Querido diário,

Eu odeio concordar com o Bill, mas... Eu sou um idiota.

Eu estou com um sorriso tremendo estampado no rosto. Sorrindo como um idiota.

E tudo porque eu descobri onde ela mora!

Não somos vizinhos, mas é aqui perto de casa. Nem. Eu não vou ficar perseguindo ela e nem nada. Eu só vou passar lá em frente de vez em quando, dando uma volta com o Bill. Tipo, só todo dia.

São 02:03 da madrugada de qualquer terça-feira e eu estou aqui sentado nessa cadeira olhando para a luz do abajur em cima da mesa, escrevendo em você. Estava lembrando tudo desde que a vi, e relendo o que escrevi há alguns dias, e, de repente, percebi que nada mudou. E isso é decepcionante.

Daqui a um mês vai ser o lançamento do nosso primeiro single e, em vez de estar feliz e ansioso, eu estou nessa fossa batizada de amor não correspondido. Aliás, nem sei se esse é o meu caso.

Pense comigo: Ela nem mesmo sabe que eu gosto dela. Então ela não tem como corresponder ou não isso, certo?

Pare, nem precisa pensar (até porque você não pensa). Porque, na verdade, a resposta não importa. Eu estou cansado. Não, exausto é a palavra. Nada dá certo. Tudo continua a mesma droga de antes.

Ela continua a mesma, ali quieta no seu canto. Eu ainda sou o babaca escrevendo sobre ela no fundo da sala.

Hoje quando chegar da escola, juro que tomo alguma providência sobre isso. Agora é melhor eu ir dormir. Seria um desastre ambiental se Bill acorda no meio da noite e me vê escrevendo em você.

Tchau.

P.S: Você está sendo escondido dentro do meu enorme travesseiro, junto com as minhas camisinhas. Resolvi colocar vocês juntos, porque se acharem vão ter duas provas contra mim. Uma de que sou gay e outra de que sou homem. Adivinha qual você é?