A Nova Saga escrita por FehViana, Hawtrey


Capítulo 13
Estadia em Houghton




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Chegamos a Houghton na hora do almoço. Eu estava faminta e cansada de comer barras de cereais. Nico parou em uma lanchonete, de fora eu já podia sentir os melhores cheiros do mundo, hambúrguer, batata frita, carne e muitos outros.

Saímos do carro e Nico parou me olhando.

─ O que foi? ─ Perguntei.

─ Algum cheiro estranho? ─ Ele disse apreensivo.

─ Você quer dizer monstros?

Ele assentiu. Concentrei-me além do cheiro de comida, o que foi bem difícil, mas não senti nada.

─ Não. ─ Respondi.                                                                                                             

─ Ótimo. ─ Ele correu para dentro da lanchonete rindo.

Fui atrás. Nos sentamos numa mesa do canto, quase escondida. As paredes eram de vidro e os acentos eram daqueles carros dos anos 70, vermelhos.  A garçonete nos olhou desconfiada quando veio anotar os pedidos.

─ Um hambúrguer e um refrigerante, os maiores que vocês tiverem. ─ Pediu Nico.

─ Pra mim o mesmo e mais uma porção de batata.

Ela assentiu e olhou para fora. Diretamente para o carro em que viemos.

─ Vocês vieram sozinhos?

Nico balançou a cabeça positivamente.

─ Quantos anos vocês tem?

─ 16 ─ Respondi subitamente. ─ tiramos a carteira no inicio do ano.

─ Hum. ─ Ela murmurou. ─ Será que eu posso ver?

─ Está no carro. ─ Nico falou calmamente e mudou de assunto. ─ Viemos para ver os lagos. Gostamos de natureza, mas estamos com muita fome.

─ Sim, claro. ─ Apressou-se. ─ Vou ver os pedidos.

E saiu mais estranha do que quando veio até nós.

─ Você acha que ela vai fazer alguma coisa? ─ Perguntei a Nico.

─ Não sei. Se ela ligar pra polícia estamos ferrados. Eles vão ver que o carro não é nosso. E nossa idade também.

─ Fique de olho nela. ─ Ele só assentiu.

  Quando a comida chegou atacamos vorazmente, estava deliciosa. Nico abriu sua mochila e tirou o dinheiro. Saímos o mais rápido que pudemos, para que ninguém chamasse a policia ou algo assim.

─ Precisamos de um lugar para dormir, um hotel ou alojamento. ─ Nico sugeriu.

─ Vamos acabar com o dinheiro assim.

─ É por uma boa causa.

─ Tudo bem. Segundo Rachel nós temos até o dia 21 para resolver tudo, o que nos da apenas três dias. Mas ela não explicou o porquê.

 ─ Basicamente, o dia 21 de junho é o solstício de verão, dia em que os deuses se juntam para uma grande reunião, se houver algo de errado eles acabaram discutindo e entrando em guerra. Digamos que eles são um pouco… sensíveis. ─ Um trovão ribombou e Nico riu.

 Chegamos ao estacionamento de um hotel que eu esperava não ser muito caro. Afinal, tínhamos só 400 dólares.

─ O quarto de casal é 100 dólares a diária. ─ O recepcionista informou. ─ Contamos a partir das 7h da noite. 

Não tínhamos como gastar com dois quartos, então pegamos o quarto 302 de casal no terceiro andar. Estranhei ele não ter pedido identidades, mas foi melhor já que não tínhamos mesmo. E eu estava satisfeita. O quarto que era ótimo, uma cama quente e macia, um frigobar com chocolates, refrigerantes e biscoitos e a TV. Além de que poderíamos ficar até as 7h da noite seguinte.

─ Bom… ─ Nico começou. ─ Só tem uma cama. Se você quiser eu posso dormir no chão.

Isso foi meio constrangedor.

─ Não, tudo bem. Você precisa de um bom descanso assim como eu.

Ele assentiu. Foi até sua mochila que estava em cima de uma cadeira. Pegou algumas roupas e foi tomar banho. Liguei a TV e estava no noticiário.

─ Dois carros foram roubados no lago Michigan. Um Lelux vermelho e uma Mercedes preta. Um dos carros foi encontrado em chamas próximo a cidade de Green Bay com uma flecha no pneu, mas nenhum suspeito ainda. A policia acredita que os ladroes estavam indo para o Lago Superior em uma perseguição. Eles tem métodos e armas estranhas, qualquer um nessa região que seja visto com um arco deve ser entregue as autoridades para interrogatório. Mais informações as…

Desliguei a TV assombrada. Virei-me e vi Nico me olhando assustado.

─ Se eles nos descobrirem? ─ Indaguei.

─ Não vão. Eles não têm nada, além disso.  Nem placa do carro, nem imagens nossas. Fique tranquila. ─ Mas ele mesmo não parecia tranquilo.

─ Mas eles têm uma de minhas flechas. Se eu precisar usar o arco e alguém vê…

─ A névoa a encobrirá.

─ Então por que ela não encobriu minha flecha?

─ Talvez porque ela estava cravada no pneu de um carro em chamas. ─ Isso não me tranquilizou. ─ Vamos dormir um pouco. Precisaremos de energia se tivermos que fugir.

Ele deitou.

─ Nossa! Uma meio-sangue procurada. O sonho de toda mãe.

─ Não se preocupe. Todos os semideuses tem alguma passagem pela policia. Depois tudo será esquecido pelos mortais. ─ Disse sonolento.

Peguei algumas roupas da mochila e tomei um bom banho, era disso que eu precisava. Voltei e deitei-me ao lado de Nico, apesar de me sentir estranha fazendo isso, adormeci quase imediatamente.

Acho que por tudo que eu estava passando acabei sonhando com minha conversa com Rachel antes de sair do acampamento.

Cheguei a sua caverna. Ela estava do lado de fora, impaciente. Provavelmente achava que eu não ia.

Ah! Que bom, achei que… Esqueça. Ela estava agitada. Entre. Tenho algumas coisas que podem ajudá-la.

Entrei, era bem confortável para uma caverna com tochas e laminas na entrada. Era uma área circular grande, com uma entrada a esquerda. Havia uma mesa no centro com pergaminhos e lápis espalhados, um armário no canto direito, uma mesa menor com alguns objetos quebrados ou amassados e um banco de três pernas.

O que é tudo isso?

Bom… Ela começou. Na mesa está todas as minhas visões e a de alguns campistas. Eu escrevo todas, podem estar conectadas com as profecias. Naquela outra mesa ficam alguns artigos usados na Grande Profecia de Percy. Inclusive aquele escudo. Apontou para um escudo que refletia como um espelho. Ele redireciona a luz da lua para onde você quiser e assim pode ver onde ela tocar.

“UAU!” Pensei.  “Quero um desses.”

Ela entrou na passagem da esquerda e sumiu atrás de uma cortina verde aveludada. Andei até a mesa de pergaminhos analisando-os e um deles estava aberto havia uma letra diferente, dizia assim:

“Ela terá que fazer uma escolha, mas vai se machucar, talvez grave. A profecia diz que apenas três devem voltar. Foi sabia ao optar por levar apenas um. Mesmo assim estou preocupado, sinto que sou responsável por ela, já que vi como se machuca e devo evitar…”

Rachel voltou e eu me afastei da mesa, mas consegui ver a assinatura. “Nico Di Angelo”.

Aqui nessa mochila eu coloquei suprimentos como barras de cereal, néctar e ambrosia. Algumas adagas e flechas com funções que você vai gostar, mas só use em caso de emergência tem poucas delas. Tem dois sacos de dormir e uma barraca e…

Calma! Como é que cabe tudo isso ai dentro? Indaguei olhando para a mochila pequena demais para tudo isso.

É uma mochila magica, tudo que você colocar vai se acomodar perfeitamente aqui dentro, além de que você não sentira peso nenhum e é a prova d’agua. Continuando, tem roupas e sapatos para terrenos diferentes e casacos também e mais algumas coisas que você vai precisar na sua missão. Ah! Quase me esqueci. Também coloquei comida pra pégasos, cães infernais, cavalos marinhos, ofiotauros, leões, dragões e escorpiões.

Deuses! Garota, você é perturbada.

Ela riu.

Pelo menos você está prevenida. Não mexa na mochila se não estiver precisando, na hora que você estiver em apuros coloque a mão dentro dela e o artigo que você precisa virá se eu tiver colocado ai. Espero que isso seja tudo.

─ Eu acho que tem até demais né?!

─ Ah, mais uma coisa. ─ Ela me deu um papel enrolado como um de seus pergaminhos ─ É um mapa, vai mostrar a localização dos principais lagos da América do Norte. Siga um de cada vez.

─ Tudo bem. Rachel…aquele pergaminho…o que Nico quis dizer? Ele falava sobre mim. O que ele viu?

Rachel ficou pálida.

Nico passou por… muita coisa antes de tudo se estabilizar, perdeu a mãe ainda pequeno, foi criado pela irmã que morreu quando ele tinha 10 anos. Foi um grande golpe quando ela decidiu ficar com as caçadoras e deixa-lo no acampamento. Ele a amava muito e desde então não fica em um lugar por muito tempo, mas ele ainda está aqui desde que você chegou. Nico age diferente com cada pessoa. Com Percy ele age de forma razoavelmente amigável. Percy é seu amigo sem duvida, mas ainda assim é diferente. Com Annabeth era mais um respeito, ele a tratava como uma mãe ou uma irmã desde que Bianca se foi. Jason, bem… eu não os via juntos até você chegar.  Com os outros ele é frio exatamente como um filho de Hades exemplar. Mas com você é algo diferente, você parece que trouxe a felicidade de volta para ele.

Fiquei calada por um tempo assimilando o que Rachel estava dizendo. Será mesmo que Nico está ali por mim? E quando eu fui com as caçadoras, por que não sumiu novamente?

Você precisa ir. Não tem mais de três dias e precisa de todo o tempo que tiver. Boa sorte.

Eutykhia! Sorri.

Eutykhia. Rachel retribuiu.

Meu sonho se desfez. Sentei-me e olhei o relógio na parede, 4:52 pm. Eu dormir por quase cinco horas. Olhei para o lado, Nico ainda estava dormindo. Levantei devagar. Tomei um banho e sai. Na recepção preguntei onde era o restaurante, ele me indicou o caminho e eu segui. Pedi uma jarra de suco, sanduiches de queijo e carne, iogurte, uvas e morangos. Disse o numero do quarto e subi novamente.

Nico já estava acordado.

─ Onde você estava? ─ Questionou.

─ Sua benção papai. ─ Debochei rindo. ─ Fui ver comida para nós.

─ Engraçadinha. Eu fiquei preocupado, somos dois semideuses poderosos, nosso cheiro atrai mais monstros que qualquer outro.

─ Juntos ou separados atraímos monstros, que diferença faz?! ─ Disse me sentando e pegando minha mochila.

─ Você é impossível. ─ Ele se irritou e eu ri.

─ Sim, sim. Está no meu sangue. Posso ser tão irritante quanto Zeus. Porque estou certa.

─ Não, porque você é cabeça-dura e não escuta.

─ E você é bem comportado e submisso não é? ─ Perguntei ironicamente.

─ Ah. Tá. Cansei de discutir. ─ Nico foi tomar banho bufando e eu comecei a rir.

O serviço de quarto trouxe a comida antes de Nico sair do banho. Eu estava com fome de mais para espera-lo, comecei a comer minha parte.

─ Ei! Deixa um pouco pra mim. ─ Disse ele rindo.

─ Que bom que melhorou. Sempre fica irritante quando acorda?

Ele não respondeu, apenas se sentou ao meu lado e começou a comer também.

Assim que terminamos, fomos pegar nossas coisas para a próxima busca no Lago Superior. Deixamos a chave na recepção e fomos para o carro. Eu iria dirigir.

─ Por favor, cuidado… ─ Nico pediu parecendo preocupado. ─ … com o carro, não é nosso e temos que devolver, evitar batidas e arranhões é uma boa.

E começou a rir enquanto entrávamos.

─ Se você começar com isso de novo… ─ Ameacei.

Quando estávamos na estrada e foi a minha vez de dirigir ele começou a falar que eu devia ter cuidado porque ele não queria acordar de cabeça pra baixo com o carro capotado. Eu já estava com raiva antes, por ter me tirado da luta, mas aquilo me deixou pior.

─ Tudo bem, só estou pedindo pra tomar cuidado, quero chegar ao Superior inteiro. Sabe como é né?! “Mulher no volante, perigo constante.” ─ Brincou caindo na risada novamente.

Coloquei a mão em seu ombro.

─ Nico, querido… ─ Dei uma descarga elétrica que o fez tremer. ─ Pare de bagunçar ou você será tragado por um escorpião de cinco metros com o ferrão borbulhando em veneno.

─ Você…me dá medo! ─ Ele exclamou.

─ Isso é bom. ─ Conclui rindo. ─ Agora fique quieto.

Ele pego o mapa no caminho e começou a olha-lo confuso. Como se algo estivesse errado. Olhou-o até de cabeça para baixo. Por fim não aguentei de curiosidade.

─ Algum problema?

─ Como você sabe para onde ir primeiro?

─ Como assim? Basicamente as localizações dos lagos aparecem conforme vamos chegando perto ou passamos do que ele mostrou primeiro. ─ Expliquei.

─ E quantos lagos tinha aqui da ultima vez que você olhou? ─ Perguntou parecendo mais confuso.

─ Dois. Por quê?

─ Acho que aqui tem mais de dois.

Ele mostrou o mapa e eu alternei meu olhar da estrada para onde Nico indicava. Uma nova localização. Lago portage.


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