A Nova Saga escrita por FehViana, Hawtrey


Capítulo 14
Minha Energia é Consumida por um Escudo




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─ E agora? Pra onde vamos? ─ Indagou Nico.

─ Eu não sei. Rachel disse que lagos pequenos não apareceriam no mapa. ─ Respondi confusa. ─ Além de que devíamos seguir por ordem.

─ Mas não devia ter mais um. O Portage é mais perto, que tal irmos logo lá? ─ Sugeriu. ─ Algo me diz que devemos investigar.

─ Tudo bem. ─ Respondi. ─ Assim nos livramos da policia por um tempo.

Mudei o caminho seguindo para onde Nico indicava.

─ Você está muito preocupada com a policia. ─ Ele arqueou uma sobrancelha.

─ Não quero que liguem pra minha mãe, de novo. ─ Acabei falando sem pensar.

─ Como assim “de novo”? ─ Questionou desconfiado.

─ Eu não falei de novo. ─ Tentei disfarçar.

─ Sim, você falou. ─ Ele se agitou no banco ao lado.

─Não! Eu não falei. Você deve estar imaginando coisas.

─ Vivi, o que você esta escondendo? ─ Ele indagou com uma voz calma e diferente que quase me fez contar.

Quase.

─ Não é nada Nico. Eu não falei “de novo”, você deve ter imaginado isso. Agora fique quieto que eu estou com dor de cabeça.

─ Tudo bem, mas você sabe que pode confiar em mim, não é? ─ Disse ainda com aquela voz diferente.

Fiquei tentada a contar tudo para ele, mas o que aconteceria depois? Ele provavelmente me olharia com repulsa, ou medo. Talvez até com desprezo. Não queria que isso acontecesse, não queria ser rejeitada por ninguém.

─ Não é Viviane? ─ Indagou novamente incentivando ainda mais.

─ Sim, eu confio em você.

Acho que não era essa a resposta que ele esperava. Nico tinha quase certeza de que eu ia contar o que escondia.

Algumas horas depois chegamos ao Portage. As montanhas ao norte com seus picos nevados davam um contraste lindo com a água azul e a praia negra. Nossa sorte era que tínhamos levado casacos, porque estava muito frio. Andamos por toda a extensão do lago.

Eu podia sentir uma tensão crescer nos ombros de Nico, não sei se por estar desconfiado de alguma coisa a meu respeito ou se sentia algo de errado. Piorou quando vimos a cabana.

Na verdade era uma loja que ficava na praia, instalada acima dos cascalhos negros. Não era grande, apenas uma cabana de madeira com a pintura em azul, as janelas pareciam formar grandes olhos contentes nas laterais. Na frente estavam espalhados suvenires de tamanhos variados e um pequeno píer levava ao helicóptero vermelho, que flutuava sobre as calmas águas do Portage. Ao lado da porta dizia: “Passeios aéreos sobre o Portage e redondezas…”.

Nico ficou tenso, eu sabia o que estava pensando. A linda parte da profecia que cita “voar”.

“Mas voando em metal despencarão”

─ Sinto que não devíamos estar aqui. ─ Disse Nico apreensivo. ─ Não sei explicar, só sinto.

Eu não entendia. Meus instintos me guiavam diretamente para aquela cabana, enquanto Nico dizia que não era nada bom, mesmo assim eu me sentia tentada por aquele lugar.

─ Mas foi você que quis vir pra cá. ─ Retruquei.

─ É, mudei de ideia! Vamos embora Viviane. Temos que ir pro Superior, lembra. ─ Ele parecia muito agitado e preocupado.

─ Nico, se for por causa do helicóptero…

─ Não Vivi, é algo que… eu sinto. Vamos sair daqui.

─ Nós já viemos até aqui e vamos até o fim Nico. Nada vai acontecer se nós lutarmos juntos. ─ Tentei acalma-lo. ─ Além de que eu não estou sentindo nenhum monstro por aqui. Não deve ser tão ruim.

Entramos na loja, era maior do que eu imaginava, se estendia por alguns metros carregada de suvenires e artesanato, parava num balcão e atrás uma pequena entrada coberta por uma cortina de tampinhas.

─ Boa Tarde queridos. ─ Uma mulher apareceu do nada para nos atender.

Era jovem, aparentava ter 30 anos, com os cabelos castanhos e olhos verdes.

─ Boa Tarde. ─ Nico respondeu.

─ Meu nome é Lucy. Estão procurando algo especial? ─ Ela se virou para Nico. ─ Um presente para sua namorada aqui.

─ Ah… não. Não sou… namorada dele, não. ─ Senti meu rosto queimar, Nico também estava corado.

─ Hum… Já sei. ─ Ela virou para traz e gritou. ─ Tyleeeeeer.

De traz da cortina feita com tampinhas de garrafas surgiu um menino alto, com os cabelos castanhos embaraçados, a pele tão branca quanto a de Nico, lindos olhos verde e um sorriso que faria qualquer menina cair para traz.

Veio até nós como se caminhasse em câmera lenta. Por ter TDAH achei que nunca veria uma imagem assim, tão lenta, mas isso fazia ficar cada vez melhor. Eu podia ver sua expressão, era determinado, forte, inteligente e muito feliz.

─ Oi. ─ Ele abriu ainda mais o sorriso. ─ Chamou mãe?

─ Sim querido. Esses dois querem um passeio pelo Portage. Poderia leva-los?

─ Claro. ─ Então virou-se para Nico e eu. ─ Prazer, Tyler Tiziano

─ Oi. ─ Nico respondeu secamente. ─ Eu sou Nico di Angelo e ela é a…

─ Viviane. ─ Disse eu rapidamente. ─ Prazer, meu nome é Viviane Trina.

─ Lindo nome. ─ Respondeu encarando-me. ─ Queiram me acompanhar, vou mostrar o lago a vocês.

Ele estendeu o braço para que eu o segurasse. Nico cerrou os punhos, os nós de seus dedos estavam ficando brancos, achei que ele ia pular no pescoço de Tyler, mas nesse momento algo me chamou atenção.

Em uma das prateleiras estava um bracelete de prata, mas o que me levou até ele foi o pingente preso na corrente que o envolvia. Era o MEU símbolo, quer dizer, o símbolo dos meus pais: uma lua crescente cortada por um raio.

─ On-onde… onde você conseguiu isso?

A mulher ficou tensa.

─ Ah… isso? Uma… uma senhora me trouxe.

Eu me aproximei para toca-lo, mas…

─ A-ah… Vivi? ─ Nico chamou. ─ Você está…

Olhei para minhas mãos e me assustei. Eu estava envolta em um brilho prata e azul-elétrico que oscilavam acima da minha pele.

─ O que está acontecendo? ─ Tyler estava extremamente confuso, mas sua mãe não parecia assustada.

─ Parece uma benção, mas o seus sinais vitais são os mesmo. ─ Nico afirmou.

─ Eu acho que… ─ Nem terminei minha frase e a parte de traz da loja explodiu em chamas.

Tudo aconteceu rápido demais. Homens armados entraram na loja seguidos de mulheres-cobra. Lucy gritou, Nico sacou sua espada e Tyler pegou uma placa de madeira esculpida.

Uma luz branca e azul nos envolveu como em uma redoma. Nico tentou sair para atacar, mas assim que chegou perto da luz foi lançado para traz, os homens começaram a atirar, mas as balas batiam na redoma e se desfaziam como pó, era um escudo. O mais assustador era que eu estava no limite, era de mim que vinha toda a energia. Tyler e Nico gritavam para mim, mas eu não entendia nada.

Concentrei minha força no escudo e ele explodiu numa confusão branca e azul, minhas entranhas queimaram, minha cabeça começou a rodar. Eu cai, não havia mais homens armados ou mulheres-cobra, não havia mais loja, apenas a praia negra, a agua congelante, Tyler, Lucy e Nico sãos e salvos. E essa foi minha ultima imagem antes de apagar.

Sonhei com coisas supernormais: um pavão no meio de uma névoa negra, a lua tocando o mar, um esqueleto brigando com um golfinho. Esse tipo de coisas, muito comuns, não é?

Acabei acordando com um barulho diferente. Estava com muita dor de cabeça e meu corpo… parecia ter sido pisoteado por cem cães infernais. Tentei me sentar, mas minha visão embaçou e meu ouvido zuniu. Pouco depois entendi o porque e praguejei.

Que lindo. Pensei. Estamos num helicóptero, agora só falta morrermos.


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