Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 25
Capítulo 23: Desavenças


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeello pessoas lindas, há quanto tempo ~ Pois é, como eu havia avisado antes, esse capítulo em especial me deu MUITO trabalho, além do que eu tive um milhão de blocks quando fui fazer ele, e quando deslockeava eu ia fazer outras coisas, fics pra outras pessoas, porque por algum motivo eu gosto de fazer isso. Ainda tinha uma one que queria fazer, mas não consegui até agora, omg @_@
Enfim, pra compensar, nesse chapter teremos o inicio e a continuação de vários arcos, que goddamn, vão me dar trabalho. Enfim, espero que gostem!
Boa leitura 'u'



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Resmungando algo incompreensível, Clair se levantou, e então caminhou para longe do grupo. Não estava se sentindo bem o suficiente para continuar ali com eles, quanto mais para ouvi-los falando com a nova integrante do grupo ou sobre assuntos que somente eles entendiam. Antes que começasse a se sentir excluída ou alguma coisa do tipo, o que, certamente, não queria ser e nem sentir, a ruiva optou por se afastar do grupo, com a desculpa de que iria procurar por berries, frutas que eram adoradas tanto pelos humanos quanto pelos Pokémons, e, para estes últimos, tinham até mesmo um efeito especial. Com exceção de evitar se sentir mal por não estar sendo incluída na conversa, não havia um real motivo para que a garota estivesse fazendo aquilo. Ela apenas queria ficar um pouco longe dos outros, onde poderia colocar seus pensamentos no lugar e se sentir bem novamente.

Ou, pelo menos, foi isso que disse para si mesma.

Talvez de fato houvessem motivos especiais para que Clair simplesmente saísse por um momento, deixando seus Pokémons para trás, mas ela preferia dizer a si mesma que não havia nenhum, e que estava saindo apenas para buscar berries. Tudo o que realmente queria no momento era se concentrar em observar as árvores e os locais que não fora capaz de explorar antes, a procura das frutas que desejava colher, pouco se importando com o fato de que, somente após vários minutos de uma lenta, porém constante caminhada foi que encontrou as frutas azuis em uma árvore não muito alta, a qual era grande e repleta de folhas. Aquelas frutas eram conhecidas como Oran Berry, e, quando consumida por Pokémons, poderiam dar-lhes nova energia e ajudar na rápida cicatrização de feridas. Por este motivo, era muito procurada por treinadores, assim como pelos próprios Pokémons, tornando um tanto quanto difícil de encontrá-las no mercado, mas não em florestas.

Um sorriso se abriu em seu rosto, parecendo satisfeita em encontrar o que gostaria em tão pouco tempo, e ainda mais satisfeita em ver que as frutas não estavam tão altas assim. Tirou a mochila das costas, a qual esvaziara somente para aquela tarefa, e então puxou uma das frutas azuis dos galhos, checando se elas estavam maduras e boas o suficiente para o consumo, e então a deixou dentro de sua mochila, procurando outras para levar consigo. Assoviou brevemente enquanto o fazia, e, foram em poucos momentos em que não encontrou frutas boas. Daquele modo, distraiu-se facilmente, de modo que não deu atenção para seus pensamentos, quanto mais para as coisas que aconteciam ao redor, e, por isso, demorou alguns segundos para que Clair finalmente notasse o som de passos esmagando a grama e pequenos galhos por onde passava, o que, assim que foi percebido pela garota, tirou sua atenção por um momento, fazendo com que olhasse na direção de onde o som vinha, e confirmar se realmente eram pessoas.

Ela estremeceu por um momento, imaginando se uma das pessoas de seu grupo havia seguido-a, e temeu a possibilidade de que, seja lá quem fosse, perguntaria sobre o seu sumiço, embora ela tenha dito que colheria berries. Não gostaria de se explicar a perguntas como aquela. Sussurrou para si mesma para que fosse algum outro treinador que estava ali com o mesmo intuito que ela, e não alguém de seu grupo, e pareceu mais do que feliz quando notou que, de fato, eram pessoas desconhecidas que andavam na direção da árvore em que ela colhia Oran berries.

Eram dois garotos que aparentavam ter sua idade, e traziam mochilas em suas costas, sinalizando que provavelmente eram treinadores ou algum tipo de viajantes. Caminhavam juntos, conversando sobre algo que, devido à distância que os separava e o tom de voz baixo que utilizavam, era impossível para que a ruiva pudesse ouvir; apenas pegava palavras soltas que, juntas, não faziam sentido algum. O primeiro deles possuía cabelos castanho-claros, enquanto seu companheiro possuía a cor negra nos mesmos, de um tom tão forte que a mais velha poderia facilmente confundir com azul escuro. Ambos estavam vestidos com roupas escuras, exatamente as mesmas: calças jeans negras, uma longa blusa de capuz da mesma cor, parecendo ser exatamente do mesmo modelo. A única coisa que realmente os diferenciava de sua aparência eram as feições, o rosto e os cabelos, já que, de resto, suas roupas eram praticamente idênticas.

Imediatamente, a garota se perguntou quem eram aquelas pessoas e o que estariam fazendo ali, tão perto de seu acampamento, mas, logo, sua mente lhe disse que estava se preocupando a toa, afinal, não era tão incomum assim encontrar treinadores fora da estrada principal da rota.

Ao notar o olhar da ruiva sobre si, os garotos pararam imediatamente de conversar, e então lhes dirigiram um olhar confuso, como se, assim como ela, também estivesse se perguntando o que Clair fazia ali. Logo em seguida, abriram um sorriso, e continuaram seu caminho até finalmente chegarem até Clair.

— Hey – chamou o garoto de cabelos loiros, atraindo a atenção de Clair e interrompendo o lento fluxo de seus pensamentos preocupados. — Veio pegar berries também?

— Uh... – Ela hesitou quanto a sua resposta, incerta quanto a respondê-lo. — Sim.

— Ah, sim. – O garoto de cabelos loiros continuou, dando-lhe um sorriso amigável. — Você é uma treinadora, não é? Pra estar no meio de uma rota só pra pegar berries...

— Sim, sou uma treinadora – Respondeu em um tom monótono, parecendo um tanto desconfortável com a estranha conversa, a qual certamente não sabia como manter, quanto mais tinha o interesse para fazê-lo. Preferiu manter-se calada, colocando-se na ponta dos pés para pegar outra Berry.

— Então você vai participar da competição também? – Perguntou o garoto de cabelos negros, parecendo curioso com aquilo. Clair, por sua vez, pareceu confusa quanto àquela pergunta, e franziu o cenho ao responder.

— Competição...?

Ele assentiu.

— Sim, uma que vai ter no Valley Windworks daqui a alguns dias. É uma competição de novatos, mas não parece que vai participar muita gente, estão muito ocupados com a competição do labirinto.

— Mas tem uns prêmios bem legais pra quem ganhar o primeiro lugar – O loiro continuou, e pareceu parar pra pensar por um momento. — Acho que devem ser pedras evolutivas e Ultra balls...

Aquilo pareceu atrair a atenção da ruiva, e ela pensou no assunto por um momento. De fato, os dois estavam falando a verdade sobre outras competições estarem recebendo bem menos atenção do que realmente deveriam, afinal, uma ainda maior estava para acontecer, e era mais do que apenas famosa, tanto que a garota mal ouvia sobre competições menores: aquela era a primeira vez que ouvia sobre uma que não fosse a do labirinto, quanto mais com prêmios tão bons quanto Pedras Evolutivas. Por isso, poucas pessoas participariam de outras competições, principalmente sendo pequenas e de novatos, como era o caso agora, portanto, seria muito difícil alguém mais experiente participar da mesma, e isso era, por um lado, bom, pois as chances de que Clair pudesse ganhar ou pelo alcançar um bom desempenho na competição eram grandes, o que pareceu dar nova animação para ela.

Havia também o fato de que a competição seria no Valley Windworks, uma fazenda de moinhos localizada perto da rota em que agora estavam, mais especificamente, perto do monte Coronet, a montanha que divida o continente de Sinnoh em dois. A fazenda ocupava uma quantidade considerável de espaço, por onde seus moinhos de vento estavam espalhados, fornecendo energia para a própria fazenda e até mesmo para uma pequena cidade por perto, tamanha era a quantidade de moinhos para gerar energia a partir dos muitos ventos fortes de todo o continente. Valley Windworks era um ótimo lugar para se treinar e para se visitar, e que atraía alguns poucos treinadores devido a quantidade de Pokémons selvagens que passeavam livremente pelos terrenos da mesma, tornando possível a captura de variadas espécies. Devido a isso, o lugar tornara-se um famoso local para treinos, e até mesmo fora solicitada a construção de um Centro Pokémon nas proximidades, o que significava que, se Clair e o restante do grupo fossem participar, teriam um local para ficar e cuidados para seus Pokémons. Era a oportunidade perfeita para treinar e descansar da longa viagem que fariam até Eterna.

— Nesse caso... – Disse ela, hesitando brevemente. — Acho que eu vou participar, sim.

— Isso é bom. – O garoto sorriu mais uma vez, parecendo feliz em ouvir aquilo, o que fez com Clair devolvesse o sorriso, um tanto mais confortável com a presença dos dois garotos ali. — Qual o seu nome?

Logo, os três apresentaram-se, e então iniciaram uma conversa com assuntos diversos, perguntando há quanto tempo estavam em jornada, qual era seu Pokémon inicial e se estavam viajando em grupo. Clair pareceu um tanto quanto surpresa ao descobrir que os dois garotos, de nome Noah e Dani não eram exatamente novatos, fazia quase um ano em que haviam saído em jornada, tanto que possuíam Pokémons um tanto evoluídos, e aquela seria a segunda jornada que fariam, assim como Alyss e Lawliet, e que eles provavelmente não iriam participar da competição de novatos, mas ainda assim haviam lhe mencionado. Quanto a esta, pediu a data e o horário, e os dois pareciam felizes em dar tal informação. Em pouco tempo, todo o desconforto que a menina sentia quanto aos garotos até então desconhecidos se esvaiu por completo, quase como se nunca tivesse existido. Ambos eram fáceis de conversar, e ouviam tanto quanto falavam, tornando tudo natural e simples. Até mesmo gostou de passar um breve tempo com Dani e Noah, apesar de serem completos desconhecidos, e ficou feliz em saber que poderia encontrar ambos, já que estavam tomando a mesma rota que Clair e seu grupo.

Durante o curto tempo que passou com os garotos, sentiu-se um tanto feliz novamente, e até mesmo sentiu pesar ao notar que havia estado fora tempo demais e precisava voltar, tarefa que fez com uma nova animação e com a mochila cheia das Berries que tanto havia desejado colher, e somente depois de acenar uma despedida para os garotos.

Voltou a caminhar de volta para seu grupo com um tanto a mais de felicidade e grande animação, principalmente para contar sua novidade para as mais velhas, mesmo que estivesse nervosa quanto a fazê-lo, já que não se sentia tão bem perto de Alyss e Lawliet. Porém, nem isso era capaz de estragar seu bom humor.

Cantarolando, a menina voltou para seu canto no acampamento, recebendo um cumprimento das crianças e de Altaris, que, no momento, estavam junto da nova garota do grupo, Chris, conversando com ela e parecendo um tanto felizes em permitirem que ela os observasse treinar durante a pausa para o almoço. Tirou as berries de sua mochila, deixando-as num canto, e voltou a organizar as coisas que tirara dela para que fosse capaz de colhê-las, distraindo-se facilmente com essa tarefa, como sempre acontecia quando fazia algo do tipo, e era por esse motivo que gostava de se manter ocupada.

Não demorou muito para que, finalmente, seus pertences estivessem organizados dentro de sua mochila, afinal, não havia trazido tanta coisa assim consigo, apenas o que era realmente necessário. Por isso, voltou-se para suas berries, e, quando o fez, franziu o cenho, e piscou diversas vezes, como se, dessa forma, fosse assimilar o que estava vendo e determinar se aquilo era real ou não. Até mesmo chegou a tentar limpar os olhos com as costas das mãos, mas ainda assim, ele ainda estava lá, com uma das berries em sua mão, e pegando outras com a mão livre.

Mais uma vez, Clair franziu o cenho, mal acreditando que havia um Pokémon ali, mais precisamente, um morcego roxo com diversos tufos de pêlo negro por seu corpo e olhos alaranjados, facilmente confundidos com dourado. Porém, sua aparência não era o que importava no momento. O que realmente importava era que o Pokémon morcego estava literalmente roubando suas frutas, pegando todas que conseguiria carregar em seus braços, o que causou grande indignação na ruiva, e não demorou muito para que essa indignação se transformasse em raiva, porque, afinal, o morcego estava roubando as suas berries, as quais ela procurara e colhera, e ainda na sua frente.

A ruiva se levantou, e encarou o Pokémon com o que pareceu ser um brilho de raiva em seus olhos, e não demorou muito para que o morcego a notasse, adquirindo uma expressão de surpresa.

— O que pensa que está fazendo...? – Perguntou Clair, tentando soar calma. O morcego, por sua vez, soltou um guincho, e deixou que diversas frutas em suas mãos caíssem, parecendo assustado e surpreso com o fato de ter sido descoberto.

Rapidamente, o Pokémon estendeu os braços, e, com as garras de seus pés, puxou diversas frutas azuis para si, fazendo com que Clair arregalasse os olhos em surpresa, e continuasse assim, assistindo o Pokémon alçar vôo com diversas de suas frutas presas em suas garras, o que pareceu reduzir sua altitude e velocidade, embora ainda estivesse no ar e lutando para que fugisse da garota de cabelos vermelhos o mais rápido que podia. Esta, por sua vez, não pensou muito antes de deixar seus pertences e o pouco que restava de suas frutas para trás para correr atrás do Pokémon, gritando com ele para que devolvesse suas berries, além de provavelmente xingá-lo. Recebeu guinchos de desespero volta, e o Pokémon continuou a lutar para fugir da mais velha.

Não pareceu se importar com os olhares que provavelmente estava atraindo, tanto dos outros do grupo quanto os dos Pokémons, incluindo seus próprios, que provavelmente estavam junto das crianças naquele momento. A raiva misturada a indignação eram demais para que ela importasse com aquilo no momento; tudo o que queria agora era suas berries novamente, e repreender aquele Pokémon provavelmente selvagem por fazer aquilo. Apressou o passo para acompanhá-lo, mas, ainda assim, ele ainda era rápido demais para que Clair pudesse acompanhá-lo, ainda mais voando, o que exigiu que a garota apertasse o passo ainda mais, projetando suas pernas para darem passos longos e rápidos, aumentando, assim, sua velocidade, para que pudesse finalmente acompanhar o Pokémon roxo.

Um guincho mais alto soou dele, o que ela poderia facilmente confundir com um grito, e, numa tentativa desesperada, o Pokémon apressou-se. Ele já parecia cansado, e não parecia estar agüentando todo o peso que carregava, fato que se provou quando a altitude que havia ganhado começou a ser perdida, e as asas pareciam bater com menos freqüência, como se o peso das berries que carregava finalmente estivesse fazendo a diferença que deveria. O desespero tomou conta do pequeno morcego quando ele passou a cair cada vez mais, e, com o maior cuidado que ele conseguiu juntar, tentou pousar no melhor lugar que encontrara, e nem mesmo olhou para o local antes de pousar.

— Pokémon maldito! – O grito repleto de fúria de Clair foi o suficiente para que o Noibat estremecesse, fazendo um lento pedido a algum deus que estivesse ouvindo para que ela não o encontrasse no meio dos pêlos azuis em que estava. — Devolva minhas berries!

O morcego engoliu em seco, assistindo a garota de cabelos vermelhos continuar a correr em sua direção, para logo então parar, surpresa com a cena que se seguiu entre Hayato e Gwen, a Ninetails shiny indignada por encontrar o morcego e as berries roubadas em seu cabelo, e fazendo um grande esforço para tentar tirá-lo, mas sua surpresa não foi tanta quanto observou Chris reconhecer o morcego e chamá-lo de Noise. Fez uma breve pergunta quanto a isso, mas, no fim, virou-se, dispensando Chris e o morcego, e, bufando, voltou para seu canto.

Ainda parecia estar com raiva, mas optou por não fazer nada senão respirar fundo diversas vezes, numa tentativa de se acalmar, ou acabaria por fazer algo ruim ou até mesmo machucar o Pokémon, o que certamente não gostaria de fazer. Clair possuía um pavio curto, e já fizera coisas de que se arrependeu depois quando estava com raiva, e não gostaria de que aquele fosse um dos casos. Apesar de ser uma tarefa difícil, ela acabou por bufar, aborrecida, e se afastou, resmungando alguma coisa sobre o quão irritante aquilo era e sobre as frutas perdidas, e então virou-se, pouco se importando quanto Chris pareceu reconhecer o Noibat. Simplesmente voltou para seu canto, bufando diversas vezes enquanto andava.

Olhou para a pequena quantidade de frutas que lhe restara, e franziu o cenho. Afastou aquilo da mente rapidamente, tentando pensar em como seria se de fato conseguisse convencer Alyss e Lawliet a deixarem-nos a participar da competição de novatos, mas nem mesmo estes pensamentos pareceram ajudar, pois logo, diversas inseguranças a encheram, coisas que ela certamente não gostaria de pensar no momento, ou só estragaria o bom humor que havia adquirido quanto ao encontro com os dois treinadores pouco tempo atrás. Suspirou, encarando sua mochila arrumada e as poucas berries que lhe restavam.

De repente, havia perdido a vontade de comê-las.

***

Mais um dia havia se passado desde o incidente na cidade de Floaroma, o mesmo que levara o grupo a encontrar mais uma das pessoas que possuíam poderes, Chris, e agora seu Pokémon, que, juntamente com os outros, seguiam para a floresta que antecedia o caminho para a próxima cidade, a floresta de Eterna. Naquele momento, caminhavam pela rota que muitos treinadores pegavam logo após deixar Floaroma, a qual possuía um cenário especialmente bonito, assemelhando-se ao que parecia ser um bosque com uma vegetação rasteira, mas que, apesar disso, não deixava de levar seu aroma no ar, juntamente com o perfume das flores que era característico tanto na própria cidade quanto nas rotas ao seu redor.

Quem seguia na frente eram Alyss e Lawliet, assumindo o que parecia ser um posto de liderança, algo que, recentemente, havia se tornado comum, tanto que praticamente nenhum deles se importava com o fato de que estavam discutindo o que fazer agora, qual caminho tomar e em que lugares iriam parar, de modo que o restante do grupo não via tanta necessidade assim de acompanhá-las de perto; preferiam andar junto aos Pokémons, conversando entre si e aproveitando aquele breve momento para saber mais sobre a nova garota e seu Noibat, de modo que nenhum deles se preocupou em lembrar-se dos eventos de poucos dias atrás.

Apesar disso, havia uma única pessoa que, ao contrário de todo o grupo, não parecia se sentir tão bem assim com a liderança das duas mais velhas. Na verdade, qualquer um que voltasse sua atenção para Clair poderia perceber seu claro descontentamento com Alyss, Lawliet, e até mesmo Chris e seu Noibat, já que, de todos eles, fora a única que tivera um encontro não muito agradável com o morcego roxo. Além disso, também era possível ver um certo receio, como se ela quisesse dizer algo as garotas mais velhas, mas a hesitação não permitia que o fizesse, de forma que, sua única opção fora ouvir o que falavam, distraindo-se de seus pensamentos.

— Alysse, Alysse – Chamou Lawliet, cutucando-a com a mão livre enquanto o dizia. A outra mão estava ocupada segurando o mapa que analisavam há pouco tempo atrás. — Quando chegarmos em Eterna, compra chocolate pra mim?

— Não – Respondeu a garota de cabelos azuis, franzindo o cenho para sua incomum pergunta. Mesmo assim, a garota continuou incomodando-a, repetindo a mesma pergunta diversas vezes como se, dessa forma, fosse ganhar uma resposta positiva. Assim, não demorou muito para que Alyss perdesse a paciência. — Não! E se continuar, eu mando a Oktavia te incomodar!

— Eu não me importo se a mestra me incomodar – Disse, dando-lhe um sorriso. — Me dá chocolate?

— Escravos inúteis como você não merecem chocolate! – Soou a voz da Delphox em resposta a ameaça de sua treinadora. Assim como vários Pokémons das mais velhas, ela estava fora da pokeball, acompanhando o grupo.

Em seguida, Oktavia puxou seu cajado e, com ele, cutucou-lhe as costas com força, fazendo com que a garota desse alguns passos desajeitados para frente, rindo em resposta.

Clair franziu o cenho, confusa com a cena que acabara de ver. Felizmente, seus pensamentos estavam um tanto mais organizados agora, então a ruiva optou por deixar a hesitação de lado, voltando-se para as garotas, que voltaram a discutir algo referente a cidade de Eterna.

— Vocês vão participar da competição de novatos que vai ter no Valley Windworks? – Perguntou ela, indo direto ao ponto.

Ambas as treinadoras mais velhas precisaram de alguns poucos segundos para notar que Clair falava com elas, e mais alguns para assimilar suas palavras, tamanha era sua distração com o que falavam.

— O que? – Perguntou Alyss, exibindo confusão em seu rosto. Aquilo já era o suficiente para que Clair tivesse a certeza de que não, elas não sabiam sobre a competição.

— Vai ter uma competição de novatos no Valley Windworks. Estão dando pedras evolucionárias para o primeiro lugar. – Explicou, brincando com uma mecha de seus cabelos ruivos ao falar, um pequeno modo de demonstrar sua timidez. — Vocês vão participar?

Lawliet observou as crianças com o canto do olho, um tanto incerta do que fazer. Por fim, acabou dando de ombros.

— Eles provavelmente vão querer, então sim. Poderia avisar aos outros que vamos parar lá por um tempo?

Em seguida, Alyss e Lawliet sorriram diante de sua atitude: um fraco aceno de cabeça para confirmar o pedido, um sorriso se formando em seu rosto enquanto assimilava a resposta. Quase não podia acreditar que ambas haviam aceitado a proposta assim tão fácil. Com uma nova animação que aquela a resposta lhe deu, voltou-se para as crianças, retardando seus passos para contar-lhes as novidades, que foi recebida com igual entusiasmo, pois, afinal, o prêmio que receberiam eram pedras evolutivas, coisas que não poderiam comprar normalmente e que possuíam um grande valor. Assim como o nome sugeria, tais pedras serviam para evoluir alguns Pokémons que mudavam sua forma somente quando expostos a radiação destas, causando-lhes o processo de evolução. Diferentemente da maioria dos Pokémons, aqueles que necessitavam de uma pedra evolucionária para o mesmo somente mudariam sua forma quando expostos a estas, e, assim que o faziam, não poderiam mais mudar ou voltar a forma original. Entretanto, quando o faziam, ficavam mais fortes e ganhavam diversos outros atributos, e este era o principal motivo de tais pedras serem tão caras e tão procuradas pelos treinadores.

Além de todos aqueles motivos, aquela competição era uma ótima oportunidade para treinarem um pouco mais seus Pokémons e se prepararem um pouco mais para o ginásio que chegava cada vez mais perto. Satoru era um dos que mais desejavam treinar, tanto pelas pedras evolutivas que dariam ao vencedor tanto a oportunidade de lutar com outras pessoas que não fizessem parte de seu grupo, dando a chance de Maya e Typhon de treinarem também, os quais certamente gostaram da ideia e iriam batalhar ao seu lado. Não só eles, como Skun, e até mesmo Zéphiro estavam animados com a ideia de participar de uma competição, mostrar suas habilidades e lutar contra outros treinadores com meio e estratégias diferentes para batalhar.

Mesmo não fazendo parte do time do garoto, o Zorua comemorou a novidade, exibindo uma animação tão grande quanto a os outros Pokémons, e não demorou muito para que imaginasse os Pokémons que enfrentaria e então ganharia, mostrando a eles o quão forte era. Com tal ideia em sua mente, deixou os Pokémons das crianças e correu em direção a Lawliet, apressando-se para chegar até sua treinadora, chamando-a em seguida. De resposta, recebeu um sorriso, juntamente com um “hmm?” em resposta, já que ela estava um tanto distraída ao observar Alyss dirigir-se até Satoru.

— Lawliette, você vai participar da competição? Se for, deixa eu participar também?

A garota franziu o cenho diante de sua pergunta, um tanto confusa com a atitude do pequeno Zorua e o olhar esperançoso dele, tentando descobrir se ganharia uma resposta positiva ou não. A hesitação que ela mostrou ao responder o Pokémon não foi o suficiente para fazê-lo desistir da ideia, afinal, aquela era uma das poucas oportunidades que teria para batalhar com aqueles que não conhecia e que provavelmente lhe ofereceriam um desafio maior, além do que, seriam Pokémons com tanta experiência em batalha quanto eles. Sabia que, ultimamente, a garota estava recusando qualquer tipo de batalha, seja contra algum treinador ou de ginásio, a mesma coisa se aplicando aos contests, dando a seus Pokémons uma desculpa qualquer que não revelava o real motivo do porque daquilo. Como consequência, os treinos e as batalhas haviam parado sem explicação aparente, deixando não só Zéphiro, como também todos os outros seus Pokémons com uma constante dúvida quanto a suas ações, a qual foi, durante um curto período de tempo, ignorada, visto que havia coisas um tanto mais importantes para se preocupar no momento. Ainda assim, o Pokémon tentaria perguntar, e não deixaria de ter esperanças de que ela aceitasse, mesmo que fossem poucas.

Talvez foi por isso que seu sorriso de desfez quando ouviu sua resposta:

— É... melhor não. – Disse simplesmente, voltando sua atenção para o mapa mais uma vez, mesmo que, a esse ponto, não houvesse mais nada a que decidir sobre o caminho que o grupo seguiria.

— Por que não? – Perguntou o Zorua, exibindo sua surpresa na voz.

Lawliet, por sua vez, apenas deu de ombros, claramente recusando seu pedido pela segunda vez, não dando-lhe explicação alguma, assim como das outras vezes. Ainda assim, o Pokémon tentou chamá-la novamente e tentar, ao menos, receber uma explicação do porque não poderia participar da competição juntamente com Skun e Khurtnney, falhando em obter sucesso. Ele sabia que, tratando-se daquele assunto, não receberia resposta positiva, entretanto, era injusto o fato de que a garota não iria participar junto a ele justamente porque algo ou alguma coisa havia acontecido. Precisava saber o motivo.

— Por que eu não posso participar!? – Perguntou ele mais uma vez, já perdendo a pouca paciência que possuía. — Nem a minha mãe liga de eu batalhar, por que você liga?

— Por que... – Não terminou a frase. Ao invés, apenas deu de ombros, aumentando ainda mais o aborrecimento do Pokémon.

— Mas eu quero participar!

— Se quer tanto participar assim, porque não pede pra outra pessoa? - Indagou a menina, também perdendo a paciência com a raposa cinza.

— Ótimo! Já que você não quer, eu vou pedir pro Satoru então.

Com isso, o Pokémon acabou por deixá-la, voltando-se para o grupo com mais aborrecimento do que animação quanto à competição e a resposta provavelmente positiva que o menino daria. Não conseguia entender o porquê ela negava um simples pedido para participar da competição, portanto, não deixou de possuir grande indignação e raiva quanto a isso. A única coisa que estava pedindo era para batalhar com outros Pokémons. Isso não deveria ser assim tão difícil de fazer, quanto mais comandá-lo. Na realidade, ela nem precisava comandá-lo; o Pokémon já sabia o suficiente para lutar sozinho, e, apesar de um treinador ajudar muito mais em estratégias e em momentos que ele seria incapaz de continuar sem ajuda, não se importaria se a garota não o comandasse. Então, porque não queria?

Além disso, havia o fato de que ela não era nem de longe a primeira vez que recusava um pedido do Zorua, que, na maioria das vezes, fora rapidamente esquecido ou explicado com o fato de que não possuía experiência o suficiente pra participar de uma competição, o que, na maioria das vezes, era verdade. Por isso, preferiu esperar o dia em que acabariam por encontrar uma competição ou uma oportunidade para que Zéphiro pudesse batalhar. Agora que havia uma, sua frustração em não poder participar por algum problema de sua treinadora era grande, quase que sobrepondo a animação que sentia ao saber que teria uma em que, finalmente poderia participar. Pelo o que conhecia de sua treinadora, sabia que não faria algo assim sem explicação, então, ou havia uma explicação para sua recusa e ela não queria dizer a nenhum deles, ou havia e ele era o único que não sabia ainda.

Aborrecido, voltou a andar ao lado das crianças, ignorando a conversa que tinham com seus Pokémons e a grande animação que exibiam, decidindo não dar atenção ao que havia acontecido há pouco, tarefa que logo demonstrou não ser nem um pouco fácil. Balançou a cabeça em um sinal negativo, confuso e sem resposta para as perguntas que possuía, resultando em ainda mais frustração. Felizmente, não teve muito tempo para pensar naquelas coisas, pois logo sua atenção fora chamada ao ouvir seu nome: virou-se na direção do dono de chamado, e acabou por se deparar com um par de Meowstics de mãos dadas, um azul e branco e uma praticamente o oposto de seu parceiro. Ambos o encararam com preocupação, contradizendo a expressão fria e distante com que sempre estavam.

— Está tudo bem com você em não participar da competição com a Lawliette? – Perguntou, balançando o par de caudas enquanto o dizia. — Podíamos falar com ela sobre isso, se quiser.

O Zorua piscou, na tentativa de assimilar sua pergunta, mas, em seguida, deixou um curto sorriso tomar seu rosto. Aquela era uma pequena forma de demonstrarem não só sua preocupação, como também a vontade de ajudá-lo em alguma coisa quanto a seu humor, que sabiam que não melhoraria assim tão cedo, principalmente tratando-se daquele assunto. A maioria dos Pokémons de Lawliet já havia recebido uma resposta parecida para um pedido como aquele, então entendiam como Zéphiro devia estar se sentindo. Sabiam também que, se tratando do Zorua, ele provavelmente iria ficar o resto do dia aborrecido, bufando pelos cantos e se recusando a fazer as coisas que gostava, preocupando a todo o resto, que, normalmente, costumavam ignorar, visto que ficaria melhor em pouco tempo sem precisar de incentivos. De certo modo, o Pokémon apreciou a atitude de ambos, e foi com um tanto de pesar que balançou a cabeça, recusando a oferta.

— Não, obrigado. Ela não vai mudar de ideia mesmo. – Deu de ombros, mas parecia um tanto triste.

Apesar de sua resposta negativa, os gatinhos continuaram a acompanhar seus passos por mais alguns momentos, encarando-o com o que parecia ser curiosidade, o Zorua não tinha certeza do que era exatamente aquele estranho brilho que tomara os pálidos olhos verdes de Minoru e os azuis de Ellie. A esse ponto, eles já deveriam ter ido para algum outro lugar, fazer algo a mais do que apenas encará-lo daquela forma, pois aquilo era bastante estranho para ele, e dava calafrios ao Zorua. Um tanto desconfortável com aquilo, abriu a boca para que pudesse perguntar se desejavam mais alguma coisa, mas, antes mesmo que pudesse emitir uma palavra que fosse, um dos Meowstics interrompeu-o:

— Por quê? – Perguntou Ellie, a falta de expressão em seu rosto deixando a pergunta mais séria do que realmente soara.

— Ahn...? – Perguntou, confuso com a pergunta, mas, ao invés de dar-lhe uma resposta, o par de Meowstics apenas continuaram a encará-lo. — O que querem dizer...?

— Por que Lawliet não vai mudar de ideia? – Perguntou Ellie, e o gatinho azul continuou por ela:

— Porque ela não quer batalhar com nenhum de nós?

— Eu não sei – Respondeu ele, exibindo a curiosidade quanto àquelas perguntas, além de um pouco de surpresa pelos gatinhos estarem se perguntando as mesmas coisas. — Na verdade, eu ia perguntar a mesma coisa mais tarde.

— Também não sabemos. – Respondeu a gata, de forma clara e direta. — Estávamos pensando em perguntar pros outros mais tarde. Mas já que não sabe...

Dito aquilo, a Pokémon virou-se para o pequeno grupo que os Pokémons de Lawliet haviam feito, trazendo Minoru consigo, que apenas piscou para ele antes de finalmente virar-se, acompanhando Ellie.

— Espera! – Chamou Zéphiro, chamando os Pokémons, que, ao invés de se virarem para olhar para o Zorua e então respondê-lo, deixaram que o Pokémon caminhasse ao lado de ambos, com passos lentos e ritmados. — Deixa eu ir também.

Apenas assentiram, e reduziram o passo para que o Zorua pudesse acompanhá-los, um tanto confuso com o que o par de gatinhos iria fazer. Até aquele momento, não sabia que, de todos os Pokémons do time de Lawliet, justo Minoru e Ellie não sabiam por que a garota constantemente recusava os pedidos de batalha ou de treino. Afinal, os Meowstics estavam o tempo todo com ela, conversando ou simplesmente estando junto, de modo que sabiam muito mais sobre a garota do que o restante de seus Pokémons, por isso, era mais do que natural que soubessem a razão daquela atitude incomum, e ver que nem mesmo eles sabiam era um tanto quanto estranho, principalmente para Zéphiro.

Um tanto incerto, caminhou junto aos gatinhos até que, finalmente, encontraram o pequeno grupo que os Pokémons de Lawliet fizeram, onde, no momento, era formado apenas pelos dois cavalos, Diana e Marshall, que, na maioria das vezes, andavam juntos, além da Ninetails e da Leafeon, Nina e Leaf, assim como o Charizard, Jasper, e a mãe do Zorua, Lizzye, que, ao vê-lo, abriu-lhe um sorriso, como sempre fazia.

Demorou apenas alguns poucos minutos para que o par de gatinhos explicassem a situação, com palavras simples e diretas, deixando-os um tanto confusos com o que fora dito, mas igualmente curiosos. Pouco a pouco, cada um deles deu a mesma resposta que, há pouco fora dada ao Zorua: Não sabiam o motivo para aquilo. Também estava curiosos, é claro, e, ignorando a pequena raposa negra e cinza, entraram numa pequena conversa entre si, discutindo várias possibilidades para o porque da garota não estar batalhando, treinando, tentando insígnias ou apresentando-se em Contests com seus Pokémons, o que, até alguns meses atrás, costumava fazer. Talvez fosse por perder constantemente, ou por não se interessar mais, idéias que foram rapidamente descartadas, visto que todos ali tinham plena consciência de que deixar de se interessar por batalhas Pokémon e tudo relacionado a elas era mais do improvável, e a garota era incrivelmente insistente, de modo que não desistiria assim tão fácil. Outras possibilidades foram apresentadas, mas nenhuma delas parecia ser a coisa real, então, depois de muito discutir sobre aquele assunto, acabaram por decidir perguntar a uma pessoa que era tão próxima de Lawliet quanto os Meowstics ou o Charizard.

Alyss, de todas as pessoas e até mesmo Pokémons pertencentes a Lawliet ou a própria treinadora, era a que mais sabia da garota, principalmente porque a conhecia desde criança, e vivera praticamente sua vida inteira com a garota de cabelos negros, a única exceção sendo os dois anos em que a garota saíra de Kalos para Sinnoh, em busca da resposta para seus poderes e seu dom de entender a fala dos Pokémons. Lawliet sempre contara praticamente tudo para Alyss, provavelmente teria contado também a razão para não estar batalhando, então a melhor coisa a se fazer para obter esta resposta era perguntar a garota de cabelos azuis, o que não demoraram muito a fazer. A menina, que, no momento conversava com Satoru, provavelmente sobre o treinamento de seu Growlithe com sua Arcanine, Amber, e, após o menino voltar-se para Skun, o grupo todo, incluindo Zéphiro, dirigiu-se até ela, o que imediatamente a fez franzir o cenho, confusa.

— Hey, Alysse – Chamou Jasper, sorrindo para ela de um modo amigável. — Como vai?

— Uh, bem – respondeu ela, encarando-os com certa desconfiança e até mesmo duvida estampada na cor roxa de seus olhos. — Tem algum problema...?

— Na verdade, tem sim. – O Charizard desfez o sorriso, deixando a preocupação e duvida tomar seu rosto. — Vimos aqui te perguntar algo sobre a Lawliette.

Ela franziu o cenho mais uma vez, e, curiosa, fez um sinal para que fizesse logo a pergunta, o que Jasper não demorou muito para fazer:

— Você por acaso sabe por que a Lawliette não quer mais treinar, participar de batalhas de ginásio ou de apresentações de Contest?

— Não faço a menor ideia. – Ela pareceu um tanto decepcionada consigo mesma, e, logo em seguida, confusa novamente. — Achei que vocês soubessem.

Nina balançou a cabeça negativamente.

— Nah, ela não quer contar pra gente, então viemos perguntar pra você. Quer dizer, você é amiga dela e tudo o mais...

— Bom, ela não quer contar pra mim também, quanto mais me dizer aquela coisa da cicatriz, também. – Pareceu aborrecida quando disse aquilo, indignada com o fato de sua amiga recusar-se a contar algo tão importante, os quais também balançaram a cabeça, sinalizando que o assunto da cicatriz também era um mistério para eles, o que fez Alyss erguer uma sobrancelha, em dúvida. — Achei que pelo menos vocês fossem saber disso.

— Não. - A Ninetails respondeu por eles, decepcionada por nem mesmo a garota de cabelos azuis saber. Os Pokémons agradeceram, e então deixaram Alyss mais uma vez, voltando para o local em que caminhavam antes, voltando a conversar entre si, deixando a garota de cabelos azuis com tantas duvidas quanto eles.

Até aquele momento, não havia considerado a ideia de perguntar mais uma vez a Lawliet sobre aqueles dois assuntos, preferiria deixá-la ter seu próprio tempo para finalmente explicar como conseguira a cicatriz e toda aquela coisa de não querer mais batalhar, ou então perguntaria novamente em algum outro momento. Entretanto, ver que nem mesmo seus Pokémons soubessem, os quais estiveram com ela nesses dois em que sumira, levantava muitas duvidas, além do que era mais do que algo incomum para a treinadora. Pelo menos para eles teria que contar, mas não tê-lo feito era um problema, o que a deixou preocupada, também como desconfiada quanto aquilo. Do tanto que a conhecia, sabia que, pelo menos para ela teria contado, ou então para um de seus Pokémons, como Jasper ou Minoru e Ellie, e geralmente não se recusaria a fazer aquilo para Alyss.

Havia algo errado. Todos os seus Pokémons terem vindo recorrer a ela para ter uma resposta quanto aqueles assuntos era prova daquilo. Não deixaria mais aquele assunto para tarde, e muito menos se preocuparia com coisas que julgava serem mais importantes no momento, perguntaria logo a ela o que de fato havia acontecido, e iria descobrir. Estava determinada a saber.

Olhou para o céu, que, para sua surpresa, possuía tons vermelhos e laranja, o que sinalizava que a noite chegaria rapidamente, e que logo teriam de encontrar um lugar para descansarem, além de terem de arranjar lenha para a fogueira. Afinal, ainda teriam um pouco mais para andar e então chegar ao Valley Windworks para a competição de novatos, então teriam que descansar bastante e ir dormir cedo para sair cedo, portanto, teria que esperar um pouco para que pudesse conversar com a amiga. Voltou a andar junto dela, apontando par o céu e o fato de que logo teriam que parar para descansarem e almoçarem, o que fariam um tanto quanto mais tarde que o usual.

Não demorou muito para que finalmente encontrassem um local bom o suficiente para pararem, assim como as crianças buscarem lenha a pedido das mais velhas do grupo, a qual foi acesa pouco depois que voltaram para junto do grupo, e então, Alyss e Satoru encarregaram-se de cuidar de preparar a comida, tanto para eles quanto para todos os Pokémons ali presentes, o que distraiu Alyss durante um bom tempo, deixando-a um tanto aborrecida.

Demorou algum tempo, mas, depois de tudo feito, finalmente Alyss pode voltar-se para Lawliet, ignorando Satoru e Larysse, que pareciam preocupados demais numa batalha com Clair para notar a conversa que teria com a mais nova.

— Lawliette – Chamou ela, tirando a atenção da menina por um momento, que a respondeu com um simples “hmm?”. Porém, a menina não parecia querer enrolar com outra coisa, e foi direto ao assunto: — Acho que você já resolveu o que estava te preocupando, né?

Ela franziu o cenho, confusa.

— Uh...? - Perguntou, a confusão estampada em rosto. — Como assim?

— Já encontramos a última pessoa com poderes – Fez um sinal em direção a Chris. — Você me disse que era isso que estava te preocupando, e que depois disso iria me contar o que estava acontecendo.

— Ah, isso... – Ela suspirou, e tomou uma expressão um tanto quanto aborrecida. — Depois eu conto, ok?

— Agora já é depois! – Exclamou, a voz soando tão aborrecida quanto Alyss parecia estar. — Você prometeu que ia contar porque não quer mais batalhar, participar de Contest e tudo o mais. E que ia falar sobre a cicatriz também.

Um suspiro soou da mais nova, e ela desviou o olhar.

— Eu não quero contar agora. Não pode ser mais tarde, talvez outro dia...?

— Não, não pode. – Ela a encarou, parecendo ameaçadora, e, mais uma vez, a garota desviou o olhar, resmungando ao invés de respondê-la apropriadamente. Isso durou vários minutos, e, ao constatar que Lawliet provavelmente não lhe daria resposta, pareceu perder a pouca paciência que possuía. — Por acaso você não confia mais em mim pra contar essas coisas?

— Claro que confio! – Arregalou os olhos, parecendo surpresa que Alyss achasse que este era o motivo por não querer contar. — Eu só não quero contar agora, ué.

— Pois parece que não confia mais! Tu sempre contou as coisas pra mim, e agora não quer contar e nem dizer por que, e quando diz que vai contar, fica enrolando.

— É porque não é nada, cacete. – Respondeu de forma rude, sinalizando que, assim como Alyss, também estava perdendo a paciência quanto aquilo.

— Ah sim, claro – A ironia em sua voz era mais do que clara, assim como o que parecia ser um brilho de raiva em seus olhos roxos. — Quer dizer que você some por dois anos pra fazer sabe se lá o que, não dá noticias, e quando finalmente volta, está com metade do seu time já evoluído, não quer participar mais de batalhas comigo, e quando participa não tem a mesma atenção que antes, e, pra ajudar, está com uma cicatriz horrível na cara que definitivamente não é nada simples, e isso não é nada importante? Nenhum machucado normal ia deixar isso no seu rosto. Isso é um machucado que poderia ter, sei lá, atingido uma veia, ou arrancado seu olho, e você me diz que não é importante?

A garota abriu a boca para responder, e logo em seguida a fechou, incapaz de encontrar uma resposta para aquilo, quanto mais negar aquelas coisas. Tanto a raiva quanto a resposta em si deixavam impossível para que ela encontrasse uma resposta, sua mente estava enevoada demais com a própria raiva para que pudesse fazê-lo, quanto mais pensar em qualquer coisa que fosse. Tudo o que lhe restou foi desviar o olhar, o punho se fechando e pressionando as unhas contra a própria pele, pouco se importando com a dor que aquilo causava ou com o fato de que era mais do que provável de que os outros estivessem assistindo a cena com o que parecia ser medo.

Aquela estranha discussão não havia passado despercebida para o restante do grupo, quanto mais para Satoru, que, assim como o que restava do grupo, estava mais do que assustado com aquilo. Ele, juntamente com Altaris, Larysse e Chris, estavam batalhando entre si há pouco tempo atrás, juntamente com Clair que, no momento, não podia ser vista em nenhum lugar do pequeno acampamento que montaram para descansar. Estavam mais do que surpresos com o fato de que, de todas as pessoas do grupo, justamente as nova lideres estavam discutindo entre si.

Era clara a raiva que ambas estavam sentindo no momento quanto aquela discussão, tanto pelas palavras de ambas quanto pela expressão que Lawliet exibiu ao não encontrar uma resposta para Alyss, desviando o olhar e mordendo o próprio lábio. A garota de cabelos azuis parecia ter tido um pequeno descontrole de seus poderes, pois o vapor branco criado por sua respiração estava um tanto mais denso que o usual, além do que era possível ver a grama ao redor de seus pés praticamente congelada, tamanho era o descontrole causado pela grande raiva que sentia.

Satoru estremeceu, um tanto assustado. A raiva das duas parecia ser tanta que até mesmo ele podia entender o que estava acontecendo entre elas, e tinha clara certeza de que, se isso continuasse assim, não iria acabar bem. Sem pensar, o garoto deixou os amigos e os Pokémons para trás, e, hesitante, caminhou até as duas.

— Não é melhor vocês pararem com isso...? – Perguntou ele, um tanto assustado com o que poderia acontecer por ter dito aquilo.

— Isso não é da sua conta – Respondeu a garota de cabelos azuis, extremamente rude, o que fez com que o menino, assustado, recuasse de volta para onde estava, não mais se atrevendo a dizer qualquer coisa que fosse. Alyss, por sua vez, voltou seu olhar para Lawliet e então cruzou os braços, esperando sua resposta.

— Argh – Resmungou a garota finalmente, desconfortável com o olhar da mais velha. — Já que disse que não é nada, caralho!

O tom de voz da garota de cabelos azuis pareceu aumentar, próximo de um grito:

— É sim!

— Ah, quer saber? – Lawliet a encarou por um momento, a voz parecendo tão cansada quanto parecia. — Foda-se!

Com isso, ela, simplesmente deu as costas a Alyss, e saiu andando para fora do acampamento, entrando na mata, deixando a amiga indignada para trás, assim como raivosa e bufando vapor branco. Ela, porém, apenas observou a garota sair por alguns momentos, e então voltou para um canto qualquer, afastado do restante do grupo e dos Pokémons que, no momento, não ousaram dirigir uma palavra que fosse a menina de cabelos azuis. Bufou mais uma vez, pressionando suas costas contra uma arvore, na tentativa de se acalmar, e repreendeu a si mesma por tudo aquilo em seguida.

Um silêncio pesado instalou-se sobre eles, e, pelo resto da noite, não trocaram uma única palavra que fosse.

***

Assim como os outros, Zéphiro também ficara um tanto quanto assustado por sua treinadora ter saído de forma tão súbita, mas também não podia negar que estava aborrecido com ela, e ainda mais quando notou a discussão, e que nem mesmo para Alyss ela quisera contar tudo que vinha escondendo deles. Continuou a andar pela floresta com uma expressão mais do que aborrecida com aquilo tudo, e, assim como sua treinadora, acabou por sair do acampamento, já incomodado demais com a atmosfera pesada que ficara após a discussão das duas.

Respirou fundo enquanto caminhava, na esperança de que, dessa forma, pudesse se sentir melhor quanto a tudo que havia acontecido, e, com um pouco de sorte, afastar a atmosfera pesada que se instalara no grupo a pouco devido a briga, a qual piorara seu humor. Foi desse modo que, em pouco tempo, o Zorua se viu consideravelmente longe do grupo, o que, por enquanto, não era exatamente um problema. Há muito tempo, Zéphiro pegara o costume de fazer aquilo, sair a noite, afastando-se do grupo para explorar o local em que se encontrava durante um tempo, e então voltar, o que, de certa forma, ajudava-o a clarear sua mente e melhorar seu humor, algo que, definitivamente, vinha precisando fazer.

Reduziu o passo, deixando que sua mente vagasse em diversos pensamentos, nenhum deles recebendo devida atenção, de modo que o Pokémon negro não pensava em nada especifico. Tudo o que realmente fazia era caminhar, e, por isso, precisou de alguns segundos para notar a insistente voz que o chamava, o que o fez parar por um momento quando finalmente notou o mesmo.

— Ei! – Chamou uma voz feminina, parecendo aborrecida por repetir aquilo por tantas vezes. — Você aí, o Zorua.

— Uhh... – Zéphiro olhou em volta, procurando a dona do chamado. — Está falando comigo?

– É claro que estou. – Respondeu, atraindo a atenção do Pokémon negro. — Que outro Zorua seria?

Zéphiro piscou, mal acreditando que aquela era a Pokémon que o chamara, a qual, assim como ele, era uma raposa, porém na cor marrom escuro, e tão pequena quanto ele, provavelmente um filhote. Possuía longas orelhas também na cor marrom, assim como quase todo o restante de seu corpo. As única partes do mesmo que não possuíam o mesmo tom de marrom eram os olhos acizentados, de um tom claro e certamente incomum para sua espécie, além do colar de pêlos marrom-claro em volta de seu pescoço, cobrindo toda a extensão do mesmo e também o peito, assim como uma pequena parte das costas também, tamanha era a quantidade de pêlos presentes naquele local. Fora isso, a ponta de sua cauda peluda também era no mesmo tom, dividindo as cores de sua cauda ao meio. A Eevee piscou longamente para a raposa negra a sua frente, o que deixou Zéphiro mais do que confuso, além de surpreso em encontrar uma Pokémon como aquela andando pela floresta, ainda mais a noite, o que, certamente não era comum de sua espécie.

A Eevee o encarou com impaciência, esperando pela resposta do Zorua, que demorou alguns segundos para finalmente assimilar o fato de que fora ela quem o chamara.

— O que foi? – Perguntou ele, caminhando até ela.

— Quer batalhar? – Ela disse de forma simples, como se não fosse nada incomum uma Pokémon como ela estar pedindo aquilo a um completo desconhecido.

Zéphiro, por sua vez, franziu o cenho, confuso, e, em pouco tempo, sua mente encheu-se de vários avisos que, tanto sua mãe como sua treinadora viviam dizendo, e que agora pareciam fazer mais sentido e serem importantes. Talvez aquela Pokémon fosse perigosa, talvez fosse mais forte do que ele e talvez alguma coisa ruim poderia acontecer caso aceitasse seu pedido de batalha. Entretanto, acabou por afastar todas essas preocupações e avisos de sua mente, afinal, estava falando com uma filhote de Eevee, que mal ela poderia fazer a um Zorua tão forte quanto Zéphiro? Não podia ter nenhum problema em batalhar com ela, não é?

Assentiu quanto a seu pedido, e recebeu um breve sorriso de sua oponente, que se afastou dele e colocou-se em posição de batalha, e Zéphiro fez o mesmo pouco depois, ambos se encarando na espera de que seu oponente fizesse logo seu primeiro movimento.

Não demorou muito para que a Eevee fosse a primeira a fazer algo: com uma velocidade que surpreendeu o Zorua, a Pokémon passou a correr em sua direção, e, numa reação um tanto atrasada, a raposa negra tentou se desviar, o que foi inútil. Ela era rápida, e parecia ainda mais ao fazer uso do Quick Attack, e foi com grande facilidade que não permitiu que Zéphiro se desviasse de seu ataque: jogou seu corpo contra o pequeno, que resmungou de dor quando foi lançado para trás, caindo no chão com um baque logo em seguida. A raposa marrom, ao invés de se afastar, abriu a boca, deixando a mostra um par de presas afiadas, e, rapidamente, mordeu-lhe o pescoço, fazendo-o gritar de dor e tentar afastar-se, o que não demorou muito para que conseguisse fazer. Afastou-se dela logo em seguida, olhando o filete de sangue que escorria por seu pescoço com um tanto de medo. Talvez ter aceitado seu pedido de batalha não tivesse sido sua melhor escolha, afinal.

Ainda um tanto assustado, o Pokémon franziu o cenho, pensando no que poderia fazer para vencê-la, e até mesmo se realmente poderia vencê-la. Era forte, sim, mas, agora que vira que a Eevee também era e que podia ser bem rápida se quisesse, estava receoso quanto a continuar a batalha. Talvez ela fosse mesmo perigos, talvez... “Não, não, isso é idiotice.” Ele balançou a cabeça, afastando aqueles pensamentos de sua mente. Ainda tinha chances de ganhar, e, não importando o quão forte sua oponente parecesse ser, fugir não era uma opção, pelo menos não agora.

Mais uma vez, a Eevee correu rapidamente contra o Zorua, utilizando-se o Quick Attack para que sua velocidade aumentasse, de modo que o Pokémon quase foi atingido novamente se não tivesse se desviado a tempo. Nervoso, mas determinado a vencer, o pequeno permitiu que suas unhas tomassem um brilho branco, e correu em direção a Pokémon, que fez o mesmo, mais uma vez parecendo rápida demais para a raposa negra, mas, assim como antes, Zéphiro conseguiu se desviar, e correu em sua direção mais uma vez, colocando-se de pé nas patas traseiras para que, dessa forma, pudesse atingi-la com suas unhas, diversas vezes, arrancando um resmungo de aborrecimento e dor da Pokémon marrom. Pouco tempo depois, ela afastou-se, sendo perseguida pelo Zorua logo em seguida, que parecia terminado em acertá-la mais uma vez.

Correu rapidamente para o lado, resmungando enquanto era perseguida, e foi com um xingamento que notou que o Zorua estava envolto por uma aura negra, e os olhos azuis pareciam brilhar um pouco mais, o que sinalizava que estava fazendo uso do Pursuit, então ela tinha que fazer algo a respeito, e logo. Portanto, a Eevee parou de correr bruscamente, e, tão rápido quanto o fez, virou-se para o Zorua, que, surpreso, reduziu o passo de sua corrida, o que foi um erro. Aquilo foi tempo o suficiente para que ela abrisse a boca e então criasse uma esfera negra e roxa, que, assim que atingiu um tamanho bom o suficiente, fora lançado contra o Pokémon, que, por estar perto demais de sua oponente, não teve meio de se desviar a tempo. Deixou escapar um gemido de dor quando sentiu a esfera de sombras se desfazer em seu rosto, fazendo com que interrompesse a corrida frenética em que estava antes, e até mesmo recuar, principalmente quando sentiu uma segunda esfera o atingir.

Sem pensar, a raposa negra virou-se, e, assim como a Eevee havia feito antes, passou a correr, numa tentativa de fugir das diversas esferas negras que faziam seu caminho até ele, o que o fez se repreender por ter aceitado a batalha. Apesar de a esfera negra não machucá-lo tanto quanto deveria, já que ele era um Pokémon Dark-type, era mais do que surpreendente que tivesse tanta força assim, além de que era preocupante e a Pokémon provavelmente poderia fazer muito mais do que aquilo. Por isso, sua primeira reação quanto aquilo foi fugir, mesmo que não devesse fazer aquilo. Fugir de uma batalha não era algo exatamente honrável, mas aquela era sua única opção no momento.

Fez seu caminho de volta até o acampamento do grupo, não ousando olhar para trás. Se o fizesse, certamente que acabaria encontrando outra das esferas negras da Eevee, que sabia que continuava em seu encalço, correndo rapidamente e criando diversas outras esferas negras, que não paravam de ser lançadas contra o Zorua, que, por sorte, não era atingido por uma, mas sempre estremecia quando via uma passar-lhe e então se desfazer em sombras. Foi com grande alivio que avistou a iluminação da fogueira que mantiveram acesa, e alguém se aproximando, que, provavelmente seria sua treinadora, voltando pára junto do grupo novamente. Porém, seu sorriso em desfez em pouco tempo quando, finalmente, uma das esferas negra e roxa o atingiu.

Um resmungo acompanhou o baque que a esfera fez ao atingir sua cabeça e então desaparecer, deixando alguns poucos fragmentos de escuridão antes de finalmente deixar de existir. Devido a isso, o Pokémon acabou por tropeçar e cair no chão, o que o fez resmungar ainda mais, a raiva pela Eevee tê-lo atingido quando estava tão perto envolvendo-o. Não só por isso, mas também pelo fato de que ela o fizera fugir da batalha, algo que nunca pensaria fazer em circunstâncias normais. E, naquele momento, aquelas duas coisas pareceram ser demais para ele.

Com a raiva fluindo por seu corpo, o Pokémon levantou-se pouco depois, e, ignorando a dor na parte de trás de sua cabeça e os passos da Eevee, deixou que apenas a raiva percorresse seu corpo, assim como uma estranha onda de poder que, naquele momento, já não podia mais conter. Em poucos segundos, aquilo se transformou em uma aura negra, com tons arroxeados e até mesmo rosa escuro em poucos lugares, e fizeram com que seus olhos azuis elétrico brilhassem ainda mais do que normalmente pareciam, até que, finalmente, ergueu suas patas dianteiras, e, sem mais nenhuma hesitação, levou-as de volta para o chão, criando um baque surdo mais alto do que ele e a raposa marrom esperavam ouvir.

Os olhos arregalados da Eevee perceberam o que era aquilo tarde demais.

Assim que as patas do Zorua atingiram o chão e criaram o som mais alto do que o esperado, a aura arroxeada que o cobrira deixara de ser apenas uma aura, e então transformara-se em uma grande onda de poder que cresceu gradativamente, a ponto de atingir o dobro de sua própria altura, e, numa onda de poder negro, roxo e levemente rosa, estendeu-se por todo o local possível ao redor do Pokémon negro, criando o som de uma explosão quando o fez, sobrepondo o grito do Zorua.

O desespero tomou conta da Eevee, e, numa tentativa que provavelmente seria inútil, passou a correr com todas as forças e velocidade que conseguia juntar no momento, mas nem mesmo isso pareceu ser o suficiente. Antes mesmo que pudesse de fato fazê-lo, sentiu o golpe atingi-la pelas costas, e foi com seu próprio grito que seu corpo foi levado, tamanha era a força da energia negra e roxa que se chocara contra a raposinha.

Tudo o que viu nos próximos segundos em que a dor percorreu seu corpo foi escuridão, um mar de negro que a levou para a inconsciência.

Momentos depois, Zéphiro permitiu-se abrir os olhos novamente, a energia roxa que cobrira seu corpo se esvaindo em tão pouco tempo quanto levara para abrir os olhos. Sua respiração tornou-se ofegante, o corpo doía pelo esforço que havia feito somente para realizar aquele ataque, e, subitamente, pareceu não ter mais força alguma para se manter de pé, portanto, deitou-se no chão de terra agora desprovido de grama por alguns momentos, fechando os olhos. Sempre que fazia uso do Night Daze, se sentia assim, se não pior, e, por este e pelo motivo de que tudo ao ser redor era destruído quando o ataque era usado, evitava de realizá-lo, até porque tanto ele quanto sua mãe e sua treinadora não achavam que utilizá-lo era uma boa ideia, a não ser que fosse realmente preciso, o que pareceu ser o caso momentos atrás. Porém, não gostava nem um pouco do cansaço e nem mesmo da provável dor que sentiria no corpo depois.

Abriu os olhos mais uma vez, imaginando o que havia acontecido com a Eevee, e se o som de explosão criado pelo Night Daze fora o suficiente para acordar o restante do grupo e aquele que vira antes, voltando para o mesmo. Pôs-se de pé mais uma vez, e, com uma lentidão exagerada, voltou a caminhar naquela direção, pouco se importando com a destruição causada em toda a extensão do local que a aura negra e roxa que o cobrira antes fizera.

Com o que pareceu ser uma eternidade, finalmente alcançou o local desejado, encontrando a fogueira do acampamento do grupo ainda acesa, porém consideravelmente mais fraca do que estivera horas atrás. Encontrou também os diversos sacos de dormir com as crianças e duas das garotas mais velhas do grupo, estas sendo Alyss e Clair. Franziu o cenho brevemente, mas voltou a observar o local, encontrando os pertences da maioria do grupo descansando contra uma arvore, a maioria deles juntos.

Seus olhos se arregalaram quando o Zorua notou que não era apenas uma pessoa que não estava ali no momento, e o cenho acabou sendo franzido inconscientemente momentos depois de quando ele notou que a pessoa a mais que estava faltando estava ali, encarado os outros membros do grupo que, lentamente, sentavam-se em seu saco de dormir para observá-lo com um olhar sonolento, assim como confuso, provavelmente uma reação atrasada a explosão causada há pouco.

E havia também o fato de que a Eevee machucada jazia a seus pés, erguendo-se sobre os joelhos, numa tentativa de se colocar de pé novamente, apenas para acabar caindo novamente, bufando em aborrecimento. Tanto o ruivo quanto seu Charmander de cor incomum mal podiam acreditar que havia uma Eevee a seus pés, quanto mais que o restante do grupo estava acordando, a ponto de acabar descobrindo que ele não estivera dormindo, quanto mais junto ao grupo. E aquilo era um risco que não poderia se dar um luxo de correr. Não agora. Não num momento como aquele.

Uma ideia um tanto estranha cruzou-lhe a mente, mas não teve tempo para julgá-la assim ou dizer que aquilo era a melhor coisa a se fazer ou não: simplesmente deslizou sua mão rapidamente para o cinto que sempre mantinha consigo, contendo as Pokeballs de seus Pokémons e algumas vazias, e pegou uma dessas. Fazendo-a se ajustar ao tamanho de sua mão rapidamente, apertou o botão central uma segunda vez e então a lançou contra a Eevee, que lhe lançou um olhar ameaçador antes de ser sugada para dentro da esfera vermelha e branca pelo brilho avermelhado que a mesma liberou. A pokeball caiu no chão com um ruído baixo, abafado pela grama a seus pés, e, quando o fez, balançou-se freneticamente para os lados, o botão central piscando várias e várias vezes, acompanhando o chacoalhar frenético que a esfera fazia.

— Puta que me pariu, hein, Altaris – Soou uma voz sonolenta, provavelmente vinda de Alyss. Um arrepio subiu-lhe pela espinha, e sentiu o corpo estremecer. — Não podia capturar esse Pokémon numa outra hora?

E então voltou a deitar sua cabeça no saco de dormir, acompanhada pelos outros, que resmungaram longamente quanto a atitude do ruivo, que, por sua vez, voltou o olhar para seu Charmander, que suspirou, tão aliviado quanto ele, e então para a Pokéball a seus pés.

Para sua surpresa, ela havia parado, e houve um brilho vermelho em seu botão central, que se manteve por vários segundos, sinalizando que a captura havia sido feita.


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Notas finais do capítulo

AEEEE Uma das primeiras vezes que vimos palavrões na fic! Agora sim posso dizer que isso é pra maior de 16.
Enfim, começamos aqui alguns pequenos arcos que, na minha opinião, são interessantes, e finalmente tivemos a aparição de mais um Poquemão de Altaris! hhohohohoh, mal posso esperar pra escrever a reação dele e dessa mystery Eevee, isso vai divertido. E tretas, muitas tretas estão pra acontecer, minhas pessoas.
Enfim, provavelmente vou fazer um especial pro 23, mas, o contrário dos outros especiais, não vou postar junto com o capítulo, porque eu ainda tenho que reescrevê-lo. Na verdade eu já o tenho pronto, mas tenho bastante coisa pra arrumar, já que a cronologia da fic mudou um pouquinho por causa da treta Alyss x Lawliet. De qualquer forma, considero que fic ainda vai estar em hiatus e os próximos capítulos vão demorar, mas não pensem que abandonei a PF. Acho que o 24 vai demorar porque tneho outras coisas pra escrever, e a minha One de RH que com certeza vou fazer.
Enfim, gostaria muito de saber a opinião de vocês nos comentários, e desculpem qualquer erro no fim, fiquei com preguiça de revisar HLSDALSFJALJ Falando no final, provavelmente estão se perguntando porque Zéphiro sabe Night Daze, né? Well, podemos dizer que ele está mais ou menos lvl 15-17, mas eu decidi que vou fazer exceções quando a aprender moves e etc, além das evoluções também, ou então alguns Pokémons aqui evoluiriam muito cedo.
E quem conseguir adivinhar a dica que coloquei nesse capítulo ganha docinho e um spoiler ~
Até!



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