Será...destino? (hiato) escrita por kanny


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá moças do meu Brasil!!! Primeiramente muito obrigada pelos comentários, venho amando... vim mais cedo postar mais um capítulo para vocês.. por que o próximo só postarei no final da semana que vem. Essa semana não terei tempo nem para respirar na minha vida em off, então vim logo postar. Espero muitos comentários..beijos a todas e obrigada mais uma vez.



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Capítulo 6

Os dias se passavam. Já fazia mais de uma semana que eu estava aqui nessa ilha. Eu já tinha criado uma rotina. Acordar, arrumar a casa, ajudar Edward a colher e preparar nosso alimento. De dois em dois dias íamos pescar. Também tinha meus banhos na cachoeira. Ele me mostrou um pouco mais da ilha. Ficávamos até tarde conversando antes de dormir e acordávamos para fazer as mesmas coisas. Edward sempre me perguntava sobre sua família. De como eles estão, o que fazem. E eu contei tudo o que eu sabia. Ele ficava emocionado quando eu falava de Esme. Edward era uma boa companhia. Ficamos muito amigos nestes dias. Mas havia momentos horríveis como ter que ir fazer minhas necessidades no mato e me limpar com folhas. Que saudade do meu papel higiênico. A gente só dá valor às coisas quando as perde. Também sinto muitas saudades de casa, das pessoas que eu amo, e do meu trabalho.

Um dia, acho que era sábado, aqui se perde a noção dos dias. Eu e Edward fomos para a praia pescar. Agora eu o ajudava, ou pelo menos tentava. Estávamos nos paredões rochosos pescando. Foi quando eu vi uma coisa preta boiando na água perto dos paredões. Era uma mala. Eu apontei para Edward ver e ele pulou na água para buscar. Resolvemos voltar para a praia. Pegamos os peixes que já havíamos pescado, e as outras coisas que levávamos. Eu saí empurrando a mala até a areia. Assim que alcancei à areia eu corri para abrir a mala. Estava cheia de água dentro. Havia algumas poucas roupas. Tanto de homem quanto de mulher. Era uma mala grande com várias repartições. As roupas femininas eram mais largas que as minhas, mas as de homem serviam perfeitamente em Edward. Havia sandálias, mas agora a feminina era do meu tamanho, 36. Já a masculina era um número maior do que a de Edward. Havia perfume, um pacote de absorventes, um álbum de fotos, dois lençóis, um azul e outro verde, toalhas de banho, alguns embrulhos de presentes, um saquinho com peças intimas, um estojo de barbear ainda na embalagem, dois sabonetes, um livro “O monte dos ventos uivantes” e alguns folhetos de viagem. Do lado de fora da mala havia uma etiqueta do avião com o nome do dono da mala, Victória Smith.

- Obrigada senhor! – eu gritei e comecei a pular de alegria. Edward me olhava à distância e ria muito. – Edward foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos dias.

- Ok. Agora vamos que esta ficando tarde. – eu concordei e sai arrastando a mala com dificuldade floresta adentro.

Chegamos a casa e fomos prepara nosso almoço. Eu coloquei as coisas da mala para secar no sol. E ficamos por lá conversando e comendo nosso almoço. De tardezinha o tempo começou a fechar retiramos as coisas do lado de fora e fomos tomar logo nosso banho na cachoeira. Quando voltamos para casa mal entramos e começou a chover. A chuva começou fraquinha e foi se tornando forte. Ficamos da parte coberta da casa observando a chuva cair. Edward ficava colocando o cabelo para trás e o cabelo ia pra frente. Ele colocava para trás e o cabelo ia para frente. Eu comecei a me agoniar com aquilo.

- Vem cá que eu vou cortar esse seu cabelo. E essa barba também. – eu disse autoritária.

- Mas... – ele começou a falar, mas eu o cortei.

- Mas nada! Vem. – peguei uma faca perto do fogão. Edward estava sentado, eu me ajoelhei em frente a ele e comecei a corta seu cabelo. Era mais fácil se eu tivesse uma tesoura, mas a faca servia. Ele me olhava divertido. Terminei com seu cabelo o deixando bem mais curto, mas não o deixei careca, pois ele não queria. O cabelo ficou bem melhor, dava até um charme, aquele cabelo um pouco grande ainda e meio bagunçado. Comecei a cortar a barba. A deixei o mais ralinha que consegui, mas com cuidado para não fazer nenhum buraco. Depois com o estojo de barbear que havia encontrado na mala retirei por completo sua barba. Notei que seus lábios eram volumosos e rosados. Seus olhos eram de um verde intenso, da cor de esmeralda. Edward era um homem muito bonito, apesar de tudo.

- Edward, você já beijou?  – eu perguntei do nada.

- Por que a pergunta? – ele disse franzindo a testa.

- É claro que não. Quem você beijaria aqui? – eu disse lembrando do fato de só termos nós dois aqui nessa ilha. -- Por nada. É que como sou sua amiga eu tenho que te dizer que beijar é muito bom e você simplesmente está perdendo isso. Você perdeu muita coisa na sua vida. - Achei que Edward responderia só que ele ficou quieto por alguns instantes e depois falou.

- Eu me lembro de ter visto minha mãe e meu padrasto se beijando algumas vezes. E também vi em alguns filmes. Mas é nojento. Duas pessoas colocando a língua um na boca do outro. Argg! – ele disse com repulsa.

- Mas você não tem curiosidade? Não se pergunta como é? – eu quis saber.

- Não sei... Como é? – ele falou pensativo.

- É algo indescritível. Te garanto que é uma das melhores coisas do mundo. Dependendo da pessoa e dos sentimentos envolvidos pode ser uma experiência maravilhosa. Você sente um friozinho no estômago de ansiedade. Milhares de coisas passam por sua mente e pelo seu corpo. Muitos escutam sinos tocando, não sentem mais o chão aos seus pés. Outros não enxergam e nem escutam mais nada ao seu redor, só a pessoa que está lá com você.  É meio complicado de explicar. É mais fácil fazer.

- Você está exagerando. Não acho que tenha nada de muito maravilhoso em ver duas bocas se beijando. – ele disse

- Eu não estou exagerando não. É verdade. – eu disse e ele sorriu.

- Unhum. Sei. – ele falava incrédulo.

- Não duvida. É sério! – eu disse e ele riu. – Olha que eu estou armada.

- Calma. Calma. Eu não estou duvidando de nada. – ele disse cinicamente.

- Eu vou provar pra você! – eu disse e ele parou de sorrir. – Dá licença?

- Pra quê? – ele parecia nervoso.

- Pra isso. – Coloquei a mão em sua nuca e puxei seu rosto para mais perto, selei nossos lábios. Ficamos de olhos abertos. Edward espantado e eu querendo ver sua reação. Mas ele não se moveu. Seus lábios eram quentes e macios. Afastei um pouco seus lábios dos meus. Ele continuava surpreso e um pouco corado.

- Viu não tem nada de tão espetacular. – ele afirmou.

- Esse não valeu. – eu disse. – Foi muito rápido. Me deixa tentar de novo.

- Ãnh? Eh..quer dizer... Ok. – ele finalmente aceitou.

- Ok. – aproximei meu rosto do seu novamente. – fecha os olhos.

- Por quê? – ele perguntou.

- Fecha os olhos. – ele fechou e eu me aproximei mais ainda, selando nossos lábios. – abre um pouco a boca. – eu sussurrei e vi que ele se arrepiou. Eu voltei a beijá-lo e aos poucos fui aprofundando o beijo. Suguei seu lábio inferior e Edward estremeceu novamente.  Coloquei minha língua dentro de sua boca, e ele a chupou com suavidade. Suas mãos foram para minha cintura me fazendo aproximar ainda mais dele. O beijo foi se tornando intenso. Para um primeiro beijo Edward estava se saindo maravilhosamente bem. Puxei de leve os seus cabelos e ele gemeu baixinho. Suas mãos acariciavam minhas costas me fazendo arrepiar. Os lábios dele eram tão quentes, tão macios. Sua boca tinha um gosto diferente dos que eu já senti. Era extremamente saborosa. Eu sentia como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo, uma estranha sensação, mas definitivamente prazerosa. Nossos corpos já estavam implorando por oxigênio. O beijo aos poucos foi se tornando suave e calmo. Até que separamos nossas bocas.

- E aí? O que achou? – eu perguntei enquanto recuperava o fôlego.

- Eh... Nunca mais eu duvido de nada que você disser. – ele disse ofegante e super corado. Eu não aguentei e ri muito.

- Eu disse. – ele estava super sem graça, mas com um brilho diferente no olhar. A chuva estava muito forte e começava a ventar. O tempo estava esfriando rapidamente. – É melhor nós entrarmos.

- Claro. – ele concordou e nós fomos para o quarto.

Ele se deitou na esteira no chão e eu fiquei na cama que era um pouco suspensa. Primeiro fomos checar os lençóis como sempre para não ter nenhuma surpresa desagradável, como uma aranha, cobra ou quem sabe até escorpiões. Ai! Vida selvagem!

Estava escuro, ventava muito forte e começou a relampear. O vento fazia um som estranho quase como um uivo. O frio estava intenso. Enrolei-me o Maximo que pude nas cobertas. Não conseguia dormir. Escutei uns barulhos baixinhos, quase como um sussurro. Era Edward. Ele estava no chão e com a claridade dos relâmpagos dava para ver que tremia de frio. Ele parecia estar dormindo, mas seu corpo tremia muito. Ele estava com apenas um lençol fino e vestido com um blusão de moletom meio rasgado. Fiquei desconfortável com aquela situação. Eu cheguei e tomei a cama dele o fazendo ir dormir no chão. Ele cuidava de mim, me ajudava em tudo, eu não podia simplesmente me virar e dormir como se não estivesse vendo aquilo. Desci da cama de palha e fui até onde Edward estava. Fui andando devagar para não tropeçar, pois estava escuro.

- Edward? – eu chamei baixinho para não o assustá-lo. – Edward?

- Bella? – ele disse confuso.

- Vem pra cá. Você está tremendo de frio. – eu disse o puxando para a cama.

- Não precisa Bella. Eu já estou acostumado. – ele falou, mas ainda tremia.

- Cala a boca e vem. – eu o puxei e ele veio, pegou o lençol dele do chão e se sentou na cama.

- Sério Bella. Não precisa. Eu durmo no chão. – ele tentou me fazer mudar de ideia.

- Deita aí. Você está tremendo de frio. Se você ficar doente como é que eu fico? Eu agora só tenho você Edward. Literalmente. – eu disse pensando na possibilidade de um dia ficar sozinha nessa ilha.

- Tudo bem. – ele disse e nos deitamos. – Boa noite. – Edward disse se aconchegando melhor as cobertas, o calor do seu corpo mesmo através dos lençóis era uma coisa boa.

- Boa noite. – eu disse fechando os olhos para dormir.

Acordei com o dia ainda nascendo. Não estava mais chovendo, mas o céu continuava nublado. Edward ressonava ao meu lado. Levantei-me cuidadosamente para não acordá-lo. Eu estava vestindo uma blusa de mangas compridas que achei dentro da mala que encontramos na praia.  Eu estava me sentindo estranha. Olhando para Edward me lembrei do nosso beijo ontem. Não sei explicar o que eu senti naquele momento. Mas algo dentro de mim se ascendeu. Uma sensação de paz e felicidade me atingiram como uma flecha.

Saí bem devagar de dentro da casa. Não sabia bem o que fazer nem para onde ir, já que minhas possibilidades estavam bem limitadas. Resolvi ir até a praia. Eu não sei, mas algo naquele beijo mexeu comigo. Deve ser a apenas essa angustia ou a perspectiva de nunca mais sair dessa ilha. Andei pelo caminho já conhecido por mim, rumo à praia. O mar estava agitado. Grandes ondas quebravam no paredão que formava uma espécie de piscina natural na praia. Sentei-me em uma das tantas pedras que havia ali, e fiquei apenas de observar o mar.

Passei muito tempo ali, sentada, sem pensar em nada. Depois de algum tempo, lembranças começaram a vir à mente. Meus pais, meus amigos, minha segunda família, meu apartamento. Momentos felizes e tristes pelos quais passei na vida. As saudades que eu sentia de todos. A vontade de poder contar a Esme, que é como uma mãe para mim, que o filho dela está vivo. E está aqui comigo. Mas provavelmente nunca terei a oportunidade de falar. Por que eu não morri naquele acidente? Por que eu tinha que vir parar nessa ilha isolada do resto mundo? Por que aquele beijo mexeu comigo? Uma música me veio à cabeça. Foi uma música que depois de algum tempo que meus pais morreram eu escutei em uma rádio e me tocou o coração. Eu lembro que chorava todas as vezes que a escutava tocar em algum lugar. Comecei a cantá-la baixinho, e as lágrimas logo escorreram pelo meu rosto.


My Immortal

I'm so tired of being here

Suppressed by all my childish fears

And if you have to leave, I wish that you would just leave

'Cause your presence still lingers here and it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears

When you'd scream I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me

You used to captivate me by your resonating light

Now I'm bound by the life you've left behind

Your face it haunts my once pleasant dreams

Your voice it chased away all the sanity in me

These wounds won't seem to heal

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears

When you'd scream I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone

But though you're still with me

I've been alone all along

When you cried I'd wipe away all of your tears

When you'd scream I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me

  Meu Imortal

Estou tão cansada de estar aqui

Reprimida por todos meus medos infantis

E se você tiver que ir, eu desejo que vá logo

Porque sua presença ainda permanece aqui, e isso não vai me deixar em paz

Essas feridas parecem não cicatrizar

Essa dor é tão real

Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos

E segurei sua mão por todos estes anos

Mas você ainda tem tudo de mim

Você costumava me cativar com sua luz ressonante

Agora sou limitada pela vida que você deixou pra trás

Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis

Sua voz expulsou toda a sanidade que havia em mim

Essas feridas parecem não cicatrizar

Essa dor é tão real

Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos

E segurei sua mão todos estes anos

Mas você ainda tem tudo de mim.

Eu tentei com todas as forças dizer à mim mesma que você se foi

E embora você ainda esteja comigo

Eu tenho estado sozinha por todo esse tempo

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos

E segurei a sua mão todos estes anos

Mas você ainda tem tudo de mim.

POV Edward

Acordei cedo, e de olhos fechados pude sentir que o tempo ainda estava bem nublado, mas já não chovia. Senti uma coisa fofa embaixo de mim e lembrei que dormi na minha cama, que agora era ocupada por Bella. Não que eu esteja reclamando de estar dormindo no chão, longe disso. Por mim eu dormiria até debaixo da água. A alegria que eu sinto por ter Bella aqui, comigo, vale a pena qualquer sacrifício. Ainda de olhos fechados lembrei do beijo de ontem. Nunca que eu poderia imaginar que uma coisa que eu achava tão repugnante como duas pessoas trocando saliva, seria tão deliciosamente prazerosa. Um turbilhão de emoções se apossaram de mim naquele momento. Curiosidade, medo, desejo, ansiedade, tudo ao mesmo tempo. Quando Bella decidiu que iria cortar meu cabelo e minha barba fiquei nervoso. Bella não é o que se pode chamar de pessoa coordenada. Ela vivia caindo, tropeçando, esbarrando em tudo o que aparecia em sua frente. Não sei como ela conseguiu sobreviver vivendo em uma cidade tão movimentada como Nova York.

Abri meus olhos esperando ver Bella dormindo tranquilamente. Mas ela não estava lá. Sentei-me na cama e fiquei pensando. Aquele beijo que Bella me deu ontem estava vivido em minhas lembranças. O toque suave de seus lábios nos meus. O seu hálito quente me fazia arrepiar. O gosto de sua boca, seus movimentos delicados, porém intensos. Meu coração acelerado, meu corpo tremente, minha reação ao seu toque. Bella é uma mulher linda, de traços delicados e curvas perfeitas. Sua pele suave como pétalas de uma rosa. Seus olhos verdes e profundos me fascinaram desde a primeira vez que os vi quando a encontrei na praia. Depois do beijo quando fomos dormir, confesso que eu estava muito envergonhado. Estava chovendo muito, relampeava e o frio fora intenso. Deitei-me em minha esteira no chão da cabana, depois de ter colocado um velho blusão de moletom que era do meu pai. Me cobri, e fechei os olhos para dormir. O frio só piorou, ainda consegui cochilar, pois estava cansado. Mas fui acordado por Bella me chamando. Eu estava tremendo, Bella me fez ir dormir na cama com ela. Eu não queria ir, mas ela disse que não queria que eu acabasse adoecendo e como ela ficaria sem mim? Eu resolvi ir, pois se algo me acontecesse, como eu poderia cuidar e proteger Bella. Como eu a deixaria sozinha vivendo nessa ilha? Eu não poderia nem imaginar ver Bella passando por todo o sofrimento, medo e aflições que eu passei vivendo sozinho aqui por tantos anos. Me ajeitei ao seu lado sem interferir em seu espaço. O calor que emanava do corpo de Bella aquecia tanto o meu corpo quanto o meu coração. Algum tempo se passou e eu não havia conseguido fechar os olhos. Bella dormia tranquilamente ao meu lado. Fiquei apenas de escutar sua respiração leve, ver os movimentos do seu corpo, seus cabelos bagunçados, sentir seu cheiro. Em pouco tempo acabei dormindo.

Onde será que ela foi? Pensei comigo mesmo. Levantei- me e fui ver do lado de fora, ela não estava lá. Passeia gritar chamando seu nome. Ela nunca acorda antes de mim e não sai sem avisar. Gritei mais algumas vezes e nada dela. Fui até a cachoeira, nenhum sinal. Andei até a horta, e novamente nada de Bella. Ela não sairia sem destino pela mata, principalmente eu não estando por perto. Não havia animais perigosos na ilha, quer dizer, apenas cobras, aranhas e escorpiões. O último lugar onde me lembrei de procurar era a praia, mas o que ela estaria fazendo na praia? O tempo está nublado e o mar provavelmente agitado.  Corri até a praia, cheguei lá ofegante, mas lá estava Bella. Sentada em uma pedra, olhando para o mar e cantando uma música triste.

Ela não me viu chegar. Fiquei apenas a observando. Alguma coisa lhe entristecia. Ela terminou a música e enxugou as lágrimas que desciam pelo seu rosto. Resolvi me aproximar, ela estava compenetrada demais olhando para o mar. Ela notou minha presença, olhou para mim com seu rosto vermelho de tanto chorar, e voltou sua atenção ao mar. Sentei-me ao seu lado, e em silêncio ficamos parados ali.

- Você está bem? – eu perguntei depois de um tempo ali.

- Não. – ela disse baixinho.

- Quer falar sobre isso?

- Saudades... – ela sussurrou – muitas saudades. Dos meus pais, dos Cullens, Alice, do meu trabalho, meus amigos, minha vida entende?

- Claro que sim. É o mesmo que eu sinto.

Eu sei. É que eu estava tão feliz, eu estava realizada profissionalmente. Minha vida pessoal estava bem. Eu estava saindo de férias para o lugar mais bonito do mundo. Estava tudo tão bem.. E do nada me vejo perdida nessa ilha esquecida do mundo. – ela falava e as lágrimas caiam pelo seu rosto. – A única coisa boa foi ter te encontrado. Meu Deus como eu queria poder dizer a Esme que eu encontrei o filho dela. O filho por quem ela chora a morte e que está vivo. Ela ficaria tão feliz Edward...

- Eu imagino. E sinto muito pelo que você está passando. Eu sei que não é fácil. Eu mesmo levei muito tempo para me conformar com essa situação. – eu disse sincero. – Mas posso te contar um segredo?

- Claro.

- Você... Você é um milagre. A melhor coisa que já me aconteceu na vida. Eu não estava mais aguentando. Não sei por quanto tempo mais eu conseguiria suportar a solidão que me assolava. Eu já havia planejado diversas formas de acabar com minha vida de uma vez por todas. Mas aí você me apareceu e trouxe vida a essa minha existência. Não sei que brincadeira foi essa do destino de te trazer para cá. Justo você que é praticamente da minha família, já que viveu com minha mãe e meus irmãos. Mas agradeço todos os dias por ter você aqui comigo. – eu terminei de falar e sem querer já estava com os olhos marejados.

- Oh Edward. – ela disse baixinho e me abraçou. Meu corpo estremeceu com o contato. Me inundou de paz e tranqüilidade.

- Muito bonita aquela música. Você canta bem. – eu falei após alguns minutos.

- É My Immortal do Evanescence. – ela disse. – É uma banda muito famosa e as músicas são assim... Um pouco melancólicas. E essa é a música que mais me lembra meus pais.

- Entendo. – eu disse, - Eu perdi tantas coisas na minha vida. Músicas, bandas, filmes, as experiências da adolescência. O colégio, ir para uma faculdade... e tantas outras coisas.... Mas o que se pode fazer não é?

- Eh.. Ninguém pode fugir do destino. – Bella disse pesarosa.

- Isso me lembra uma coisa que meu pai sempre dizia. “Cada pessoa já nasce com o livro de sua vida escrito pendurado no pescoço e ninguém pode mudar os desígnios de Deus.”

- Pois é. Vamos pra casa? Eu estou com fome. – ela disse sorrindo e levantando-se.

- Vamos, eu também quero comer. – eu falei e nós seguimos em direção a casa.

Passamos o resto do dia conversando, comendo e fazendo alguns afazeres. Não precisávamos pescar hoje e ainda havia muitas frutas em casa. Apenas buscamos água para beber e cozinharmos. Choveu muito durante a tarde e o começo da noite. Então eu e Bella ficamos conversando por um bom tempo.

- Me deu uma vontade de comer chocolate. — Bella disse de repente a noite enquanto olhávamos a chuva cair. – Nossa consigo até sentir o cheiro.

- Nem me lembra. Eu morro de saudades de comer chocolate, pizza, ovos com bacon...

- Pára! Tá me deixando triste. – Bella falou e depois riu.

 - Desculpe -- eu disse rindo.

- Queria meu notebook aqui. – Bella disse. – Tô com uma saudade de entrar no meu facebook.

- Face.. O que? – eu perguntei confuso.

- Facebook. É uma rede de relacionamentos na internet. – ela explicou. – Existem várias, mas as que eu tenho são facebook, Orkut, twitter, badoo, Myspace, MSN, Flickr, é acho que são só esses por enquanto.

- E pra quê você quer tudo isso? – eu estava ainda mais confuso.

- Para conversar com os amigos. Fazer novas amizades, colocar suas fotos e vídeos para a galera ver, mostrar suas ideias e opiniões, e muito mais. Tá ligado?

- Ligado aonde? Aqui não tem eletricidade Bella, você ainda não reparou?

- Tá ligado é uma gíria, quer dizer “você entendeu” ou algo do tipo entendeu?

- Tô ligado. – eu disse e ela explodiu em uma gargalhada. Ela fica ainda mais linda sorrindo.

- Ok. Agora eu vou dormir. – ela disse bocejando.

- Eu também vou.

 Bella entrou e deitou-se na cama de palha. Não sem antes sacudir os lençóis para conferi que não tinha nenhum animal perigoso ou nojento. Bella fica apavorada só de pensar em encontrar um escorpião ou uma aranha entre as cobertas. É sempre muito engraçado quando ela encontra uma aranha ou uma cobra um pouquinho maior pelos nossos caminhos dentro da mata. Ela sempre sai correndo desesperada e gritando “mata! Mata!”. Apaguei a fogueira e fui me deitar na cama, ao lado de Bella. Deitei dando-lhe espaço, e me cobri. Em questão de minutos eu já estava dormindo.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar..é tão rápido e me deixa tão feliz. Beijos e mordidinhas no pescoço de todas vocês...