Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 13
Capítulo 12: Alyss


Notas iniciais do capítulo

Kyah! Postei na data certa! Finalmente! E nem venham reclamar que eu revisei (mentira, podem reclamar sim qq eu até agradeço se procurarem algum erro que me passou despercebida. Eu revisei isso de madruga, e estava com um maldito sono...). Milagre isso, não? Ainda mais comigo sem internet qq
Mas eu agradeço a Alysse linda por ter ficado me lembrando de escrever oc capítulo. Sério, se não fosse ela isso não saía hoje huehuehue. Oh, anyway, boa leitura, fantasmas, espero que gostem tanto quanto eu do ~~capítulo da Alyss~~



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Uma brisa passou, e os cabelos azuis de Alyss se levantaram na direção da brisa, mas não o suficiente para ela ter que segurá-los para tirar os fios azuis do rosto. Alyss franziu o cenho, confusa. Ao seu redor, a noite havia tomado Jubilife, e embora não fosse assim tão tarde, não havia muita gente na rua. E se via alguma, a pessoa rapidamente corria para longe dela, como se tivesse medo de Alyss. A garota suspirou, e um vapor branco saiu de sua boca, como aqueles que saíam de nossa respiração quando estava frio demais e o corpo estava mais quente que o ar ao redor, porém bem mais branco que o normal.

As ruas estavam desertas, o que deixava com uma sensação de solidão. Aquele silêncio era um pouco... Estranho. Era como se pudesse trazer a sensação de que havia algo errado com a cidade, ou algo assim. Simplesmente não parecia normal para uma cidade grande.

Alyss colocou os braços ao redor do corpo. Não estava com frio, já que não o sentia, mas se sentiu, de alguma forma, desprotegida. Exposta. Observada. Ou alguma sensação perto dessas. Olhou para um poste no final de uma rua entre dois prédios, onde havia uma daquelas placas com o nome da rua. Uma delas mostrava a direção do Centro Pokémon, o qual a garota esperava que fosse o certo que deveria ir. Ao seu redor, a rua ainda estava silenciosa, por isso, um som lhe chamou a atenção. O som de algo ou alguma coisa arranhando contra madeira, o que além de ser irritante e fazer seus ouvidos doerem, cortava o silêncio mórbido da cidade.

Ela tapou os ouvidos, incomodada, e olhou em direção ao som. Um beco pouco iluminado se encontrava entre os prédios, e ao lado de uma lata de lixo, uma caixa de papelão realmente pequena, balançando para os lados.

De repente, Alyss parou, e olhou novamente para a caixa. Desde quando uma caixa de madeira se balançava? Curiosa, ela decidiu checar o que era. Aproximou-se rapidamente, com passos largos, e ficou na frente da caixa. Era pequena, e estava fortemente fechada por pregos, impedindo o que quer que estivesse lá dentro de sair. De repente, um miado choroso, bem baixinho, ecoou nos ouvidos de Alyss, como que a chamando para ajudar o suposto gato que estaria ali.

Se agachou, e examinou a caixa. Era pequena, e estava tão imóvel agora que Alyss se perguntou se ela não havia imaginado coisas. O vapor branco de sua respiração brincou em seu braço, e por um momento, sentiu um leve arrepio no braço. Se não tivesse imaginando coisas, talvez o gato ainda estivesse vivo. Alyss não tinha certeza. Olhou para a caixa mais uma vez. Era de madeira, de qual tipo, ela não fazia a menor ideia, mas parecia forte. Estava fechada por pregos, então não seria nada fácil de abri-la. Será que o gato tinha oxigênio o suficiente naquela caixa? Não parecia que tinha, o que levantou mais uma vez a dúvida: O gato estava morto ou não?

Já que estava pregada e os pregos não pareciam enferrujados e nem nada do tipo, provavelmente seria difícil para que ela tentasse cortá-los ou cortar a caixa com o canivete de sua amiga ou com sua própria força. Com outro suspiro, a menina pegou uma de suas Pokeballs em seu cinto e apertou o botão central dela duas vezes, a primeira para a Pokeball se inflar e se ajustar ao tamanho de sua mão, e a outra para liberar seu Pokémon. Por um momento, o brilho branco que liberava o Pokémon da esfera vermelha iluminou o beco e ofuscou a visão de Alyss. Quando ela pôde abrir os olhos novamente, sua Pokémon lhe encarava do escuro, provavelmente o lugar mais escuro daquele beco, o que tornava difícil distinguir as formas do grande animal de Alyss.

– Maiko, pode me dar uma ajudinha aqui? – Perguntou Alyss, baixinho, como se não quisesse perturbar o silêncio da cidade. – Pode abrir essa caixa pra mim?

Ela saiu do caminho da Pokémon, para que ela pudesse ver o que ela queria que fosse cortado.

– É claro! – Maiko abriu um sorriso, e com um movimento rápido, cortou o que seria a tampa da caixa - inclusive os pregos que a prendiam- com tanta facilidade que Alyss pensou que, se ela tivesse tentado, poderia ter retirado a tampa sem a ajuda de Maiko.

– É só isso, Alyss?

– Sim. – A garota assentiu.

– E... Por acaso você já encontrou a sua amiga?

– Ainda não... – Ela mordeu o lábio, hesitante. - Eu quero ver uma coisa primeiro.

Maiko sorriu novamente, e continuou com o sorriso quando Alyss a retornou para sua Pokeball e a devolveu para o cinto. Por um momento, ela ficou desconcertada com a voz dela e suas palavras. Era tão... Estranho entender a fala dos Pokémon, ainda mais sabendo que, pelo o que sabia, Alyss e sua amiga eram as únicas que podiam, e o resto do mundo, não. Ou pelo menos era o que vinha pensando até agora.

Afastou os pensamentos e se concentrou na caixa. Agora que a tampa jazia no chão, ela voltou a se agachar e olhou para dentro da caixa. A primeira coisa que viu foi um par de orelhas roxas e longas, e a segunda foi o vermelho nos pêlos do gatinho. Ele não era muito grande, mas o corpo parecia grande demais para caber naquela caixa, que não tinha nenhum tipo de pano ou algo para confortar o bichinho. Não que espremer um gatinho numa caixa minúscula fosse confortável, mas, ainda assim...

O gatinho estava todo manchado de vermelho, já escuro em seus pêlos, deixando-os duros e ásperos. O corpo todo do gatinho parecia ter a coloração roxa, com exceção de algumas partes do corpo onde era na cor creme, e nos olhos, onde um roxo mais claro cobria as pálpebras até as sobrancelhas, parecendo mais rosa do que roxo.

Tocou o gatinho roxo. Seu pêlo estava úmido e oleoso, parecendo sujo. O corpo dele estava frio, ainda mais do que aquela noite, embora Alyss não o sentisse realmente. Ela esperou por um momento, mas ele não se moveu. Esperou por mais, e mais outro, e se passaram quase dois minutos quando Alyss foi tocá-lo de novo, e de repente os olhos dele se abriram. Um par de olhos dourados e assustados. Alyss recuou, surpresa.

Rapidamente, retirou sua Pokedex e apontou para o gatinho, e logo, mostrando vida, a Pokedex ligou e deu as informações do Pokémon que se encontrava ali na caixa:

Purrloin, o Pokémon desonesto.

Nativo da região de Unova, Purrloin engana as pessoas deixando sua guarda baixa, para assim poder roubar seus pertences só para ver o olhar em seus rostos. Quando fica nervoso, usa suas garras para lutar.

O Purrloin continuou olhando para ela, parecendo triste.

Ela franziu o cenho, aborrecida. Parecia que cada vez mais os cientistas parecia errados dôo que era certo ou não. Eles não podiam saber que aquele Purrloin especifico era do modo em que a Pokédex havia dito. Nem todos os Pokémons eram Omo eles pensavam que eram. Cada um tinha uma personalidade, ou algo que os diferenciava dos outros.

Finalmente, a menina de cabelos azuis colocou as mãos nas laterais do corpo do bichinho e o levantou, tirando-o da caixa. Ele resmungou, mas permitiu que a garota o tirasse dali. O corpo do Purrloin estava mole e bambo, como se ele não tivesse forças para se manter de pé, ou talvez estivesse dormente. Alyss tentou colocá-lo do chão, mas ele começou a reclamar e levantou as patas até grudarem no corpo, para impedi-las de tocarem o chão.

– Tenho certeza que você não quer voltar para a caixa, não é? – Perguntou Alyss, com um sorriso gentil.

O gatinho não lhe respondeu, apenas fez uma careta, e reclamou. Confusa, a menina de cabelos azuis franziu o cenho, e examinou o Purrloin direito. Percebeu uma minúscula gota de sangue caindo de sua pata em direção ao chão, e o mesmo acontecia com todas as outras. Quando ela olhou novamente para suas patas, ao invés de ver a sola da pata cor de creme como a pelagem dos braços, viu uma enorme mancha vermelha, cobrindo os dedinhos, a sola e uma pequena parte dos braços. O pêlo ao redor parecia ter isso completamente queimado, e era possível ver a pele do Pokémon toda avermelhada e machucada, sangrando.

Isso explicava o porquê do Pokémon não querer ir para o chão. E Explicava també o fato dele estar fazendo uma terrível careta, como que se impedindo de gemer na frente de Alyss.

– Isso não é nada bom. – Murmurou ela, aproximando o bicinho com cuidado em direção ao seu peito. – Acho melhor te levar num Centro Pokémon e cuidar das suas patas.

Em resposta o Purrloin gemeu, aproximando as patas mais para o próprio corpo para não pressionar contra a blusa de Alyss e doer mais ainda.

– Não se preocupe. – Disse ela. – Eu posso entender o que você diz.

– Você pode? – Ele olhou para ela. – Como?

– Isso... Isso eu não sei. – Ela simplesmente deu de ombros. – Qual é o seu nome?

– Schrödinger.

Por um momento, Alyss hesitou e encarou o Pokémon.

– O seu nome é... Schrödinger?

– Sim, por quê? – O Purrloin parecia confuso.

– Nada não... Deixa pra lá. – Novamente, Alyss se perguntou como o gato poderia ter ficado vivo dentro daquela caixa. – Eu sou a Alyss.

Schrödinger apenas piscou em resposta, demonstrando que havia entendido. Mais uma vez, preocupada, a menina olhou para as patas dele e perguntou:

– O que aconteceu com você?

Ele arregalou os olhos, surpreso, como se não esperasse aquela pergunta da menina.

– Eu... Eu não sei... – Ele tremeu levemente, e logo depois, apertou os olhos, com dor. – Umas crianças simplesmente chegaram e me queimaram... Eu não havia feito nada de ruim.

Alyss suspirou involuntariamente, mandando o vapor gelado de sua respiração para cima de Schrödinger, que tremeu levemente, provavelmente sentindo o frio que emitia da garota. Alyss imaginou que tipo de crianças poderia fazer aquilo com um gatinho tão inocente, e tão indefeso? Aquilo não era justo. Teriam feito só por diversão? Que tipo de diversão era aquela?

Seria a mesma que teria feito aquelas pessoas sentiram quando fizeram... Aquilo com ela?

Afastou os pensamentos e repreendeu a si mesma. Não era hora de ficar se lamentando, ainda mais com algo que havia acontecido há muito tempo. O Importante agora era cuidar do gato de Schrödinger. Alyss se levantou com cuidado, e com um pouco de dificuldade, já que tinha o gatinho nos braços, e começou a andar rapidamente na direção que a placa que vira mais cedo apontara, onde encontraria o Centro Pokémon e iria cuidar do Purrloin que tinha nos braços. O segurou do melhor jeito que pôde, mas mesmo assim, o bichinho ainda gemia baixinho de dor, e ela sentia sua blusa preta ficar molhada com o sangue de Schrödinger.

Assim que enxergou o prédio alto que era o Centro Pokémon, Alyss pôde ver milhares de outras coisas também, e finalmente, o silêncio da cidade começou a ser cortado. O resto da cidade parecia estar um caos. Várias pessoas com Pokémons estavam travando batalhas entre si, pessoas gritavam, e muitas corriam. Alyss pode ver carros de policia, mas vários dos policiais não estavam ao seu alcance de visão, ou provavelmente não estariam ali.

Parecia que todos estavam ocupados demais para notar que o Centro Pokémon estava em chamas.

***

Larysse tremeu, embora o calor fosse insuportável. As pessoas ao seu redor gritavam de terror, inclusive Satoru, que parecia ainda mais assustado que os outros. Aquilo tudo não estava assim tão confuso quanto ela podia pensar. Era um estranho “deja vu” que estava acontecendo, isso sim. Tudo o que ela havia visto quando havia encarando o ginásio de Amber pela primeira vez estava se mostrando que não era apenas sua mente pregando uma peça nela.

Quando olhara para o ginásio pela primeira vez, ela ficou parada como uma estátua, apenas observando, enquanto sua visão embaçava e com um flash de luz, enxergava o seu melhor amigo e companheiro de viagem sentado no sofá em L do Centro Pokémon do mesmo modo que estava agora, e então gritar. Vira a mesma garota de cabelos azuis de seu sonho entrar no Centro Pokémon com algum tipo de bichinho nos braços. Outro flash, e o Ninetales do homem saltou em direção a menina, mas não para cair em cima dela, e sim para fugir. Logo depois, como se ela tivesse virado a cabeça bruscamente, viu um homem todo vestido de preto e com uma máscara no rosto, tão grossa que mal dava para ver seus olhos. Ao redor dele, uma coluna de chamas que o Pokémon havia criado se levantava, e pôde ouvir a enfermeira Joy gritar.

Mais um flash e ela pôde ver Satoru gritando, com um Growlithe assustado enterrando a cabeça em seu peito, tão assustado quanto o garoto. Depois, ela viu a cidade por apenas um segundo, mas podia jurar que estava em caos.

Naquele dia, e naquele exato momento, Larysse soube que nada do que estava vendo era sua mente lhe pregando peças, e sim, a realidade. Gostaria de começar a ponderar o que estava vendo e porque soube antecipadamente que aquilo estava para acontecer, mas não conseguiu. Sua mente virou uma bagunça. Pensamentos para todos os lados, perguntas que geravam outras perguntas, e respostas que agora se mostravam não ter mais o mesmo valor que tinham antes daquilo estar acontecendo. O pânico se apossou dela.

Pegou a Pokeball de Khurtnney e retornou a Pokémon, com medo de que algo acontecesse com ela novamente. Se algo acontecesse, ela não poderia se perdoar, e muito menos o Ninetales do homem.

Aquele homem que se encontrava no Centro Pokémon e deixara Satoru daquele jeito não era um homem bom, e sim o tipo de pessoa que via nos noticiários. Era o tipo de pessoa que a vida toda fora ensinada a temer, o tipo de pessoa que os pais sempre alertavam para ter cuidado e temiam que algum dia a menina fosse encontrar.

Por quê? Porque ela havia encontrado um homem como aquele? Aquilo era coisa que aconteciam com as outras pessoas. No noticiário, sempre via coisas assim, o que a levou a crer que os outros eram vitimas, e não Larysse. Porque ela seria uma? O que ela teria de especial para torná-la uma das vitimas, uma das pessoas azaradas que aparecem no noticiário?

Uma prova concreta daquilo era o próprio Satoru. Ela ainda se lembrava do dia em que o noticiário havia passado uma reportagem especial dedicada a ele, e ouvira exatamente o que havia acontecido com o menino. Torturado e estuprado por membros da Equipe Rocket que invadiram sua casa. É claro que na época não havia dado importância para aquilo, e muito menos sabia o que significava ser estuprado. E tentava não da importância para aquilo e não perguntar ao menino, por mais que tivesse curiosidade. Não parecia coisa que se faz com alguém que tinha acabado de conseguir superar um trauma.

Mas novamente, esse tipo de coisa acontecia com os outros, e não com ela.

Enquanto Ninetales manteve seu fogo, o calor insuportável perto deles continuou. Satoru estava ainda mais perto, então provavelmente estava sentindo ainda mais calor do que ela. O menino saiu dali e se aproximou de Larysse, enquanto pegava rapidamente a Pokeball de Typhon e o retornava. Tentou fazer o mesmo com Growlithe, mas o cão enterrou o rosto em seu peito, assim como Larysse havia visto antes, o que impediu Satoru de tentar pegar a Pokeball que pertencia a ele.

O calor se intensificou mais ainda. Clair gritou, e a enfermeira Joy também, assim como todos os outros treinadores que estavam ali no momento. Estes rapidamente se levantaram e procuraram sair do centro, o qual, estranhamente, o homem que estava ali no Centro e seria o dono do Ninetales permitiu. Quando Clair passou por eles e tentou seguir o exemplo, chamando as crianças para lhe seguirem, o homem finalmente se mexeu e se postou na frente dela, impedindo sua passagem. Somente a figura assustadora dele foi o bastante para que Clair hesitasse e mudasse de ideia.

Larysse não se mexeu. A raposa enorme dele continuou a jogar as chamas para todos os lados, exceto onde as crianças estavam, como se não quisesse machucá-los.

Subitamente, as chamas pararam seu caminho, a poucos metros da escada que levava ao segundo andar, deixando tanto o Ninetales quanto o Cavaleiro do Manto negro surpresos. A raposa e seu treinador olharam em direção a porta do Centro, e uma menina se encontrava ali. Larysse ofegou.

Ela era alta, e parecia ter a idade de Clair. Vestia uma blusa negra sem estampas, e uma calça jeans escura, complementado com um par de All star brancos. Sua pele era branca, mas não era exatamente pálida. Em seus braços, havia um gatinho roxo de pêlo espetado, com o rosto enterrado em seu peito, parecendo extremamente assustado. Seus cabelos eram longos, num liso ondulado que condizia exatamente com os sonhos de Larysse. Aquela era a menina que vira em seus sonhos, a garota que achou que seria uma simples pessoa que havia visto em sua infância, mas não se lembrava, e então o cérebro havia criado um sonho e por acaso, colocado-a nele.

Como era possível aquela garota estar ali?

E com ela ali, significava apenas uma coisa: Aquilo não fora um sonho. Não podia ser um sonho.

A garota encarou o Cavaleiro com um olhar duro. Por um momento, o homem continuou com uma expressão de surpresa, como se não acreditasse que aquilo pudesse estar acontecendo com ele, mas logo arrumou a expressão, e um sorriso macabro tomou seu rosto.

As chamas paralisadas da raposa de nove caudas do Cavaleiro sumiram no ar, como se nunca tivessem existido, e então o enorme Pokémon pode se mexer de novo. Rosnou de leve para a garota de cabelos azuis, e então saltou na direção da porta, mas pareceu mais ser na direção da garota, como que para atingi-la ou algo assim. O Ninetales caiu ao seu lado, e logo saiu do Centro pela porta automática, tão perto da garota que ela cambaleou para o lado, procurando se afastar dele o máximo possível. Logo, o Cavaleiro correu para junto dele, numa velocidade tão grande que Larysse se surpreendeu e se perguntou como aquilo era possível.

– Tem mais alguém aqui? – Perguntou a menina, ainda segurando o gatinho roxo assustado nos braços. Os olhos dela também eram roxos, do mesmo tom em que vira em seus sonhos. Exatamente os mesmos.

– Sim. – Respondeu a Enfermeira Joy, encolhida num canto. – Tem treinadores no segundo e terceiro andar.

Ela murmurou um palavrão, e foi até a Larysse e Khurtnney. Entregou o gatinho roxo para ela, dizendo:

– Eu vou lá buscar essas pessoas. Cuide do meu Pokémon até eu voltar.

– C-certo! – Respondeu ela, e pegou o Pokémon da mais velha.

A menina correu para a escada, mas hesitou por um momento. As chamas continuavam queimando ali, destruindo rapidamente tudo o que era inflamável. Ela não esperou por muito tempo. Logo as chamas brilharam num tom verde azulado, mas mantiveram sua cor original, e saíram de lá em direção ao ar, flutuando. A garota de cabelos azuis não perdeu tempo e correu em direção as escadas. Logo, uma Pokémon a seguiu, passando tão rápido que tudo o que Larysse pôde ver dela fora um borrão amarelo e vinho, junto com um brilho verde azulado.

Todos ficaram imóveis por um segundo, principalmente Larysse. Nenhum deles tentou se mexer, apenas esperaram que a garota voltasse, já que estavam com seu Pokémon. Larysse olhou para o gatinho roxo, procurando se distrair do fogo ao seu redor. Ele parecia extremamente assustador, e agarrava a blusa da menina com as garras, causando uma leve dor em sua pele. Nunca havia visto esse tipo de Pokémon em toda a sua vida, nem mesmo na televisão. Ou talvez tivesse visto e não se lembrava. Mesmo assim, o gatinho roxo era irreconhecível para ela.

– Eu vou buscar as nossas coisas. – Anunciou Clair, e correu em direção as escadas. A enfermeira Joy gritou para que ela não fizesse isso, mas ela ignorou e cruzou as escadas, já que o fogo que a impedia de subir não estava mais lá.

– Quem é aquela garota? – Perguntou Larysse, sussurrando.

– É a Alyss. – Respondeu o gatinho, pegando a atenção da menina e de Satoru.

– Alyss? Que Alyss?

O Pokémon desconhecido levantou a cabeça e olhou para Larysse, confuso.

– Espera, você também pode me entender?

– Posso. – Ela apontou Satoru com a cabeça. – E ele também. Mas... Como assim “também”?

Ele não respondeu, apenas gemeu de dor e tremeu. O calor ao redor de Larysse continuou insuportável, mas ela ficou junto de Satoru, esperando que Clair e a garota que seria Alyss voltassem. Se perguntou que tipo de Pokémon seria aquele que a tinha seguido, e quem seria ela. O medo a impediu de correr para procurar por Clair ou por Alyss.

Não demorou muito para que várias pessoas começassem a descer as escadas rapidamente, carregando seus pertences. Era em torno de dez ou doze pessoas, ela não tinha certeza. Três das últimas ela reconheceu rapidamente: Drew, a primeira Alyss e Altaris. Assim que todas desceram, Clair surgiu, carregando duas mochilas nos braços e uma nas costas. Por fim, a garota de cabelos azuis apareceu. Assim que as pessoas chegaram no saguão, correram direto para a saída, com exceção do grupo de Altaris. Os três pararam e olharam para Larysse, Satoru e Clair.

A atenção da menina foi pega pela voz de uma Pokémon no pé da escada, que disse:

– E nem ao menos agradeceram...

A Pokémon era grande, alta e tinha uma forma bem parecida com um humano. O rosto era de uma raposa, e tinha grandes orelhas erguidas para os lados, todas numa cor parecida com o creme, porém em um tom mais aproximado do amarelo do que realmente o creme. O Interior era coberto por pêlos num vermelho bem mais escuro, provavelmente o vinho, Larysse não soube dizer. Era a mesma cor do que seria o cabelo da Pokémon, que caia em suas costas, liso ondulado como o da garota ao seu lado. A franja cobria o olho direito, mas ainda assim, podia ver que a cor dos olhos era verde água. Em sua cabeça, um enorme chapéu negro com uma ponta estranha estava ali, cobrindo boa parte do cabelo. Ao invés do chapéu terminar com uma ponta qualquer, ela descia, depois fazia uma curva até finalmente se mostrar uma ponta, com uma estrela brilhante nela, sendo erguida para o alto, o que era estranho. Não deveria ir para baixo, por conta da gravidade?

Seu queixo era branco, e descia até o peito, onde os pêlos mudaram para o mesmo tom do rosto, porém bem mais escuro, no que parecia ser uma grande blusa que ia até a cintura, onde começava uma grande quantidade de pêlos que parecia uma saia enorme, na cor vinho. Era tão grande que cobria até mesmo os seus pés e se arrastavam no chão. Mas estranhamente, parecia realmente uma saia enorme, e não apenas pêlos. Nas laterais desses pêlos, num vermelho mais claro, em cada lado, uma grande estrela de cinco pontas estava desenhada, com outra estrela pequena em cada ponta, da mesma cor.

Os braços da Pokémon eram na mesma cor que a saia, com exceção das mãos, que eram negras. Unhas longas podiam ser vistas, com uma ponta afiada, da mesma cor que o resto da mão. Em uma das mãos, ela segurava um enorme cajado marrom, parecendo ser feito de madeira, com uma esfera verde azulada brilhando na ponta. O cajado era apenas alguns centímetros maior que a Pokémon. A cauda parecia ter o mesmo comprimento. A metade superior dela era vermelha, enquanto a outra era na mesma cor do rosto. Dentro da parte vermelha da cauda, havia uma marca branca em forma de gota, e dentro dela, uma estrela negra.

Larysse olhou mais uma vez para Pokémon. Tinha uma forma tão... Humanóide, que ela se surpreendeu em não confundi-la com uma pessoa. E acabaria confundindo, se não fossem as orelhas, os pêlos e a cauda. Mas, além de estar surpresa com a aparência dela, se surpreendeu por ver aquele tipo de Pokémon em Sinnoh. Se Larysse estava certa, aquela Pokémon era uma Delphox, e com certeza não era nativo de Sinnoh.

Como se notasse o olhar da menina sobre ela, a Delphox olhou diretamente para Larysse, segurando seu cajado ao lado do corpo. Ela parecia assustadora, tanto pelo tamanho quanto pela aparência, embora fosse muito bonita.

– Vocês aqui? – Perguntou Altaris, tirando Larysse de seus devaneios. – Eu não os vi...

– Muito menos a gente. – Disse Clair, entregando a mochila para as crianças. – Vieram para tentar o ginásio?

– É, eu desafiei a líder ontem, e ganhei a insígnia.

Clair arregalou os olhos, surpresa.

– Não temos tempo pra isso! – Gritou a garota de cabelos azuis, interrompendo a conversa. – Temos que sair da cidade!

– O que? – Perguntou Clair, surpresa. – Por quê?

– Se vocês não quiserem morrer, temos que sair daqui, e rápido!

Assim que disse aquilo, a parte superior do balcão da enfermeira Joy caiu no chão, causando um som terrível, e então eles deram ouvidos à garota. Todos, com exceção da enfermeira, que sumiu em direção a porta que havia atrás de seu balcão destruído, correram para fora do Centro, com Alyss guiando-os. Sua Pokémon foi atrás deles, caminhando, como que para proteger o grupo caso algo acontecesse. Larysse teve que puxar Satoru pela mão e arrastá-lo consigo, ou ele não teria se levantado do sofá por si mesmo. Com uma das mãos, segurou o Pokémon da garota de cabelos azuis, e com a outra, segurou a mão da Satoru e o levou junto com ela.

Quando se aproximaram da porta, ao contrário do que pensou, ela não se abriu automaticamente. Se recusou a abrir, e Larysse pôde ver alguns cabos de energia soltando faíscas caindo de um buraco no teto perto deles, provavelmente os mesmos que estariam conectados a porta.. O medo tomou o corpo dela, fazendo-a tremer. Estavam presos ali, e iriam morrer. Isso não era possível.

Larysse não queria morrer. Não agora, e muito menos daquele jeito.

Alyss foi até a porta e tentou forçá-la a abrir, mas foi inútil. Ela nem ao menos tremeu ou moveu um único centímetro. Subitamente, um brilho verde azulado, da mesma cor que a esfera do cajado da Delphox tomou a porta inteira, e esta voou para fora do lugar, indo diretamente na rua e caindo a vários metros longe deles, espalhando vidro para todos os lados. Parte da parede havia ido junto, e vários cabos de eletricidade caíram, soltando faíscas. Imediatamente, Alyss correu para fora, e todos a seguiram, surpresos. Larysse olhou para a Delphox, mas ela não tinha nenhuma expressão que demonstrasse que estava percebendo a presença da menina.

Assim que estavam fora do centro, Larysse entendeu porque tinham que sair da cidade.

Estava uma bagunça. Pokémons e pessoas para todos os lados, a maioria vestidas de preto cobriam as ruas. As arvores que estavam em todos os lugares foram derrubadas e destroçaram casas e carros por perto. Pessoas gritavam e corriam para todos os lados, e várias casas estavam em chamas. Uma batalha era travada em cada canto, distraindo-os. Carros de policia estavam por todos os lados também, vários capotados e outros destroçados por arvores ou em chamas. O único que estava inteiro, logo fora destruído pelo ataque de um Pokémon que a menina não conseguiu identificar, e foi lançado para longe, causando um som terrivelmente alto.

A maioria das pessoas que estavam na rua vestia preto, e estavam com um capuz na cabeça, escondendo o rosto. Todas elas tinham um “R” estampado na frente da blusa, pequeno, mas ainda assim, bem visível. Era o mesmo “R” que estava no manto da pessoa que atacara Khurtnney há vários dias atrás, e que causara o envenenamento na Pikachu. Aquela letra só podia significar uma coisa: Equipe Rocket.

Mas não era apenas a Equipe Rocket que estava ali. Outros que pareciam ser aliados dos Rockets, vestiam ou vermelho, ou azul claro, escuro, ou branco. Muitas dessas pessoas estavam por aí, ou comandando Pokémons ou lutando com as pessoas. Ao invés de um “R” no manto em que vestiam, apenas um símbolo estranho era visto, um símbolo que era familiar para Larysse, mas ela simplesmente não conseguia se lembrar onde o vira. Não teve muito tempo para encarar o símbolo e descobrir de onde o conhecia. Alyss correu na frente dela, guiando o grupo para longe daquela bagunça. Larysse teve que segurar o gatinho roxo em seus braços com mais força para não derrubá-lo, e teve que pressionar sua mão contra a de Satoru para não acabar soltando-o. Desconfiava que o menino poderia correr por si só.

– Oktavia! – Gritou Alyss, enquanto corria. – Não deixe que ninguém chegue perto da gente!

– Certo. – Respondeu a Delphox, mas não deixou de correr atrás deles.

E cumpriu a ordem. Cada vez que algum Rocket ou uma pessoa de manto com o símbolo estranho chegava perto deles, no intuito de impedi-los de fugir, Oktavia simplesmente erguia sua mão, e a pessoa começava a brilhar na cor da esfera de seu cajado, e seu olho também brilhava. A pessoa era erguida no ar e jogada para vários metros longe deles, caindo no asfalto com o som de algo se quebrando. Larysse não queria nem pensar no que seria. Quando era algum Pokémon, ela o afastava do mesmo jeito, mas o som deles caindo não era o mesmo das pessoas.

Oktavia ia a frente, e de vez em quando, a Pokémon apontava uma direção, na qual Alyss virava e corria. Por fim, Alyss começou a mudar de direção por si mesma, e a raposa passou a correr mais perto da menina mais nova. O vento castigava seu corpo, e levantava seus cabelos castanhos para trás. A mochila em suas costas chacoalhava, causando um desconforto tanto pelo quando por bater constantemente em seu corpo, no ritmo em que ela corria.

Larysse não se lembrou de correr tanto em sua vida quanto naquele dia. Mas o pânico tomava conta dela, então, nem ao menos percebia que suas pernas doíam, e a respiração estava pesada. Corria muito para poder acompanhar o passo de Alyss, Altaris, Drew, Clair e a Alyss de cabelos azuis. O mesmo estava acontecendo com Satoru e Growlithe, que embora pudesse correr muito mais do que eles, preferiu ficar ao lado de Satoru. Enquanto corria, a menina pôde ver cada vez mais pessoas gritando, fugindo, ou lutando com seus agressores.

E o mais assustador de tudo eram os corpos que ela podia ver. Muitos eram de pessoas normais, outros eram de crianças, o que era muito mais assustador e horrível do que ela via nos noticiários. As pessoas estavam envoltas em uma poça do sangue, muitas delas caídas em ângulos estranhos, cheias de ferimentos.

Enquanto corria, motivada pela adrenalina e pelo instinto de auto proteção, não teve de pensar direito no que estava acontecendo, e nem mesmo em como a cidade poderia ter sido invadida. Mas Larysse imaginava que, se tivesse sido invadida, provavelmente seria uma parte longe da cidade, e foram tomando outras partes até finalmente chegarem ao Centro Pokémon onde se encontravam. Certamente haveria muitos outros Centros Pokémon na cidade, não é? Mas não pensou naquilo. Se concentrou apenas em correr, correr muito rápido.

Correr para salvar sua vida.

Cada vez mais que avançava na cidade, via mais vestígios de morte e destruição. Parecia que havia tantas pessoas como aquelas que vira quando saíra do Centro e Rockets por aí que nunca mais acabavam. Eram muito mais pessoas do que poderia imaginar. E mesmo que pudesse ver o que julgou serem milhares de Rockets e seus aliados, não encontrou o Cavaleiro do Manto Negro e muito menos seu Ninetales, e nem mesmo as outras pessoas que estavam no Centro Pokémon e haviam fugido antes deles.

Não conseguia acreditar que aquilo podia estar acontecendo, e não podia imaginar o por que. Parecia ser algo que aconteceria em um filme ou um livro. Ainda assim, era real demais para ser um pesadelo, e estava durando muito mais do que os normais. Pelo menos em pesadelos a menina podia ter certeza que o medo iria acabar. Mas ali, naquele momento, não parecia que iria acabar tão cedo assim. E piorava ainda mais ao saber que aquilo era a sua realidade.

Não soube por quanto tempo mantiveram aquele ritmo, apenas seguindo Alyss. Haviam passado por vários lugares que o grupo da menina mais nova havia passado para observar, que eram muito bonitos. Boa parte deles havia sido destruída, outras, como prédios com telas luminosas, ainda estavam perfeitamente bem, mas completamente fechados.

Ao longe, Larysse pôde ver a torre de TV. Lamentou estar saindo da cidade, porque ainda gostaria de vê-la e entrar para ver como os programas preferidos dela eram feitos. Lamentou também por não poder ficar naquela cidade tempo o suficiente para ir ao Contest, mas ao invés de continuar com isso, puxou Satoru e continuou correndo o máximo que pôde, embora suas pernas estivessem gritando para que ela parasse. Seu peito doía, e a respiração era difícil. O coração estava disparado, tanto de medo quanto do exercício forçado.

Quando achou que não poderia mais correr, viu um enorme arco de metal com os dizeres “Você está saindo de Jubilife. Volte sempre!”, o que a motivou mais ainda a continuar correndo. Voltar? Larysse não voltaria para aquela cidade tão cedo assim, pelo menos não enquanto a equipe Rocket estivesse ali.

Puxou Satoru para que ele acelerasse o passo, mas o menino parecia tão cansado quanto ela. Acabou reduzindo o próprio passo para não forçar o dele, mas não deixou que ele parasse de correr. Se ele parasse, Larysse teria que parar também, e se ela parasse, não iria ter mais forças para continuar. Já estava querendo desesperadamente descansar as pernas, e seria difícil continuar a correr quando tivesse o conforto de parar em algum lugar e se sentar.

Finalmente, quando cruzaram o arco e a estrada de terra começou, Larysse achou que a garota de cabelos azuis fosse parar, mas não foi isso que aconteceu. Oktavia apressou o passo e passou a correr na frente de todos eles, com o cajado erguido. A esfera brilhava fortemente, fornecendo luz o suficiente para que pudessem enxergar para onde estava indo. Tiveram que continuar correndo, mas num passo bem mais reduzido, num ritmo um pouco mais elevado que o de uma caminhada rápida.

A garota de cabelos azuis entrou na floresta, seguindo sua Delphox, que abria caminho onde fosse preciso. Continuaram assim por um tempo, até que finalmente encontraram uma clareira grande o suficiente para acolher todos eles. A menina parou, e permitiu que o grupo parasse também, então, Alyss se sentou no chão, ofegando fortemente. Cada vez que ofegava, um vapor branco saia de sua boca, como quando estava frio demais e podíamos ver a fumaça de nossa respiração no ar.

Quando Larysse parou, lutou para procurar ar e estabilizar a respiração, assim como todos os outros estavam fazendo. A área onde se encontrava seu pulmão ardia, pedindo oxigênio, e seu coração martelava em seu peito e seus ouvidos. Precisou de cerca de dois minutos para que seus batimentos cardíacos diminuíssem. Junto com eles, diminuiu também a adrenalina que cobria o corpo dela e havia motivado-a a continuar correndo para se salvar. Assim que esta sumiu por completo, pode sentir uma terrível dor em suas pernas, seus braços, em todo o seu corpo, principalmente nas pernas e nas costas, a qual tivera que levar todo o peso de sua mochila nelas.

Deixou-se cair no chão, porém com cuidado para não acabar derrubando ou machucando o gatinho roxo em seus braços. Este começou a tremer de frio, então a menina procurou uma blusa em sua mochila para cobri-lo.

Enquanto todos descansavam, a garota de cabelos azuis se levantou e saiu com uma lanterna na mão, deixando sua Pokémon ofegante junto com o resto do grupo. Finalmente, quando Oktavia se estabilizou, cravou seu cajado no chão e se sentou com as pernas cruzadas, ou pelo menos foi o que parecia.

Ninguém disse nada. Apenas ficaram ali, sentados, esperando sua salvadora voltar. Ao longe, podiam ver os prédios altos de Jubilife e as luzes, e, se não estivesse fora da cidade, Larysse poderia jurar que ouviria os gritos das pessoas.

Não demorou muito para Alyss voltar, trazendo lenha em seus braços. Se sentou, e arrumou uma fogueira. De repente, a lenha que Alyss arrumara entrou em chamas, porém não eram chamas comuns. Eram da mesma cor que o brilho da esfera que havia no cajado de Oktavia, tão brilhante quanto à luz fornecida por ele. Em seu núcleo, a cor era bem mais clara e se Larysse não estivesse enganada, pôde ver vestígios de amarelo e rosa, mas não teve certeza.

– Oktavia! – Exclamou Alyss, lançando um olhar duro para a raposa.

– De nada. – Respondeu ela, com um sorriso travesso.

A garota de cabelos azuis bufou, mandando mais fumaça branca para o ar. Por fim, ela observou o grupo, pairando seu olhar em Larysse por um momento, provavelmente por causa do gato em seus braços. Os olhos roxos dela eram realmente bonitos.

– Q-Quem é você? – Perguntou Satoru, falando pela primeira vez desde que o Cavaleiro aparecera no Centro Pokémon. Seu Growlithe estava em seu colo, recebendo carinhos constantes do menino.

– Eu sou a Alyss. – Respondeu ela, piscando. Seus olhos roxos tinham o mesmo efeito estranho que os olhos de Altaris, parecendo brilhar. – Eu sou uma treinadora Pokémon. E quanto a vocês?

Um momento de silencio se passou entre eles, e um olhava para o outro, esperando que alguém começasse a se apresentar. Finalmente, Satoru revirou os olhos e disse:

– Eu sou o Satoru, e também sou um treinador.

Outro momento de silêncio se instalou. Todos ainda pareciam meio hesitantes em falar com a garota incomum. Por fim, Larysse se apresentou, e depois, respectivamente, Clair, Drew, Altaris e a Alyss de cabelos negros se apresentaram. Novamente, Satoru falou, ainda hesitante e parecendo assustado:

– Obrigado por... Nos salvar. Eu acho. – As duas últimas palavras ele falou baixinho, mas foi alto o suficiente para que Larysse, que estava ao seu lado, ouvisse.

– Por nada. – Respondeu ela, e então deu um sorriso, mas não parecia haver graça. - Que azar, não é?

– Como assim? – Perguntou Drew, franzindo o cenho.

– Quer dizer, eu mal chego a Sinnoh e já acontece isso. É sempre assim por aqui?

– Na verdade não. – Respondeu Altaris, olhando fixamente para o chão parecendo distraído. – Só está assim por causa da Equipe Rocket. Provavelmente acabou a pena deles ou fugiram da prisão...

Satoru estremeceu. Alyss ponderou por um momento, passando um dedo por uma mecha azul e enrolando-a em seu dedo.

– De onde você é? – Perguntou Altaris, dessa vez olhando para ela. – É que você disse que “mal chegou a Sinnoh”... – Ele fez aspas com os dedos.

– Eu vim de outro continente. – Explicou ela, tirando uma caixinha de sua mochila. Uma caixinha de primeiros socorros. – De Unova. Eu morava em Nimbasa, não sei se conhecem, mas...

– E porque veio pra cá?

– Na verdade eu vim me encontrar com uma amiga para resolver umas coisas... E vou aproveitar para ter uma jornada aqui também. Mas acho que não comecei muito bem...

– Você foi pra Kalos também? – Perguntou Larysse, olhando para Oktavia. Os olhos dela permaneciam fechados, mas sua orelha tremia de leve na direção em que os sons das vozes e da floresta. Ela parecia meditar ou algo assim. – É que Delphox não são muito vistas em Sinnoh...

– É... Mais ou menos isso. – Sorriu a menina. Sua Pokémon não teve reação alguma.

Alyss se levantou e foi até Larysse, levando consigo a caixinha de primeiros socorros que havia pegado de sua mochila. A menina franziu o cenho, confusa com a aproximação da garota mais velha. Percebendo, ela piscou, e então sorriu.

– Eu só vou cuidar do Schrödinger. – Disse ela, e apontou para o gato roxo em seus braços. – Pode segurá-lo pra mim enquanto eu cuido dele?

Larysse simplesmente assentiu, e então tirou a blusa que havia colocado no gatinho. Ele abriu os olhos e encarou a menina. Seus olhos eram dourados, mas as pupilas estavam grandes e redondas, para que pudesse enxergar melhor no escuro, mesmo com a iluminação da fogueira de cor incomum e o cajado brilhante de Oktavia. Larysse colocou o Pokémon em seu colo com cuidado, de um modo que ficasse de pé e de frente a menina de cabelos azuis, a pedido dela mesma. Só depois que fez isso que percebeu as queimaduras em suas patas.

Alyss franziu o cenho e hesitou por um momento. Aquele machucado não estava bem pior há pelo menos uma hora atrás? Ou talvez duas, ela não tinha uma noção exata do tempo que havia se passado. A queimadura parecia bem pior antes, mas agora não parecia tão ruim assim, mas ainda ficaria uma bela cicatriz. Isso era estranho. Ou Schrödinger tinha uma super regeneração ou havia se passado muito mais tempo do que ela imaginara.

Não, isso não era possível. Não poderiam ter corrido por tanto assim, por mais que a cidade fosse grande, não era possível. Aquilo continuou na sua cabeça enquanto limpava o sangue das feridas, fazendo o Purrloin gemer baixinho enquanto suas feridas eram limpas.Depois, Alyss pegou uma pomada para queimaduras e passou na pele com cuidado. Aquilo não era um tratamento de um Centro Pokémon, mas tudo bem, ia dar certo por um tempo. Ainda assim, ela preferia um Centro Pokémon. Depois disso, fez uma cama improvisada para ele com uma de suas blusas e o deixou lá, dizendo para ele tomar cuidado para não tirar a pomada das patas por acidente.

Notou o garoto de cabelos vermelhos conversando baixinho com o que seria a outra Alyss e o menino mais novo chamado Drew, enquanto Clair estava ocupada arrumando seu saco de dormir. Já Satoru olhava fixamente para a frente, acariciando o Growlithe em seu colo, enquanto Larysse olhava preocupadamente para ele, mas o menino não pareceu notar.

Alyss se sentou ao lado de Schrödinger, e se perguntou o que deveria fazer. Sua amiga não estava no Centro Pokémon que ela encontrara, e voltar a Jubilife para procurá-la seria inútil. E se bem conhecia a amiga que tinha, nesse momento, ela não estaria mais na cidade. Provavelmente estaria procurando por ela, ou algo assim, mas, do mesmo jeito, não deixou de sentir uma pontada de preocupação por ela. Mas talvez pudesse encontrar Alyss com facilidade.

Será que deveria ficar com o grupo até sua amiga encontrá-la ou deveria seguir viagem pó si mesma? Não tinha nenhum compromisso com eles, então não tinha sentido ficar ali. Por fim, a menina decidiu ir embora antes do amanhecer.

Encontraria sua amiga em algum lugar naquele continente, e descobriria quem eram aquelas pessoas como ela, que podiam entender a fala dos Pokémons, assim Omo Alyss podia.

E acima de tudo, pessoas que tinham habilidades únicas, assim como ela.

Coisas que as tornavam únicas.


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Notas finais do capítulo

Alguém aí percebeu a referência? Huehuehue Eu adoro a Oktavoia da Alyss



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