Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 26
Capítulo 23.5: Inseguranças


Notas iniciais do capítulo

GENTE, QUE SDDS DE POSTAR CAPÍTULO AQUI!
Ok, ok, eu devo explicações pra demora terrível de escrever, ainda mais de postar e pela grande poeira que deixei juntar na PF, mas é que, chegou um ponto em que eu notei que eu fudi com toda a cronologia da fic, que ia ficar cansativo, essas coisas. Além disso, com a ajuda da Altaria, Alysse e de Nanashi, descobri que a fic estava bastante centrada num personagem só, apesar de esse capítulo em especial ser especialmente dedicado a esse personagem, além do fato de que, contando com esse capítulo, estamos três só no mesmo dia. É, eu sei, cansativo, e até mesmo não faria isso se não fosse preciso. Felizmente, não acho que tenha ficado tão cansativo assim, fiz meu melhor pra ficar interessante e não tão centrado assim na mesma pessoa, além de começar mais um arco novo, fufu~
Agora, quanto aos outros motivos da demora pra escrever esse capítulo em especial (QUE POR SINAL TIVE QUE REESCREVER QUASE TUDO), cara, eu tô com muita coisa pra escrever, muita coisa que comecei e que até agora não terminei, mas que eu quero, e, por causa disso, to ficando com bastante block, mas to caçando meios de afastá-los, do not worry, guys.
Enfim, explicações dadas, digo que isso foi extremamente dificil de fazer, mas consegui, e o resultado foi ótimo 9apesar de um pouquinho corrido e estar faltando 2k de palavras, isso era pra ter 10k e tantos), então taí o capítulo, boa leitura :33



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/201410/chapter/26

A felicidade que Chris sentia naquele momento não podia ser comparada com nada que ela conhecia. Na verdade, nem ao menos se julgava capaz descrever tal sentimento, tamanha era a felicidade que sentia ao acordar e descobrir que tudo aquilo que havia acontecido até agora não era apenas um sonho e de fato estava viajando ao lado do grupo, mesmo não possuindo nenhum Pokémon e mesmo não possuindo nada que realmente podia ajudar o restante das pessoas com que agora viajava ou algo para que ela própria pudesse dormir. Por isso, acabara surpreender ao ver que uma das garotas do grupo, a de incomuns cabelos azuis, oferecera o próprio saco de dormir para passar a noite, alegando que pouco ligaria em dormir no chão e não teria problemas quanto ao frio, já que, de certa forma, não o sentia, então pouco importava se havia algo para aquecê-la ou não. E pareceu ainda mais surpresa ao ver que, até aquele momento, nenhuma daquelas pessoas gritara para que fizesse algo, nem mesmo olhavam para a menina como se o fato de ter poderes era algo anormal. Afinal, mesmo que diferentes, todos eles tinham algum tipo de poder, de modo que aquilo era tratado como algo normal e um tanto quanto irrelevante na maior parte do tempo, o que fazia com que Chris também levasse suas chamas daquela forma, podendo esquecer o incidente do de dias atrás, o mesmo que a levara a sair do Centro Pokémon de forma inusitada, acabando por encontrar-se com aquele grupo em especial.

E tudo isso, o grupo, o modo como a tratavam, o fato de estar finalmente viajando e longe de seus pais eram motivo o suficiente para que pudesse se sentir mais do que apenas feliz, de modo que pouco se importou com a dor dos membros quando seguiu viagem com todos eles, caminhando ao lado de Satoru, Larysse e Altaris, os quais, no momento, ocupavam-se em apresentar seus Pokémons para a morena, os quais sempre lhe dirigiam um sorriso ao olhar para Chris, demonstrando toda sua gentileza e simpatia com a menina, que ainda parecia surpresa com tudo aquilo, principalmente com os grandes Pokémons das duas mais velhas do grupo, que, em sua grande maioria, estavam soltos, caminhando junto aos treinadores ou mesmo reunidos em pequenos grupos, conversando entre si ou com Alyss e Lawliet, que, no momento, estavam ocupadas demais olhando o mapa para descobrir qual caminho tomariam para que pudessem chegar até Eterna para notar algo a mais que não fosse aquilo, de modo que praticamente ninguém ligou para os outros, especialmente as crianças, especialmente Chris.

Não estava exatamente interessada em falar com as garotas naquele momento, afinal, estavam ocupadas, e parecia distraída demais com a tarefa de observar os Pokémons e vê-los sendo apresentados para si parecia algo um tanto mais interessante, de modo que, em pouco tempo, se viu perdida na conversa com Satoru, Larysse, observando os Pokémons e perdida em tudo que lhe contavam sobre os poderes e as batalhas, o modo com que viajavam e com o fato de que aquela era a primeira vez que saiam em jornada, assim como ela. Desse modo, não foi muito difícil de fazer amizade com o garoto e sua amiga, distraindo-se com eles rapidamente.

Ambos deram-lhe os próprios detalhes para que esta soubesse mais sobre os próprios poderes, e, apesar de receosa, pareceu feliz em mostrar-lhes as chamas surgindo em sua mão, as mesmas queimando o nada por um curto período de tempo antes de finalmente se esvaírem, deixando a pele completamente intacta, assim como sempre acontecera, o que imediatamente deixou seus novos amigos e seus Pokémons um tanto quanto surpresos, visto que, até o momento, os únicos capazes de fazer aquilo eram os próprios Pokémons. De certo modo, ver que estavam mais admirados em ver aquilo ajudou para que se sentisse melhor e que tivesse um tanto mais de liberdade quanto a brincar com as próprias chamas, não sem tomar um cuidado especial, surpreendendo as crianças todas as vezes que o fazia, rindo brevemente com a reação deles.

Havia muitas duvidas em sua mente que Satoru e Larysse não se demoraram em responder, principalmente quanto ao fato de que eles próprios não tinham certeza de qual seriam seus próprios poderes, embora uma das líderes do grupo dar a certeza a ambos de que possuíam ago, apenas não haviam descoberto exatamente o que eram. Explicaram prontamente sobre isso e sobre os poderes do restante, o que surpreendeu Chris ainda mais, admirada com a variação que possuíam quanto aquilo e com a pouca informação que possuíam. Talvez tivesse sido isso, ou talvez algum outro motivo que a morena desconhecia, mas aquilo tudo deu-lhe coragem o suficiente para dirigir-se até a única garota que não tinha informação alguma no momento, preferindo falar com ela diretamente do que perguntar as crianças.

— Ei, Clair, qual é o seu poder? – Foi a pergunta que Chris dirigiu a ruiva, tirando-a de seus pensamentos e fazendo com que parasse com o que quer que estivesse fazendo para olhar em direção a menor, com uma expressão confusa estampada em seu rosto.

— O que disse? – Perguntou, julgando não ter entendido a pergunta. Até aquele momento, ninguém do grupo havia lhe dirigido a palavra, já que estavam ocupados demais falando com Chris sobre seus poderes ou falando com seus Pokémons, então a menina presumia que iriam se esquecer dela por um tempo, e se lhe fizessem perguntas, não imaginava que seriam como aquela.

— Qual é o seu poder? – Chris repetiu, exibindo-lhe um brilho de animação e curiosidade no olhar.

Clair, por sua vez, franziu o cenho longamente, uma expressão estranha e um tanto quanto ameaçadora tomando seu rosto, o que imediatamente fez com que a morena hesitasse, assustada com sua reação.

— Eu não tenho poderes. – Foi o que disse, de um modo rude e ríspido, e que trouxe resultados imediatos: Chris arregalou os olhos, surpresa, e depois tomou uma expressão estranha, como se soubesse que havia perguntado o que não devia. Clair, por sua vez, ignorou aquilo prontamente, voltando a caminhar, desta vez rapidamente, deixando a menina para trás, incrédula com sua reação.

Piscou, se perguntando se aquilo realmente fora aborrecimento por sua pergunta, e se esta tivesse sido tão intrusiva assim. Engoliu em seco, desconfortável pelo fato de ter sido deixada para trás, e não demorou muito para que voltasse a ficar ao lado de satoru e Larysse, tentando organizar os muitos pensamentos bagunçados que encheram sua mente.

— O... O que aconteceu com ela...? – A morena voltou-se para Satoru, a voz falhando brevemente, ainda assustada demais com a reação da maior quanto a sua pergunta, o que lhe trouxera um pequeno medo de que essa pergunta fosse incomoda para alguém, o que certamente não gostaria de fazer novamente. — Ela olhou pra mim de um modo tão...

— Hm? Quer dizer a Clair? – O menino olhou para ela, piscando brevemente e tomando uma expressão confusa preocupada, mas também um tanto quanto distante, principalmente quando observou a menina de cabelos castanhos assentir, confirmando sua duvida. Hesitou alguns momentos, mas, finalmente, continuou: — Acho que ela deve ter ficado brava porque ela é a única sem poderes, então, sem querer, a gente meio que... exclui ela das conversas.

— Oh, entendo... – Ela se calou por um momento, um sentimento de culpa por ter feito aquela pergunta em especial enchendo-a, assim como o que parecia ser um tanto quanto de pena da ruiva pela última informação que recebera, mas nada disse sobre isso. Na verdade, nem ao menos teve tempo em pensar em alguma coisa para respondê-lo, ou mesmo ponderar sobre assunto por um breve momento, pois uma voz familiar logo a interrompeu, chamando sua atenção e interrompendo o fluxo de pensamentos que tivera inicio em sua mente.

— É mesmo, Satoru! – Soou a voz de Larysse, tirando a atenção do garoto também, que não demorou em olhar para a mais nova, a curiosidade estampada na cor escura de seus olhos. — A gente não ia fazer algo sobre isso?

— Ah, é mesmo, a batalha! – O menino deu um sorriso para a amiga, indicando que sabia do que se tratava.

— Batalha...? – A confusão na voz e na expressão de Chris era clara, e, assim que ambas as crianças voltaram sua atenção para ela mais uma vez, a explicação não demorou a vir.

— Sim, pra ver se a gente anima ela um pouco e ajuda ela a treinar um pouco, também. – Satoru respondeu, assentindo brevemente para a garota. Em seguida, sua expressão se iluminou, e foi com grande animação que disse as próximas palavras: — Você podia aproveitar pra ver uma batalha de perto, Chris.

Imediatamente, a animação que tomou o rosto da garota de cabelos castanho-escuro, e ela assentiu rapidamente, indicando que aquilo seria uma das melhores coisas que poderia ver, ainda mais de perto e provavelmente até o final, uma ideia que certamente a agradava, não importando se os Pokémons fossem iniciantes ou não.

Um sorriso tomou o rosto dos dois, parecendo felizes em permitir que a garota nova visse tal batalha.

— Ótimo – Larysse confirmou rapidamente, um sorriso de satisfação tomando seu rosto quando ela se virou para Clair. — Eu vou lá chamar ela então.

Observaram-na dirigir-se até a garota de longos cabelos vermelhos, observando a expressão confusa que a mesma tomou quando ouviu sua pergunta. Momentos depois, quando Larysse finalmente voltou para junto deles, o sorriso de animação que exibia em seu rosto foi o suficiente para que soubessem qual fora a resposta. Rapidamente, a mais nova explicou-lhes que, de fato, Clair aceitara o pedido, mas que, devido a circunstâncias do momento, a batalha teria que ser a tarde, quando parassem para almoçar, de modo que teriam de esperar, algo que certamente não seria um problema para nenhum deles. Por isso, trataram de se distrair ainda mais, voltando a conversas sobre diversos outros assuntos, esperando que o momento certo finalmente chegasse e pudessem finalmente treinar com a garota, além de animá-la, trazendo-a para a conversa da melhor forma que poderiam arranjar.

Ter de esperar todo aquele tempo não tivera problema algum para a morena, o tempo até mesmo passara rápido, e se surpreendeu ao ver que a hora da batalha havia chegado, trazendo-lhe o mesmo nervosismo e ansiedade de antes, animada em observar a batalha, principalmente ao finalmente chamarem Clair, que olhou para eles de modo desafiador, embora estivesse igualmente animada para a mesma, assim como as crianças. Em pouco tempo, afastaram-se do restante do grupo, sendo apenas seguidos por Altaris, e, após determinar um pequeno campo que usariam para a batalha, larysse declarou-se a primeira oponente de Clair e se posicionou prontamente, encarando a ruiva com animação e desafio, da mesma forma que Khurtnney estava, igualmente ansiosa para a batalha começar.

Em resposta, Clair chamou seu macaquinho de fogo, Weng, que sorriu com sua escolha, animado com a possibilidade de batalha e de finalmente testar tudo o que ele e sua treinadora haviam treinado até agora. Nervosa com a batalha, Clair respirou fundo, como se somente o fato de o fazer fosse o suficiente para acalmar a mente para que pudesse pensar com clareza ao comandar seu pokémon, algo que certamente precisaria caso quisesse vencer. Se Clair se lembrava bem, aquela seria a primeiríssima batalha que travava contra as crianças, já que até agora vinham batalhando entre si ou treinando sozinhas com a assistência de Altaris, que lhes mostrara vários meios para fazê-lo. Até mesmo a ruiva o havia feito, mas não arriscara uma batalha ou alguma competição até agora, e, por isso, aquela seria sua primeira batalha de verdade contra alguém, e isso a deixava mais do que nervosa.

Possuía diversas expectativas, e até mesmo preocupações, perguntando-se constantemente se seria boa o suficiente para ganhar, além de diversas outras coisas que, naquele momento, só conseguiria resposta fazendo a coisa real. Porém, sentia-se nervosa, aflita, e temia que não pudesse conseguir comandar Weng apropriadamente e, desse modo, repetia para si mesma que já havia treinado, que sabia muito bem como comandar um Pokémon mesmo que não pudesse entendê-lo, então era mais do que esperado que soubesse lidar com aquela batalha e levar o Chimchar a vitória. Era quase como se sua própria consciência estivesse pressionando-a, como se desse modo a mais velha fosse conseguir ganhar de ambas as crianças.

Por fim, respirou fundo, afastando as preocupações e os sentimentos ruins o melhor que pôde, e esperou o primeiro comando daquela que seria sua oponente, que não demorou muito para chegar:

— Khurtnney, vamos começar com Quick Attack! – Sua voz soou confiante e determinada, como se a garotinha estivesse dizendo para si mesmo que ganharia, o que Clair não deixou de contrariar, dando sua própria ordem logo em seguida:

— Revide o ataque com Fire Punch! – Ordenou a ruiva logo em seguida, sentindo-se um tanto quanto nervosa ao fazê-lo, mas feliz com a estranha sensação que gritar o comando para o Pokémon lhe trouxe.

Mal ela deu sua ordem, e Khurtnney já obedeceu, colocando-se de quatro rapidamente e correndo o mais rápido que podia na direção do Chimchar, de modo que, por um breve momento, Clair não pôde mais vê-la, tamanha era a sua velocidade ao realizar o movimento, trazendo apenas confusão e surpresa para a menina ruiva, principalmente ao ver que, em pouco tempo, a Pikachu cruzou o espaço que haviam determinado para sua batalha, tão rápido que Weng nem mesmo teve tempo de preparar-se para realizar o Fire Punch; em poucos segundos, pôde ver Khurtnney entrando em seu campo de visão novamente, apenas para jogar seu corpo contra ele e interromper o movimento, jogando-o para trás com uma força que Clair julgou ser impossível para uma Pikachu com tão pouco tempo de treino possuir. Assistiu com pesar seu Pokémon de fogo ser jogado contra o chão e gritar, indignado com a atitude da outra, para logo em seguida levantar, ao mesmo tempo em que Khurtnney se afastava para a posição inicial com a mesma velocidade usada no Quick Attack.

Clair piscou, parecendo mais do que apenas surpresa. Somente ao observar a Pikachu correndo daquele modo já deixava claro que todos os constantes treinos que sua treinadora a impunha estavam dando frutos, pois afinal, não se lembrava de Khurtnney ser tão rápida e nem não forte assim. E ao ver que isso era verdade, sentiu-se nervosa mais uma vez, pois se Khurtnney estava mais forte devido aos seus treinos, significava que aquela batalha não seria assim tão fácil quando sua consciência insistia em repetir que seria. Se quisesse ganhar, teria que superá-la com uma estratégia que lhe traria a vitória.

Porém, mal teve tempo para pensar em algo parecido, pois logo ouviu a próxima ordem da mais nova, tão rápida quanto Khurtnney ao realizar o Quick Attack.

— Electro Ball!

Em resposta, Khurtnney colocou-se de pé mais uma vez, e entre suas mãos, uma pequena esfera amarela surgiu, e então oscilou entre o existir ou não, como a luz de uma lâmpada a ponto de se apagar. Depois, a esfera amarela aumentou de tamanho gradativamente, de modo que Khurtnney se viu forçada a afastar os braços um pouco mais para dar espaço a mesma, que mandava pequenas faíscas de energia para os lados. Em seguida, a esfera elétrica deixou suas mãos para fazer seu caminho em direção que Weng, que, aflito, olhou para sua treinadora em busca de algo, alguma coisa que ela pudesse ordenar para fazê-lo escapar do ataque. Diante disso, a ruiva deu-lhe uma ordem rápida e um tanto desesperada, refletindo o medo em sua voz:

— Use as chamas para destruir a esfera!

Rapidamente, o Pokémon a obedeceu, colocando-se de pé mais uma vez e abrindo a boca para liberar uma grande e longa coluna de chamas contra a esfera elétrica que, por sua vez, fazia seu caminho em direção ao pequeno Chimchar. Khurtnney resmungou, vendo sua esfera ter o caminho retardado pelas chamas e então se desfazer no ar, não sem deixar um pequeno rasto de eletricidade para trás, que rapidamente foi engolfado pelas chamas novamente, que seguiram seu caminho em sua direção. A mando de sua treinadora, a Pikachu correu para o lado rapidamente, eletrificando-se no caminho, e então tomou impulso, realizando um segundo Quick Attack em direção ao Chimchar enquanto as chamas ainda vinham em sua direção e, consequentemente, na direção de Larysse, que foi obrigada a se afastar alguns passos para trás para fugir do calor, franzindo o cenho, mas logo sorrindo ao ver a atitude de sua Pokémon. Porém, seu plano não deu certo, pois Clair foi rápida o suficiente para ver suas intenções e enxergar a Pokémon fugindo das chamas, e, em seguida, com seu aviso, Weng parou o que fazia para virar-se na direção de Khurtnney e passar a lançar as chamas em sua direção, o que a fez parar imediatamente, surpresa.

Diante de sua surpresa, Khurtnney não conseguiu fugir, e tudo o que pôde de fato fazer foi receber o ataque, gritando com certa fúria ao fazê-lo. Ao ouvir seu grito, Weng hesitou, e com isso, parou o que fazia rapidamente, apenas para encontrar Khurtnney com uma expressão raivosa e com os pêlos de seu braço chamuscados. Não só estes, como também outras partes de seu corpo também estavam daquela forma, e em algumas poucas onde já não mais havia pêlos, era possível ver a pele avermelhada no local, que provavelmente seria a fonte para seus gritos raivosos quanto ao ataque do macaco de fogo. Por um breve momento, Weng sentiu medo da expressão que Khurtnney lhe direcionava, e pensou em se desculpar e dizer-lhe que nunca havia tido a intenção de machucá-la propositalmente e continuou pensando nisso nos momentos que se seguiram, até que finalmente a viu olhar para Larysse, como se esperasse algum tipo de ordem ou permissão para continuar o que quer que tivesse em mente. Mas, dessa vez, Clair foi mais rápida, e uma ordem saiu de seus lábios:

— Fury Swipes e depois Fire Punch!

Weng exibiu um sorriso para Clair, e logo se pôs a correr em direção a Khurtnney mais uma vez, erguendo uma das mãos para exibir suas garras, que assim que entrara no campo de visão da Pikachu, tomaram uma coloração branca e brilhante, ofuscando seus dedos, assim como seus olhos castanhos tomaram um tom estranhamente avermelhados, passando-lhe a ideia de que o Pokémon de fogo realmente necessitava estar em fúria para realizar o ataque. Em pouco tempo, a distância que os separavam foi vencida, e a garra que jazia no ar fez seu caminho para atingir a Pikachu, rasgando o ar e então uma de suas bochechas, o que a fez rosnar de dor e raiva e então se afastar, para longo então desviar-se do próximo ataque que certamente viria. Ainda assim, Weng parecia querer finalizar seu ataque, e voltou a correr em sua direção, deixando a Pikachu.

Sua treinadora não parecia querer deixar que isso acontecesse. Ordenou que a Pokémon se desviasse o quanto antes e continuar com o Quick attack ou o Electro Ball, já que aquela batalha estava se tornando longa demais para seu gosto. E, seguindo suas ordens, a Pokémon do tipo elétrico voltou a correr, desviando-se facilmente do pequeno macaco de fogo, que, indignado, rosnou antes de se voltar para a Pikachu, erguendo seu braço para continuar o ataque pela segunda vez, parecendo ainda mais furioso do que antes. Em resposta e obedecendo as ordens de sua treinadora, sua oponente voltou a criar uma esfera de eletricidade entre suas mãos e lançá-la contra o Chimchar, que conseguiu desviar da mesma facilmente, jogando seu corpo para o lado para um desvio em seu caminho. Apesar de não ter atingido-o de primeira, a pequena continuou criando esferas elétricas entre suas patas, pois sabia que, se a primeira não havia atingido-o, uma daquelas iria.

Aquilo não pareceu ser de todo verdade, pois o pequeno continuava chegando cada vez mais perto, e em seu caminho, desviava de todas as esferas elétricas, que continuaram seu caminho até perderem a altitude e se chocarem contra o chão, explodindo em uma grande onda de eletricidade e brilho amarelo, seu ultimo sinal de que existia antes de finalmente desaparecer. Isso preocupou a Pokémon, que logo não teria mais chance de continuar a desviar se aquilo continuasse, então ou ela o faria agora ou se arriscava, e preferiu optar por se arriscar. Criou uma última esfera de eletricidade, fazendo questão de deixá-la maior do que as outras, e esperou alguns segundos a mais para finalmente lançá-la em sua direção.

O resultado foi imediato: Incapaz de fugir da ultima esfera lançada, Weng soube que, no momento seguinte, seria atingido. Não teve tempo de repetir o desvio e nem mesmo de lançar suas chamas contra ela, que provavelmente a destruiriam facilmente. Weng nem mesmo teve tempo de parar ou de arregalar os olhos quanto a sua incapacidade de fugir; apenas recebeu o ataque, sendo atingido diretamente no peito pela Electro Ball para então ser envolvido por uma onda de eletricidade que caminhou por seu corpo, trazendo dor e arrancando um grito de seus lábios entreabertos.

Os poucos segundos que se seguiram em que Weng se viu envolto por eletricidade pareceram ser muito mais do que isso, ainda mais pela dor que sentia tomando todo o seu corpo. Em, seguida, devido a força do ataque, o Pokémon de fogo foi lançado fortemente contra o chão, e um baque se foi ouvido quando ele caiu, resmungando e gritando, tomado pela dor e raiva que suprimiam quaisquer outros pensamentos.

Ao ver a cena, Clair engoliu em seco, nervosa, e, momentaneamente, não parecia mais ser capaz de se mexer, nem mesmo perguntar se o Chimchar estaria bem, apesar de estar preocupada com sua segurança.

— Weng! – Chamou Clair, a voz soando um tanto fraca, mas que ainda revelava toda a preocupação quanto a seu Pokémon. — Você está bem?

Em resposta, ouviu-se um grunhido vindo do macaco de fogo, seguido de uma breve repetição de seu nome. Com dificuldades, o pequeno levantou-se, parecendo determinado a continuar a batalha, apesar da clara preocupação que Clair exibia em sua face. Parecia que, assim como ela, acreditavam que podiam ganhar, pois afinal, haviam treinado todo esse tempo, e seus esforços teriam que valer a pena. Determinado a continuar, o pequeno mudou sua tática, e um de seus punhos se envolveu em chamas, e Khurtnney, em resposta, envolveu o próprio em eletricidade, assim como boa parte de seu braço, e, por um breve momento, ambos se encararam antes de finalmente dispararem numa corrida frenética contra o outro, com um olhar duvidoso em seus rostos, como se soubessem que, quem quer que fosse receber o ataque naquele momento, não estaria mais na batalha.

Poucos segundos depois, a espera terminou: ambos já estavam perto o suficiente para atacar, e o primeiro golpe foi desferido. As chamas do punho e braço de Weng pareceram seguir o movimento de seu braço, deixando um rastro de chamas no ar por um breve segundo antes de permitir que o fogo que envolvia seu punho fazer seu caminho até sua adversária, que, assim como ele, fazia o mesmo, e era claro que havia um pequeno rastro de eletricidade por onde seu braço passava. Apesar da grande agilidade do Chimchar ao realizar o Fire Punch, Khurtnney pareceu ser ainda mais rápida, e conseguiu desviar-se do ataque, jogando seu corpo alguns poucos centímetros para o lado. Depois disso, ela não perdeu tempo. Levantou o punho em direção ao macacão de fogo, e sua breve surpresa o impediu de se desviar a tempo: o lado direito de seu rosto recebeu o golpe, e, mais uma vez, seu corpo se envolveu em eletricidade durante poucos segundos, o qual gritou, sentindo novamente a mesma dor da Electro Ball, porém mais forte. E dessa vez, ele não conseguiu manter-se de pé. Caiu no chão com um baque surdo, gemendo.

Perplexa, a ruiva passou a encarar o Pokémon, porém por pouco tempo, pois logo correu ao seu encontro, tirando sua Pokeball do cinto no caminho. Logo, se colocou ao seu lado e o pegou no colo, dando-lhe um sorriso, o qual foi retribuído, apesar do cansaço do pequeno Pokémon. Em seguida, apontou a Pokeball para ele e o retornou, e então voltou seu olhar para Khurtnney e Larysse, as quais já comemoravam a vitória. A mais velha engoliu em seco, e recusou os pensamentos ruins que ousaram aparecer, preferindo continuar a batalha ao invés.

Mal teve tempo de voltar ao seu lugar, e Jin já batia suas asas em direção ao campo de batalha, piando irritantemente ao passar pela treinadora. Em resposta, Larysse pediu para que Khurtnney voltasse, pois dessa vez, ela gostaria de dar uma chance a Dave, o qual chamou logo em seguida. Assim que ouviu seu nome, o Hoothoot, que antes estivera empoleirado numa arvore, abriu as minúsculas e curtas asas e foi em sua direção, caindo no chão pouco depois, sinalizando que aceitaria a batalha contra a ave da ruiva.

— Comece com o Tackle, e então Quick Attack! – Anunciou Clair, assim que já estava em seu lugar novamente.

Larysse também não perdeu tempo, e logo, suas ordens foram as próximas a serem ditas:

— Sky attack!

Imediatamente, ambas as aves realizaram seus movimentos. Por parte de Jin, bateu suas asas fortemente e jogou seu corpo para frente, em direção a Dave, enquanto a coruja, por sua vez, era envolvida por uma aura branca, assim como seus olhos brilhavam. Abriu suas pequenas asas, e ergueu-se ao ar, o que aparentemente parecia ser um grande esforço devido ao pequeno tamanho das asas, e esperou que Jin se aproximasse, o que não demorou muito. Rapidamente, Dave desceu ao ar, a fim de realizar seu ataque, porém, Jin foi mais rápido, e conseguiu se desviar a tempo, obrigando Dave a parar-se rapidamente para não acabar indo de encontro ao chão. Logo depois, o Starly continuou seu caminho para acertá-lo com seu corpo, jogando-o para o lado devido a força que aplicara e o impacto que ele recebera. Um resmungo se foi ouvido vindo da coruja, que, já não aguentando mais se erguer no céu, preferiu ficar no chão, ou então acabaria por realmente cair contra o mesmo, o que certamente não desejava.

A mais velha deu um sorriso de canto, percebendo a desvantagem de Dave na batalha. Devido às curtas asas, era impossível que o pequeno ficasse no ar por muito tempo, enquanto Jin podia, o que lhe dava a chance de facilmente se desviar algum tipo de ataque dele apenas erguendo-se ao ar e se mantendo fora do alcance da ave noturna de sua oponente. E, apesar de todos os ataques do Starly serem fiscos, contava com sua velocidade, que já mostrava ser superior a do HootHoot, principalmente ao vê-lo desviar facilmente do Sky Attack e então acertá-lo novamente com seu próprio ataque rápido, voltando para seu lugar em seguida, com um piado irritante de triunfo.

— Muito bem, Jin! – Parabenizou a mais velha, exibindo-lhe um sorriso, o qual foi retribuído com mais um de seus piados. – Continue com Quick Attack!

Dave piou alguma coisa, e preferiu ficar parado em seu lugar do que desviar, encarando a ave preta e cinza enquanto ela avançava rapidamente em sua direção, por vezes saindo de seu campo de visão por breves segundos antes de reaparecer. Apesar de Clair ter bastante certeza de que o ataque seria realizado com sucesso, seus oponentes não pareciam preocupados. Larysse parecia conter um sorriso, enquanto seu HootHoot observava o Starly chegar cada vez mais perto. E quando finalmente estava a pouquíssimos metros de distancia da coruja, a ave estendeu suas pequenas asas, ao mesmo tempo em que seus olhos vermelhos brilhavam, adquirindo uma nova intensidade. Isso durou apenas um breve segundo, pois no próximo, Dave já não estava mais lá, movendo-se com tanta velocidade que Clair teve a impressão de que ele havia desaparecido. No momento que se seguiu após esse, um piado foi ouvido, vindo de um confuso Jin, que parou bruscamente ao ver que já não mais possuía um alvo, e um segundo piado que foi emitido após isso, o qual foi bruscamente interrompido pela coruja marrom, que rapidamente ressurgiu, agora envolvida numa aura negra e com os olhos brilhando ainda mais que antes. Surpreso, o pássaro cinza nem ao menos teve tempo de se desviar quando o corpo do menor chocou-se contra o seu, fazendo que fosse jogado vários metros para trás. Assim como havia acontecido com Weng na batalha anterior, devido a proximidade do maior, foi impossível se desviar do Faint Attack, e assim, Jin não teve outra escolha senão receber o ataque e deixar que o corpo fosse lançado para trás, tamanha era a força do HootHoot. Com isso, não demorou muito para que o Starly caísse no chão, com um longo piado de dor acompanhado o baque surdo eu seu corpo produziu ao cair.

Surpresa percorreu o corpo da maior, perplexa com o ocorrido. Mal podia acreditar que um simples Faint Attack pudesse ser tão forte assim, quanto mais acreditar que Larysse havia usado a mesma estratégia que usara com Weng para atingir o Starly. Além disso, não se lembrava de ter visto Larysse treinando tanto o Hoothoot, pelo menos não a ponto de um Faint Attack possuir tal força. Isso parecia mais do que surpreendente para a ruiva, que, distraída com seus próprios assuntos, mal notara que a mais nova tinha treinado todo esse tempo, ainda mais do que a própria ruiva.

Porém, aquilo não parecia tão surpreendente quanto a cena que via em sua frente: Jin não havia se levantado. Ele nem ao menos tentara fazê-lo, apenas jazia no chão, gemendo longamente, como se a dor causada pelo Faint Attack fosse ainda maior do que Clair pensara. Ao ver tal cena, sua surpresa aumentou ainda mais, além de seu coração se apertar devido a pena que sentia da pequena ave. Com pesar, decidiu que não iria forçá-lo ainda mais, e pegou sua Pokeball e retornou-o, enquanto todas as barreiras que tanto se esforçara para criar ao redor de sua mente e evitar pensar em suas inseguranças desmoronavam.

Apesar de todos os seus esforços, todos os seus treinos e toda sua convicção, Clair havia perdido, e isso era um claro sinal que, ainda assim, não era o bastante. Afinal, não conseguira vencer de uma criança, e fora praticamente humilhada ao perder com apenas um golpe para um Hoothoot, um Pokémon voador que nem ao menos conseguia voar. E Jin tinha a vantagem naquela batalha. Ainda assim, havia perdido pela mesma estratégia usada para atingir Weng na batalha anterior. Não lhe viera a mente que Larysse poderia usar dessa estratégia uma segunda vez, e se viera, não se preocupara, pois nunca imaginaria que um simples Shadow Ball pudesse ser tão poderoso a ponto de derrotar seu Starly com um único golpe.

Recusou-se a pensar em tais coisas. Tudo bem, havia perdido, e daí? Era só voltar a treinar e então ser forte, até chegar ao ponto em que poderia derrotar Larysse daquela mesma forma. Além disso, aquela era sua primeira batalha contra outro treinador, ela não podia esperar que tudo saísse como pensasse, não é? Além disso, Larysse era uma ótima treinadora, e havia provado-o ao derrotar Jin com apenas um único Shadow Ball. Não devia se preocupar e pensar em coisas como aquela. Ainda assim, os pensamentos continuavam ali, lembrando-a que havia perdido para uma criança, e que isso não era esperado vindo de alguém como ela. Afinal, era mais velha, para a ruiva, aquele motivo era o suficiente para mostrar que podia ser tão boa quanto Alyss e Lawliet, apesar de ser uma novata em batalhas Pokémon e tudo o mais. Não importava o que ela pudesse pensar ou dizer para si mesma, nada mudava o fato de que, em sua primeira batalha de verdade, havia perdido.

E se sentia ruim por isso.

Principalmente porque aquilo lhe trazia lembranças que certamente não gostaria de lembrar. Coisas que, se fosse se dar ao luxo de lembrar naquele exato momento, não achava que iria aguentar manter o sorriso que dera para parabenizar Larysse, Khurtnney e Dave, não achava que iria mais aguentar ficar ali, assistindo todos os outros conversarem uns com os outros e deixá-la de lado, como se somente pelo fato de Clair não possuir poderes fosse-lhe o suficiente para excluí-la do grupo, esquecer que, apesar de não possuir nada de especial, também era importante. Ela tinha de ser. Fizera seu máximo para ser desde que descobrira sobre Lawliet e Alyss, então, de algum modo, de alguma forma, ela tinha de ser.

Seus esforços pareceram ter sido em vão, pois logo lágrimas embaçaram seus olhos, apesar de não estar exatamente lembrando-se de coisas que não gostaria. Parecia que somente por ver que havia perdido era o suficiente para lhe causar tanta tristeza e sensação de derrota a ponto de trazer lágrimas aos seus olhos, coisa que certamente não gostaria de mostrar a ninguém do grupo. Ao invés disso, murmurou alguma coisa de que iria ficar sozinha por um tempo, pois o barulho ali causava dor de cabeça, e sem nem mesmo checar se alguém havia ouvido o que dissera ou não, pegou as Pokeballs de seus Pokémons, a caixa de primeiros socorros, sua mochila com o restante de seus pertences que não estavam espalhados num canto só seu, afastado dos outros, e saíra, andando o mais rápido que podia. Segurou as lágrimas, aflita, e já duvidando se, mesmo estando longe, seria o bastante para impedir as lágrimas de correr por sua face.

Não era o que parecia, pois havia muita tristeza que, em circunstâncias normais, não seria levada a sério como estava sendo levada naquele momento. Porém, naquele momento, devido a tantas pequenas coisas que a aborreciam sendo acumuladas, a exclusão de sua presença, a pergunta da nova garota, sua derrota... Todo aquilo parecia... demais. Mais do que poderia suportar, tanto que, havia chegado em um ponto em que já não poderia mais esconder, ignorar ou qualquer outra coisa, pois a dor era grande e continuaria ali mesmo se ignorasse, que se intensificaria ainda mais caso ela o fizesse. Naquele momento, toda a dor que vinha reprimindo pelas pequenas coisas acumuladas transbordaram sobre si, trazendo as lágrimas e fazendo-as cair antes mesmo de se ver longe o suficiente do grupo.

A tristeza que a envolvia pareceu misturar-se com diversas outras emoções a medida que a garota caminhava cada vez mais rápido, um reflexo dos sentimentos confusos que a envolviam cada vez mais, e a tentativa desesperada de esconder as lágrimas do restante do grupo, as quais, assim que se fizeram presentes e embaçaram sua visão, não pararam de escorrer por seu rosto. Todas as coisas que havia passado até agora, a exclusão de seu próprio grupo, o sentimento de não pertencer ali e não ser exatamente desejada por não entender dos assuntos, não possuir poderes, o roubo das berries, a liderança perdida, a derrota, a sensação de não ser uma boa treinadora, tudo aquilo pareceu demais para a garota de cabelos vermelhos, pareceu ser seu limite, onde não poderia mais aguentar tudo o que vinha ignorando até o momento. Não, ela não poderia mais aguentar tudo o que estava sentindo, tinha de encontrar um jeito de deixar aquilo sair de dentro de si, um modo de liberar as emoções bagunçadas que a impedia de pensar com clareza.

Ela correu, projetando suas pernas para moverem-se o mais rápido e mais longe do grupo que elas poderia levá-la, e continuou com aquilo até que pouco depois o cansaço se fez presente e o ar foi necessário, trazendo-a de volta para uma lenta caminhada até encontrar uma arvore. Pressionou as costas contra o tronco da mesma, e, em poucos segundos, seu corpo pareceu não aguentar mais seu próprio peso, e a garota desabou, sentando-se no chão enquanto permitia que as muitas lágrimas escorressem por seu rosto e então caíssem em seus joelhos, molhando a pele descoberta. As lembranças de pouco tempo atrás, ainda vividas em sua mente, pareceram voltar a assombrá-la, e ela quase pode ver o ataque da coruja de Larysse atingindo seu Pokémon novamente, e quase pôde ouvir o grito do mesmo ecoando em seus ouvidos.

Inconscientemente, as mãos que ainda mantinha ambas as pokeballs, agora com tamanho reduzido, apertaram as esferas, como se desse modo os dois pudessem ouvir seu pedido de desculpas quanto a perder para uma criança e não ser uma treinadora o suficiente para Jin e Weng. Tentou controlar o soluço e as outras lágrimas que molhavam seu rosto ainda mais, mas isso se mostrou ser uma tarefa impossível, e a garota não pôde fazer nada senão permitir que as lágrimas caíssem e os pensamentos bagunçados encontrassem um lugar em sua mente, gerando ainda mais lágrimas e soluços que, assim como elas, eram impossíveis de impedir. E continuaram caindo mesmo quando não ouve mais motivos para continuarem com isso, assim como a dor que castigava seu peito, levando todas as preocupações de antes para longe, e, se possível, a constante voz de seu subconsciente que repetia para a mais velha que estava sendo idiota em se deixar aborrecer por coisas tão pequenas assim.

— Você... está bem? – Soou uma voz hesitante, surpreendendo a garota e interrompendo a constante onda de pensamentos que lhe atingira. Rapidamente, Clair levou a manga da blusa ao rosto, uma falha tentativa de enxugar e esconder as antigas e novas lágrimas que insistiam em correr por seu rosto, e preparou-se para dar algum tipo de desculpa para quem quer que fosse que pudesse tê-la seguido, mesmo não conseguindo fazê-lo, devido ao estado que sua mente se encontrava.

Em algum lugar próximo de si, um par de passos foram ouvidos, assim como som que produziam em pisar em pequenos galhos e folhas secas, causando um estalar que denunciava a presença de mais de uma pessoa, mas que cessaram rapidamente quando, finalmente, os donos dos par de passos finalmente encontraram-se de frente para a ruiva. Clair soluçou, tentando formar alguma palavra coerente em meio a seu desespero, mas nem mesmo foi capaz de levantar o olhar e descobrir quem eram os donos do par de botas que via em sua frente, tamanho era o esforço que fazia para tentar esconder as lágrimas. Irritando-se facilmente com essa tarefa, desistiu, e, ainda tentando dizer algo que tivesse coerência, levantou o olhar, e então emudeceu.

Aqueles não eram ninguém de seu grupo. Pelo contrário, eram dois garotos, mais precisamente, os mesmos que havia conhecido no dia anterior quando fora colher suas berries. Sua surpresa pareceu ser grande ao ver Dani e Noah encarando-a com uma expressão confusa e certamente preocupada. Pareciam um tanto quanto desconfortáveis também com o fato de que haviam reencontrado a garota naquele estado, e ambos se encaram por um momento, parecendo incertos do que fazer, mas, no fim, acabaram por agachar-se e se sentar de frente a Clair, que desviou o olhar, parecendo envergonhada.

— Você está bem? – Dani perguntou, deixando a preocupação que sentia ser exibida em sua voz.

Ela não respondeu de imediato, e, ao falhar em tentar dizer algo e mentir aos dois, fez um sinal negativo com a cabeça, deixando de se importar com aquilo. Afinal, já não havia mais ponto em esconder. E, além disso, não parecia haver algo tão ruim assim em contar-lhes o porquê de estar daquela forma, pois, afinal, os dois estavam ali, exibindo preocupação com ela, e parecendo dispostos a lhe dar atenção, o que, no momento, era tudo que precisava.

— O que aconteceu? – Noah olhou para ela, ousando pousar uma de suas mãos em seu ombro. Normalmente, Clair se importaria com aquele toque, principalmente pelo fato de que não fazia nem dois dias que havia conhecido os dois garotos, mas, naquele momento, não possuía condições nem mesmo para dizer que estava bem, quanto de se importar com algo tão fútil quanto aquele toque.

Levou alguns poucos minutos, os quais os garotos esperaram em silêncio, mas, finalmente, Clair se viu capaz de conter o choro, e então respondê-los com uma voz que soou um tanto falha e mais fraca do que gostaria:

— E-Eu só perdi uma batalha...

O garoto quase loiro lhe deu um sorriso triste, enquanto o outro continuou:

— Não parece isso. – Noah tentou controlar a voz, para que soasse o mais calma possível, e a mão que descansava no ombro da garota apertou-o por um momento enquanto ele se colocava ao seu lado, assim como o companheiro. — Eu já perdi e já vi muita gente perder batalhas, e nem a pessoa mais dramática que eu conheci já ficou assim. O que realmente aconteceu?

— Eu... – Um soluço cortou suas palavras, e depois de respirar fundo mais vezes que o necessário, Clair continuou: — Foram... várias coisas que não pareciam importantes no momento, mas agora são, e então teve a batalha e ela...

— Foi a gota d’água, não foi? – Interrompeu o rapaz loiro gentilmente, parecendo compreender o que estava acontecendo. — E agora tudo isso que não importava antes tem um impacto bem maior, né?

Limitou-se a assentir, um tanto surpresa por Daniel entender. Mal podia acreditar que isso fosse possível, mas ali estavam os dois, dirigindo-lhe olhares solidários.

— Olha... – Ele continuou, parecendo um tanto quanto hesitante em dizer suas próximas palavras. — Podemos não nos conhecer a tanto tempo assim, mas se quiser desabafar... Estaremos aqui para ouvir.

Clair encarou-os, parecendo relutante quanto a sua próxima decisão. Alguma coisa naqueles dois rapazes parecia induzi-la a confiar neles, algo que provavelmente possuía a mesma explicação para sentir-se tão confortável na presença de ambos, mesmo que não tivesse total confiança em pessoas que havia conhecido há tão pouco tempo e nem sabia quais eram suas reais intenções, o que muito provavelmente poderiam não ser tão boas quanto pensara. No entanto, Clair via ali uma chance de receber ao menos um pouco da atenção que precisava, a mesma que não recebia desde que Alyss e Lawliet vieram ao grupo. Viu ali uma chance de poder desabafar sem ser julgada, ou pelo menos não o fariam logo de cara, além de não haver para quem pudessem contar o que a mais velha planejava dizer, já que não os conhecia direito e nem eles sabiam muito sobre ela, e era pouco provável que conhecessem alguém de seu grupo. Se fossem contar o que sentia para alguém, seria para pessoas que Clair nunca havia visto até então, e por isso, não havia o que temer.

Além disso, de alguma forma, Clair não conseguia dizer ou continuar pensando que aquelas pessoas fossem do tipo que contariam o desabafo de uma garota que haviam encontrado por acaso. Pelo contrário, pareciam irradiar algum tipo de confiança, algo que induzia Clair a contar a eles tudo o que a incomodava, escondendo os fatos mais importantes, pois essa estranha aura que irradiam indicava que, não importando o que fosse, não contariam seu desabafo para qualquer pessoa que quisesse ouvir. E por isso, decidiu que contaria, já que, caso não o fizesse, voltaria a chorar, e se sentiria ainda pior do que já estava.

Talvez os motivos que a levaram a confiar nos dois rapazes fossem outros, mas aquilo não era algo com que se preocuparia agora, pois no momento, tudo com o que se concentrou foram suas palavras e em como se expressar para os garotos, preocupando-se em como contaria sem revelar o que não era necessário, e ao fazê-lo, sentiu que todo o peso que viera carregando até agora se dissipava, de modo que foi capaz de parar de chorar.

Como prometido, os rapazes ouviram-na atentamente, e até mesmo prestaram atenção no que Clair tinha a dizer, assentindo de vez em quando e fazendo algumas poucas perguntas, além de não estarem rindo de suas preocupações e nem mesmo disseram que estas eram pouca coisa para estar do modo que estava, pelo contrário: além das perguntas, nada disseram, apenas permitiram que a garota falasse, o que parecia ser a melhor opção no momento. Fazê-lo parecia funcionar muito mais do que as palavras que Clair constantemente escrevia quando se sentia daquele modo, que somente parecia trazer ainda mais sentimentos reprimidos e fazê-la se sentir ainda pior. Falar trazia o efeito que ela sempre procurava, que era o das preocupações se dissiparem e perderem todo o impacto que causavam antes.

— Isso é motivo o suficiente pra mim. – Murmurou Daniel assim que as palavras de Clair se esgotaram, e ela finalmente terminou seu relato. — E, se me permite dizer, esse seu grupo são um bando de imbecis.

— É. – Concordou Noah, pausando a frase um momento para que pudesse escolher suas próximas palavras: – Se você acha que estão excluindo-a porque não é importante o suficiente, mostre a eles que é. Não deixe que essas pessoas a excluam.

— Mas... – Murmurou Clair, a voz soando falha mais uma vez. – Como eu faço isso?

— Hmmm... – O rapaz pensou um pouco, brincando com os próprios cabelos com a mão livre enquanto o fazia. — Participe das conversas, mesmo que não saiba tanto assim do assunto. Peça pra te explicarem mesmo assim. Mostre o quão legal você é, mesmo chorando.

Isso provocou um sorriso na ruiva, o qual foi rapidamente correspondido, deixando os dois garotos contentes por verem a ruiva ser capaz de sorrir novamente. Por fim, Noah voltou seu olhar para ela, e continuou:

— E se você acha que não é boa o suficiente em batalha, treine um pouco mais, participe de batalhas com outros treinadores que não sejam de seu grupo.

— Mas eu não conheço outros treinadores... – Murmurou Clair, parecendo decepcionada. — Só tem a competição que vocês me falaram antes, mas e depois...?

— Podemos te ajudar, se quiser. – Disse o garoto loiro, e o de cabelos negros concordou, assentindo brevemente. Ela lhes dirigiu um sorriso fraco mais uma vez, parecendo agradecida com aquilo.

Os garotos sorriram, parecendo felizes com o sorriso que receberam e por terem ajudado em algo, mesmo que a garota a quem estivessem ajudando fosse, tecnicamente, uma completa desconhecida. Clair agradeceu-os, com um grande sorriso que substituiu suas lágrimas, e tentou recusar quando ambos tentaram se oferecer para ajudar a cuidar de Jin e Weng, em vão, pois o fizeram mesmo assim, ignorando as alegações de que já haviam feito o suficiente. Ainda assim, não achou que aquilo era exatamente ruim. Até mesmo gostou de receber ajuda de ambos os rapazes, que pareciam dispostos a fazê-la se sentir melhor quanto a si mesma e seu grupo, e, de fato, o fizeram, deixando-a consideravelmente mais animada em comparação aos dias anteriores. E até mesmo tentaram combinar algum meio de se encontrarem novamente para que pudesse ajudá-la nos treinamentos para derrotar Larysse, caso quisesse fazê-lo mais tarde, sem falar na ajuda que pareciam querem dar quanto a competição de novatos no Valley Windworks, onde poderia batalhar com alguém que não fosse de seu grupo, o que faria muita diferença, mesmo que não chegasse a ganhar as batalhas ou a competição. Tudo aquilo era o suficiente para fazê-la se sentir mais do que agradecida quanto aos dois garotos, os quais pareciam gostar de conversar com Clair, algo que apenas contribuiu para sua nova animação. Sentia falta de conversar com alguém, especialmente aquelas em que ela podia realmente opinar.

Naquele tempo em passou com Dani e Noah, aproveitou para apresentar seus dois Pokémons para eles, os quais pareceram mais do que preocupados com o fato de que o rosto de sua treinadora estava vermelho, marcado de lágrimas e os olhos vermelhos das várias tentativas de esconder as lágrimas dos garotos. Disse-lhes que estava tudo bem, confirmando com um sorriso, e, apesar de Jin e Weng parecerem desconfiados com sua resposta, pararam com os sons e as repetições preocupadas do próprio nome de sua espécie e os piados agora não tão irritantes do Starly, e então permitiram que os garotos e sua treinadora cuidassem de seus ferimentos, para então permanecerem perto da ruiva, ainda preocupados com o fato de ela estar chorando antes.

Pouco depois, os três continuaram a conversar, distraindo a garota dos pensamentos anteriores e fazendo planos para, poderem treinar juntos mais juntos, o que não seria tão difícil. Assim como Clair e seu grupo, eles seguiriam o mesmo caminho até Eterna, e, caso se mantivessem perto o suficiente do grupo da garota de cabelos vermelhos, não seria tão difícil assim para que se encontrassem. Tudo aquilo pareceu trazer nova animação para a garota e seus Pokémons, e foi com um tanto de pesar que, ao checar seu elogio, notou que havia passado tempo demais longe do restante do grupo, e que teria de voltar, ou provavelmente geraria preocupação e alguém lhe fazendo perguntas, o que, certamente, não gostaria. Além disso, se não se apressasse, acabaria chegando muito tarde e logo estaria escuro demais para que enxergasse. Portanto, logo após agradecer Dani e Noah mais uma vez, se despediu deles, acenando brevemente, e, juntamente com seus Pokémons, caminhou de volta para o grupo, com uma nova animação e determinação tomando conta de seu corpo e de sua mente.

Não podia negar que agradecia por ter encontrado aqueles dois garotos, e que a ajuda deles fora muito melhor do que apenas chorar.

Pela primeira vez em vários dias, sentiu-se feliz novamente, e não se importou com o clima pesado que ainda estava junto do grupo quando voltou, nem mesmo com o porque dele estar ali ou com a falta de dois dos integrantes do grupo. Estava melhor, e isso bastava para que se sentisse feliz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estão ouvindo esse cheiro de treta? Estou com os olhos abertos, então eu os sinto (piadinha tirada da Altaria, créditos vão pra ele -qq). POIS É, TRETAS, MUITAS TRETAS, DRAMA E MAIS TRETAS, GAWHAHAHA
Gente, só eu que achei que o capítulo ficou, sei lá, corrido? Principalmente na parte da Chris,gah, eu adoraria ter descrito mais, mas não tinha mais porras algumas pra descrever naquilo, então... AH, EU GOSTARIA DE SABER COMO EU ANDO INDO NOS DIÁLOGOS, esses daí eu fiz sem a ajuda da Alysse, tentando fazer o mais natural possivel, o que acham? Estou indo bem? :B
Ok, agora tenho mais explicações a dar. Como vocês sabem, a esse ponto, minhas aulas já voltaram, e como eu disse lá em cima, tenho outras coisas pra escrever, que comecei e não terminei, e duas delas tem prazo, uma até o final desse mês e outra pro dia primeiro de abril, que provavelmente vai agradar os leitores de HANTAAAAI e YAOIIII com limonadas sabor maçã. Então, é, apesar de eu ter parte do capítulo 24 pronto, ele vai demorar um pouco a ser postado, e, não, eu ainda não saí do hiatus. Roureva, se quiserem, assim que as outras fiqués serem betadas e terminadas, postarei aqui no Nyah!, uma delas sendo um hentai e outra sobre um game, que provavelmente interessarão vocês.
Outra coisa, também, é que em breve começarei outra long fic (não tanto quanto a PF, god), e ela somada a escola e o tempo que essa puta vai tomar da minha vida (sabem como é, né, agora estou no terceiro ano, não posso arriscar ter notas ruins ou muitas faltas, além do que precioso encontrar o que quero fazer da vida além de escrever meus próprios livros, né) indica mais atraso pros capítulos. Vou tentar não demorar tanto assim, though, quero fazer bastante da PF esse ano, mesmo que isso acabe por tirar todo meu tempo livre pra jogar e ver animus, até porque quero escrever mais dela, agora que muitas tretas estão chegando e o primeiro ginásio oficial tá chegando :33 Mas, pra compensar, quero ver se reescrevo muitos capítulos que estão meio coisadinhos, então podem esperar o 3° capítulo refeito.
FALANDO NISSO, LEMBRAM DA OUTRA ALYSS? Aquela primeira, do grupo de Altaris personagem lindo e sexy e maravilhoso? tipo, ela e a Alyss principal terem o mesmo nome tá ficando muito confuso, até pra mim, então estou pensando em mudar o nome da primeira Alyss quando eu for reescrever os capítulos em que ela aparece, alguma sugestão?
Anyhoo, desculpe qualquer erro que me passou despercebido na revisão. Espero que tenham gostado, e até o próximo! o/
EDIT: PF FEZ ANIVERSÁRIO ONTEM (23/02). TRÊS ANINHOS DE PF :33



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pokémon Fantasy" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.