortana!


––


Andromeda Shepard se vê cercada de husks e canibais. Aqueles monstros horrorosos. O frio na espinha que ela tinha toda vez que viu um. Seres vivos violados, tirados de sua existência plena para virar meros servos dos Reapers. Husks eram a amálgama de orgânicos e sintéticos produzidos pelos Reapers, usando humanos como base dessa experiência doentia.


Mas Canibais eram o resultado dessa maldição Reaper com o povo batarian. Eram aberrações, com carne e tumores por todo o corpo. Eram pesados demais para o seu corpo, por isso lentos, o que não impedia com que você ficasse paralizado com aquela visão grotesca vindo na sua direção. E então eles te alcançavam assim mesmo.


Ela sentiu alguma coisa no fundo do seu estômago pedindo para subir. O seu corpo acaba rejeitando o pedido. O seu corpo ignora tudo. Não consegue se mexer. Ouve Anderson ao fundo, gritando por ela. Ele grita Shepard. Ele grita Andromeda. Nunca a chamou assim.


Lembra dele, minutos atrás, dando um tapinha na barriga dela e dizendo “você andou relaxando, hein?”, e isso era uma coisa que mesmo a Comandante Shepard, salvadora da Cidadela, Conquistadora e Sobrevivente da Morte, não gostava de ouvir. Era uma mulher, afinal. E ninguém gosta de ouvir que andou relaxando um pouco com o peso.


Droga, eu estou magra, Anderson. Ela quase se põe a rir por causa disso. Que coisa babaca de se pensar ante a morte.


Sua pistola apontada para o canibal mais próximo. Um click seco. Sem munição. Restavam apenas os seus poderes bióticos, mas nem isso ela parecia ter mais. Depois que viu aquele menino morrer o seu corpo inteiro pareceu se recusar a obedecê-la.


Um dos canibais se aproxima. Está avançando sobre ela. Consegue reunir um pouco de energia escura nas mãos, o bastante para levar um ou dois neles com uns socos bióticos. Mas não aqueles... dez que a cercavam. Shepard não levanta. Fica alí, caída, esperando que viessem para cima de si. Um soco, dois. Cabeças de monstros sendo partidas com a força da energia escura. Um deles pisa em seu corpo caído. Acabou.


Ela sente uma concentração de energia escura lá longe. Bióticos tinham isso. Você meio que adquiria um sexto sentido por causa deles. Alguma coisa atrás dela. Amigo? Inimigo?


Não importa. Andromeda Shepard estava prestes a morrer. De novo.


Um vulto de energia escura chega à sua frente. O espectro azulado atravessando todas as coisas. Alguém se materializa.


É um homem muito alto.


Master Chief?


Não.


John, pediu ele que a chamasse dessa maneira, meses atrásEla prometeu que ia tentar lembrar disso. Ela lembrou. Seis meses depois.


Ele Avançou sobre os canibais usando apenas o seu corpo. Quando a explosão biótica detonou, os monstros foram arremessados para longe.


Master Chief estava sem armadura e ela quase não o reconheceu por isso. Mas aquele rosto pálido cheio de cicatrizes, que agora, ela podia ver, estavam também nos seus braços descobertos, tornavam aquele homem uma figura inconfundível.


Ele estende o braço para frente, uma onde de choque de energia biótica se expande e faz aquele barulho de quase um tremor na terra. As detonações bióticas explodindo sobre o chão e acima dele, uma linha reta de destruição que levanta o resto dos canibais no ar.


Os corpos horrendo deles cobertos de energia escura. John arremessa duas esferas de energia em direção a alguns deles.


Canibais explodindo com a detonação biótica.


John é um adepto também?


Isso não era possível. Ele estava só a alguns meses ali. Bióticos demoram anos para controlar seus poderes. A própria Andromeda só foi conseguir controlar aquilo com alguma confiança aos 15 anos. Antes disso destruiu muita coisa sem querer por causa daquela combinação louca de hormônios adolescentes com energia escura.


John ajuda ela a se levantar.


– Comandante – aquela voz grave só dele, que ela ouviu por apenas alguns dias, mas que ficaram guardadas em algum lugar da sua memória que quando voltou a ouvi-la, fez aquele sorriso bobo surgir no rosto dela.


– Master Chief – diz ela. As suas forças misteriosamente voltando. – Que bom que se juntou a nós. Há quanto tempo consegue usar bióticos?


– Uns meses – diz ele. Sua omnitool mostra uma série de mensagens, depois reproduz uma voz que Shepard também conhecia:


"Chief! Comandante! Estamos chegando!"


Joker.


Anderson se junta aos dois.


– Master Chief, fico feliz em vê-lo.


– Almirante.


– Shepard – o homem mais velho toca os ombros dela. – Me escute, Comandante. Você tem de ir até o Conselho.


Um barulho que corta a voz dele. Uma espaçonave surge acima deles.


Normandy.


As comportas dela abrem. Kaidan Alenko e um grupo de soldados atirando contra os husks ainda de pé. Ele grita o nome dela.


Kaidan!


Mas ela não consegue falar nada. Anderson na sua frente, Master Chief ao seu lado. As mãos velhas e trêmulas do almirante tentando dar a ela algum tipo de confiança que o seu rosto não deve estar mostrando.


Andromeda entendeu o que aquilo significava.


Uma shuttle com soldados pousa próximo a eles, o pequeno batalhão assegurando a área de pouso com dificuldade. Não haviam inimigos mais ali. John e Kaidan acabaram com o restante deles. Mas mesmo assim os homens andavam com dificuldade, como se não soubesse para onde ir.


– Vá! – Diz o velho amigo.


– Eu não vou sem você, senhor!


– Você vai, Comandante. Isso é uma ordem!


O paredão de prédios ao fundo começa a desabar. Estava a quilômetros dali, mas era como se fosse a poucos metros. Aquele barulho ensurdecedor das máquinas destruidoras. Os gigantescos Reapers tomando a cidade, destruindo tudo a sua volta. Eram maiores que a Soberania e Harbinger. Alguns maiores que a nave dos Coletores.


Como ela ia impedir aquilo?


Como podiam pensar que ela poderia fazer algo? Que ela era a única esperança?


– Chega de ordens! – Ela parece explodir. Nem a própria acredita que gritou com seu velho amigo. – Eu não vou sair daqui sem o senhor!


– Shepard – o tom de voz dele diminuiu, não ia entrar em conflito com ela agora. Nunca fizeram isso antes. Anderson sempre foi como um pai para ela, não havia porque brigarem e discutirem agora – você viu as pessoas lá atrás. Você viu o que os Reapers estão fazendo. A cúpula de almirantes foi dizimada. Talvez eu seja o único almirante na América do Norte. Essas pessoas precisam de alguém para lidera-las. É por isso que eu tenho de ficar. E lá fora, Andomeda. Eles também precisam de alguém para liderá-los! – O almirante aponta para o céu.


– Eu não posso te deixar aqui!


– Andromeda! Isso é uma ordem!


– Eu não recebo mais ordens de você, lembra?


Anderson solta ela, uma das mãos afunda no bolso do uniforme militar. Ele pega alguma coisa metálica, brilhante.


Uma corrente?


Quase. Ele a coloca sobre a mulher na sua frente. Ela abaixa a cabeça, sabendo o que era aquilo.


– Considere-se reintegrada, Comandante Andromeda Shepard. Agora vá. Vocês dois!


O Almirante dá as costas para os dois e desce em direção aos soldados.


Shepard e John sobem na Normandy. A mulher para em frente à rampa de aportagem, olha para o homem que cuidou dela desde que entrou na Aliança:


– Dave!


Anderson vira para ela. Uma expressão mais aliviada em seu rosto, talvez por ouvir a jovem comandante falando seu nome.


– Comandante? – Ele não precisa nem gritar. É como se tudo em volta deles resolvesse respeitar aquele momento. Não há sons, explosões, gritos de Reapers.


– Eu vou voltar. Eu vou reunir todos os povos, todas as raças. Eu vou fazer o maldito Conselho me escutar uma vez na minha vida. E quando voltar, é bom que você esteja vivo.


– Eu vou, Andromeda – sorriso confiante, encorajador. – E Master Chief?


– Senhor?


O gigante ao lado da ruiva, ela, estranhamente se sentindo mais segura agora que estava com ele e de volta à Normandy.


– Prometa-me que vai protegê-la. Shepard é nossa única esperança.


– Eu prometo, senhor.


A rampa de aportagem levantando. Anderson ficando para trás. Ela, Kaidan e John. Parte da tripulação se reunindo em volta dela, sorrisos e expressões aliviadas, como se eles agora estivessem protegidos por alguma coisa mítica, lendária e que fazia milagres. James Vega se aproxima dela, bate continência.


As pessoas a sua volta fazem o mesmo. Dezenas de rostos que ela não conhece prestando respeito a ela. Alguns conhecidos.


Shepard é a nossa única esperança.


Aquela palavra novamente. Esperança.


Estava começando a odiá-la.


––


Reencontrou Joker e EDI e ficou aliviada de ouvir suas vozes novamente. Cortana, a IA de John também estava com eles. Disse que se escondera junto a EDI. Não sabe como fizeram aquilo, mas o fato era que a Aliança não descobriu que haviam IAs ali. Parece que a tripulação acabou mentindo também para proteger EDI e Cortana.


Ela sabe que alguma coisa próxima de um sentimento de felicidade projetou-se na voz de EDI quando relatou isso para ela.


– EDI – ela diz em voz alta.


– Shepard? – Responde a IA por algum altofalante escondido.


– Eu... – não consegue falar. Está deitada sobre a cama da sua cabine privativa, molhada do banho, não se importando nem um pouco em ficar sobre lençóis encharcados e gelados.


– Shepard? Algum problema?


– Não. Eu só estou cansada. Se alguém perguntar, diga que estou ocupada com relatórios.


– Não se preocupe, Comandante. Não vou deixar ninguém interrompê-la. Eu lhe acordo quando chegarmos em Marte.


– Como você sabe que eu vou dormir? – Ela pergunta isso sorrindo, de olhos fechados. Está encolhida na cama, um dos travesseiros apertado sobre seus braços.


– Eu monitoro o seu corpo o tempo todo, lembra? As leituras mostram que você está exausta fisicamente, Comandante. Suas ondas cerebrais também estão em um padrão acima do normal. Você está produzindo movimentos rápidos no olhar mesmo quando acordada – a IA faz uma pausa. Ela parece ter desligado o som do computador lá ao fundo. O tic-tac do relógio holográfico fica silencioso. Andromeda consegue ouvir até o motor do aquário.


Aquilo faz os seus olhos fechados pesarem mais e mais.


– Você precisa descansar, Comandante. Não se preocupe com nada. Eu e Cortana estamos nos dando muito bem com a tripulação e com Jeff.


Ela solta uma risada bem baixinha. As duas deviam estar enlouquecendo Joker.


– Obrigada, EDI.


– De nada, Comandante.


Ela sente a sua mente se esvaindo, o escuro ficando ainda mais escuro, o seu corpo finalmente relaxando.


Andromeda pensa em Liara T’soni, e o quanto queria ela ali, do seu lado.


Ia encontrar a asari em breve.


Liara estava em Marte.


E parece que a esperança deles também.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chief é um vanguard? Yep.
E Shepard é uma adepta.
A relação de Anderson com a Shepard é um pouco aprofundada nessa história com as liberdades artísticas que me permiti tomar.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mestre e Comandante" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.